segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

memórias literárias - 131 - NATAL - UM MILAGRE

 

 
131 - NATAL -
UM MILAGRE
 

 


Natal -
Um
Milagre!
 
 
 
Dezembro. Enfeites nas lojas, luzes coloridas e piscantes, árvores enfeitadas com belas esferas e neve artificial, músicas especiais sobre a noite feliz do Natal. Enfim, de ponta a ponta do universo, exceção feita da janela 10/40 (países onde é proibida a entrada do evangelho de Cristo), o tema de todos é o Natal. Por causa dele há folga trabalhista. Pelo Natal há um pagamento a mais para cada funcionário. Motivados por ele amigos trocam presentes, cartões, cumprimentos e felicitações. Nas igrejas cristãs de todas as denominações há eventos especiais, como cantatas, peças teatrais, recitais, sermões e mensagens alusivas ao assunto. Enfim, é uma época especial na vida de todos. Mesmo daqueles menos afortunados, que também são lembrados por pessoas generosas, que lhes dão presentes,  doces e brinquedos.
 


 
Por que o Natal?
 
Será que a razão é Santa Klaus, o velhinho bondoso dos países eslavos, que, ao morrer tornou-se símbolo das crianças, doando anualmente presentes, fabricados no Polo Norte? Será pela árvore de Natal, símbolo pagão, representando a fertilidade dos campos e da vida, costume sincretizado pelos cristãos, adquirindo nova simbologia propícia ao evento?
    
 O Natal é muito mais do que isto. Inicialmente era a data em que se comemorava a festa do Sol. No entanto, ao aumentar o número de cristãos e o poder do bispo de Roma, houve o desejo intenso de aproveitar a data e apagar da memória do povo aquele paganismo, colocando-se um novo tema: o nascimento de Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo, ainda que estudos mais recentes apontem o mês de abril como o verdadeiro aniversário de Jesus Cristo.
 


Por que este homem, que viveu numa época longínqua, há 2006 anos exatos (nossos calendários estão 5 anos atrasados!), teve tanta expressão, chegando ao ápice de demarcar a linha do tempo, indicando as datas antes e depois do seu nascimento? Por que ele conquista tanto a atenção e a devoção das pessoas de todos os povos? Por que as pessoas que o seguem são intituladas “cristãs”? O que o faz tão importante assim?
 
Primeiramente porque Jesus Cristo é um ser único. Ele é o Emanuel, nos dizeres de Isaías, que significa “Deus conosco”. Ele é o único ser preexistente, isto é, que não passou a existir quando nasceu, mas existiu sempre, desde que nada ainda havia sido criado. Ele é o Deus-Filho, membro da Santíssima Trindade. Ele é a sabedoria de Deus, a Palavra da Criação, o único que possui em si a eternidade, sem princípio de dias e nem finalização da existência. Como anunciavam as profecias, este Ser Supremo, de inteligência superior à todos os seres viventes, viria como homem, filho de mulher, seria filho de uma virgem e salvaria o povo dos pecados deles.
  

 
Ao chegar a plenitude dos tempos, em Belém da Judéia, uma família recebeu-o nos braços: Maria e José, o casal escolhido, receberam dos braços de Deus o Seu Filho bendito. Nasceu Jesus Cristo, concebido sem a participação de José ou de qualquer outro homem. Nasceu o mais sublime ser do universo, amalgamando duas naturezas: a divina, que lhe veio do céu, e a humana, colhida de Maria. O próprio Deus fez-se homem - milagre sui generis ! Tal foi o impacto deste nascimento, que o próprio céu sinalizou, através de uma grande estrela brilhante, que se estabelecera sobre a manjedoura do menino. Com grande impacto entre os entendidos da época, três astrólogos do oriente o descobriram, vindo presentear-lhe valiosos símbolos da majestade: OURO, símbolo da riqueza, INCENSO, símbolo da adoração, e MIRRA, símbolo de sua morte vicária, sepultamento e ressurreição. Até o céu transdimensionou-se à nossa realidade, quando surpreendeu um grupo de pastores próximos, ao realizar uma cantata de Natal angelical, tão emocionante e bela, que deixou atônitos os trabalhadores que a assistiram. Tal evento mexeu com o próprio coração de Herodes que, ao sentir-se ameaçado por um neném nascido rei, mandou matar todos os bebês da região.
 


Em segundo lugar, Jesus Cristo é importante porque nos trouxe a mensagem de Deus. Tão deturpada pelos rebeldes judeus hipócritas, a Lei do Senhor estava sendo quebrada com um comportamento falso e legalista. Cristo veio por fim às falsas pregações. Repassou a Lei com a interpretação fiel ao propósito de quem a outorgou, e revelou coisas extraordinárias: mostrou que não é apenas o homicídio que é pecado, mas o amargurar-se contra o próximo ou desejar-lhe o mal; não é apenas o adultério pecado, mas o desejar o cônjuge alheio também; não é apenas o amar os amigos, mas a vontade de Deus é que também se ame os inimigos, e coisas assim. Mostrou o poder da fé na pequenez de um grão de mostarda, demonstrou a emoção e alegria do Pai quando um pecador se arrepende, e anunciou o Reino de Deus dentro de cada um de nós, bem como a volta dEle próprio para eternizar a felicidade entre os seus seguidores. Ao abatido soergueu, ao entristecido alegrou, ao cego deu visão, ao coxo restabeleceu as pernas, ao mudo fez falar, à enlutada devolveu o filho querido, ao pai aflito concedeu o privilégio de ver o menino curado,  aos endemoninhados libertou, aos enganados esclareceu, aos pobres enriqueceu. Viveu pelo próximo, tornando-se pobre e enriquecendo a muitos.
 

 
Também comemoramos seu nascimento por ter sido Ele o pagador da dívida da humanidade com Deus. Ao criar-nos, estabeleceu Deus um padrão de comportamento: que fôssemos voluntariamente obedientes. Nossos primeiros pais escolheram a rebeldia, colhendo como fruto disto a morte e a separação eterna do Criador. Este, sentindo o peso de nossa miséria e a nossa total falta de condições para reparar o mal iniciado, verificou que somente Ele, o próprio Deus, tinha condições de pagar a dívida do ser humano. Não havia outra maneira. Sem titubear, o Pai comissionou o Filho para fazer o pagamento: morrer para que o homem pudesse viver. Ser punido para livrar-nos da eterna punição; sofrer para que nós tivéssemos a libertação. Sem titubear, Cristo obedeceu. Em horas amargas, quando a dor dos nossos pecados pesava-lhe às costas, chegou a pedir ao Pai que o livrasse, mas que estava disposto a ir até o fim, fosse esta a Sua vontade. E, de fato, Cristo foi até o fim. Na cruz, tornou-se pecado por nós. Nossos crimes, nossa indiferença, nosso ódio, nossa malícia, nossa hipocrisia, nossas blasfêmias, pesaram sobre Jesus. Ali o Pai, com muito custo, o desamparou, para poder amparar a cada um de nós. Ao consumar em três horas de sofrimento infinito, morreu vitorioso. Sua morte trouxe-nos o pagamento da dívida, que teve por moeda o seu sangue, e que trás, por contrato, uma aceitação de nossa parte deste sacrifício do Filho de Deus.
 

 
Jesus, no entanto, é mais que um mártir. Ele venceu a morte. No terceiro dia, quando tudo parecia terminado, a madrugada surpreendeu o mundo, quando a grande pedra circular do seu túmulo na rocha, foi rodada por um anjo e, lá dentro, o seu corpo glorioso recebeu de volta o fôlego da vida, o circular do Seu sangue, o brilhar de Sua mente, o movimentar de seus membros. A morte não pôde contê-lo, pois Ele era o próprio Autor da vida. Tinha poder para dá-la e para recebê-la de volta. Morto, tomou o lugar de cada um de nós na penalidade. Ressuscitado, trouxe à todos a esperança e certeza de que, assim como foi com Ele, será com cada um de nós, que cremos em Seu poder sempiterno. Subiu ao céu vivo, glorioso, anunciando que, em breve voltará, sobre as nuvens do céu, em poder e grande glória, ressuscitando Seus discípulos e transformando os crentes vivos em Sua semelhança.
 

Jesus Cristo é fundamental, pois nEle fomos feitos irmãos. Com o racismo a reinar em toda a terra, quando a humanidade se gaba de ser desta ou de outra raça, ou se desconsidera mutuamente, fruto da maldição de Babel, Jesus Cristo veio mudar esta realidade, retirando as barreiras entre nós colocadas, unindo novamente os homens sob Sua presença santa. Em Cristo não há pretos ou brancos, orientais ou ocidentais, ricos ou pobres, desenvolvidos ou subdesenvolvidos, capitalistas ou comunistas, americanos ou afegãos, judeus ou gentios, pobres ou ricos, sábios ou ignorantes, reis ou súditos. Através de Seu Santo Amor uniu-nos em vínculos eternos, amarrando-nos com Seu sublime amor, demonstrado pelo batismo e pela Ceia do Senhor, da qual todos os que nEle crêem participam, numa unidade perfeita. Em Cristo irlandeses fazem as pazes, sérvios e croatas depõem as armas, palestinos e judeus são feitos irmãos, japoneses e coreanos se perdoam, negros e brancos se unem em amor. Uma nova era brilha aos seguidores de Jesus, não uma nova era mundana, feita de símbolos ou ocultismos, mas uma nova era que começa quando nos arrependemos dos pecados e nos entregamos humildemente ao nosso Salvador. Ele, rico eternamente, fez-se pobre por cada um de nós. Ele, Rei dos reis e Senhor dos senhores, cujo céu não pode conter, humilhou-se, tomando a forma de homem, e, como homem, um pobre bebê, que teve a manjedoura por berço, a palha como colchão, e o odor de animais como aroma ambiente. Ali, num berço humilde e improvisado, jazia em seu sono tranqüilo e dócil, o Emanuel, o Filho do Altíssimo.
 
 
Por isso celebramos o Natal. Que o Papai Noel saiba disto. Que as árvores de Natal saibam disto. Que os anjinhos, os perus, os pernis e as saladas de fruta saibam disto, que a primazia e a atenção maior não são eles, mas o verdadeiro aniversariante, o Filho do Deus vivo, Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o verdadeiro sentido e a razão do nosso Natal.
 

Feliz Natal!
 
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
pastor da
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

memórias literárias - 130 - REFLEXÕES SOBRE A ÉTICA NO MINISTÉRIO PASTORAL



130 - REFLEXÕES SOBRE
A ÉTICA NO
MINISTÉRIO
PASTORAL

INTRODUÇÃO

Faz-se necessário definir o que é ética.
Segundo a WIKIPÉDIA (enciclopédia virtual da internet), “A palavra Ética é originada do grego ethos, que significa ‘modo de ser, caráter”. Através do latim mos (ou no plural mores), que significa costumes, derivou-se a palavra moral. Em Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade.”
Há inúmeros livros sobre o assunto, um farto material consultivo. Restringir-nos-emos, contudo, a 4 áreas importantes, tema de nossas 4 preleções:
1)      O PASTOR E O PÚLPITO
2)      O PASTOR E O GABINETE PASTORAL
3)      O PASTOR E A COMUNHÃO COM OS COLEGAS
4)      O PASTOR E A FAMÍLIA
Minhas preleções neste acampamento limitar-se-ão à citação de 40 conselhos bíblicos para a vida pastoral, na busca de uma ética confiável, viável e fundamentada na Palavra de Deus. Do diálogo sobre esses itens surgirão boas reflexões, onde os irmãos e eu aprenderemos muito juntos.
Que o Espírito Santo, nosso Mestre e Consolador Fiel, Parácleto sempre presente, nos ilumine na Palavra que Ele já revelou, a Bíblia Sagrada.
Grande abraço e muito obrigado pela honra do convite para falar a vocês.
Wagner Antonio de Araújo
Pastor Batista,
Membro da
OPBCB - ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL - atual presidente
Membro 1036 da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil e 1402 da mesma ordem em São Paulo
Pastor da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, SP, Brasil(Convenção Batista Brasileira)
Diretor da RÁDIO NAFTALINA WEB: http://www.radionaftalinaweb.com
MSN/Windows Live: pastorwagner@hotmail.com

O PASTOR E O PÚLPITO


1)      O Pastor deve aprender a ouvir a voz de Deus, como Samuel: Por isso Eli disse a Samuel: Vai deitar-te e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, SENHOR, porque o teu servo ouve. Então Samuel foi e se deitou no seu lugar. (1Sm 3:9)
2)      O Pastor precisa discernir a voz de Deus no meio de outras vozes: E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; (1Rs 19:11); E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. (1Rs 19:12)
3)      O Pastor deve vigiar seu coração para não privar-se da doce comunhão, através da qual ouvirá a voz de Deus: Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá; (Sl 66:18); A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca, e lha anunciarás da minha parte. (Ez 33:7)
4)      O Pastor precisa meditar com grande devoção e aplicação na Palavra de Deus: Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. (1Tm 4:13); Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; (Rm 12:7)
5)      O Pastor deve pregar sobre toda a Bíblia e não apenas aquilo que lhe agrada ou que julga necessário: Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; (2Tm 3:16);
6)      O Pastor deve meditar sobre seus sermões durante toda a semana:  Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. (Js 1:8)
7)      O Pastor deve ser elegante, correto e dignificador do ofício do púlpito, buscando a excelência de linguagem, prédica e comunicação: Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tt 2:8)
8)      O Pastor não deve gabar-se de ser um pregador do Evangelho, mas confiar e ser fiel Àquele que o vocacionou: “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? (1Co 4:7)
9)      O Pastor deve persistir na exposição da Palavra, quer ouçam ou quer rejeitem, com longanimidade e fidelidade: Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes. (Ez 2:7); Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. (2Tm 4:2)
10)  O Púlpito do pastor deve ser respeitado e profundamente alicerçado em valores e princípios, para não acontecer de mudar a prédica conforme o tempo, os métodos, a fama ou o humor: Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. (Ef 4:14); Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? (1Co 14:8)

O PASTOR E O GABINETE

11)  O Pastor deve primar por ser um bom ouvinte dos que lhe procurarem para desabafar: Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. (Tg 1:19)
12)  No trato com os idosos o Pastor deve tê-los em consideração e tratá-los com respeito: Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais; aos moços como a irmãos; (1Tm 5:1); As mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs, em toda a pureza. (1Tm 5:2); Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR. (Lv 19:32);
13)  Aos jovens o Pastor deverá tratar como a filhos e irmãos, em consideração: Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados. (Tt 2:6)
14)  O Pastor deverá ter especial cuidado com o relacionamento com mulheres: tratar as moças com o respeito de filhas e irmãs mais jovens e às jovens senhoras com toda a dignidade: Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. (2Pe 2:20)
15)  O gabinete pastoral deve ser isento de suspeitas, público e direcionado ao atendimento das necessidades dos crentes e da igreja: Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; (1Tm 3:2)
16)  Deve o Pastor dedicar-se à oração intensa em seu gabinete: Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. (Tg 5:16); Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; (Rm 12:12)
17)  O Pastor deve ser solidário com suas ovelhas: Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram; (Rm 12:15)
18)  O Pastor deve usar seu tempo para conduzir pecadores a Cristo, apresentando-lhes a salvação: Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados (Tg 5:20)
19)  O Pastor deve discipular os novos crentes e os crentes antigos qualificados, conduzindo-os à maturidade em Cristo: E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. (2Tm 2:2)
20)  Se a igreja fosse perfeita não seriam necessários pastores; portanto, que os pastores saibam da importância de seus ministérios: Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. (1Tm 4:14)

O PASTOR E OS DEMAIS PASTORES

21)  O Pastor deve amar, reverenciar e dignificar aqueles que serviram de evangelistas, pais na fé e mestres em sua vida: Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, (2Tm 3:14); Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. (Hb 13:7)
22)  O Pastor deve manter-se em harmonia com os seus colegas de ministério: Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: (1Pe 5:1)
23)  Não deve o pastor aceitar denúncias e acusações contra seus colegas sem que isso tenha sido comprovado; e mesmo depois disto, deve exercer a misericórdia, buscando a recuperação do colega: Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas. (1Tm 5:19); Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. (Lc 17:3)
24)  Por outro lado, não deve o Pastor manter comunhão com os obreiros do falso evangelho, que não pregam a verdade do Evangelho (neopentecostais e congêneres – não confundir com pentecostais: ...Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. (1Tm 6:5)
25)  O Pastor não deve misturar-se com os obreiros insolentes e mentirosos, barateando a Palavra de Cristo: Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. (1Co 5:11)
26)  Jamais o Pastor deverá misturar política com comunhão pastoral, uma vez que o ofício pastoral é a mais nobre causa e os objetos de atenção são de reinos diferentes: Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. (2Tm 2:4)
27)  Nunca deve o Pastor demonstrar superioridade ante seus colegas, mas manter-se humilde e cordato, fazendo de sua simpatia o testemunho de sua maturidade ministerial: Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. (1Tm 4:12)
28)  Seu relacionamento com pastores de outras igrejas deve ser cuidadoso, jamais demonstrando interesses escusos pelo rebanho alheio ou menosprezando a labuta do colega. Deus não nos mede pela quantidade de gente ou riqueza de patrimônio, mas pela fidelidade ao Senhor Jesus Cristo: Não cobiçarás a mulher do teu próximo; e não desejarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. (Dt 5:21); Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. (Rm 14:13); Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. (Jo 21:22)
29)  O Pastor deve ser ativo em sua denominação, buscando a cooperação mútua, o encorajamento e o progresso da Obra de Cristo: E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. (At 11:25); Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. (At 9:27);  Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. (1Co 3:9)
30)  Deve o Pastor tornar-se a cada dia um referencial maior de credibilidade ao Evangelho, conquistando com seu testemunho o respeito de todos: Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. (Hb 13:7); Honrai sempre a homens como esse (tende-o em honra), Fp 2.29

O PASTOR E A FAMÍLIA

31)  O Pastor deve amar à sua esposa e só a ela: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. (Tt 1:6)
32)  O Pastor não deve privar sua esposa dos direitos conjugais em nome de uma dedicação eclesiástica. Do contrário, fará da igreja sua amante e colocará em risco o seu casamento: O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. (1Co 7:3); Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, (Ef 5:25)
33)  O Pastor deve amar e valorizar os seus filhos, pois, do contrário, valorizando mais os filhos dos outros, estará criando um indivíduo triste, carente e propenso a abandonar o evangelho: E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor. (Ef 6:4); Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo. (Cl 3:21)
34)  O Pastor deve prover o seu lar, não apenas de víveres, mas de amor, de respeito, de testemunho, de espiritualidade, de devoção, de compaixão: Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (1Tm 3:4); A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais. (Pv 17:6)
35)  O Pastor não deve ter dívidas, exceto as que são naturais durante uma vida (prestação da casa própria, prestação do carro, impostos). O Pastor não deve jamais fazer uso de cheques especiais, cartões de crédito, agiotas e congêneres. Se por necessidade entrou em dívidas, deve buscar imediatamente sair das mesmas, pois isto é laço maligno, tira o testemunho cristão e abre um poço sem fundos:  A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. (Rm 13:8);
36)  O Pastor não deve gastar dinheiro à toa, mas investir naquilo que é essencial, em comum acordo com sua esposa e, quando crescem, com seus filhos também (casa, carro, bens necessários, escola, saúde, lazer).  Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. (Is 55:2);
37)  Ainda sobre finanças, o Pastor não deve jogar dinheiro fora em sorteios, nem tampouco agir sem planejamento ou prudência, esperando o ovo de uma galinha que ainda não botou: Prepara de fora a tua obra, e aparelha-a no campo, e então edifica a tua casa. (Pv 24:27);
38)  O Pastor deve fugir da aparência do mal: caronas para mulheres (de sua idade ou mais novas) quando sozinho, atendimentos solitários em gabinete, situações constrangedoras diversas. Ainda que seja inocente causará desconforto e prejuízo ao evangelho: Abstende-vos de toda a aparência do mal. (1Ts 5:22)
39)  O Pastor deve amar e demonstrar amor particularmente e em público para com sua família e parentes diretos. Seu lar é o seu primeiro campo missionário: Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel. (1Tm 5:8); E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis. (1Pe 3:8)
40)  O Pastor não pode garantir que sua família seja fiel ou cumpra os valores ensinados e incentivados, mas se for fiel, poderá dizer: Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. (At 20:26); Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. (At 20:27); e os seus familiares poderão dizer, quando ele partir: E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem. (Ap 14:13)

REFLEXÃO DE ENCERRAMENTO
SER PASTOR

Qual o sentido dessa palavra? Ser pastor! Uma afirmação tão pequena, mas repleta de tanto significado!
Ser pastor é muito mais que ser um pregador. Está além de ser um administrador de igreja. Muito além de professor ou conferencista. Ser pastor é algo da alma, não apenas do intelecto.

Ser pastor é sentir paixão pelas almas. É desejar a salvação de alguém de forma tão intensa, que nos leve à atitude solidária de repartir as boas-novas com ele. É chorar pelos que se mantém rebeldes. É pensar no marido desta irmã, no filho daquela outra, na esposa do obreiro, nos vizinhos da igreja, nos garotos da rua. Ser pastor é tudo fazer para conseguir ganhar alguns para Cristo.
Ser pastor é festejar a festa da igreja. É alegrar-se com a alegria daquele que conquista um novo emprego, daquele que gradua-se na faculdade, daquele que recebe a escritura da casa própria ou do outro que recebeu alta no hospital. Ser pastor é ter o brilho de alegria ao ver a felicidade de um casal apaixonado, ao ver o sucesso na vida cristã de um jovem consagrado, é festejar a conversão de um familiar de
alguém da igreja por quem há tempos se vinha orando. Ser pastor é desejar o bem sem cobiçar para si absolutamente nada, a não ser a felicidade de participar dessa hora feliz.

Mas ser pastor também é chorar. Chorar pela ingratidão dos homens. Chorar porque muitas vezes aqueles a quem tanto se ajudou são os primeiros a perseguirem-nos, a esfaquearem-nos pelas costas, a criticarem-nos, a levantarem falso testemunho contra a igreja e contra nós. É chorar com os que choram, unindo-nos ao enlutado que perdeu um ente querido, é dar o ombro para o entristecido pela perda de um amor, é ser a companhia do solitário, é ouvir a mesma história uma porção de vezes por parte do carente. Chorar com a família necessitada, com o pai de um drogado, com a mãe da prostituta, com a família do traficante, com o irmão desprezado.
Ser pastor é não ter outro interesse senão o pregar a Cristo. É não se envolver nos negócios deste mundo, buscando riquezas, fama e posição. É saber dizer não quando o coração disser sim. É não ir à casa dos ricos em detrimento dos pobres. É não dar atenção demasiada para uns, esquecendo-se dos outros. É não ficar do lado dos jovens, em detrimento dos adultos e vice-versa. Ser pastor é não envolver-se em demasia com as pessoas, ao ponto de se perder a linha divisória do amor e do respeito, do carinho e da disciplina. Ser pastor é não aceitar subornos nem tampouco desprezar os não expressivos.

Ser pastor é ser pai. É disciplinar com carinho e amor, conquanto com a firmeza da vara, da correção e, não raras vezes, da exclusão de pessoas queridas. É obedecer a Bíblia, não aos homens. É seguir a Deus, não ao coração. Ser pastor é ser justo. Ser pastor é saber dizer não, quando a emoção manda dizer sim. Ser pastor é ter a consciência de não ser sempre popular, principalmente quando tiver que tomar decisões pesadas e difíceis, e saber também ser humilde quando a bênção de Deus o enaltecer diante do rebanho e diante do mundo. Os erros são nossos, mas a glória é de Deus.

Ser pastor é levantar-se quando todos estão dormindo e dormir quando todos estão acordados, socorrendo ao necessitado no horário da necessidade. Ser pastor é não medir esforços pela paz. É pacificar pais e filhos, maridos e esposas, sogros e genros, irmãos e irmãs. Ser pastor é sofrer o dano, o dolo, a injustiça, confiando nAquele que é o galardoador dos que o buscam. Ser pastor é dar a camisa quando lhe pedem a blusa, andar duas milhas quando o obrigam a uma, dar a outra face quando esbofeteado.

Ser pastor é estar pronto para a solidão. É manter-se no Santo dos Santos de joelhos prostrados, obtendo a solução para os problemas insolúveis. Ser pastor é não fazer da esposa um saco de pancadas, onde descontar sua fragilidade e cansaço. Ser pastor é ser sacerdote, mantendo sigilo no coração, mantendo em segredo o que precisa continuar sendo segredo, e repartindo com as pessoas certas aquilo que é "repartível".  Ser pastor é muitas vezes não ser convidado para uma festa, não ser informado de uma notícia ou ser deixado de fora de um evento, e ainda assim manter a postura, a educação, o polimento e a compaixão. Ser pastor é ser profeta, tornar o seu púlpito um "assim diz o Senhor", uma tocha flamejante, um facho de luz, uma espada de dois gumes, afiada e afogueada, proclamando aos quatro ventos a salvação e a santificação do povo de Deus.

Ser pastor é ser marido e ser pai. É fazer de seu ministério motivo de louvor dentro e fora de casa. É não causar à esposa a sensação de que a igreja é uma amante, uma concorrente, que lhe tira todo o tempo de vida conjugal. Ser pastor é amar aos seus filhos da mesma forma que ensina aos pais cristãos amarem aos seus. É olhar para os olhos de seus filhos e ver o brilho de seus próprios olhos. É preocupar-se menos com o que os outros vão pensar e mais no que os filhos vão aprender, sentir e receber. É ver cada filho crescer, dando a cada um a atenção e o amor necessários. É orgulhar-se de ser pai, alegrar-se por ser esposo, servir de modelo para o povo. E, quando solteiro, tornar a sua castidade e dignidade modelo dos fiéis, enaltecendo ao Senhor, razão de sua vida.

Ser pastor é pedir perdão. Se os pastores fossem super-homens, Deus daria a tarefa pastoral aos anjos, mas preferiu fazer de pecadores convertidos os líderes de rebanho, pois, sendo humanos, poderiam mostrar aos demais que é possível ser uma bênção. Mas, quando pecarem, saberem pedir perdão. A humildade é uma chave que abre todas as portas, até as portas emperradas dos corações decepcionados. A humildade pode levar o pastor à exoneração, como prova de nobresa e integridade, como pode fazê-lo retomar seus trabalhos com maior pujança e vigor. Há pecados que põem fim a um ministério e ser pastor é saber quando o tempo acabou. Recomeçar é possível, mas nem sempre. Ser pastor é saber discernir entre ficar ou sair, entre continuar pastor e recolher-se respeitosamente.
Ser pastor é crer quando todos descrêem. Saber esperar com confiança, saber transmitir otimismo e força de vontade. É fazer de seu púlpito um farol gigantesco, sob cuja luz o povo caminha sempre em frente, para cima e em direção a Deus. Ser pastor é ver o lado bom da questão, é vislumbrar uma saída quando todos imaginarem que é o fim do túnel. Ser pastor é contagiar, e não contaminar. Ser pastor é inovar, é renovar, é oferecer-se como sacrifício em prol da vontade de Deus. Ser pastor é fazer o povo caminhar mais feliz, mais contente, é fazer a comunidade acreditar que o impossível é possível, é fazer o triste ser feliz, o cansado tornar-se revigorado, o desesperado ficar confiante e o perdido salvar-se. As guerras não são ganhas com armas, mas com palavras, e as do pastor são as palavras de Deus, portanto, invencíveis.

Ser pastor é saber envelhecer com dignidade, sem perder a jovialidade. É ser amigo dos jovens e companheiro dos adultos. Ser pastor é saber contar cada dia do ministério como uma pérola na coroa de sua história. Ser pastor é ser companhia desejada, querida, esperada. É saber calar-se quando o silêncio for a frase mais contundente, e falar quando todos estiverem quietos. Ser pastor é saber viver. Ser pastor é saber morrer.

E quando morrer, deixar em sua lápide dizeres indeléveis, que expressem na mente de suas ovelhas o que Paulo quis dizer, quando estava para partir: "combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé". Ser pastor é falar mesmo depois de morto, como o justo Abel e o seu sangue, através de sua história, de seu exemplo, de seus escritos, de suas gravações. Ser pastor é deixar uma picada na floresta, para que outros venham habitar nas planícies conquistadas para o Reino do Senhor. Ser pastor é fazer com que os filhos e os filhos dos filhos tenham um legado, talvez não de propriedades, dinheiro ou poder político, mas o legado do grande patriarca da família, daquele que viveu e ensinou o que é ser um pastor.
Eu sou pastor.
Obrigado, Senhor!


Pr. Wagner Antonio de Araújo

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