sexta-feira, 29 de maio de 2015

memórias literárias - 192 - FAÇA O SEU PRÓPRIO CULTO


 
FAÇA O
SEU PRÓPRIO
CULTO
192

 
Tarde de domingo. Depois do almoço farto, três cervejas e muita praia, Carlos decide acompanhar um culto. Afinal, é crente. Não, não irá à igreja. Ir à igreja é algo obsoleto numa era de tecnologia e virtualidade. Ele buscará o site "FAÇA O SEU PRÓPRIO CULTO", ou "Culto Automático", a mais feliz idéia que alguém já teve.
 
Ele digita. www.facaoseuproprioculto.com . O site abre um arquivo bonito em flash e apresenta as mil vantagens de ser um cadastrado no sistema. Ele já o é. Faz o login e logo aparece o menu:
 
1- PRELÚDIO
2- ORAÇÃO INVOCATÓRIA
3- HINOS E CÂNTICOS
4- APRESENTAÇÕES ESPECIAIS
5- MOMENTO DAS OFERTAS
6- LEITURA BÍBLICA RESPONSIVA
7- PREGAÇÃO
8- PRODUTOS PARA COMPRAR
9- BÊNÇÃO APOSTÓLICA
10- POSLÚDIO
11- UM CHAT PARA CONVERSAR COM OUTROS CULTUANTES.
 
Carlos está ansioso. Clica em PRELÚDIO. Aparecem várias opções: Bach ao órgão, Chopin ao piano, Haendel com direito a sinfonia, hinos clássicos americanos etc. Dentre as 459 opções ele escolhe ouvir SANTO, SANTO, SANTO ao som de piano e órgão.
 
Segue para o ítem 2, ORAÇÃO INVOCATÓRIA. Na lista ele tem temas para essa oração: oração para a manhã, para a noite, para o inverno e as outras estações, oração em dias difíceis, em dias de gratidão. Orações com pastores, bispos, missionários, leigos e até com homens públicos. Ele escolhe uma oração de outono com tema livre.
 
No ítem 3 é necessário escolher o número de hinos e de cânticos. Ele escolhe 2 hinos e 2 cânticos. Os hinos podem ser selecionados de uma lista de 5 mil, de todos os hinários disponíveis. Tais hinos podem ser tocados, cantados, à capela ou apenas escritos, em silêncio. Ele escolhe um da Harpa Cristã, outro do Cantor Cristão e dois cânticos de Vencedores Por Cristo.
 
No ítem 4, APRESENTAÇÕES ESPECIAIS, ele precisa pesquisar. Pode escolher até 3 números. Ele escolhe um hino com Luiz de Carvalho, outro com o Prisma Brasil e mais um com HillSong. Queria adicionar um Michael Smith, mas naquele instante o fluxo de ítens desse cantor estava travado, pois muita gente também selecionara.
 
No ítem OFERTAS ele foi direcionado a uma página que lhe dava opção para contribuir para uma lista de igrejas cadastradas ou diretamente para os pastores e ministros de que mais gostasse. Em seguida escolheu a modalidade, o cartão de crédito, e armou todo o processo para usar no momento certo. Enfim, anotou a quantia.
 
Enquanto terminava de tomar a última caipirinha, preparada pela esposa, ao som de um funk gospel que tocava no programa de TV, ele foi para o ítem LEITURA RESPONSIVA. Como não é chegado à leituras, escolheu um Salmo bem pequeno. Assim, em 3 atos está encerrado o processo.
 
Agora a questão é PREGAÇÃO. Verifica a lista de pregadores. Ele pode escolher entre neopentecostais, pentecostais, tradicionais, ecumênicos, arminianos, calvinistas e fundamentalistas. Pronto. Agora escolhe a temática: VITÓRIA - DESAFIO - CURA - CONSOLO - AMOR E PAIXÃO - HUMOR - AUTO-AJUDA etc. Optou pelo HUMOR, pois queria sentir-se bem para terminar bem a noite.
 
No ítem PRODUTOS PARA COMPRAR, escolheu o tema FÉRIAS GOSPEL, para verificar quanto está o custo de acampamentos, retiros e resorts com temas evangélicos.
 
A bênção apostólica ele optou por tê-la com carrilhão da catedral evangélica, com o reverendo paramentado com roupa de gala.  O chat ele não conseguiu acessar, pois só abre após rodar o culto.
 
Pronto. Tudo programado. O site orienta: desligue a TV, tire a bebida e a comida de perto, deixe a luz bem branda e entre no clima. Aperte INICIAR para começar o seu FAÇA O SEU PRÓPRIO CULTO.
 
E foi o que fez. Flores caíam na tela do computador e uma sinfonia americana dava as boas vindas. Em seguida os ítens escolhidos entravam automaticamente, com um personagem eletrônico quase humano a fazer as transições. Em uma hora ele conseguiu prestar o seu culto e sentia-se na plena paz do Senhor. Entrou no chat para papear com uns desconhecidos e contar algumas piadas picantes. Foi bom, valeu a noite.
 
Poderia dormir tranquilo, pois cumprira com a sua consciência o seu dever religioso. No próximo domingo faria outra seleção, para poder variar. E assim seguiu, feliz da vida pelo jeito moderno de ser evangélico, gospel e crente. Uma fé sem gente, talvez uma fé sem alma e sem Jesus.
 
obs: isto AINDA é uma ficção. Mas não vai demorar muito para ser verdade.
 
 

 
 
 

 

memórias literárias - 191 - AOS QUE ESTÃO SÓS


 
AOS QUE ESTÃO SÓS
191
 
Escrevo hoje para quem está só ou se sente só, que não tem família, amigos, colegas ou pessoas com quem contar.
 
Geralmente os solitários são invisíveis. São sombras nas paredes, são ilustres desconhecidos na multidão, são os ausentes nos jantares e nos encontros. Geralmente omitem-se por não serem boa companhia, por acreditarem que trarão desconforto ou que estragarão a festa.
 
Alguns já foram casados. Sentados na praça de alimentação dos shoppings ou nos bancos de praça, relembram com pesar e com melancolia dos anos em que se julgavam mais felizes. O filme da vida passa por suas mentes sem dó nem piedade. Lembram os seus cônjuges, lembram os filhos pequeninos, lembram os sorrisos, os galanteios, os presentes, os gestos de amor. E, num suspiro profundo e dolorido lamentam a solidão. Uns enviuvaram e olham para os lados do cemitério onde o corpo do ente querido repousa. Para eles o mundo parou quando o cônjuge morreu. Outros divorciaram-se e jamais encontraram um substituto para o coração.
 
Alguns são pais, mas pais abandonados. Com muito custo e esforço criaram os seus filhos, educando-os, vestindo-os, mantendo-lhes a estima, a educação, a dignidade. O tempo passou e hoje vivem sozinhos em apartamentos urbanos, ou em sítios retirados, e, lamentavelmente, alguns refugiaram-se num asilo público ou privado, esquecidos pelos rebentos ingratos. Talvez recebam uma ligação telefônica, um torpedo, um cartãozinho. Talvez ganhem um presentinho para guardar no armário de poucos pertences. Talvez nem sejam lembrados. Alguns sabem que fizeram por merecer, mas esperavam alguma compaixão e um perdão que nunca chegou. Outros, entretanto, não mereciam isso de forma nenhuma...
 
Alguns são filhos abandonados. Histórias tristes de crianças que não contaram com um pai, não tiveram o afeto da mãe, não viveram uma infância normal e feliz. Foram abandonados em latas de lixo, na porta de casas, nos hospitais, foram tomados e encaminhados para orfanatos, para colégios, para refúgios. Viveram a vida toda à caça de um sentido da existência, de um valor emocional, de uma mãe para amar, de um pai para gostar, de um lar para dizer: moro aqui! Alguns sobreviveram ao parto, ao passo que suas mães não, e vivem a existência na busca do abraço materno que nunca chegou.
 
Outros estão longes de seu país de origem. Vieram ou foram com o desejo intenso de trazer os seus consigo. Contudo, a vida foi dura. Talvez não puderam voltar, ou não conseguiram trazer os familiares. Vivem de telefonemas, notícias por carta, internet, ou então nem contato têm mais. Separaram-se dos pais, dos irmãos, dos amigos, das esposas, dos filhos e hoje vivem à sombra de alguns poucos amigos, de algumas pessoas que ainda os têm em estima. No peito pulsa a saudade da aldeia, da quinta, do condado, do lugarejo, da vila, do povoado. Sentem-se únicos e solitários, tristes e impotentes. Alguns, além dessa desgraça, amarguram uma pobreza irremediável, vivendo a vagar como andarilhos pelas ruas e estradas.
 
Talvez seja alguém no leito de um hospital. Nasceu com problemas, ficou a vida toda internado. Ou então convalesce de doença crônica, difícil e permanente, privado dos movimentos, da comunicação, do calor humano, da natureza, da família. Sente no fundo da alma que é um estorvo, um peso para alguém ou para o Estado, e só consegue saber que a vida passa, mas sem ele. Queria tanto um abraço, mas nem sente o corpo, queria poder enxergar quem está consigo, ou caminhar por uma grama, um corredor, uma sala, mas querer não é poder e continua aprisionado dentro de um corpo que não responde a quase nada.
 
Talvez seja um idoso que já viu partir todos os seres amados. A esposa faleceu, os filhos faleceram, os pais faleceram, os amigos faleceram. Eles olham o rosto e as pessoas de hoje e dizem: "sinto-me sozinho num mundo que não é o meu; por que vivo ainda? Os meus iguais já se foram, o que faço aqui ainda?" Não entende a linguagem moderna, não tem forças para interagir, sente falta do seu mundo de outrora e refugia-se nas lembranças de uma época muito melhor.
 
Para todos esses solitários e esquecidos , para todos esses que não constam na lista de convidados dos banquetes e ceias, para todos esses que não têm presentes para receber ou dar, para todos esses que verão a meia noite deitados numa cama ou mesmo num beco frio e chuvoso, a minha profunda solidariedade. Não só a minha, a solidariedade do Senhor. Diz-nos a Bíblia:
 
"O Seu Nome será EMANUEL, que quer dizer DEUS CONOSCO", Mateus 1.23.
 
DEUS CONOSCO! Sim, Jesus é Deus, e não um deus qualquer. Ele é Deus presente. Presente com os felizes, mas presente também com os abandonados, com os esquecidos, com os solitários, com os idosos, com os apátridas, com os peregrinos, com os divorciados, com os órfãos, com os enfermos, com os aprisionados!
 
Diz-nos Jesus: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim." (Jo 14:1)
 
Ele é amigo mais chegado que um irmão, pronto a ser achado por quem o procurar e o invocar. Ele, enquanto peregrino entre nós, semeando as boas notícias de salvação, foi ao encontro do solitário: alcançou a mulher samaritana, olhou para o publicano cobrador de impostos, transformou o endemoninhado gadareno, deu vistas ao filho de Timeu, comunicou-se com a prostituta que chorou aos seus pés, sentiu a dor da mãe viúva em Naim, apiedou-se do centurião, encorajou o aleijado no tanque de Betesda.
 
A vida de Cristo foi uma constante busca pelos solitários e desprezados, pelos leprosos, esquecidos, marginalizados pela vida, pelas celebrações. A esses Ele disse enfaticamente: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." (Mt 11:28). Também falou: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele." (Jo 14:21)
 
Leitor solitário, Jesus é DEUS CONOSCO e pode ser encontrado hoje, agora, neste momento, aí onde estiver, desde que deseje buscá-lo, encontrá-lo, comunicar-se com Ele: "E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração." (Jr 29:13)
 
Sua promessa foi categórica: "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós." (Jo 14:18)
 
Busque-o agora, através de suas lágrimas, de sua dor, de seu lamento, de sua saudade, transformando tudo isso numa catapulta que lhe impulsione a ORAR! Sim, a falar com Deus AGORA, de todo o coração. "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito." (Sl 34:18). Conte a Ele suas lutas, suas dores, fale de sua saudade, de seus amores, abra o seu coração de forma rasgada, completa e profunda com o DEUS PRESENTE, real e verdadeiro, com o EMANUEL!
 
Ele é real, Ele está presente, Ele pode ser encontrado agora, e melhor: sem precisar de ninguém mais, apenas o leitor e Deus! Não digo isso por teoria, mas POR EXPERIÊNCIA PRÁTICA, pois quando a solidão dilacerava o meu coração e a melancolia eclodia no meu peito pela ausência de qualquer motivo de festa, busquei a Cristo em oração, sozinho, e Ele se inclinou para mim, estendendo a Sua poderosa mão, renovando em mim o verdadeiro sentido da vida. Hoje eu sou feliz porque Jesus é DEUS COMIGO!
 
Ele também poderá ser CONTIGO agora. Busque-o.  Jesus dá fim ao seu sofrimento.
 
Que Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo, seja de fato e para sempre, comigo, contigo, o DEUS CONOSCO!
 
2013

quinta-feira, 28 de maio de 2015

memórias literárias - 189 - AMAS-ME OU USAS-ME?

 
 
AMAS-ME OU
USAS-ME?
189
"Como eu o amo"! "Como ele é bom!"! "Como nós gostamos de você!" Frases tão comuns em determinado tempo, que desaparecem de uma hora para outra quando não temos mais o que ofertar. Estão aí os pais esquecidos, que contam nos dedos o número de visitas que os filhos lhe fizeram durante o ano. Estão aí os pastores que deixaram os seus pastorados e hoje não são mais convidados para pregar em lugar nenhum. Estão aí antigos presidentes, secretários, missionários correspondentes de organizações, que foram deixados ao relento pelos que deles não podem tirar mais nada. Estão aí os cônjuges separados, muitos deles sofrendo opróbrio e dor porque não tiveram mais aquilo que o companheiro  buscava em sua pessoa.
 
Nós pensamos que amamos, mas na maioria das vezes usamos. Sim, e as outras pessoas ou instituições também.  Um banco descobre quem tem dinheiro e lhe dá uma grande linha de crédito. "Como o banco me ama!" A pessoa utiliza o crédito e o banco lhe corta a linha. "Como o banco mudou comigo!" Não, o banco nunca lhe amou; ele amava o lucro que você poderia significar; já que não rende tanto, também não lhe é mais interessante.  Já perceberam como os presidentes, secretários e membros de diretoria empresarial, institucional ou eclesiástica têm muitas pessoas que lhes procuram, lhes telefonam, lhes mandam presentes, lhes demonstram afeto? Basta que deixem a ativa e verão de forma claríssima desvanecer o enorme círculo de amizades que supunham possuir. Igrejas que antes supostamente valorizavam os seus pastores, agora, que se aposentaram ou que ficaram incapacitados, tornaram-se grandes anônimos, esquecidos e deixados de lado. Nós somos assim. Nós agimos assim, muitas vezes, inconscientemente. Mantenho em minha biblioteca livros de nomes famosos no meio cristão, pregadores e mestres de renome. Hoje eles são papel velho e brochuras descosturadas; eles foram usados, talvez amados por alguns, mas a maioria os usou e agora os despreza.
 
"Rei morto, rei posto". Hoje mesmo vimos algo significativo claro na mídia. O Sr. José Maria Marin, grande líder de futebol, tinha um prédio no Rio de Janeiro com o seu nome. Aprisionado por suspeitas de desonestidade, arrancaram-lhe a honraria e ele agora não representa mais nada, nem o nome do prédio. De um dia para o outro acabaram-se os amigos e os admiradores. Na verdade não o admiravam; eles serviam-se do que ele poderia lhes suprir. E é assim em várias questões da vida: os filhos colocam os pais no asilo porque só dão gasto e não servem-lhes de nada; maridos separam-se de esposas estéreis porque queriam filhos; esposas abandonam maridos desempregados e adoentados; membros deixam igrejas que não possuem coisas que lhes supram a demanda educacional ou posicional. E amigos vêm e vão, de acordo com o que encontram em nós, se é interessante ou não. Baseados nisso eles surgem ou desaparecem.
 
Ou amamos ou usamos, não há saída.
 
Nós amamos quando visitamos alguém pelo que ele é e pelo prazer de estar com ele. Nós o usamos quando fazemos a visita buscando algum favor, algum empréstimo, algum documento, ou quando colocamos o compromisso embutido numa brecha da agenda (íamos passar perto, resolvemos fazer a visita para evitar conversas).
 
Nós amamos quando temos amigos com quem compartilhar, independentemente da função que exerçam. Nós usamos quando fazemos de pessoas importantes ou úteis nossos amigos, e mantemos a amizade enquanto durar essa barganha de favores (eu bajulo, ele me ajuda).
 
Nós amamos a Deus quando o buscamos apenas pela alegria de estar em Sua Santa presença ou lemos a Sua Palavra pela felicidade de ouvir a Sua voz e meditar em Seu ensino. Usamos a Deus quando o buscamos pelo interesse de obter dele algum favor ou ler Sua Palavra para resolver alguma questão.
 
Amamos o cônjuge quando ele é precioso para nós independente do que nos oferece. Usamos o cônjuge quando ele representa prole, posição social, patrimônio econômico ou satisfação física.
 
Amamos as pessoas quando elas continuam a ser importantes para nós, ainda que não nos concedam benefícios. Usamos as pessoas quando as tornamos importantes enquanto nos dão preços bons, benefícios vários ou oportunidades sociais.
 
Amamos a igreja quando servimos ao Senhor sem nos preocuparmos com o que ela fará por nós. A usamos quando estamos nela por causa de emprego, pela estrutura que supre a demanda familiar ou pelo público que nos fornece clientes para os nossos negócios. 
 
Somos do tipo que usa ou do tipo que ama?
 
Amamos o cônjuge ou o usamos? Amamos o pastor ou nos servimos dele? Amamos a empresa, a instituição, a sociedade, a igreja, ou as usamos enquanto nos forem úteis? Amamos o país ou nos alimentamos do que ele nos fornece?
 
De que tipo somos?
 
Jesus afirmou: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele." (Jo 14:21)
 
E o Pai disse: "Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;" (Is 29:13)
 
AMAS-ME OU USAS-ME?
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

quarta-feira, 27 de maio de 2015

memórias literárias - 188 - TEM QUEM ...


TEM QUEM...
188

"Vou orar"; "Vou participar"; "Vou visitar"; "Vou evangelizar"; "Vou ler"; "Vou me lembrar".
 
Frases tão clássicas e, na maioria das vezes, falsas! Quantas promessas não cumpridas! Quantas palavras gastas à toa! Quanta hipocrisia acumulada! Quanta credibilidade jogada na lata de lixo! Comprometeu-se pessoalmente; foi à frente num apelo durante um culto especial; escreveu dando a palavra; afirmou diante de testemunhas. Por fim, de nada valeu!
 
Quero focalizar-me no quesito ORAÇÃO, um dos temas preferidos em nossas constantes mentiras. Orar deveria ser parte do diálogo com Deus, da respiração espiritual: na Bíblia nós inspiramos e na oração nós expiramos. Em outras palavras, na Bíblia Deus fala conosco e na oração nós falamos com Deus. E, quando temos o compromisso de orar por outros, comprometendo-nos publicamente ou particularmente, tornamos esse exercício um autêntico pedido de socorro e um alvo pessoal de nossa alma. Pelo menos deveria ser assim. Mas, infelizmente, na maioria dos casos, não é.
 
TEM QUEM DIZ: VOU ORAR, E NÃO ORA.
 
Promete, dá a palavra, só falta jurar. Não jura porque não quer pecar, mas peca porque mente. Às vezes mente conscientemente; outras, mente por hábito. Em toda situação, entretanto, está pecando da mesma forma. Orar, conforme o compromisso? Não orará mesmo. Diz e não faz. Compromete-se e não cumpre. Uma triste realidade no meio de nosso convívio cristão! "Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade." (1Jo 2:4); "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna." (Mt 5:37)
 
TEM QUEM NÃO SE COMPROMETE A ORAR, MAS ORA.
 
Faz bem em orar. Faria melhor se pudesse compartilhar com o próximo que pediu. Não comprometeu-se. Não identificou-se. Talvez para que não lhe dêem glória ou elogios; quer manter-se no anonimato. Talvez para não ser mentiroso, porque não fazia planos de orar com constância; fê-lo porque deu-lhe na telha, inspirou-se, motivou-se de repente. Melhor que não orar. E quem ora faz bem. Mas, que vos parece? "Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi." (Mt 21:28-29)
 
TEM QUEM NÃO SE COMPROMETE E NÃO ORA.
 
Faz mal e demonstra ser rebelde. Quando a Bíblia diz "Orai sem cessar", não dirige a palavra ao outro, ao vizinho, ao passado. É para cada um de nós. Quem não faz, desobedece. E quem desobedece  e assume sua condição de frio, faz mal e peca. Não é mérito não comprometer-se para evitar pecar. Ele pensa: se não orar, pelo menos não me comprometi! Engana-se quem acha ser isso uma virtude. Isto é rebeldia e desamor. Desses tais as congregações estão infestadas."Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" (Tg 4:17); "Orai sem cessar." (1Ts 5:17)
 
TEM QUEM DIZ: VOU ORAR, E ORA.
 
Estes são os melhores, são os que agradam a Deus. Sabem que precisam orar. Não oram porque têm prazer nisso. Às vezes têm, mas, outras vezes, a oração é uma batalha: batalha contra o tédio, batalha contra o sono; batalha contra o esquecimento; batalha contra as sensações malignas e pensamentos desconexos ou falta de fé. Mas ele não pestaneja e ora. Ora mesmo, de verdade, e persevera nisso. Clama, suplica, implora. E não descansa enquanto não souber dos resultados. Ele não impõe a Deus uma agenda, mas implora por uma solução, uma resposta definitiva quanto a questão. Esse é do tipo bíblico, do tipo crente autêntico. Para esse o Senhor reserva segredos e experiências maravilhosas, confidências que só uma alma tocada pelos perfumes celestiais pode exalar. "O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança." (Sl 25:14); "Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes." (Jr 33:3)
 
De que tipo somos nós? Dos que dizem: vou orar, e não oram? Dos que não dizem que irão orar, mas oram? Dos que não se comprometem e não oram? Ou daqueles que se comprometem e oram de verdade? "E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito." (1Sm 12:23)
 
Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. (Tg 2:12)
 

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

memórias literárias - 187 - ATENÇÃO PARA OS AMIGOS


ATENÇÃO
PARA OS
AMIGOS
187
O amigo de trabalho avisa: estou saindo e vou para outra cidade. Você imagina: em cinco anos prometi várias vezes que iríamos almoçar juntos e nunca tive tempo! O pai morre e o filho descobre que não deu a ele a atenção devida. A esposa pede o divórcio e agora o marido desespera-se em busca de terapias fantasiosas que lhe cubram todo o tempo que perdeu em desatenção.
Somos egoístas e pensamos muito mais em nós mesmos do que nos outros. Os outros estão sempre em segundo plano. Alguém nos escreve e nós deixamos para responder quando e se tivermos algum tempo de sobra, algum resto para investir. Se não tivermos damos a constante desculpa: "estava muito ocupado, muitos compromissos, entupido de afazeres". E assim os filhos se afastam dos pais, os pais dos filhos, os amigos dos amigos e os crentes da igreja. Há pastores que só pensam em si, esquecem-se dos membros e dos colegas e depois reclamam do ministério.
Precisamos dar atenção às pessoas! A regra máxima do cristianismo é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Amamo-nos tanto que tomamos banho, engolimos remédios, fazemos refeições, buscamos o lazer e tentamos desfrutar de conforto. Se fazemos assim conosco, devemos fazer pelos outros também. Porque amar aos outros como a nós mesmos exige maior atenção, maior destaque, maior investimento.
Telefone para os seus amigos sem ter outro interesse senão saber como estão. Responda os e-mails que lhe foram dirigidos com consideração e dedicação. Lembre-se de datas especiais na vida dos demais. Não relegue a atenção apenas ao seu tempo livre que nunca virá. Não engane e não se engane, você não faz mais porque não quer. Querer é poder. Assim, se quiser, poderá dar aos seus amigos muito mais do que dá hoje. Reclamamos que fomos esquecidos, mas de quantos também nos esquecemos? É a lei da colheita. Agora, se não for essa a causa, creiamos: temos um amigo mais chegado que um irmão, que não nos abandona como os demais. É Jesus Cristo, o nosso Salvador!
Faça hoje com que o dia valha a pena, dando aos amigos a atenção que gostaria de receber.
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

terça-feira, 26 de maio de 2015

memórias literárias - 186 - ALÉM DO MEDO...



 ALÉM DO MEDO...
186

 
Uma rápida visita aos sites de notícias nos mostra o espírito de nosso tempo: grupos terroristas decapitam diariamente centenas de cristãos e os impérios mundiais deixam-nos avançar sem qualquer impedimento real. O crime e a impunidade progridem em todas as esferas sociais da sociedade, unindo o prazer da violência e a impunidade absoluta para quem possui dinheiro e poder. A imoralidade tornou-se comum em qualquer filme, série, programa, humor ou canção popular e não há mais qualquer limite para a promiscuidade humana. A pobreza ceifa países inteiros, transformando as populações em andarilhos rejeitados, enterrados em valas comuns ou sepultados no mar. Os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres. A comunicação avança com tamanha velocidade e com tal eficácia, que não há barreiras para que grupos econômicos, ideológicos ou religiosos dominem mente, coração e alma dos conectados. E o planeta dá mostras drásticas de um absoluto desequilíbrio climático, deixando atônita toda a comunidade científica.
 
E eu pergunto: há alguma coisa que podemos sentir além do medo das coisas que sobrevirão em breve a este mundo? Podemos olhar para os nossos filhos e netos e vislumbrar alguma esperança para eles? Haverá porvir para o nosso país e o nosso mundo? Teremos mais uma geração sobre a Terra? Será que poderemos fazer algo mais do que gritar por socorro desesperadamente ou de mergulhar numa profunda depressão psicológica diante dessa tenebrosa cena escatológica?
 
Sim! Podemos dizer como os primitivos cristãos: MARANATA! Essa palavra significava "Nosso Senhor vem!" Sim, MARANATA!
 
MARANATA, pois os mortos em Cristo ressuscitarão! "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro." (1Ts 4:16)
 
MARANATA, pois os cristãos autênticos serão arrebatados! "Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (1Ts 4:17)
 
MARANATA, pois participaremos das Bodas do Cordeiro! "Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou." (Ap 19:7)
 
MARANATA, pois receberemos a recompensa do Senhor pela vida de dedicação a Ele! "E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. (Ap 22:12)"
 
MARANATA, porque o Senhor enxugará de nossos olhos toda lágrima e aniquilará para sempre a morte! "Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o Senhor o disse." (Is 25:8)
 
MARANATA, porque Cristo reinará sobre a Terra, liberta e transformada! "Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos." (Ap 20:6)
 
MARANATA, porque logo após essa glória, estaremos na eternidade com Cristo pelos séculos dos séculos! "E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre." (Ap 22:5)
 
MARANATA ALELUIA, como diziam os antigos cristãos! "Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus" (Ap 22:20)
 
E enquanto o dia não chega, façamos a Obra do Senhor enquanto há tempo, pois logo virá a noite sobre o mundo e a salvação cessará. "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar." (Jo 9:4); "Quando o pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo ele, vos disser: Não sei de onde vós sois;" (Lc 13:25).
 
Assim, aos cristãos que sofrem, a todos os cristãos que oram e a todos os cristãos que contribuem, diz Deus: "Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida." (Ap 2:10)
 
Sejamos fiéis. A redenção está próxima.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

 

memórias literárias - 185 - NÃO DEVAIS

NÃO DEVAIS
185

 
A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. (Rm 13:8)
 
A Bíblia é a revelação de Deus para o homem. Nela encontramos a orientação do Criador para a nossa salvação, felicidade e eternidade.
 
Segundo ela, o crente em Cristo Jesus não pode dever nada a ninguém, senão o amor com que devemos nos amar uns aos outros. Dívidas não podem fazer parte do patrimônio de um cristão. Contudo, se não fizermos dívidas, dificilmente adquiriremos a casa própria, o carro para o nosso transporte, a previdência privada, a realização da viagem de férias. Como conciliar isso com a Palavra de Deus?
 
O princípio aqui contido não é o de que devamos pagar tudo à vista. O ensino não é monetário, financeiro. A razão de Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, nos escrever isso é que não devemos ser devedores de ninguém, isto é, deixar de pagar a outrem aquilo que é devido. Isso não significa que não possamos adquirir coisas à prestação. Significa que não podemos fazer prestações que não poderemos honrar ou dar o passo maior do que a perna. Quando alguma dívida estiver acima do que poderemos honrar (por infortúnios, desempregos, surpresas orçamentárias), precisamos sair em busca do credor e resolver a questão, ou estabelecendo novo prazo ou devolvendo o bem que não poderemos adquirir em sua integridade. O ensino é claro: o crente deve ser HONRADO, deve ser CUMPRIDOR DE SEUS COMPROMISSOS, deve SER BOM PAGADOR.
 
Disso decorrem outros pensamentos sobre dívidas, os quais gostaria de repartir nas linhas abaixo:
 
O CRENTE NÃO PODE SER MAU PAGADOR - Quantos crentes pedem emprestado e não pagam! Quantos buscam empréstimos em operadoras de crédito, contando com a sorte e, quando ela não vem, deixam as dívidas rolarem, até que caduquem no sistema de crédito, após cinco ou dez anos! Mantém seus cadastros sujos na praça sem qualquer drama de consciência e ainda pensam estar fazendo a vontade do Senhor! Ou então pedem emprestado para particulares, para agiotas, para irmãos na fé e não honram o compromisso, ou não o fazem em tempo! "O ímpio toma emprestado, e não paga". (Sl 37:21). Aquele que toma emprestado não pode descansar enquanto não pagar ou enquanto não se explicar diante do seu credor. Não é demérito NÃO PODER PAGAR. Demérito é NÃO SE IMPORTAR COM ISSO E NADA FAZER PARA BUSCAR UMA SOLUÇÃO. "Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei." (Mt 18:26); "E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar." (Lc 10:35). O crente paga as suas dívidas, ainda que busque prazos melhores para pagá-las.
 
O CRENTE NÃO PODE SER INGRATO - Não se deve apenas dinheiro. Deve-se gratidão. E como é comum a ingratidão no meio do povo de Deus! Falo de crentes, porque do ímpio nada se espera. Do crente, pelo contrário, se esperaria algo melhor, algo mais qualificado. Mas, infelizmente, de quem mais se espera menos se recebe! Jesus, ao curar 10 leprosos, diz ao único que regressou para agradecer: "Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?" (Lc 17:18). O Apóstolo Paulo, no final de sua vida, depois de ter semeado a Palavra, fundado inúmeras igrejas e discipulado diversos obreiros, afirmou com tristeza: "Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Figelo e Hermógenes." (2Tm 1:15). A ingratidão é uma constante no mundo, e, infelizmente, muitos cristãos são ingratos. Ingratos para com os que lhes pregaram o evangelho, ingratos para com seus pastores e mestres, ingratos para com quem lhes ajudou a estabelecerem-se na vida, ingratos para com aqueles que estenderam a mão na hora da necessidade. Há os que são ingratos aos pais, aos avós, aos professores, aos patrões, aos funcionários, aos amigos, aos vizinhos, ao próximo. Mas a bíblia é enfatica: "sede agradecidos." (Cl 3:15).
 
O CRENTE NÃO PODE GABAR-SE ÀS CUSTAS DE QUEM VEIO ANTES - Ah, como há crentes que se acham completos e perfeitos! E como há líderes que ignoram os seus antecessores! Temos memória curta e gostamos de enterrar a memória de quem tanto fez, tirando o mérito de quem antes lutou. No ministério das igrejas é comum. O pastor assume uma igreja e logo decreta: "NOVO TEMPO - NOVA ALIANÇA - NOVO MINISTÉRIO - NOVA HISTÓRIA". Joga tudo o que o antecessor com tanto custo edificou e coloca seu nome acima dos pioneiros. Nas empresas, nas famílias, nas igrejas, gostamos de falar dos nossos feitos, do nosso ministério e desprezamos quem fez diferente, quem fez antes, quem deu origem e um rumo. Somos ingratos! Achamos que inventamos a vida! "Nunca na história desse país... houve maior ingratidão e desprezo com o passado do que agora!" Claro, essa frase nunca foi dita, mas nunca em toda a história foi tão verdadeira! O é em muitas igrejas, em muitas famílias, em muitos governos e em muitas empresas. "Não removas os antigos limites que teus pais fizeram." (Pv 22:28)
 
Poderíamos nos estender nessas reflexões, falando sobre dívidas que colecionamos na vida, dívidas de gratidão, de apoio, de amizade, de companheirismo, de ajuda, de socorro. Que Deus conceda a cada crente a dádiva de não dever nada a ninguém, mas pagar com juros e correção monetária o bem recebido e a vida recebida.
 
Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. (Rm 13:7)
 
À propósito, como estão as suas dívidas?
 
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

 

memórias literárias - 184 - E A FLOR ABRIU!




São Paulo, 01 de junho de 2012
 
E A FLOR ABRIU!
184
 
Enquanto Elaine tirava o carro da garagem eu descobria o milagre da vida: a flor abriu!
 
"Veja, Elaine! Olhe o nosso pé de flor! Ele amanheceu florido!" E, juntos, olhamos demorada e agradecidamente para aquele simples pé de flor, cuja muda veio da roça, da terra da Milú, em Minas Gerais.
 
E o que tinha de mais esse pé de flor? Não existem justamente para florir? Não é natural florir?
 
Sim. É. Mas sobreviver ao caos em que o nosso jardim se encontra, agüentar o cimento, as pedras, a areia, os entulhos, a ferrugem, os produtos químicos, a cal, não exigir nada em troca e ainda presentear-nos com flores lindíssimas, perfumadas, coloridas, somente um pé heróico de flor conseguiria. Tem que haver muita força, muita saúde, muita vontade de florir. E, além disso, tem que haver um Deus a cuidar dele!
 
Somos como esse pé de flor.
 
O terreno onde fomos plantados muitas vezes está entulhado de lixo, de coisas desnecessárias, de veneno, de lodo, de tranqueiras. Estamos sufocados no meio de  tantas dificuldades: contas para pagar, problemas de saúde, dificuldades no casamento, filhos com problemas, notas baixas na faculdade, inimigos gratuitos ou não, saúde debilitada etc. Alguns entulhos fomos nós quem colocamos. São os problemas desnecessários, cuja fatura estamos pagando: compramos sem precisar e agora sofremos as consequências; entramos em relações amistosas ou amorosas sem a orientação bíblica de Deus, e agora penamos para deixá-las ou para consertá-las; tínhamos boa saúde, mas os vícios adquiridos ou a falta de cuidados com o corpo, que é templo do Espírito Santo, nos trouxeram sequelas para o resto da vida. Entulhos desnecessários! Outros, talvez mais abundantes que não fomos nós quem colocamos, invadiram a nossa vida, entulhando-nos: perseguições gratuitas, injustiças causadas até por amigos; desemprego crônico, enfermidades inesperadas, abandono, solidão, saudade.
 
O meu pé de flor estava assim. Mas sua força de vontade foi maior e ele conseguiu extrair da terra os nutrientes necessários para florir. Talvez as plantas sobreviventes, os matos do lado, os insetos, pudessem lhe dizer constantemente: "não adianta, pé de flor; você é um coitado, acabaram com a sua terra, destruíram a sua umidade, sufocaram-lhe com pedras e lixo; você não conseguirá florir!" Isso se parece muito com aquilo que nos dizem quando os entulhos nos sufocam; isso nos lembra a mulher de Jó, uma verdadeira "enjoada": "Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre." (Jo 2:9). Sim. Todos nos dizem que a vida acabou, que não há mais como obter a felicidade, que estamos cobertos de espinhos e que jamais floresceremos. Perdemos família, amigos, dinheiro, patrimônio, credibilidade, posições políticas, confiança, saúde, tempo, perdemos tudo! Porém, se um pé de flor, que não tem juízo ou inteligência, tendeu para a vida, para a esperança, para a florada, por que não fazemos o mesmo? Fomos dotados de muito mais valor e importância que os pés de flores! "Considerai os lírios, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. E, se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?" (Lc 12:27-28)
 
O meu pé de flor foi abençoado por Deus. O Criador proveu o sol, o ar, os pássaros, os insetos polinizadores, a fotossíntese, a terra, as minhocas, os nutrientes etc. Quando ninguém importou-se com ele por causa da construção que fazemos aqui em casa, Deus o protegeu, o preservou, o ajudou, o fortaleceu. Assim também é a vida daquele que está entulhado e, não raras vezes, abandonado e esquecido por todos. Seus pais o deixaram, sua esposa, filhos, marido, seus amigos, seus patrões, funcionários, o sistema público, enfim, encontrou portas fechadas em tudo, por toda a vida. Mesmo para esse moribundo há ainda um Deus no Céu, que olha por nós e que faz questão de ser encontrado por aquele que nEle espera: "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera." (Is 64:4); "E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração." (Jr 29:13); "Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei." (Hb 13:5).
 
Podemos pregar uma peça na vida, podemos surpreender o mundo: podemos ressuscitar em vida e ressuscitar depois de mortos!
 
Em vida podemos tirar forças da fraqueza,  luz das trevas e esperança da frustração e da depressão. Diz a bíblia que o justo poderá cair sete vezes (muitas), mas não ficará prostrado, pois o Senhor o levantará. E ainda que a provisão não venha de canto nenhum, e ainda que não haja quem por nós se importe, "se Deus for por nós, ninguém será contra nós!" (cf. Rm 8.31). O meu pé de flor tinha a terra em seu favor; nós havíamos nos esquecido disso. E Deus tem a Sua presença em nosso favor: corramos ao recôndito da oração sem titubear! "Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. "(Mt 6:6)
 
Após a morte poderemos ressuscitar, voltar à vida, sair da sepultura, mesmo que de nós não reste uma só molécula completa! Deus, que nos criou, conhece cada átomo que nos compõe, e Ele prometeu que ressuscitaremos perfeitos, transformados, glorificados, e que depois disso nunca mais morreremos, nunca mais envelheceremos, nunca mais adoeceremos, nunca mais diremos "adeus"! E para alcançar esta bênção temos um só caminho, uma só verdade, uma só vida: Jesus Cristo, o Filho de Deus, o salvador da humanidade! Disse Ele: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;" (Jo 11:25)
 
O meu pé de flor floreceu. Você também poderá. Pare de contar entulhos e sugue forças do Senhor, vencendo as suas fraquezas. "Eis que estou convosco", disse Jesus.
 
Amém.
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil

 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

memórias literárias - 183 - OUÇA E PREPARE-SE

 
OUÇA E PREPARE-SE
183
 
Não são raras as vezes em que Deus nos avisa sobre provas, dificuldades, desafios e turbulências que enfrentaremos. Ele nos fala de diversas maneiras, usa diversas ferramentas e jamais nos abandona.
 
Ocorre que quase sempre ignoramos a Sua preciosa voz. Solenemente conseguimos enganar-nos a nós mesmos e não prestamos atenção aos detalhes do caminho, às pequenas pistas que o Senhor, por amor, nos dá para que nos preparemos melhor para as crises.
 
Eu, como pregador, já preguei para mim mesmo sem saber. Preparei-me para levar a Palavra de Deus e, sem que eu percebesse, preguei uma mensagem absolutamente diferente daquela idealizada. Os resultados diante do auditório tornaram-se evidentes, mas não tanto para mim. Só fui perceber o quanto EU MESMO precisava daquela palavra dias depois! Esta experiência repete-se de tempos em tempos e creio ser o mesmo com outros pregadores.
 
Deus nos prepara. Deus nos avisa. Deus nos conduz à Sua vontade. Cabe-nos discernir a Sua voz das vozes alheias. Não foi assim com Samuel? Deus o chamava, mas ele pensava ser o sacerdote Eli. Quando aprendeu a ouvir a voz do Senhor, então pôde compreender e preparar-se para o trabalho. Não foi assim com José, o maravilhoso pai de Jesus? Atordoado pelos acontecimentos da gravidez de sua noiva e posteriormente pelos acontecimentos miraculosos ligados ao nascimento de Jesus, teve sonhos especiais, e nesses Deus lhe deu toda a orientação necessária. Não foi assim com Pedro na visão do grande lençol com animais, ou com Paulo ao ouvir o Senhor lhe dizer que não naufragaria com a embarcação, ou com Abraão ao ouvir diversas vezes a voz do Pai? Não foi assim que Felipe foi arrebatado para evangelizar um etíope ou que Ágabo descobriu que viria grande fome sobre o mundo de então?
 
Deus nos fala! O fez de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, e nos últimos dias nos falou por Jesus Cristo, o Filho! Também nos fala através da Palavra pregada, cantada, meditada, lembrada. Dizia o salmista que guardaria no coração a Palavra para não pecar contra Deus, e que ela, a Palavra, ser-lhe-ia lâmpada para os pés e luz para o caminho!
 
Deus usa as circunstâncias também: os missionários apostólicos tentavam ir para um lado, mas as circunstâncias mostravam que Deus não aprovava. Eliezer descobriu quem era a esposa para Isaque por causa das circunstâncias em que conheceu Rebeca. Davi iria justiçar seus homens pela maldade de Nabal, quando Abigail, esposa daquele, interveio com uma palavra sábia e iluminada. E Josias, o rei fiel, encontrou o caminho para a restauração espiritual da nação através do Livro da Lei encontrado no Templo!
 
Precisamos aprender a ouvir a voz de Deus. Então, nos nossos ouvidos, conseguiremos detectar a autêntica voz do Bom Pastor e segui-Lo sempre. A voz de Deus é clara, não traz confusão e não é como uma trombeta a dar sonido incerto; ela é única e absolutamente revelada nas Escrituras Sagradas. Aplicá-la para a hora e o momento certo é o que o Espírito Santo faz, mas precisamos de sensibilidade, atenção, consagração, submissão. A Voz nos fala, mas somente para "quem tem ouvidos para ouvir".
 
Peçamos a Deus ouvidos atentos, corações quebrantados e almas submissas. Assim estaremos sempre um passo à frente dos acontecimentos e nada, absolutamente nada, nos pegará de surpresa. O Senhor nos preparará para tudo!
 

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil


Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel
Rua Urano, 99 - Novo Horizonte
06341-480 - Carapicuíba - SP
São Paulo - Brasil
Cultos aos domingos às 9:30 e 18:30 hs.
Escola Bíblica Dominical às 10:30 hs.
Quartas-feiras às 20 horas
www.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br
 

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...