quinta-feira, 28 de setembro de 2017

memórias literárias - 534 - SOLIDÃO E SOLITUDE

SOLIDÃO E
SOLITUDE
 

 
534
 
Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. (2Tm 4:16)
 
E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mc 15:34)
 
Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo. (Jo 16:32)
 
Sentir-se só; quem já não enfrentou essa circunstância? No mundo em que vivemos isto é o que de mais comum existe.
 
O mais interessante é que, quanto mais nos aprofundamos nas tecnologias de comunicação mais nos distanciamos dos outros seres humanos e, quiçá, do próprio Deus.
 
Quando o transporte era precário e difícil, muitas vezes impossível, só nos restava um telefonema. Quando nem este estava disponível, então a carta. Ah, e quanto bem tais eventos faziam! Há quem guarde a sete chaves as cartas de um amor, de um familiar, de um amigo querido, cartas cujo teor são como pepitas d'ouro!
 
Nestes tempos modernos, entretanto, a distância multiplica-se na proporção de seu próprio desaparecimento. Veja-se o alto índice de suicídios: geralmente são pessoas que utilizam-se dos celulares, dos computadores, das comunicações em redes sociais, mas que, infelizmente, estão mais sozinhas do que nunca!
 
Isto porque gostamos de algo que seja especialmente feito para nós, não para as massas. Queremos ouvir uma voz a nos falar, algo que foi dito só a nós mesmos. Queremos uma linha, um telefonema, um áudio de whatsapp, um e-mail, um sinal de que somos importantes para aqueles a quem julgamos relevantes para conosco.
 
Contudo, em lugar disto, recebemos toneladas de mensagens, de correntes, de figurinhas, de carinhas a sinalizar sorrisos, frases de efeito, florezinhas abertas e outras que se transformam em passarinhos etc. São coisas artisticamente perfeitas, verdadeiras flores plásticas, tão belas e tão mortas na fonte! Ao final elas não nos dizem absolutamente nada; pelo contrário, elas nos aborrecem! Em troca delas gostaríamos de um mero "olá, tudo bem?" ou "um abraço", o que nos seria muito mais vivo e humano.
 
A solidão é a sensação de que não somos importantes para ninguém. A nossa dor, a nossa alegria, a nossa decisão, os nossos sentimentos, nada disso a ninguém tem importância. A dor de um desprezo, de um esquecimento, de um deixar de lado é algo que cavoca até as entranhas d'alma. Aos poucos nos sentimos exauridos de forças e a exaustão pode levar ou à revolta ou ao caos emocional.
 
Cristãos sentem-se sós também. Citados no início, temos o Apóstolo Paulo a sentir extrema solidão e injustiça quando viu-se abandonado pelos próprios cristãos em seu julgamento de instância maior. Sentiu-se desamparado, abandonado, solitário. Citei também Cristo, o nosso Salvador. Ele, no alto de toda a sua estatura de Deus-Homem, restrito por decisão própria de Seus poderes e glória, sentiu profundo desamparo e solidão no alto da cruz de ignomínia. Aqueles instantes sem a luz e a glória do Pai, com quem viveu desde que eternidade existe, foram-lhe cruéis o bastante para fazer soar o mais dorido clamor divino: "Por que me desamparaste?"
 
Sabemos que Sua dor foi vicária. Ele sofreu em nosso lugar. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele. Assim que expirou encontrou-se com o Pai. Andou no Paraíso, anunciou aos mortos a Sua vitória e foi assunto ao Céu. Jesus nunca esteve e nunca estará só, senão naquele ato substitutivo em nosso favor.
 
Encontramo-lo a tecer comentário sobre isso: "Nunca estou só, porque o Pai está comigo". Jesus não precisava do calor e do afeto de seus imperfeitos apóstolos e interesseiros seguidores. Os que dele se aproximavam o faziam para obter favores, pães multiplicados, cura das vistas, cura das pernas, pés, braços e mãos. Foi mui raro uma Maria que sentou-se aos pés do Senhor pelo simples prazer de privar de um tempo especial com Ele, sem querer nada em troca, exceto o que aprendia. O Senhor tinha prazer nas criancinhas que se alvorossavam sobre Ele, com toda a informalidade e entusiasmo típico dos que ainda não haviam aprendido a hipocrisia. Ele as tomava no colo, Ele as abençoava e ralhou com os apóstolos que queriam impedir o sagrado encontro de pequeninos homens com o Seu Grande Idealizador, encontro de legítima motivação de amor e prazer, sem interesses outros.
 
Este Jesus que sentiu solidão e que nunca esteve só, exceto no ato vicário de sacrifício por nós, experimentava, contudo, momentos privativos escolhidos e preparados com muita perfeição. Eram as madrugadas, únicos momentos onde a demanda popular não lhe exigia dedicação. Naquelas brisas noturnas tinha o Senhor a sua SOLITUDE, que não é solidão, mas escolha pessoal de desfrutar a sós a íntima comunhão com o Seu Pai. Certamente que privava também de momentos especiais Consigo mesmo, uma vez que sempre sabia o que fazer e quando fazer. "Sempre faço o que Lhe agrada", dizia Ele.
 
A resposta para a solidão avassaladora das redes sociais, dos e-mails, dos relacionamentos plásticos e dos encontros por interesse, que nada satisfazem a alma, que trazem tantos vazios existenciais, é a escolha racional e espiritual de primar pela amizade com Deus, de momentos a sós com o Criador, de instantes profundos de adoração íntima e de comunhão profunda com Cristo. Não há solidão que resista à solitude de uma alma em comunhão com o Criador.
 
Que tal o leitor amigo, que gastou tempo a ler o meu artigo, analisar os seus relacionamentos e verificar a veracidade do que afirmo? Enquanto escrevo há muitas mensagens que chegaram ao seu celular e e-mail, talvez alguns telefonemas, mas o vazio e a solidão não foram atingidos e aquilo que mais queria não veio, a atenção e a sensação de ser realmente especial.
 
Faça o propósito de buscar ao Senhor em solitude determinada. Foi Ele mesmo quem nos ensinou:
 
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mt 6:6)
 
Que Deus nos abençoe.
 
Wagner Antonio de Araújo

28/09/2017

memórias literárias - 533 - EFÉSIOS - A IGREJA - CORPO DE CRISTO - 2a. MENSAGEM

A EPÍSTOLA
DE PAULO
AOS EFÉSIOS

Por Wagner Antonio de Araújo,
Pastor da
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba,
São Paulo, Brasil

2ª MENSAGEM

EFÉSIOS 1.3-14 –
NOVE BÊNÇÃOS
CONCEDIDAS

O TEXTO – Efésios 1-3-14

3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo,
4 assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor

5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,

6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado,

7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,

8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,

9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,

10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra;

11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,

12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;

13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido
, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;

14 o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.


INTRODUÇÃO

Elaine e eu formávamos um casal sem filhos. Orávamos e pedíamos ao Senhor para nos conceder herdeiros que nos fizessem companhia, a quem pudéssemos criar e a quem deixássemos o patrimônio de nossa existência. Deus nos atendeu. Primeiramente deu-nos a Rutinha, nossa primogênita. Depois concedeu-nos o Josué, nosso garoto tão querido.

Os nossos filhos nasceram nus, sem pertence algum; não tinham roupas, nem objetos, nem armários, nem cama, nem nada. Nós, os seus pais, fizemos a provisão de tudo para o seu conforto e manutenção, juntamente com os presentes que ganhamos. Compramos móveis para o quarto, berço, roupas de cama, roupinhas para vesti-los, objetos de higiene, mamadeira, carrinho, enfim, tudo. Quando eles saíram da maternidade e chegaram em nossa casa já tinham a provisão necessária para o início da  vida. Como eles mudaram a nossa rotina!

Nesta semana Rutinha dormiu fora pela primeira vez, longe da mamãe. A vovó cuidou dela. Para nós, entretanto, a noite foi difícil: não conseguíamos sentir conforto com a ausência da filha amada. Tudo em casa lembrava a Rute. Quando a vovó a trouxe, o brilho voltou nos nossos olhos e a casa estava completa de novo.

Hoje queremos nos deter nos versos 3 a 14 do capítulo 1 de Efésios. Como sabem, Paulo, o Apóstolo, escreveu esta carta provavelmente no ano 62 da era cristã. Ele a escreveu da prisão em Roma, como Colossenses, Filipenses e Filemon. A carta deve ter circulado por várias igrejas da época e não foi escrita para combater nenhuma heresia, senão para vislumbrar tudo o que Deus nos concedeu em Cristo, transformando-nos em filhos adotivos dEle.

É justamente sobre isso que queremos falar.

Assim como Elaine e eu, Deus proveu o Céu, proveu os homens convertidos com coisas que os qualificaram para que vivessem como filhos do Pai Celeste. Assim como nós os geramos e deles cuidamos, o Pai proveu em Cristo uma série de coisas importantes, maravilhosas, estupendas, através das quais nos capacitou para a vida eterna, para a glória celestial, para o progresso eterno e para a salvação total e perfeita.

Gostaríamos de citar nove bênçãos da salvação em Cristo, da conversão, da vida eterna recebida através do arrependimento de pecados e da fé em Jesus.

I – NOS ABENÇOOU (“nos tem abençoado”, v. 3)

Deus é bendito e nós, que somos do Senhor, fomos abençoados pelo Seu Santo Nome. Como sobre nós repousa o Nome dEle, a presença dEle, então a Sua bênção também está sobre nós. Cristo em nós, Cristo em nosso coração, Cristo em nossa vida, somos contados como Seu povo, Sua igreja, Seus Filhos adotivos. Não há bênção maior do que essa!

II – NOS ESCOLHEU (“nos escolheu nEle”, v. 4)

Há duas verdades antagônicas e paradoxais nas Escrituras Sagradas. Uma é aquela que nos garante o livre arbítrio para fazer as nossas escolhas. E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida. (Ap 22:17) A outra, não menos importante, é a que afirma categoricamente que Deus tem direito de escolha e usa esse direito para escolher aqueles que serão por Ele salvos e recebidos. É isto que o texto diz.

Paulo afirma que Deus nos escolheu “antes da fundação do mundo”, isto é, antes de qualquer criação, antes do nosso nascimento, antes que tivéssemos feito alguma coisa para merecer esta dádiva.

Como harmonizar estas duas verdades? Como equilibrá-las? As tentativas são diversas. A polarização tem trazido enormes prejuízos para as igrejas. Muitos destacam o livre arbítrio e lançam por terra a verdade de que Deus nos escolheu por conta e por vontade própria, como afirma o texto. Outros, ignorando a verdade de que ao homem foi dado o direito de optar, de escolher, de receber ou de rejeitar, lançam a raça humana no determinismo absoluto de um Deus fatalista.

O melhor caminho é sabermos que a mensagem do Senhor nos é pregada visando a nossa conversão. Quando somos convertidos descobrimos que, muito antes de nascermos, antes da fundação do mundo, o nosso nome já era conhecido pelo Pai. Assim, o livre arbítrio e a predestinação dão as mãos de forma efusiva e festiva, celebrando com alegria a bênção da vida eterna. O crente diz: “Então Deus me amou antes da fundação do mundo? Eu já era conhecido dEle? Aleluia, Senhor! Eu não mereço, mas agradeço!”

Deus teve dois propósitos ao nos escolher.

O primeiro: sermos santos,  isto é, separados, consagrados, sem nos misturarmos com o mundo de onde viemos, com os seus valores, com a sua aparência, com as suas crendices. Esta santificação é fundamental na vida do escolhido de Deus. Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; (Hb 12:14)

O segundo: andarmos de forma irrepreensível, dando o testemunho de transformação. Não fomos escolhidos para uma vida folgada, sem compromisso, sem testemunho. Pelo contrário, os escolhidos têm o dever de serem bons pais, bons cônjuges, bons filhos, bons trabalhadores, bons cidadãos, bons pagadores, bons crentes, bons irmãos, bons em tudo!

III – NOS PREDESTINOU ( “nos predestinou” v. 5)

Assim como a eleição citada acima, ela salienta uma predestinação com um objetivo: “a adoção de filhos”. Lembro-me daquele querido irmão que não tinha filhos. Ao ver aquele bebê tão carente, tão necessitado e tão clemente, não teve dúvidas: o escolheu para que fosse seu filho. Ao recebê-lo e ao registrá-lo como seu, num ato forense, num ato cartorial, como o seu coração alegrou-se! Balbuciou ao pequeno: “Não tenha medo; de hoje em diante você será chamado de meu filho!” Oh, gloriosa beleza do amor de Deus! Ele nos predestinou para fazer de nós filhos Seus! Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; (Jo 1:12)

IV – NOS CONCEDEU ( “nos concedeu...para sermos ...” v. 6, 12)

Em Cristo foi-nos concedida a dádiva de sermos “para o louvor da glória de Sua graça”.  E o que isto significa?

Éramos pecadores inverterados, mortos e separados de Deus. O amor do Criador, contudo, nos alcançou no túmulo de nossa existência (conquanto vivos fisicamente, estávamos mortos espiritualmente). Ergueu-nos, atuou de forma miraculosa pelo Espírito Santo, convencendo-nos do pecado, da justiça e do juízo, e provocou em nós o novo nascimento, através do qual fomos feitos novas criaturas, novos nascidos. O resultado foi uma transformação radical e profunda. Um exemplo disto foi aquele homem de Gadara, absolutamente possesso e que vivia entre os sepulcros, machucado, nu e solto. Ao ser encontrado por Jesus teve a libertação cabal: mais de dois mil demônios o deixaram! O resultado para o homem foi a sua completa libertação, o vestir-se, o juízo perfeito, a paz e a calma. Os conterrâneos, perplexos com a mudança, viram o que Deus havia feito. Infelizmente usaram desse milagre para expulsar a Jesus (os porcos dos quais cuidavam haviam morrido). Mas a vida transformada deste libertado tornou-se louvor da glória de Sua graça! Ele tornou-se missionário no meio de sua família.

Cada um de nós, alcançado pelo Senhor, também foi transformado por Ele! Os que eram promíscuos tornaram-se santos no seu procedimento; os que xingavam limparam a sua boca; os que fumavam abandonaram esse vício; os que se embriagavam abandonaram a cerveja e o vinho; os que se dobravam aos ídolos passaram a ajoelharem-se apenas diante de Deus. E assim as mudanças são um testemunho magnífico de transformação, o que  promove entre os homens e anjos motivo de se dizer: “Bendito seja Deus por tão grande salvação”!


V – NOS REDIMIU ( “no qual temos a redenção” v. 7)

Na época do Apóstolo Paulo havia dois tipos de pessoas. Os cidadãos, aqueles que possuíam  todos os direitos legais e civis, e os escravos, que não tinham direito algum, que eram propriedade e patrimônio de alguém abastado. Quando alguém era comprado, a posse daquele escravo era transferida para o novo dono. Alguns eram comprados e alforriados, isto é, libertados para tornarem-se homens livres. Outros para serem escravos dos compradores.

Paulo usa a mesma linguagem para explicar que Jesus Cristo, pelo Seu precioso e inigualável sangue, derramado na cruz do Calvário, comprou-nos do poder de Satanás, que era o senhor de nossas vidas em pecado. Cristo libertou-nos do mal, do Inferno e da perdição. Ele nos comprou! Tirou-nos das mãos do tirano, das mãos do pecado e transportou-nos para o Seu Reino e para o Seu amor! As cordas que nos amarravam, as gaiolas que nos continham, os compromissos sob ameaças que nos impunha o maldito proprietário foram rompidos, pois Cristo pagou pela nossa libertação. Aleluia!

VI – NOS DERRAMOU ( “derramou abundantemente sobre nós...” v. 8)

A palavra “derramou” significa “sobejamente, abundantemente, mais do que poderia ser contido”. Lembro-me de nossa casa na roça, na Meia Légua, em Cambuí, Minas Gerais, onde eu passava anualmente pelo menos dois meses. Papai canalizara a água de uma mina, numa montanha próxima. O cano tinha duas saídas, uma para a pia da cozinha, dentro de casa, e a outra para a pia do tanque, do lado de fora. A força da água era tanta que, às vezes, o sabugo que servia de rolha, era expulso com violência, deixando vazar a água abundantemente. A água jorrava livremente (e não havia conta de água!)

Assim também Deus derramou sobre nós a “riqueza da sua graça”, isto é, dando-nos tudo gratuitamente em Cristo, o Amado, o Senhor, o remidor! E não deu pouco, milimetricamente contado; deu-nos “a transbordar”! Tudo o que recebemos, tudo aquilo de que fomos supridos, não é mérito nosso, é graça de Deus, é favor imerecido, é puro exercício de misericórdia de Deus! Essa graça não veio por medidas, mas ela está presente e se derrama, é abundante, está acima do que podemos conter! A graça nos salva, nos perdoa, nos assiste, nos enche de paz, nos dá a plenitude do Espírito, nos concede segurança, nos mostra o caminho a seguir, nos coloca oportunidades de amar, nos dá boca para testemunhar; enfim, a graça é tal que se derrama e influencia a todos que conosco convivem! “Preciosa graça de Jesus!” “Oh, profundidade das riquezas, tanto da sabedoria quanto da ciência de Deus!”

Tal graça abundante concede duas grandes dádivas para cada um de nós.

A primeira: torna-nos “sábios”, nos enche de sabedoria. O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução. (Pv 1:7)

A segunda é a “prudência”. Através dela podemos tomar decisões fundamentadas na razão, na certeza, na convicção espiritual, nos fundamentos do que é certo, e não daquilo que sentimos, que achamos, que desejamos. A prudência nos coloca os pés no chão. Ela nos faz gastar apenas o suficiente, dizer apenas o que é necessário, sentir apenas aquilo que é edificante, guardar apenas o que nos edifica.

VII– NOS DESVENDOU (“nos desvendou o mistério...” v. 9)

A graça de Deus desvenda aos nossos olhos e corações o grande propósito de Deus: fazer convergir em Cristo toda a criação, todas as criaturas, toda a história, todo o universo. Este é o propósito divino: centralizar em Cristo o mundo que através dEle foi criado. A plenitude dos tempos é o tempo certo, escolhido por Deus, para que Cristo viesse e se tornasse o Cordeiro de Deus, o reconciliador divino entre criador e criaturas.

Toda a criação confessará que Jesus Cristo é o Senhor. Todo o universo, todas as dimensões se submeterão à Sua autoridade e mostrarão que foi do agrado do Pai convergir em Jesus Cristo todas as coisas, quer as visíveis, quer as invisíveis. Ele é o Senhor da vida, da morte, da eternidade, do espaço, do tempo, do amor e da graça. E este reconhecimento começa conosco, que O recebemos como Senhor e Salvador de nossos corações, estendendo-se, no futuro, por uma confissão maciça desta verdade. E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2:11)

VIII– NOS FEZ HERANÇA ( “fomos feitos herança” v. 10)

Esta afirmação pode significar duas coisas.

A primeira delas diz respeito a tornar-nos parte de Sua própria herança, isto é, fez de nós propriedade Sua, tendo em vista que nos comprou do pecado e de Satanás, fazendo-nos Seus servos, mas, acima de tudo, Seus filhos. Tornamo-nos herança de Deus, parte de Seu patrimônio. Lá em casa dizemos: “O que é realmente nosso aqui somos nós, a nossa fé e os nossos filhos”. Os filhos são herança nossa indubitavelmente!

A segunda possibilidade é que nós nos tornamos “participantes desta herança”. Jesus Cristo, como Filho, é o herdeiro de todas as coisas criadas, quer as do Céu, quer as da Terra. Como proprietário de tudo, Deus deu a cada filho adotivo, a cada um que recebe a abundância e o derramamento desta graça, o direito de ter parte em tudo isso. Jesus reparte conosco a posse de todo o universo, pois em Cristo fomos feitos Seus irmãos e herdeiros com Ele de todas as coisas.

Que verdades maravilhosas e gloriosas! Somos a herança do Senhor e, igualmente, somos participantes de toda a herança de Jesus! Oh, Deus, não somos dignos! Oh, Deus, não há nada em nós que possa comprar tamanho amor e misericórdia! Como agradecer-Te?

IX – NOS SELOU ( “ fostes selados...” v. 13)

Nos dias do Apóstolo Paulo havia um lacre que selava, fechava, tornava inviolável a correspondência que era endereçada para alguém. Era uma cera derretida sobre o documento ou sobre o objeto fechado, que comprovava que aquilo não fora violado. Hoje temos as versões modernas em nossas aquisições. A empresa avisa: “ao receber o produto pelo correio, não aceite, caso o plástico, a caixa ou o adesivo estejam danificados”. As autoridades usavam nos lacres e nos selos uma estampa, um símbolo, que identificava quem estava enviando, qual a autoridade do remetente. Por fim, um selo estampado, marcado por uma autoridade vigente oficializava um ofício, uma escritura, uma declaração.

O texto bíblico diz que nós fomos selados pelo Espírito Santo. Ele foi enviado ao nosso coração e nos estampou, nos fez um sinal, grafou em nós o símbolo que significa “propriedade exclusiva de Deus”. Oh, profunda verdade! A graça de Deus nos salva para sempre, é inviolável, é eterna, uma vez que a autoridade de quem nos selou, de quem nos marcou, de quem nos estampou é a maior de todas! Quem nos separará do amor de Deus?

No entanto, este selo também funciona como “penhor”. Nas lojas de penhor se costuma deixar um objeto como garantia de que iremos pagar o empréstimo. O texto diz que o Espírito Santo em nós é o penhor que Deus nos deixou, prometendo nos redimir por completo no Dia de Cristo. Ele não apenas nos salvará exclusivamente por Sua graça, como deixou um sinal, um adiantamento.

A presença do Espírito Santo em nós funciona como “parcela de entrada”, isto é, a garantia de que o negócio está feito. Nós damos a entrada no preço de um terreno, de uma casa, de um carro, garantindo ao proprietário que pagaremos o restante. Assim Deus deu a nós o Espírito Santo, que é a garantia externa, sobrenatural, de que Ele completará a obra que começou: salvar-nos e levar-nos para o Seu Reino eterno de luz e de paz! Aleluia!

E como saber se o Espírito Santo está em nós? Seria através de barulho, de línguas ininteligíveis, de dons sobrenaturais? Não, pois tudo isso poderia ser simulado pelo enganador de nossas almas. O grande sinal de que Deus está em nós é a transformação que se dá quando nos convertemos ao Senhor. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2Co 5:17). Além disto, se o Espírito Santo estiver em nós, seremos conduzidos a reproduzir em nós o caráter e a personalidade de Jesus Cristo. Isto se chama “fruto do Espírito” e faz-se presente no coração transformado de todo crente. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. (Gl 5:22) Isto não pode ser fabricado, não pode ser simulado. Se nós não vivemos como transformados pelo Senhor, alguma coisa vai mal com a nossa fé. Precisamos do selo do Espírito, da conversão genuína.

CONCLUSÃO

Assim como provemos aos nossos filhos tudo o de que precisam para uma vida confortável, digna e bem aproveitada em seu crescimento e maturidade, assim Deus nos concede em Cristo todo o suprimento espiritual e existencial necessário. Como miseráveis pecadores perdidos, Deus nos compra do poder do pecado, nos transforma interiormente e nos capacita de forma sobrenatural e definitiva, fazendo de nós Seus herdeiros, Seus filhos, Seus súditos, Seus adoradores, Seus mensageiros.

Em Cristo somos
1)  Abençoados
2)  Escolhidos
3)  Predestinados
4)  Motivo de louvor
5)  Redimidos
6)  Agraciados
7)  Revelados
8)  Herdeiros
9)  Selados e guardados!

Queira Deus, em Sua infinita graça, fazer de nós dignos cristãos que valorizam a obra de Cristo em nós. Queira Deus implantar em nós santo temor, santa consagração, santa convicção. E transformar-nos em portadores de boas-novas àqueles que ainda não conhecem o farto suprimento que temos em Cristo, autor e consumador de nossa fé.

Amém.

PALAVRAS GREGAS CONTIDAS NO TEXTO SELECIONADO:

Bendito – eulogetos
Em hebraico: bendito  - barukh
Bênção – eulogia
Espirituais – pneumátikos
Mundo – kosmos
Santos – hagios
Sem mácula/mancha/irrepreensíveis – amomo
Predestinou – prooridzo
Adoção – huiothesia
Vontade – thélema
Glória – doksa
Graça – charis
Fez agradáveis/concedeu gratuitamente – chairtoo
Amado – agapáo
Redenção/remissão – apolytrosis
Alma – haima
Ofensas – paráptoma
Sabedoria – Sophia
Prudência – phronesis
Mistério – mysterion
Revelar – gnoridzo
Beneplácito – eudokía
Propusera – protithemai
Tornar a congregar / reunir – anakephalaiomai
Cristo – Christos
Dispensação – administração – oikonomia
Plenitude – pleroma
Tempos / ocasião oportuna – kairós
Céu – ouranos
Terra –
Feitos herança – kleróo
Propósito – próthesis
Faz – energéo
Conselho / volição – boulê
Louvor – epainos
Palavra – lógos
Verdade – alethéia
Evangelho – evangelion
Salvação – soteria
Crido – pisteuô
Selado / marcado / estampado – sphragidzo
Espírito – pneuma
Promessa – epangélia
Penhor – arrhabon
Abundantemente – perisseuo

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

memórias literárias - 532 - EFÉSIOS - A IGREJA - O CORPO DE CRISTO - MENSAGEM 01

A EPÍSTOLA
DE PAULO
AOS EFÉSIOS

Por Wagner Antonio de Araújo,
Pastor da
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba,
São Paulo, Brasil

INTRODUÇÃO

Pregar sobre a Epístola de Paulo aos Efésios é um desafio a qualquer pregador, ainda que o nosso intento não seja expor a carta dentro dos critérios da exposição bíblica, mas pregar textualmente algumas seleções da carta.

O primeiro desafio diz respeito ao que não abordar, diante do vasto conteúdo de informações encontradas nos livros, bíblias de estudos, comentários, dicionários e informações arqueológicas. Discernir o que se quer destacar do que se deixará para estudos particulares é uma decisão difícil.

O segundo desafio é o de ser fiel ao conteúdo bíblico e não turbar-lhe a pureza. Um pregador que não é fiel ao texto expõe inverdades bíblicas e causa mais estragos do que benefícios aos seus ouvintes. Um texto bíblico deve ser compreendido à luz de leis hermenêuticas claras, honestas, que não causem conflito com outros livros da bíblia e com os contextos diversos em que foram escritos (público-alvo primeiro, cultura e sociedade da época, motivos que levaram à escrita, autoria, local, data etc).

A bênção, contudo, reside em ajudar ao partícipe dos cultos na melhor compreensão da relevante mensagem desta epístola, que enaltece Cristo como Senhor de todo o universo e esclarece de forma contundente a posição do crente em relação a Deus: predestinado, remido, comissionado, seguro. Temas assaz relevantes, difíceis, porém muito práticos e edificantes, se analisados em oração ao Senhor, em santa piedade e no desejo sincero de obedecer a Deus.

Assim, nesta introdução, abordaremos cinco questões, que apresentamos agora.

I – AUTORIA

Muitas discussões são feitas pelos doutores bíblicos, pelos teólogos, pelos críticos, pelos mestres em teologia. Tais discussões afloraram em fins do século 19 e princípios do século 20. A grande questão era: quem escreveu a carta?

Durante toda a história das igrejas cristãs não houve questionamento da autoria. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, era o seu autor. Erasmo, que compilou o Novo Testamento grego quase à época de Martinho Lutero, achou um vocabulário diferente na carta se comparado a outras epístolas paulinas, excetuando-se Colossenses. Isto foi o estopim para uma enxurrada de críticos da autoria questionarem se Paulo realmente havia escrito a carta.

Os conservadores consideraram que Paulo era o seu autor. Consideraram que a carta fora escrita logo após o apóstolo ter escrito Colossenses, razão pela qual ambas possuem muitos pontos em comum. Mas os liberais apontaram todo tipo de autoria. Alguns diziam que Paulo deixou que um amanuense a escrevesse. Outros que Filemon a compôs. Outros disseram que um discípulo de Paulo, muitos anos depois, preparou a carta como uma introdução à literatura paulina, uma apresentação dos principais temas das outras cartas.

A verdade é uma só: Paulo foi o escritor desta carta, incontestavelmente.

II – DESTINATÁRIO

Lemos no início da Epístola que ela foi enviada aos santos que viviam em Éfeso. Contudo, estes destinatários não aparecem em muitas cópias de manuscritos mais antigos. Além disto a carta fora endereçada para uma igreja muito querida para Paulo. Lá ele ajudou a fundar o trabalho de Deus, ao lado de Áquila e Priscila. Lá ele lutou com feras, perseguido. E lá também viveu por 3 anos, lecionando numa escola. Sua influência na cidade fora tanta, que os comerciantes de oratórios de prata da deusa Diana (Ártemis) tentaram matá-lo. E, para surpresa dos leitores, a carta não faz quase nenhuma citação pessoal, como é comum em outras epístolas, dando a impressão de que não fora realmente endereçada a tão amada igreja que Paulo conhecera.

Os críticos logo vieram em combate de Éfeso como destinatária. Disseram que ela, na verdade, era a carta “aos laodicenses”, mencionada em Colossenses, carta perdida. E que um copista no segundo século incluiu “em Éfeso” para homenagear a cidade. Por isso muitas cópias antigas não possuíam destinatários a não ser “aos santos e fiéis em Cristo Jesus”. Quem estaria certo?

A melhor solução foi proposta por conservadores. A carta originalmente foi escrita aos efésios. Contudo, copiada diversas vezes para ser distribuída e lida em outros locais, teve cópias sem endereçamento. Por esta razão existem manuscritos com e sem o destinatário Éfeso. Paulo enviou a carta a Éfeso, mas ela serviu de encíclica (circular) entre as igrejas próximas, algumas conhecidas, outras desconhecidas.

A origem da igreja de Éfeso está em Atos 18.18. O apóstolo Paulo deixa ali o casal Áquila e Priscila e despede-se. Há uma congregação iniciante. Um pregador eloqüente chegou, Apolo. O casal de missionários chama-o e apresenta-lhe de forma mais correta o evangelho, pois ele só conhecia o batismo de João. Pouco tempo depois Paulo regressa à cidade. Encontra discípulos de João, uma dúzia. Pergunta-lhes se já receberam o Espírito Santo. Eles dizem nem saber que existia. Paulo os redoutrina e rebatiza-os em nome do Senhor Jesus. Gasta três meses a anunciar Jesus Cristo na sinagoga, sem grandes resultados. Deixa de ir lá, separa os discípulos e investe dois anos inteiros na Escola de Tirano, discipulando e evangelizando. Toda a cidade ouviu de Cristo.

Os resultados foram tão grandes, que Demétrio, um ourives, faz um levante geral contra Paulo, pois os lucros dos nichos de prata, oratórios para a deusa Diana (Ártemis) estavam correndo perigo. No fim do tumulto Paulo deixa a cidade. E fica ali uma abençoada igreja do Senhor, que se reunia nas casas. É para essa igreja que a carta é escrita. Também foi para essa igreja que Cristo endereçou uma das cartas de Apocalipse.

Éfeso era uma grande cidade, tendo cerca de 250 mil habitantes (há quem calcule em 500 mil). Era portuária, estava à beira do Mar Egeu. Hoje ela é uma ruína há três quilômetros de Selçuk, na província de Esmirna, na Turquia (houve assoreamento, daí a atual distância da água).

Era a capital da província da Ásia, residência do governador da província. Era uma das cinco principais cidades do império romano: Roma, Antioquia, Alexandria e Corinto eram as outras. Possuía 3 ginásios e um teatro para 25 mil pessoas. Tinha banhos públicos (piscinas) e um comércio promissor, zona portuária onde gente do mundo inteiro passava. Possuía o TEMPLO DE ÁRTEMIS OU DIANA, uma das sete maravilhas do mundo. Era uma deusa grega (Ártemis), conhecida por Diana pelos romanos. O templo levou 2 séculos para ser construído. Possuía 127 colunas de 20 metros cada, piso e paredes de mármore. O culto era feito por orgias, promiscuidade cúltica. As sacerdotisas se vendiam diante da imagem aos “adoradores”.

III – DATA E LOCAL DE ESCRITA

Paulo a escreveu da prisão. Faz parte das chamadas “epístolas da prisão”, que são Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon. Paulo escreveu Efésios em seguida a Colossenses. Ele estava preso em Roma, numa casa alugada, prisão domiciliar, enquanto aguardava o andamento de seu processo. Ele pedira para ser julgado por César, equivalente hoje à mais alta instância judiciária. Por dois anos ali viveu. Em 64 Roma foi incendiada por Nero. Então ele a escreveu entre 59-63. A data mais aceita é em 62 d.C.

Ao escrevê-la, entregou-a para que Tíquico a encaminhasse pessoalmente. Muito provavelmente Tíquico entregou a carta aos efésios e também foi a Colossos entregar a carta aos Colossenses, como também a que Paulo endereçou a Filemon.

IV – TEMA E DIVISÕES DA CARTA

Há muitos temas e sub-temas propostos pelos estudiosos. Cada um tem a sua relevância. Nós aceitaremos o seguinte tema: A IGREJA, CORPO DE CRISTO. Esta idéia é esplendidamente desenvolvida ao longo de seus seis capítulos, subdivididos em duas partes:

1 – O QUE OS CRENTES SÃO EM CRISTO – capítulos 1 a 3; 2 – O QUE OS CRENTES DEVEM FAZER POR ESTAREM EM CRISTO – capítulos 4 a 6.

Há uma interessante divisão proposta por alguns estudiosos, resumidas em três palavras essenciais: ASSENTADOS – ANDANDO E FIRMES. Estamos assentados em Cristo, andando em Cristo e firmes em Cristo. O texto nos indica todas as bênçãos advindas desta posição no Senhor. Mostra que fomos feitos uma terceira raça pelo Senhor, nem judeus e nem gentios, mas salvos, unidos no mesmo corpo, que é a Igreja, em Cristo, que é o cabeça da mesma.

Que o Espírito Santo nos conduza nestas próximas meditações.
 
  
Biblioteca de Celso                      Posição de Éfeso no mapa

 
  Éfeso à direita e o mar à esquerda -               Ruínas
 
   
Ruínas do templo de Diana                            Ruínas do teatro

  
  
O templo originalmente -             Cópia da imagem de Diana

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

memórias literárias - 531 - ORA A TEU PAI ...

ORA A TEU
PAI ...
531
 
 
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mt 6:6)
 

 
Ora a teu Pai que está no Céu.
Ora e não reclama!
 
Ora a teu Pai e não mergulhes em lamentos,
Não regues o teu dia em franco desespero.
Não vagueie pelas horas em tormentos,
Não mergulhes no vazio do pensamento.
 
Ora e clama, Teu Pai te ouve!
Ora e suplica, Teu Pai te escuta!
Ele sabe o que melhor te aprouve,
Ele torna a tua face enxuta!
 
Ora a teu Pai, não ao teu dinheiro,
Pois os bens são palha e pó.
Os bens escoam como a água do ribeiro
Que, quando seca, deixa o leito só.
 
Ora a teu Pai, não confia em tua força,
Pois esta não perdura para sempre.
Ao fraquejares, ainda que te contorças,
Não encontrarás resposta ardente.
 
Somente na oração ao teu Pai, em secreto,
Feita em nome de Jesus com o coração contrito,
Obterá resposta e manterá o céu aberto
Às glórias e alegrias que caem do Infinito.
 
Teu Pai te vê, teu Pai te espera;
Manhã após manhã Ele te aguarda!
Ele tem sempre uma porta aberta
E suprirá tua alma com mesa farta!
 
Mas ora e não te cales,
Clama sem detença!
Ele espanta da vida os males
E te cobre com Sua presença!
 
Ah, o dia! Quanto temor eu tinha!
Pensava perder o tino, pensava perder a linha!
Mas orei e clamei, ao Pai eu supliquei,
E refúgio pronto e forte no Senhor eu encontrei!
 
Por isso digo e repito, sem medo de enganar-me:
Orar ao Pai bendito, dia a dia, a consagrar-me,
Muda a vida, muda a alma, muda a história e o coração,
Traz alegria, gera a calma e aos problemas dá solução!
 
Já oraste? Já clamaste? Já buscaste ao teu Pai?
Busca agora, sem demora, pois diz Ele: "A mim clamai!"
 
Wagner Antonio de Araújo

25/09/2017

sábado, 23 de setembro de 2017

memórias literárias - 530 - E O MUNDO NÃO ACABOU ...

E O MUNDO
NÃO
ACABOU...

 

 
530
 
Sim. Foi alarme falso. Todos os que cremos na Bíblia sabíamos disso. Jesus declarou: Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. (Mc 13:32)
 
Jesus não voltou. E isto não significa que não volte. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. (2Pe 3:10)
 
Deus tem sido misericordioso; por isso ainda não foi o dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. (2Pe 3:9)
 
Aproveite a chance. Converta-se a Cristo. A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Rm 10:9)
 
E não se esqueça: o mundo não está tranquilo. Trump ainda possui 1800 ogivas nucleares. A Coréia do Norte está a brincar de jogos de guerra. O Irã testou um míssil que poderá ser atômico. Os terroristas estão prestes a causarem mais um atentado monstruoso. A temperatura do planeta está a subir. Os furacões não terminaram o serviço. As queimadas castigam o Brasil. Alagamentos estão previstos para algumas semanas. Os sinais apontam para um regresso próximo do Senhor. Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. (Mt 24:32-33)
 
Se já é um crente, consagre-se. Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; (Hb 12:14)
 
Oferte-se ao Senhor e receberá grande recompensa. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap 2:10)
 
Digamos a uma só voz:
 
 
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus (Ap 22:20)
 
 
Wagner Antonio de Araújo

23/09/2017

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...