terça-feira, 30 de janeiro de 2018

memórias literárias - 603 - SÓ PARA MIM

SÓ PARA
MIM


 
 
603
 
O mundo tem perdido a sua pessoalidade. Tornamo-nos midiáticos.
 
As famílias deixaram a privacidade de seu convívio. Tudo hoje é exposto e transformado em terreno comum. As coisas que comemos, as palavras que dizemos, as roupas que usamos, as pessoas com quem conversamos, tudo transformou-se num grande espetáculo público. Longe disto está a Bíblia, quando afirmava: Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada. (Ct 4:12). O relacionamento afetivo entre duas pessoas era algo confidencial, privado, honrado, restrito ao casal e a Deus. Hoje as pessoas perderam o pejo e expõem a intimidade com ares de teatro (uma comédia bizarra onde a tragédia reina...). Os celulares, que muitas vezes fazem de tudo (menos ligações telefônicas...) tornaram-se câmeras foto-filmográficas, cujo conteúdo é erguido em depósitos virtuais e visto por multidões.
 
As pessoas não se telefonam mais! Elas mandam mensagens de texto, áudio e vídeo. Há alguns dias atrás um irmão disse-me: "eu não ouvia a voz de minha irmã há três anos, e moramos a 500 metros, trocamos mensagens de texto todo dia. Que emoção eu senti com a sua ligação!". Deixamos o contato pessoal e privado para a arena do espetáculo dos relacionamentos grupais, típicos de gente que não possui mais a vocação para uma amizade pessoal. Se pedimos oração, uma multidão diz que vai orar; mas quantos oram e, ainda mais, quantos nos procurarão pessoalmente para saber como estamos? O povo fica satisfeito com a celebração midiática, mas, será que realmente há alguma celebração verdadeira, não uma farisaica demonstração de espiritualidade e emoção?
 
"Quero falar com você".
 
"Mande-me um zap, um áudio, um vídeo, um texto. Depois eu vejo."
 
As pessoas perderam o contato umas com as outras. E soa como absurdo e aberração da natureza o descobrimento de alguém que não possui um facebook ou um whatsapp! Olhamo-lo com ares de compaixão e espanto, buscando alguma explicação plausível para tamanha profanação do culto ântropo-sociológico. "Como ele sobrevive? Como está vivo? Como ele se relaciona sem as mídias ou sem um grupo de whatsapp?" Dos palácios granfinos até a mais modesta das vilas, o mundo deixou de viver e tornou-se telespectador. Sentamo-nos na praça e vemos dezenas de seres escravizados ao ecrâ. Tomamos um ônibus e lá estão os escravos da mídia. No avião as pessoas sequer percebem quem está ao lado, tendo os olhos fitos nas mídias e os ouvidos entupidos com fones. Não faz muito tempo um otorrinolaringologista atendeu a um adolescente que reclamava de má audição. O médico descobriu a causa: um fone de ouvido esquecido no buraco da orelha...
 
Deus também tornou-se virtual. Há tanta mensagem bíblica, tanto áudio e vídeo religioso, que eu, um produtor de textos e mídias cristãs, sinto-me desconfortável em continuar a escrever ou em publicar os sermões que prego. Tornamo-nos "carne de vaca a preço de banana", excessivos e expostos a nenhum auditório. Ao dar início ao culto a minha fala é: "se for gravar, pode usar; se for dialogar com gente de fora, pode desligar; estamos em culto ao Deus Presente; respeitemo-Lo!" Sei de igrejas cujos auditórios estão pela metade, com cinquenta por cento dos presentes mergulhados em outros conteúdos.
 
Talvez já nem saibamos mais buscar a Deus! Somos tão dependentes de mídia, de youtubers, de orientações de terceiros, que precisamos de um tutorial de oração, um outro de quebrantamento; mais um outro de discernimento. Alguém precisa criar um canal sobre "como descobri Deus" e criar um bando de seguidores. A Bíblia deixou de ser a Voz e tornou-se ferramenta de humor, de pesquisa, de lucro. Seguimos a nós mesmos e Deus tornou-se supérfluo. Gosto do texto bíblico que fala sobre a experiência dos três apóstolos ante a transfiguração de Jesus: E, tendo olhado em redor, ninguém mais viram, senão só Jesus com eles. (Mc 9:8).  Só Jesus. Como falta isso em nós!
 
SÓ PARA MIM. Que saudades de amigos que me mostravam algo de si, algo pessoal e importante (uma foto de família, um documento particular, uma conversa privada, uma carta escrita à mão)! Quanta falta da visita particular, do amigo íntimo com quem se pode chorar, sorrir, discutir ou orar e interagir de forma real!
 
Às vezes o meu whatsapp toca. Fico feliz em ver aquela pessoa me acionar. "Lembrou-se de mim!"  Mas logo a alegria vira decepção ao ver que só me mandou um dedão como positivo, uma carinha de alegria ou encaminhou algo que alguém escreveu para todos (ou para ninguém). Eu já disse preferir mil vezes um "olá" pessoal do que um longo texto reenviado e plastificado. Creio que está chegando o dia de retornarmos ao SÓ PARA MIM.
 
Será que nos esquecemos da autêntica comunhão? Jesus falou sobre isso e chamou-a de AMOR. Falou que tal dom/virtude é capaz de doar a própria vida em favor de outrem. Falou em visita ao enfermo, em roupa para o nu, em comida para o faminto, em solidariedade para o encarcerado. E falou no singular! E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mt 25:40). Ele não falou de amor por atacado; para Ele sempre foi no varejo. Se fosse no atacado o seu rebanho seria uma boiada, contada a grosso. Mas para Ele não somos bois; somos ovelhas! A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. (Jo 10:3). Ele tem encontros privados com a nossa alma, revelando-Se e transformando-nos. Ele é um Deus único e PESSOAL. E quer que os Seus sejam também crentes PESSOAIS, com relações pessoais e verdadeiras. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. (Jo 13:15)
 
Finalizando:
 
Só para mim, não para todo mundo,
É o que um amigo me concede.
Um privilégio pessoal e mui profundo,
Que dá vigor e a alma aquece!
 
Só para mim e para os que comigo convivem!
Só para si, como prova de minha consideração.
Só para mim, grato pelos que assim me distinguem,
Só para si, minha estima e verdadeira gratidão!
 
Wagner Antonio de Araújo

30/01/2018

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

memórias literárias - 602 - PEQUENOS DETALHES

PEQUENOS
DETALHES
 

602
 
Orar em voz alta, com gratidão, com a família reunida, a cada refeição em casa.
 
No restaurante e lanchonete não comer antes de orar.
 
Manter a família unida, junto à mesa, num diálogo agradável, sem críticas ou palavras duras, mas apenas as que trazem edificação.
 
Não criar o costume de fazer as refeições na frente da TV, sem atenção à comida ou às pessoas.
 
Não usar linguagem chula, maliciosa ou irônica no tratamento para com as pessoas da casa.
 
Não falar da vida alheia, da igreja, do pastor, da família ou de famosos, criando o vício da maledicência e dos mexericos.
 
Jamais permitir que se vá deitar com raiva, sem ter feito as pazes, sem ter feito a reconciliação.
 
Acordar todos os dias com um cântico ao Senhor ou com uma oração, agradecendo pelo dia.
 
Pedir bênção aos pais e familiares mais velhos e jamais deixar de cumprimentar e dizer até breve ao sair.
 
Usar sempre "obrigado", "com licença", "por favor", "me perdoe" e "meus parabéns", mesmo no dia a dia com as pessoas do lar.
 
Manter a hierarquia bíblica nos papéis exercidos pelos membros da família: pai, o chefe da casa; mãe, a administradora do lar; filhos, submissos aos pais; pais, exemplos e responsáveis pelos filhos.
 
Não fazer dívidas e não permitir que se roube, furte ou se viva a dever.
 
Criar amor pelo trabalho, pelo estudo, pela gentileza, pela doação, pelo serviço voluntário, pela prática de boas obras, buscando equilíbrio e continuidade.
 
Valorizar o Dia do Senhor como algo sumamente importante, uma ordem divina, e tudo fazer para consagrá-lo a Deus.
 
Frequentar a igreja com assiduidade, estar nos cultos e escolas bíblicas dominicalmente e entregar dízimos e ofertas com compromisso, pontualidade e amor verdadeiro.
 
Não criticar as pessoas, os ministros ou os membros; antes, buscar a edificação. Em havendo necessidade, saber tratar dos aborrecimentos diretamente com as pessoas envolvidas, sem criar climas de desrespeito e de hostilidade.
 
Não fazer do domingo o dia de lamúrias ou de preguiça, mas de serviço amoroso a Deus e ao próximo.
 
Manter um clima de amor, de cordialidade, de respeito, de consideração e de solidariedade entre toda a família, buscando a comunicação, a harmonia e a comunhão com Deus.
 
Não oferecer às crianças as vulgaridades do mundo, como que impedindo que sejam seres segregados; antes, oferecendo-lhes boa diversão, boa alimentação, boas amizades e limites claros do que fazer e do que não fazer.
 
Jamais permitir a briga dos pais por divergências na orientação dos filhos; antes, buscando a privacidade paternal que traga o entendimento, transmitindo harmonia e ordem no ato da educação.
 
Nunca fazer festejos que atendam aos visitantes (servir bebidas alcoólicas ou tocar músicas mundanas, coisas que não constam dos costumes cristãos). Quem desejar festejar com a família, que aceite o que for posto à mesa e na comunhão do festejo.
 
Não deixar que novelas impróprias, filmes sensuais ou programas de auditório invadam os domingos ou as horas de lazer da família.
 
Não permitir que o terror, o esoterismo e o satanismo seja diversão nos vídeos e mídias consumidas pela família.
 
Bloquear as palavras de baixo calão, expressões populares impróprias ou nomes de deuses falsos; a linguagem da casa deve expressar pureza e determinação de agradar a Deus.
 
Respeito aos pais, amor pelos filhos, trato educado para com todos são práticas que devem permear o dia a dia da família.
 
Por fim, buscar por todos os meios e com todas as forças a celebração de Cristo em casa: no culto doméstico, na leitura bíblica, nos filmes cristãos, na boa música de louvor a Deus, no cultivo do amor pela obra missionária, na prosa espiritual.
 
São apenas umas poucas coisas, detalhes pequeninos que, visto no seu todo e por um longo período de tempo, provocarão a construção de crentes muito mais fiéis e consagrados.
 
Eu quero isso em minha casa.
 
E você?
 
Wagner Antonio de Araújo

25/01/2018

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

memórias literárias - 601 - E ERA JESUS!

E ERA
JESUS!
 

 
 
601
 
Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer (Lucas 24.16)
 
"Pastor, ore por mim, parece que Satanás levantou-se no meu caminho!". "Essa situação está fora de controle; não consigo entender, será que Deus não vai socorrer-me?". "Isso foi um acaso; mera coincidência...".
 
Não são raras as vezes em que coisas nos acontecem e pensamos que caímos num despenhadeiro, rolamos de um penhasco. Temos a impressão de que pode ter sido qualquer coisa, menos a ação de Deus em nós e em nossa história.
 
A dupla de discípulos ia pelo caminho de Emaús. Encontraram-se com Jesus Cristo e não o reconheceram. Este, ao vê-los tristonhos, perguntou sobre o que conversavam. Eles então explicaram as coisas que há pouco aconteceram em Jerusalém. Chegaram a considerá-lo um alienado, pois parecia não saber de nada que acontecera na cidade. Após ouvi-los, explicou-lhes as Escrituras Sagradas e porque tudo isso acontecera, cumprindo as profecias messiânicas. Até então não percebiam que era o próprio que lhes falava. Fez-se de caminheiro e que iria continuar a estrada, quando foi convidado a pousar na casa deles. Ao dar graças pelo pão, partindo-o e distribuindo-o, viram que era Ele, Jesus Cristo, o Messias de Israel, o Salvador do mundo! Mas foi tarde para que eles manifestassem a Ele a alegria que sentiam agora, pois já desaparecera daquele lugar. O tempo todo era Jesus, mas eles pensavam que era um homem qualquer. Depois comentaram: E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? (Lc 24:32)
 
A situação nos faz lembrar de Maria Madalena. Ao pé do sepulcro, vendo-o sem a pedra que o tapava, contemplou um homem, que pensara ser o zelador da tumba. Pediu-lhe que tivesse compaixão, que lhe mostrasse para onde levara o corpo do Senhor, para que pudesse aplicar aromas costumeiros. O Senhor lhe olha e diz: "Maria!" Foi então que reconheceu no desconhecido jardineiro o Messias e expressa-se com gozo: "Raboni, Mestre!" Era Jesus o tempo todo e ela não o discernia!
 
Reporta-nos um fato no Velho Testamento, onde Deus agia e pensava-se que era uma rebelião animal. Balaão, a contragosto divino, seguia com o inimigo para amaldiçoar a Israel. A sua jumenta empacara e ele a surrava. Tanto o fez que o Senhor abriu a boca da jumenta, que lhe dissera nunca ter se portado mal para com ele, que não era justo esse tratamento severo. Foi quando os olhos do falso profeta se abriram e viu o Anjo do Senhor com a espada flamejante, impedindo o caminhar da jumenta. Era Deus o tempo todo e Balaão não sabia!
 
Somos tardios para entender a mão preciosa de Deus sobre nós! Atribuimos os fatos e as situações a todo e qualquer motivo ou fonte: a mão do Diabo, a opressão do inimigo, a dureza humana, a sorte, a coincidência e até a ausência divina. Esquecemo-nos de que Deus é soberano sobre a nossa vida e sobre a nossa história e que não estamos caindo despenhadeiro abaixo. Lembro-me de uma guerra fratricida entre Judá e Israel, detida pelo próprio Deus, que lhes disse: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque eu é que fiz esta obra. (1Rs 12:24)
 
Somos rebeldes às ordens da Lei do Senhor, que nos orienta com clareza: Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5:18). Temos dificuldades em aceitar a soberania de Deus em nossa história: E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Rm 8:28)
 
Discernir Jesus em nossa vida: é o nosso desafio! Crer na condução divina para os nossos passos: eis a nossa tarefa! Os acontecimentos ou são diretivos, expressando um "avançai" naquilo que fazemos, ou são corretivos, a dizer-nos: "parai", para mudarmos de atitude, ou são restritivos, afirmando: "esperai", pois o tempo de Deus é melhor do que o nosso.
 
Foi diretiva a ordem de Jeová aos filhos de Israel: Então disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. (Ex 14:15)
 
Foi restritiva a ordem de Deus a Paulo, com relação a escolha de um campo missionário: E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. (At 16:7).
 
Foi corretiva a ação de Deus sobre Moisés, que não entrou na Terra Prometida: Também o SENHOR se indignou contra mim por causa de vós, dizendo: Também tu lá não entrarás. (Dt 1:37)
 
Oh, que Deus abra os nossos olhos e que contemplemos a Jesus Cristo em nossa história e em cada acontecimento de nossas vidas! Não é um fantasma que vem ao nosso encontro a caminhar pelas tormentosas águas da vida! Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, cuidaram que era um fantasma, e deram grandes gritos... mas logo falou com eles, e disse-lhes: Tende bom ânimo; sou eu, não temais. (Mc 6:49-50)
 
È Jesus! É o Senhor! É Ele quem caminha conosco, quem nos pastoreia, quem nos manda avançar, quem nos restringe o passo ou quem nos faz aguardar o momento certo!
 
Hoje contemplo com gratidão os meus pequeninos filhos, Rute, de dois anos e meio, e Josué, de nove meses. Olho-os e choro de felicidade; vejo o caminho pelo qual o Senhor me conduziu. Chorei tanto por amores não correspondidos ou por casamentos que não se concretizaram! Pensei que Deus não me amava, que não estava atento à minha dor, que não me concederia o que o meu coração tanto desejava! Renunciei a tudo por Ele  e fui-lhe grato, pensando que Ele descartara um casamento para mim. Eu não sabia de Seus planos! Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. (Jo 13:7). Preparava-me o Senhor um casamento feliz, uma esposa fiel, um futuro com prole e herdeiros. Esperei 45 anos para casar-me e fui pai aos 50. E aos 51 anos Ele curou o meu coração de uma enfermidade incurável e letal, com a qual convivi desde os 17 anos! Deus sabe o que faz! Era Jesus o tempo todo e eu não O percebia! Obrigado, Senhor, por Tua paciência!
 
Verifique a sua vida, dileto leitor. Os acontecimentos, as restrições, as bênçãos, as provações, as dificuldades, as oportunidades. Ore para que Deus lhe mostre a Sua mão em seu caminho. E confie plenamente na graça do Senhor.
 
Quero terminar com a quadrinha citada por Howard Taylor em seu livro O Segredo Espiritual de Hudson Taylor, apontada como "antologia":
 
Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja.
Pois um, somente um, seria muito para ti.
É Meu, somente Meu todo trabalho, e o teu trabalho
É descansar em Mim.
 
Que assim seja. Amém.
 
Wagner Antonio de Araújo

22/01/2018

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

600 TEXTOS PUBLICADOS

600 TEXTOS PUBLICADOS

Completo hoje 600 textos publicados. Bendigo a Deus pela graça de escrever e
publicar. E agradeço a cada leitor que tem dispensado a sua atenção às
linhas que produzo.

Muito obrigado.

Pastor Wagner Antonio de Araújo

PRIORIDADES PARA O ANO

PRIORIDADES
PARA O ANO
 

 
599
 
Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Está quase na hora de trocar de agenda, não é mesmo? Lembra-se de quando comprou a agenda deste ano? Quantos sonhos, quantos desejos, quanta expectativa! Há anotações feitas à época, que indicavam viagens, festas, propósitos, uma série de objetivos. Alguns foram alcançados, mas a maioria ficou apenas no ideal. O ano acabou e o seu fim é idêntico aos demais anos: muita coisa inconclusa!

Antes de preencher a sua agenda, seria bom verificar o que deverá ser prioridade no ano que se inicia. E nada melhor do que a Bíblia Sagrada para nos indicar o melhor caminho e a melhor direção. Jesus Cristo falou o seguinte, sobre a Palavra de Deus: Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. (Jo 17:17). Em sendo a Bíblia é a verdade de Deus, então ela nos dá a direção certa. Quero valer-me de um texto muito bonito, biográfico, numa frase que Paulo, o Apóstolo, escreveu para Timóteo, semanas antes de ser executado por ser cristão: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (2Tm 4:7). Paulo despedia-se de seu filho na fé e descrevia nesta frase um resumo das prioridades de sua vida, ano após ano. Tais valores servirão para nós como os elementos na construção de um ano novo eficaz e vitorioso. Vejamos o primeiro:

LUTA - “Combati o bom combate” – Paulo falava de luta, de guerra, de militância, de ação. Ele lutava pelo evangelho de Cristo, pregando-o, anunciando-o, defendendo-o. A sua vida era uma luta. E aqui está a primeira diretriz para o seu novo ano: LUTA. Sim, o ano que começa precisará de um soldado dedicado, que não se embaraça nos negócios desta vida. Foi Paulo mesmo quem afirmou: Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. (2Tm 2:4). Se a vida é uma guerra, e a vitória contra o mal e o pecado são os nossos objetivos, então a luta é uma necessidade. Precisamos lutar, não esmorecer. Precisamos de ataque, não apenas de defesa. Foi por isso que a Bíblia foi comparada a uma arma: na Palavra da verdade e no poder de Deus; com as armas da justiça, tanto no ataque como na defesa, (2 Co 6.7). Se o ouvinte quer um ano novo de vitórias, entre em seu território como quem luta, não como quem entrega os pontos. Deve esforçar-se, deve suar, deve correr os riscos, deve atacar os problemas de frente, não fugir deles. Um ano de vitórias necessita de um combatente consagrado. Vejamos o segundo elemento:

TRABALHO – “Terminei a carreira” – O Apóstolo Paulo diz que estava encerrando a sua carreira, a sua missão. Ele trabalhou, trabalhou até à exaustão! Ele fez mais do que todos os outros apóstolos e só não produziu mais porque foi morto. Ele não media esforços para servir a Deus: pregava, lecionava, visitava, curava, discursava, navegava, cavalgava, caminhava. Ele sofreu agressões, foi apedrejado, chicoteado, naufragou, apanhou, foi preso várias vezes, humilhado publicamente. Mas fez tudo o que precisava fazer. O ouvinte que quer vencer no ano novo deverá também trabalhar muito! Não há espaço para quem tem preguiça! “Ah, eu não tenho emprego!” Conheço a história de um engenheiro que foi demitido e que não encontrava serviço em sua área. Decidiu abrir uma lanchonete e denominou-a: O ENGENHEIRO QUE VIROU SUCO. E até a sua morte ele sustentou a família naquele comércio. Trabalhe, mesmo que o serviço não seja exatamente o que gostaria de fazer. Assim diz a Bíblia: Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, (Ec 9:10). Quando minha filhinha chora porque mamãe e papai saem para trabalhar, costumo dizer a ela: “Filhinha, mamãe e papai vão trabalhar para ganhar dinheiro. E com isto comprar sua comida, sua roupa e seus brinquedos.” E então ela se consola. Quem trabalha não dá trabalho. E quando não puder mais produzir, outros o ajudarão, como fruto de tanto labor que distribuiu. Por último vejamos o último elemento:

FÉ – “Guardei a fé”. Paulo diz que, ao lado da batalha e do trabalho, ele teve fé, ele guardou a fé. E Paulo foi o organizador da fé cristã como teologia sistemática. Ele ajudou a encaixar cada peça em seu devido lugar. Paulo cria no Senhor. Paulo era um homem de oração. Paulo era um homem de confiança em Deus. Com sua fé ele ressuscitou um rapaz que caíra. Com sua fé não caiu com o veneno de uma víbora. Por sua fé conseguiu salvar-se de naufrágio, tempestades e perseguições. E foi a sua fé que lhe acompanhou quando teve que ser martirizado por causa de Cristo. Hoje nós colhemos o fruto da fé que Paulo teve. O ouvinte só vencerá neste novo ano se for, de fato, um homem de fé. Fé na Bíblia, fé em Jesus Cristo como Salvador, fé no céu, fé na presença de Deus em seu caminho. Um ser de fé está acima dos problemas e é capaz de ser vencedor. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. (1Jo 5:4)
Agora, de posse destas informações, prepare a sua nova agenda. Anote todas as lutas que enfrentará. Destaque todo o trabalho que terá. E uma tudo isso com uma fé inabalável no Deus Todo-Poderoso, que lhe dará um ano maravilhoso.

Feliz Ano Novo!
 

Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

memórias literárias - 598 -, OLHARES SELETIVOS - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 39

OLHARES
SELETIVOS

Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 39
598

Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Se há algo que se tornou uma febre em nossos dias é o império dos smartphones, dos aplicativos e redes sociais. O whatsapp é o campeão no Brasil. Infelizmente as pessoas compartilham grande quantidade de banalidades, de coisas sem a menor importância.

Este é o retrato de nossa sociedade, pecaminosa e semelhante aos cretenses. Paulo disse que ouviu a seguinte denúncia: Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos ,... ventres preguiçosos. (Tt 1:12) O mundo hoje serve-se de banalidades, de contemplação do alheio e geralmente se esquece de suas próprias responsabilidades diante da divulgação de coisas nocivas.

O Salmo de hoje diz o seguinte: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos; aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto me pegará” (Salmo 101.3).  O autor, inspirado pelo Espírito Santo, afirma que não colocaria coisa injusta diante de si. E por que? Porque não lhe davam prazer. Aquele que é comprometido com Deus não sente felicidade, alegria, contentamento diante das coisas erradas e injustas. Lembro-me que, na época em que estava perdido vivia nos bailes de fim de semana. Ao entregar o meu coração a Jesus perdi a vontade, perdi o entusiasmo. A minha alegria tornou-se outra. Hoje contemplo as igrejas a fazerem os seus próprios bailes e os casamentos cristãos mundanizarem-se por completo. E pergunto: o que aconteceu? É a coisa injusta constantemente diante dos olhos. A pornografia, os filmes impróprios, as músicas indecentes e chulas, os comentários cheios de filosofias mundanas. São horas e horas diárias de contato com o mundo e minutos residuais de contato com Deus. Jesus afirmou categoricamente: Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. (Mt 6:24) Nós estamos no mundo, é verdade; mas isso não nos torna obrigados a usufruir do mundanismo que nos é oferecido. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. (1Co 15:33)  O cristão deve ser seletivo com as coisas que coloca diante do olhar. Assim diz a Bíblia: Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. (1Tm 4:16) O autor de provérbios afirma: Filho meu, se os pecadores procuram te atrair com agrados, não aceites. (Pv 1:10) Nem de perto, pessoalmente, e nem de longe, através do que se coloca diante do olhar. Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. (1Pe 1:16)

Que o ouvinte saiba selecionar as coisas boas com as quais encher o seu olhar e coração, e abandonar aquelas que só causam embaraço e decadência espirituais. Que Deus nos abençoe. Amém.

Wagner Antonio de Araújo

19/01/2018

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

memórias literáritas - 597 - PÚLPITO IRRELEVANTE

PÚLPITO
IRRELEVANTE
 

 
 
597
 
Muitos pregadores torcem para que haja algum convite em algum púlpito famoso: pregar na primeira igreja da cidade, num congresso da denominação, num encontro de gente famosa ou rica, num local de alta visibilidade. Buscam a fama, buscam agradar aos grandes e influentes, seja a nível religioso, empresarial ou político.
 
Tais pregadores são também solicitados para anunciar a Palavra em pequeninos púlpitos, de igrejas de bairro, com poucos membros. Às vezes aceitam, até para sentirem-se bem consigo próprios (não se acharem orgulhosos). Outras, para não deixar algum colega ou conhecido desiludido. Porém, sabem que a repercussão será mínima.
 
Às vezes as coisas não andam como deveriam e o pregador é obrigado a declinar de um compromisso. Se o convite foi de um púlpito modesto, não há constrangimento em buscar o anfitrião, explicar a situação e pedir desculpas. Afinal, por ser um púlpito tão modesto, facilmente encontrará um substituto: um pregador qualquer, um irmão que se disponha a ensinar alguma coisa ou o próprio pastor local.
 
Mas se o convite foi para um grande evento, para uma igreja de renome, para uma atividade de repercussão, o pregador fará de tudo para resolver a sua pendência e não desagradar a quem o convidou. Afinal, não foi fácil conseguir aquela oportunidade; pode ser única na vida! Então ele faz "das tripas coração", busca resolver todas as dificuldades e procura atender o convite. Os problemas pessoais para o pregador vêm em segundo plano; o púlpito é mais importante do que as suas momentâneas dificuldades.
 
Já no púlpito da igreja modesta a situação se inverte: as prioridades do pregador vêm primeiro; depois, se outro convite houver e se ele puder atender, o fará, desde que não perturbe a sua agenda tão lotada.
 
Infelizmente o que digo não é ficção. Isso acontece com frequência para pastores que cuidam de púlpitos modestos. Às vezes convidam alguns pregadores que lhes são caros e preciosos, de agendas cheias e lotadas. Conseguem estabelecer uma data apropriada. No decorrer do caminho (e, algumas vezes, no próprio dia!) o pregador convidado dá uma explicação e escusa-se, dizendo que não poderá participar.
 
Um púlpito modesto é tão relevante quanto um púlpito famoso. Aliás, muitos púlpitos famosos dos dias de hoje não passam de tribunas de Satanás, com ministros do Diabo travestidos de pastores "antenados", "sarados", "modernos". Um destes ousou dizer recentemente num jornal secular que fez o seguinte lema para a sua comunidade: "Igreja para quem não gosta de igreja; gente de quem a igreja não gosta". Esse indivíduo aglutina dez milhares de pessoas em sua congregação todos os domingos. Pobres pecadores que pagam para ouvir esse tipo de coisa! Muitas igrejas de púlpitos modestos vão se esvaziando, perdendo gente para essas congregações infestadas de portas largas e falsificação da Palavra!
 
Mas um convite para um púlpito assim, com milhares de assistentes, com direito ao nome cravado num site, num programa de TV ou na mídia local acaba sendo uma tentação, parecendo ser mais relevante, no entendimento de muitos pregadores. Pensam que agradar milhares de homens é o caminho ideal do sucesso na pregação. Leio coisa muito diferente na Bíblia: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2:15); Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. (Lc 12:32); E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. (Mt 7:14). Porta estreita nunca foi demérito. Pelo contrário, continua a ser a única pela qual entram os que vão para o Céu. Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome. (Ap 3:8); Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. (Lc 13:24)
 
Sou responsável pelo púlpito de uma igreja modesta. Já preguei, à convite, em púlpitos de renome, com milhares de assistentes. E já preguei para duas pessoas, depois de ter viajado um oceano. Para mim ambos são igualmente relevantes. E se algo acontecer para que eu cancele o meu compromisso, terá que ser, de fato, algo sumamente sério, que me impeça de ir a qualquer lugar, seja para um grande evento, seja para um evento de uma pessoa só. Não classifico os púlpitos pela sua popularidade ou aglutinação de gente. Um púlpito é relevante porque nele se proclama o "Assim diz o Senhor". A importância de um púlpito não está no prédio onde foi colocado e nem pelo número de pessoas que reúne; a sua importância está na Palavra de Deus que ali é pregada e na ordem divina para a sua execução: Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. (2Tm 4:2)
 
Amo o meu púlpito modesto. Se um púlpito mais expressivo tivesse (considerando aglomeração e repercussão) seria tão valioso quanto o que tenho. E convido os meus amigos, pregadores, e os que não são meus amigos, mas que pregam a Palavra, que pensem da mesma forma. Não julguemos pela aparência; valorizemos a vontade do Senhor.
 
Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não te envergonhe diante deles. (Jr 1:17)
 
Wagner Antonio de Araújo

18/01/2018

memórias literárias - 596 - NÃO SÃO COMO OS PAIS ...

NÃO SÃO
COMO OS
PAIS...

 
596
 
E fez o que era reto aos olhos do SENHOR, ainda que não como seu pai Davi.(2Rs 14:3)
 
A impressão que tenho é de que vivemos num declive da vida cristã e espiritual. As duas últimas gerações, com raras exceções, estão deixando os caminhos de consagração de seus pais e avós.
 
Conheço muitos pastores, alguns muito bons. Infelizmente os filhos, na maioria dos casos, não seguem os caminhos de seus pais. Continuam crentes, continuam evangélicos (outros não...), mas não são mais como seus progenitores. Dos heróis da fé que povoam o meu coração, pessoas que conheci em vida, raramente vejo alguém de sua prole consagrar-se como eles. Quem conheceu velhos crentes dedicados pode também chamar à memória esta questão: quais dos filhos e netos deles continuam com o Senhor na mesma proporção de seus patriarcas?
 
Sou pai de duas criancinhas. São tenros, são pequeninos. Acordo-os com o cântico de hinos e saudando-os em nome do Senhor. Nino a minha filha Rute com hinos didáticos e fazendo-a gravar versículos da Bíblia. Ela nos alegra quando, junto dos primos, começa a cantar hinos e a falar sobre o Senhor enquanto brincam. Mas é uma criancinha. Josué ainda não fala, é um bebezinho (ou bebezão!). Se o Senhor não voltar logo eles crescerão (é o que peço a Deus). Serão crianças, depois adolescentes, jovens e, posteriormente, adultos. Qual será a fé que terão? Seguirão o caminho dos seus pais?
 
Filhos de crentes não são crentinhos, como filhos de peixe são peixinhos. A fé não é de todos e eles precisarão de conversão genuína ao Senhor. Se eles não seguirem a fé que ensinamos, não queremos que seja por nossa culpa. Aliás, os entregamos ao Senhor desde a concepção de cada um deles. Nós nos firmamos nesta promessa: Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. (Pv 22:6). Não se trata apenas de ensino formal, mas de ensinar a viver em todos os sentidos com Deus. Os meus filhos têm que ver em nós, os seus pais, uma fé viva, verdadeira, pessoal, íntegra, vivenciada em cada ato, palavra, pensamento ou decisão. E contarem conosco para lhes explicar cada um dos mandamentos do Senhor.
 
Ah, como almejo que meus filhos sejam mais crentes do que minha esposa e eu! Como eu gostaria que eles nos sobrepujassem em fidelidade, em amor, em dedicação e em seriedade para com as coisas de Jesus! Não queremos fortalecer a estatística de que os filhos estão abandonando a fé que seus pais ensinaram. Não queremos contribuir com a constatação de que a Igreja colocou a perder a sua nova geração. Pelo contrário, queremos que os nossos filhos sejam semelhantes aos filhos de Jonadabe, elogiados pelo Senhor! As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não beberam até este dia, antes obedeceram o mandamento de seu pai. (Jr 35:14).
 
Oro para que os filhos que me lêem sejam crentes consagrados. Se os pais não o são, que os filhos o sejam; ou mesmo os netos. Mas se os pais são servos de Deus, que os filhos caminhem nas pegadas deixadas por seus progenitores. E que os sobrepujem em consagração e amor pelo Senhor.
 
Wagner Antonio de Araújo

18/01/2018

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

memórias literárias - 595 - APARENTE COMUNHÃO

APARENTE
COMUNHÃO
 

 
595
 
Sou muito grato por cada leitor que me dá a honra de sua preciosa e caríssima atenção. Só Deus poderá recompensar à altura. Espero contar sempre com a sua atenção tão valiosa. Sei, contudo, que, no universo de contatos, muitos não são realmente pessoais.
 
Antigamente não havia tanta facilidade de comunicação. Uma carta, por exemplo, levava dias para chegar, senão semanas! Depois, com o telefone, os contatos tornaram-se mais próximos. Nem todos tinham automóveis; assim, os deslocamentos ou eram feitos à pé, ou no lombo do animal, ou através de trens, ônibus, barcos e aviões. Ter carro era luxo. Com a indústria de automóveis e a popularização do transporte, as distâncias encurtaram-se. Apareceu então o telex, o e-mail, as redes sociais. No Brasil o whatsapp é o mais popular de todos os softwares de comunicação rápida. Nele as pessoas estão teoricamente conectadas 24 horas por dia. Basta um chamado e a outra pessoa atende. Não é maravilhoso manter-se em comunhão e em companhia por todo o tempo?
 
Infelizmente o que parece não o é, de fato. Os contatos on-line por internet não são, nem de longe, o que se propõem ser! A maior parte deles são apenas endereços, nada mais. Mesmo os grupos familiares, os grupos de amigos e de classes, não são mais do que comunicações de massa com distribuição de toneladas de materiais de mídia. Há muitos contatos e poucas pessoas; muitas curtidas e poucos sentimentos verdadeiros. As saudações diárias, as imagens e compartilhamentos diuturnos que circulam não são capazes de criar amizades ou de operar a autêntica comunhão. Quem entra e espera comunhão acaba por frustrar-se e manter-se na amizade de mão única! As pessoas nem se telefonam mais!
 
A Bíblia já ordenava há anos atrás: Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. (Hb 10:25) . Há pessoas que se utilizam de cultos transmitidos pela internet por falta de locomoção ou distância intransponível de igrejas. Não é destes que falo. Falo daqueles que substituiram a comunhão pessoal pela virtual. De que forma as pessoas assistem em privado a uma pregação ou ouvem hinos pela mídia? Comendo pipocas, lavando louças, fazendo as unhas, escovando os dentes ou fazendo outras coisas. E como deveria ser feito, se o ambiente fosse eclesiástico?  (à moda antiga, porque o que chamam de igreja hoje está muito distante do que de fato deveria ser) Se fosse no culto, ao vivo, ouviríamos a pregação ou a canção com reverência, sentados, prestando atenção, em atitude de oração, em comunhão com os irmãos. Um é o culto pessoal, na igreja ou num lar; outro é o culto midiático, feito como um programa de TV: um show para entretenimento com alguma coisa que se aproveita; nada mais.
 
As amizades estão também por aí. Milhares de "amigos" no facebook, centenas de nomes no whatsapp, mas a maioria é apenas virtual. Poucos realmente se importam uns com os outros. Há tantos pedidos de oração e tão pouca oração feita de fato! Quem sente falta dos demais e mostra isso? Às vezes amigos estão a quinhentos metros de distância, passam pela nossa frente, sabem que estamos próximos, mas não têm interesse algum em visitar-nos, em serem encontrados pessoalmente, preferindo viver na fantasia virtual. E somos assim com os demais também. Se peneirarmos as amizades, pouca coisa sobra. E se alguém nos peneirar será que sobraremos na lista de alguém? 
 
Amor tem que ser pessoal. Amor custa caro, exige sacrifício, presença, doação, preocupação. Amor e comunhão reais devem ser expressos de forma pessoal, não apenas por ruídos de máquina ou sinais escritos de caixinhas eletrônicas. Igrejas devem comer "um saco de sal juntas", aprender a conviver, a suportar, a superar. Famílias devem cearem juntas, passearem juntas, e, não raras vezes, brigarem juntas. Somos humanos e o convívio é como um par de sapatos a lacear: às vezes machuca, mas depois tudo se ajeita. Amigos precisam olharem-se nos olhos, partilharem um passeio, uma visita, um pedaço de pão. A distância que nos protege dos atritos comuns da convivência também mata as relações e o afeto. Falo dos que podem, não dos que estão, de fato, privados pela distância ou condições.
 
Se Jesus aqui estivesse em pessoa a conviver conosco, Ele não substituiria o lava-pés por um lava-visor de celulares.  Para Ele gente junta em Seu Nome é a única receita de autêntica comunhão verdadeira.
 
Tenho muito carinho pelos meus contatos, que me dão a alegria de sua leitura a cada dia. Agradeço a Deus pela vida de todos. Mas sei que muitos se limitam a ler uma ou outra linha, sem aprofundamento pessoal.
 
A quem deseja mais que isso, aconselho a fazer o que faço: escolher uma dúzia de pessoas, da família ou de seu convívio, transformando-as em amigos de verdade. Eles valerão muito e não serão apenas uma lista de nomes piscantes no aparelho de celular. Eles não serão descartáveis como agendas velhas.
 
Wagner Antonio de Araújo

12/01/2018

memórias literárias - 594 - NÃO QUERO SER ESCÂNDALO - Série: CONSOLO NOS SALMOS No. 38

NÃO QUERO SER
ESCÂNDALO
 



Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 38


594
 
Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Hoje meditaremos no texto que se encontra no Salmo 69.6: “Não sejam envergonhados por minha causa os que esperam em ti, ó Senhor, Deus dos Exércitos; nem por minha causa sofram vexame os que te buscam, ó Deus de Israel”.
Eu era um crente novo, recém-convertido. Fui assistir a um jogo de futebol com os jovens da igreja. Eles xingavam mais do que eu antes de me converter a Cristo. Eles não só falavam palavrões como se iravam com grande raiva. Eu pensei: “Então é assim que os jovens crentes agem? É diferente do que eu fazia lá no mundo: é pior!” Fui falar com um pastor. Ele, experiente, vivido, disse-me: “Nós não devemos olhar para os homens, mas para Deus. Não devemos firmar a nossa fé em pessoas que são pecadoras e imperfeitas. Devemos olhar só para Jesus, pois Ele nunca nos decepcionará.” Aquele conselho salvou a minha vida e tornei-me vigilante.

Infelizmente eu também quase fui motivo de escândalo por algumas vezes. Mas o Senhor preservou-me!  Lembro-me no trânsito, nervoso com uma fechada de um carro, pareei o meu veículo,  abri o vidro e ouvi o motorista a dizer: “Perdão, pastor, não queria fazer isso”. Eu fiquei vermelho. Ele me conhecia e eu nem fazia idéia de quem ele era. E se eu falasse coisas impróprias? Cheguei à seguinte conclusão: todos estão a olhar para nós, aguardando qual será a nossa reação diante da vida, dos fatos, dos aborrecimentos, das injustiças. O meu ex-pastor Manoel Waldemur, dizia sempre: “O crente não se conhece pelas ações, mas pelas reações”. E ele tinha razão. Então tomei algumas decisões:

1) Decidi vigiar a minha língua, para que de minha boca somente saíssem palavras que glorificassem a Deus. Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tt 2:8)

2) Decidi vigiar as minhas reações, buscando tranqüilidade diante das tribulações, esperando em Deus, que sempre tem o melhor. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso. (Tg 5:11)

3) Decidi vigiar os meus pensamentos. Não posso impedir um pássaro de pousar em minha cabeça, mas posso impedi-lo de fazer um ninho. Assim, se um pensamento mau passar pela mente, posso afugentá-lo com a graça do Senhor. Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. (Fp 4:8)
Que o querido ouvinte tome a mesma decisão que eu tomei: buscar na graça de Deus as forças para jamais escandalizar a ninguém. Que Ele nos abençoe. Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

memórias literárias - 593 - PECADO CONFESSADO - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 37

PECADO
CONFESSADO
 

 
Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 37

Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Você já fez coisas erradas e arrumou uma boa desculpa para não levar a culpa? É interessante que julgamos os políticos criminosos, chamando-os de corruptos. Outro dia um homem comerciante criticava o político do noticiário. Quando fui pagar a minha despesa pedi uma nota fiscal. Ele perguntou-me: “No mesmo valor ou quer mais alta? Assim poderá pegar um dinheiro melhor no seu empregador”. Expliquei-lhe que não estava comprando algo para a empresa, mas para mim. E disse-lhe que se eu lhe pedisse uma nota maior seria tão ladrão quanto o político contra quem ele falava naquele momento. Isto para não dizer a ele que via um bom representante da mesma corrupção da qual sofria o vendedor. Esse comerciante era idêntico ao político, só que roubava e ajudava a roubar em proporção menor.. Em essência era a mesma coisa.

Lemos no Salmo 51.4: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos.” Davi sabia muito bem do que falava. Ele adulterara. Para justificar uma gravidez indesejada por parte da sua vítima, envolveu o marido dela num combate de guerra, onde sucumbiu, caindo morto. Assim pôde chamar a viúva e contrair núpcias com ela. Deus viu. Deus puniu. Trouxe-lhe a morte do bebê. Além disto acabou com a sua paz familiar: a espada ceifou muitas vidas em sua casa, além de trazer-lhe tristeza e sofrimento. Ele pecara contra o falecido marido da esposa, mas, acima de tudo, pecara contra Deus. Qual a solução? Confessar. É assim que devemos fazer. Não só confessar, mas nos arrependermos de todo o coração. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (1Jo 1:9)
Cristo pagou na cruz do Calvário o preço do nosso pecado. Ali, pendendo e sofrendo, sangrando e agonizando, Ele foi punido por nós. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Is 53:5)
Há perdão disponível em Jesus. Para tanto é necessário reconhecimento do seu erro. Desculpas não resolvem para com Deus. Lançar a culpa sobre Eva não fez de Adão uma vítima; ele foi um réu. Mas pedir perdão com grande arrependimento fez de Davi um soerguido, um sobrevivente, um restaurado. Tanto foi assim que Jesus Cristo é chamado de “Filho de Davi”. Seja o querido ouvinte também alguém sincero, leal e corajoso, que reconhece os seus pecados e, arrependido, muda de vida. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. (Pv 3:6) Que Deus nos abençoe. Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...