domingo, 31 de março de 2019

memórias literárias - PÁGINAS SOLTAS - 781 - MAIS ALTO!

MAIS ALTO!
 
 
781
 
"Bom dia, Igreja!" - "Bom dia!", responde o auditório. Salão repleto, gente animada, povo feliz.
 
"Que bom estarmos juntos novamente louvando e engrandecendo ao Senhor! Vamos manifestar o nosso amor por Ele, cantando com ânimo e fé! Abrace ao seu irmão e lhe diga: eu te amo, meu irmão!" Então o povo se abraçou, se cumprimentou, enquanto os instrumentos musicais começavam um ritmado cântico de adoração.
 
"Vamos lá, igreja! Vamos louvar ao Senhor!" E começaram a cantoria. A letra era exibida no datashow e as palmas permeavam o acompanhamento público. Mas, subitamente, no meio do auditório, um homem gritava:
 
"Vamos, regente! Cante mais alto, mais alto!"
 
No início ninguém o considerou. Mas a cada canção o homem insistia, de pé e a caminhar pelo corredor. O regente dizia:
 
"Irmãos, vamos cantar a canção de amor pelos irmãos, vamos falar o quanto todos são importantes para nós, vamos declarar a aliança que temos no Senhor!"
 
"Mas falem mais alto, mais alto! Está muito baixo! Não estou escutando direito!"
 
O regente e o grupo de músicos, incomodados com a situação, interviram:
 
"Meu senhor, por favor, queira dar licença e não interrompa mais a nossa adoração. Estamos na Casa do Senhor e as suas palavras estão perturbando. Poderia, por favor, respeitosamente, não mais perturbar?"
 
"Não sou eu quem perturbo, regente. Eu só não estou ouvindo o suficiente. Eu me calarei, mas antes me diga: considerou de fato o que cantou?"
 
"Aqui todos consideramos o que cantamos, senhor. Por favor não nos perturbe novamente!"
 
"Eu não perturbo. A hipocrisia deste culto é que perturba a Deus. Regente, durante toda a semana cinco irmãos lhe procuraram para orar e receberam a mesma resposta: marque uma entrevista. É mentira? O povo se congraça na hora do cântico, mas passa a o mês inteiro sem dar a menor atenção para o irmão que canta ao seu lado. Não é mesmo, José? " E virou-se para um lado do auditório, onde um José estava sentado. Este, tentando esconder-se, fez sinal de não saber do que se tratava.
 
"Sim, José. Você insultou a sua mãe ontem, quando esta lhe dava conselhos, gritou com ela e deixou-a no centro da cidade sem condução, exigindo respeito à sua liberdade. Você não respeitou a sua mãe. Que amor é esse que agora você canta, José?" O rapaz não sabia onde colocar a cara. Sua mãe, perplexa, diz ao José: "Eu não disse nada a ninguém, meu filho!". O pastor, já nervoso e enfurecido, ao verificar o tumulto, chamou dois diáconos para tomarem o rapaz pelo braço. O homem virou-se para os diáconos que chegavam e disse-lhes: "Um instante, homens. Estão com as mãos limpas?"
 
Os diáconos, nervosos, não conseguiam dar o próximo passo. Então ouviram:
 
"Eu perguntei se estão com as mãos limpas! Sim, vão usá-las para colocarem-me para fora. São as mesmas mãos que consultaram pornografia no celular durante a madrugada? Ou são as mãos que afanaram ferramentas da oficina mecânica onde trabalham? Estão ou não com as mãos limpas?" Agora todos estavam desconfortáveis e o vozerio era de repulsa.
 
O pastor, enraivecido, levanta-se e se dirige ao homem, desejando arrastá-lo para fora. "CIDADÃO, VOU CHAMAR A POLÍCIA PARA LEVÁ-LO PRESO. ESTÁ A PERTURBAR UM CULTO PÚBLICO!" O homem então diz: "Estou perturbando a igreja, pastor? Seria eu o hipócrita deste salão?  A força que impulsiona as suas pernas a vir ao meu encontro poderia ter sido usada para fazer aquelas visitas que o senhor prometeu aos idosos da igreja e nunca cumpriu, não é mesmo? Não é, irmã Isabel, irmã Maria e irmã Myrthes?" Duas estavam presentes. "Antes de me arrastar para fora teria sido melhor não ter erguido a sua mão para bater na sua esposa na terça-feira. Lembra-se? Também teria sido melhor não xingar aqueles palavrões diante de seu filho, a quem tem ensinado a não usar palavras chulas. Faça o que eu digo e não o que eu faço, não é mesmo, ministro? A quem o pastor está servindo? A Deus ou à sua carteira? Joelhos que não se dobram em oração e pés que não levam as boas-novas agora querem correr contra mim?"
 
"CALE A BOCA E RETIRE-SE!", gritou o pastor, correndo até ele. O homem, erguendo a mão, ordena: "PARE". O pastor emudece, estaca onde pisou e petrifica-se, perplexo. O homem então diz: "Todos em seus lugares. Sairei em breve." Ninguém conseguia falar ou mexer-se. Ele dirigiu-se à plataforma, olhou para todos e disse:
 
"Povo que se diz de Cristo, vocês são os reis da hipocrisia! Têm bíblias mas não as lêem; dizem que amam uns aos outros mas não se preocupam com ninguém; afirmam amar a Deus, mas renegam-no com uma vida pagã, pior do que a dos incrédulos! Povo hipócrita, a foice do Senhor irá cortá-los! Vocês se acham ricos, sábios, cultos, cheios de graduação, dominadores das mídias, famosos, antenados, modernos e atraentes. Mas vocês não passam de miseráveis, pobres, cegos e nus. São miseráveis da graça de Deus, pois estribam-se em si próprios e não se arrependem de sua arrogância. Querem que Deus seja um serviçal de vocês. São cegos, pois não enxergam onde caíram, onde sucumbiram, onde deixaram o primeiro amor, onde traíram ao Senhor Jesus Cristo. Estão nus, pois, ainda que sejam complexos e cheios de tecnologia, os seus pecados e rebeldia estão patentes e aparentes em seus olhares hipócritas e maliciosos, em sua arrogância cultual, em sua sensação ridícula de felicidade desprovida da Verdade. Há muitos pecadores que não têm onde congregarem, porque vocês fecharam a porta do céu! Eles procuram uma igreja e acham um clube; procuram crentes e encontram hipócritas; querem bíblia e vocês dão opiniões; desejam louvar e vocês dão espetáculo! Igreja apóstata, o Senhor tem contas a acertar com vocês!"
 
Em seguida dirigiu-se aos músicos dizendo-lhes:
 
"O louvor que agrada a Deus é um coração quebrantado e contrito, uma alma submissa, um comportamento de quem vive o amor, não de quem apenas declama ou canta o amor. Parem com hipocrisias! Parem de copiar o mundo! O show tem que acabar! Não usem da música para projetarem-se como artistas. Adoradores atores são hipócritas. Lamentem, chorem os seus pecados, lancem os seus deuses fora e olhem para Aquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Então poderão cantar baixinho, mas serão ouvidos. Cantem para louvar a Deus e para evangelizar aos homens, não para fazerem sucesso ou narrarem sensações. Então Deus não mais os vomitará culto após culto. Então os céus se abrirão para a música de vocês. Então faremos um contracanto com os seus hinos..." Quando ele disse "faremos", como se não fosse um homem, seu rosto, roupas, sapatos e sua face começaram a brilhar com uma luz fora do comum. O povo caiu de joelhos, amedrontado, perplexo, arrepiado. Ele não era um homem. Ele era um anjo do Senhor.
 
Levitando levemente, com um brilho ofuscante, afirmou:
 
"O tempo está próximo. Arrependam-se e voltem-se ao primeiro amor. Voltem ao velho evangelho, às veredas antigas. Bebam do genuíno leite espiritual, evoquem os fundamentos da fé autêntica.  Se não o fizerem terão contas duras a acertar com o Senhor. EIS QUE EU LHES ADMOESTO. Vem, Senhor Jesus!"...
 
E o anjo desapareceu....
 
E eu acordei.
 
Wagner Antonio de Araújo
31/03/2019

 

quinta-feira, 28 de março de 2019

memórias literárias - 780 - SOU SUA IMAGEM!

SOU
SUA
IMAGEM!
 
780
 
Costumo revezar o meu sono durante a noite: uma parte em minha cama e outra parte em minha "poltrona do papai". O relógio marcava 5 da manhã e lá do quarto das crianças parte um pequenino corredor rumo a mim: era o meu Josué Elias, meu filhinho de quase 2 anos de idade. Ele acorda à noite e busca a mãe na sua caminha. Como não a encontra corre para o nosso quarto e agarra-se ao primeiro que encontrar. E dessa vez achou a mim. Pulou em meu colo, abraçou-me como um náufrago junto ao tronco e adormeceu imediatamente. Encantado e emocionado, abracei e beijei o meu filho, louvando a Deus pela dádiva de sua existência. Em seguida entreguei-o à mãe, que dispos-se para terminar o sono da madrugada na cama do pequenino.
 
Deus passou a falar ao meu coração, trazendo-me à mente o texto de Gênesis 1.26: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança". Que texto! Que verdade! Que emoção! Ao pensar no meu filho, em seu jeito tão semelhante ao meu, até em trejeitos como mexer nos cabelos e abaixar os olhos quando bravo ou triste, verifiquei o prazer que sinto em chamá-lo de meu filho, meu descendente, meu fruto. E então pensei em Deus, que nos fez à Sua imagem, à Sua semelhança. Meu Senhor, não sou um mero acidente criativo, nem fruto de qualquer evolução, nem um erro de cálculo da Natureza. Sou feito propositalmente à imagem do meu Criador! E Ele me quer bem como um filho! Como compreender tamanha verdade?
 
Deus nos fez por amor. Fez-nos após deliberação consigo mesmo, entre as pessoas da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Decidiu gerar uma criatura que fosse sua semelhante. Macacos, coelhos, peixes, aves e seres microscópicos não foram feitos assim. O homem, todavia, foi plasmado pelas Suas mãos benditas, à luz de Sua ordem maravilhosa. Fomos criados como semelhança de Deus!
 
Foi uma pena constatar que este ser, criado à imagem de Deus, fez a pior das escolhas: deixou-se seduzir pelo mal, pelo pecado, por Satanás. Assim como um pai não deixa de ser pai de um mal filho, mas respeita seu ato deliberado de abandoná-lo, Deus reconheceu que criara o homem com essa possibilidade. E as consequências foram terríveis, ainda que Ele não tivesse sido pego de surpresa. Deus fizera a provisão de uma cura dessa imagem, que viria muitos anos depois com a encarnação do Seu verdadeiro e eterno Filho, Jesus Cristo. Em Cristo o homem, que perdera a imagem linda de Deus, ganharia novamente aquela semelhança, voltando ao colo do pai, como o meu Josué Elias, um pequenino menino, agarrou-se em mim como sua âncora de descanso.
 
Oh, profundidade das riquezas, oh, maravilha de amor divino, fui feito à imagem de Deus! Como pecador perdi o brilho de tal imagem e encontrei-me só numa noite desesperada de trevas e de solidão. Mas o coração me motivou a buscar ao Criador e corri para os Seus braços. Ele, na poltrona de Deus, estava pronto para receber-me, como o pai do Pródigo em acolher o seu filho rebelde. Pulei em seus braços e descansei a alma; havia encontrado o meu porto seguro! Ao erguer o meu olhar, vi o meu rosto a brilhar no olhar divino: eu agora voltei a me parecer com Ele.
 
Obrigado, meu Pai!
 
Termino com a letra do velho hino, feito por quem, à minha semelhança, entendeu ter sido criado e recriado à imagem do Senhor:
 
A imagem de Deus - sim, nos fez nos fez por amar
Para a gloria divina ao mundo mostrar
Mais o homem falhou e de Deus se afastou
Sem ao menos prever o que iria perder

Na eternidade, pois, Deus planejou
A redenção da cruz ao pecador

E da glória dos céus Ele ao mundo desceu
Pra de novo nos legar a imagem de Deus!

Sim eu creio, Senhor, que És o meu Salvador
Meu pecado tirou, mais o preço pagou
Viverei pra cantar tão real Salvação
Minha vida hei de dar, também meu coração!

Á imagem de Deus com fervor louvarei
e enquanto eu viver Seu amor cantarei!
 

 
Wagner Antonio de Araújo
28/03/2019
membro da Igreja Batista Cidade IV Centenário, São Paulo, Brasil
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segunda-feira, 18 de março de 2019

memórias literárias - 779 - ELE CONHECE - Pr. Wagner Antonio de Araújo


ELE
CONHECE!
 
Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua perseverança, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras. (Ap 2:19)
 
INTRODUÇÃO
 
779
 
Se há algo que deveria nos animar em nossa caminhada cristã é que CRISTO SABE DE NOSSAS LUTAS! O versículo citado está contido numa das cartas de Cristo às sete igrejas da Ásia Menor. As cartas possuem conteúdo magnífico e que figurariam apropriadamente numa exposição sobre o tema, mas neste momento tencionamos destacar apenas a extraordinária realidade desta afirmativa: EU CONHEÇO!
 
Quando entregamos a nossa vida a Jesus Cristo, recebendo-O como nosso único e suficiente Salvador, Ele realiza em nós uma metamorfose completa. É importante que se destaque que fomos por Ele escolhidos antes da fundação do mundo e que o nosso nome figura no Livro da Vida por Sua imensa graça e misericórdia. Não somos dignos! Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. (Jo 15:16). Neste santo mistério, o da eleição, encontra-se o milagre da fé, quando, chamados eficazmente pelo Espírito Santo, recebemos o dom da vida eterna. A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Rm 10:9).
 
Salvos, transformados, somos munidos pelo Espírito Santo com dons e talentos para o Seu serviço. Não são vocações naturais apenas; são manifestações carismáticas de Deus em nossa vida cristã. Alguns de nós recebem o dom da palavra, edificando a igreja com a pregação. Outros com o ensino. Outros com a música de edificação espiritual e de anúncio do evangelho. Outros com dons de socorro, de assistência, de contribuição, da oração da fé. Assim se expressa a Bíblia: Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; (Ef 4:12); Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor. (Ef 4:16).
 
Até quando estes dons serão nossos? Até o Senhor nos recolher. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (1Co 13:8). Dons são ferramentas; o amor não. Este permanecerá conosco, pois é a essência de Deus. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor (1Co 13:13).
 
Quais são os nossos dons? Quais são as oportunidades com as quais Deus nos capacitou para servi-Lo? Precisamos examinar-nos e descobrirmos os dons que Deus nos deu. Dons públicos são facilmente detectáveis: o pregador, o músico, o professor. Dons privados são mais difíceis de serem vistos, mas não menos importantes: Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; (1Co 12:22).
 
As lutas, a idade, os problemas, as mudanças, as ocupações, o casamento, as tragédias familiares, tudo trabalha para nos afastar do exercício dos dons que recebemos, da fidelidade para aquilo que não é nosso. Na parábola dos talentos, que eram valores monetários, há os que usaram plenamente os recursos recebidos e os transformaram em valores muito maiores, mas há quem escondeu o patrimônio e recebeu a dura reprimenda do proprietário. Os salvos usam os seus dons para adorarem a Deus e proclamarem a salvação. Quero destacar aqui algo precioso, contido neste versículo.
 
I - EU CONHEÇO AS TUAS OBRAS
 
Jesus conhece tudo aquilo que fazemos com os dons que recebemos. Ele sabe de que maneira o usamos. Há quem cante e que faça de sua voz um instrumento para enaltecer ao Senhor. Também para proclamar a vida eterna aos perdidos. Mas há quem use o dom recebido para louvar a carne, o mundo e o Diabo, abandonando a fé e vivendo para si próprio. Quantos cantores populares e clássicos foram cantores de coral, cantores de igreja ou músicos do Senhor? Aquilo que fazemos com os nossos dons será trazido a juízo! Que bom ter conhecido Luiz de Carvalho, um cantor e evangelista, que gastou toda a sua vida a edificar os salvos e a evangelizar os perdidos com a sua boa música!
 
II - EU CONHEÇO O TEU AMOR
 
Devemos servir ao Senhor com os dons recebidos, mas devemos fazê-lo com amor. Transformar-nos em astros ou detentores do poder e do saber não edifica. Dar a Deus aquilo que é dEle sem o devido amor também não constrói. Que tragédia vermos pessoas a fazerem as coisas no Reino com má vontade, com resistência, com preguiça! O verdadeiro amor nos faz vencer barreiras e a não medir esforços no serviço! Para quem ama não há tempo ruim! Para quem ama o problema não é uma barreira, mas uma oportunidade de agradecer!
 
III - EU CONHEÇO O TEU SERVIÇO
 
Há tanto que fazemos no Reino de Deus e que ninguém sabe! Quantas canções foram entoadas para a glória de Deus e para a evangelização e que nunca serão mencionadas em nenhuma biografia? Quantos bancos de igreja foram limpos, quantas visitas foram feitas, quantas mensagens foram compartilhadas e ninguém saberá? Ah, prezados, só Deus conhece o montante do nosso serviço! Ele sabe com que esmero e com que dedicação fizemos as nossas tarefas para Ele! Até um ato de culto consciente, em silêncio, na presença de Deus, é contado na lista de serviço! Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. (Hb 6:10)
 
IV - EU CONHEÇO A TUA FÉ
 
Sem fé é impossível agradar a Deus! E há muita gente que milita no Reino do Senhor e não crê nem no que faz e nem no que prega! Quantos não crêem no que cantam! Mas nós somos instados a ter fé, uma fé singela, simples, uma fé verdadeira, leal. Devemos crer na Palavra com a simplicidade de uma criança. Jamais transmitiremos uma fé maior do que a que temos no exercício do serviço que fazemos. Um pregador que não crê, um cantor que não crê, um professor que não crê, transmitirá conhecimento, informação e arte, mas não transmitirá fé. Por isso Ele conhece a nossa fé!
 
V - EU CONHEÇO A TUA PERSEVERANÇA
 
Até quando vou servir ao Senhor com os dons e talentos que Ele me deu? Até eu enjoar? Até eu não conseguir mais nenhum resultado? Até eu encontrar outra coisa interessante para fazer? Não. Somos instados a perseverar no serviço tanto quanto perseveramos na fé. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. (Mt 24:13). Se é certo que o salvo persevera (e é!), então o servo persevera no seu trabalho também. Pregar, cantar, tocar, servir, ajudar, orar, tudo o que temos que fazer devemos fazer até o fim. Quando não pudermos mais, então devemos agradecer e estar à disposição do Senhor, pois Ele bem pode ter ainda outros planos para completar a nossa biografia!
 
VI- EU CONHEÇO O AUMENTO DE TUAS OBRAS
 
No contexto de onde extraímos este versículo, Cristo quis apontar para os efésios, destinatários desta carta, que eles eram muito produtivos, mas que haviam perdido o primeiro amor. Mas o destaque que queremos fazer é que devemos nos esmerar em fazer. Quero citar aqui o Pr. Timofei Diacov, meu pai na fé. Ele pregou, ensinou, cantou, pastoreou, evangelizou, fez tudo o que era possível. Quando não teve mais condições de pastorear, tornou-se pregador convidado. Quando nem isso pôde fazer mais, usou a internet para levar a sua pregação. Quando não pôde mais escrever, ditou os seus textos. E quando a vida estava por terminar, evangelizou os enfermeiros que dele cuidavam. Ali estava um homem que produziu frutos até o fim. Quero ser como ele. E desejo que todos também o desejem!
 
CONCLUSÃO
 
Cristo sabe de nossas lutas. Cristo sabe o quanto O amamos e como O servimos. Nós precisamos usar os nossos dons e talentos para o Seu serviço. Devemos fazê-lo com dedicação e com resignação, não buscando glória própria, mas a glória de Deus. Para tanto, devemos trabalhar com amor, com fé, com perseverança e fazer cada vez mais para Ele, pois Ele fez e faz tudo por nossa vida. Prossigamos e perseveremos em servir ao Senhor!
 
 
Wagner Antonio de Araújo

mensagem pregada no culto do dia 17 de março de 2019 na Igreja Batista Cidade IV Centenário em São Paulo.

memórias literárias - 778 - INTRODUÇÃO AO LIVRO DE APOCALIPSE


Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã. (Ap 22:16)




 

WAGNER ANTONIO DE ARAÚJO

APOCALIPSE

INTRODUÇÃO


A palavra APOCALIPSE é uma transliteração da mesma palavra no idioma grego e significa “desvendamento”.

Esse é o tema do livro chamado APOCALIPSE.

O livro foi reconhecido como uma obra canônica (pertencente ao grupo dos livros inspirados pelo Espírito Santo), tendo sido atestado pelos seguintes “pais” da Igreja:

1)   Hermas (início do século II)
2)   Orígenes (primeira metade do século III)
3)   Tertuliano (século III)
4)   Eusébio ( século III)
5)   Justino Mártir (140 d.C.)

APOCALIPSE foi escrito por um homem chamado João. Há três teorias sobre quem é esse João:

1)   João, o apóstolo de Jesus Cristo, que escreveu o Evangelho de João e as três epístolas que levam o seu nome;
2)   João, o Ancião (“o presbítero”), uma pessoa que também seguia a Jesus, conheceu-o, mas que não foi contada como apóstolo;
3)   João, o outro, um líder remoto nas igrejas apostólicas.

Os liberais não acreditam que João, o evangelista, o apóstolo de Jesus, escreveu o livro e rejeitam o testemunho dos pais da igreja citados.

Uma das razões é que o grego utilizado em APOCALIPSE é muito ruim, repleto de erros gramaticais, demonstrando que o autor era um estrangeiro escrevendo o grego, provavelmente pensava em aramaico. O texto dos evangelhos e das epístolas de João era simples, porém claro e correto. Por que os textos foram escritos pela mesma pessoa e de forma tão diferente?

a)   A primeira justificativa conservadora: foi escrito deliberadamente desta forma, para aludir às profecias do Velho Testamento,  citadas inúmeras vezes em todo o livro.
b)   O estado emocional de João, durante a composição do livro, era  de êxtase ante tudo o que via e ouvia, o que certamente influenciou na hora de escrever.
c)   João contava com o serviço de AMANUENSES (escritores contratados para escrever o que alguém ditasse, uma espécie de secretária dos tempos modernos), mas lá em Patmos, a ilha onde estava exilado, ele escreveu sozinho, sem a ajuda de ninguém.

Quando foi escrito o livro de APOCALIPSE?

Há várias teorias. Citaremos três:

1)   Alguns acham que foi logo após o incêndio de Roma, através de NERO CÉSAR, no ano 64 da Era Cristã. Isso explicaria o número 666 da Besta, que é exatamente a soma dos números obtidos em numerais romanos do nome Nero César.
2)   Outros crêem que foi antes de 64 d.C., porque João ainda não dominava perfeitamente o grego. A arqueologia, entretanto, demonstra o contrário, isto é, que os indivíduos que falavam o idioma pátrio falavam também perfeitamente o grego, pois era como o inglês hoje em muitos países (o inglês para a comunidade latina dos Estados Unidos).
3)   A teoria mais aceita pelos conservadores é que APOCALIPSE foi escrito por João durante o reinado de DOMICIANO (81-96 d.C.), mais propriamente no ano 95. Irineu, um dos “pais” da Igreja, datou o livro nessa época, e Irineu foi um dos protegidos de Policarpo (60-155 d.C.), que foi discípulo de João. Logo, seu testemunho conta muito.

O estilo do livro é APOCALÍPTICO, usando as fraseologias contidas em DANIEL, EZEQUIEL e ISAÍAS. Há uma vasta gama de literatura apocalíptica escrita por judeus durante o PERÍODO INTERBÍBLICO, mais propriamente entre 200 a.C. e 120 d.C. Porém, são livros APÓCRIFOS, que não foram inspirados pelo Espírito Santo, desconsiderados tanto por judeus quanto por cristãos, e que usam pseudônimos de personagens bíblicos para credenciar seus autores.

O propósito do livro de APOCALIPSE é fortalecer os cristãos, ajudando-os a não fraquejarem ante um mundo dominado pela iniqüidade, sabedores de que a vitória já é de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Há 5 SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO do livro de Apocalipse.

1)   IDEALISTA – Os que assim interpretam crêem que o livro é a descrição da luta entre o bem e o mal, com a vitória final do bem e que os detalhes são belos símbolos poéticos, mas que não significam necessariamente nada profético ou de valor preditivo.

2)   PRETERISTA – Crêem que o APOCALIPSE é a descrição da luta entre o CRISTIANISMO e o IMPÉRIO ROMANO PAGÃO, a derrocada deste e o ideal da implantação do Reino de Deus, caso Cristo tivesse retornado logo na época. Como não voltou, acabam por considerar parte do texto como figurado, similar aos IDEALISTAS. Segundo eles NERO CÉSAR foi quem teve a ferida mortal curada; DOMICIANO é a Besta do capítulo 13, etc. 

3)   HISTORICISTA – Considera o livro como uma narrativa prévia da história da Igreja, atribuindo a cada símbolo um acontecimento histórico da Igreja através dos séculos. Por exemplo, a quebra dos selos é a queda do Império Romano; a besta pode ser o papado, etc. Porém, são tantos os grupos de interpretação historicista em cada época e em cada país, que, ao invés de aclarar o livro, acaba prejudicando ainda mais a sua compreensão. E se essa fosse a verdadeira interpretação do texto deveria emergir uma interpretação ao menos semelhante para os cristãos de todos os tempos. No passado os HISTORICISTAS eram PÓS-MILENISTAS (criam que primeiro o mundo seria cristianizado, e depois Cristo retornaria). Hoje eles são AMILENISTAS (não crêem num milênio literal na Terra, senão no reino espiritual de Cristo no coração dos crentes). Essa posição ocupa o coração de muitos batistas no Brasil, muitos pastores e professores.

4)   FUTURISTA ou PRÉ-MILENISTA – Aceita que o APOCALIPSE alude ao Império Romano Pagão e ao duro período de perseguição enfrentado pelos “pais” da Igreja, mas crê que o cumprimento da sua maior parte (Apocalipse 4-22) está para acontecer, principiando com um período chamado TRIBULAÇÃO ou GRANDE TRIBULAÇÃO. Crêem que haverá um milênio literal, num reinado davídico de Jesus Cristo sobre a Terra, a qual estará num estado paradisíaco no período. Crêem que Satanás fará uma grande revolta no final do período, que será esmagado, lançado no Lago de Fogo e Enxofre, e que haverá então o Juízo Final. Esta é a posição de grande parte dos evangélicos conservadores, entre os quais este conferencista se situa.

5)   MISTA – uma mistura de todas essas, talvez uma maneira de não assumir posição interpretativa alguma.

Entre os FUTURISTAS há diversas maneiras de interpretar a linha principal de acontecimentos do livro de APOCALIPSE, com respeito ao ARREBATAMENTO DA IGREJA, época em que Cristo levará os Seus para encontrar-se com eles nas nuvens. Há 4 correntes de opinião quanto ao ARREBATAMENTO:

1)   PRÉ-MILENISMO PRÉ-TRIBULACIONISTA – Segundo esses estudiosos o ARREBATAMENTO DA IGREJA ocorrerá ANTES do período chamado de GRANDE TRIBULAÇÃO.
2)   PRÉ-MILENISMO MID-TRIBULACIONISTA – Estes acreditam que o ARREBATAMENTO ocorrerá DURANTE o período da GRANDE TRIBULAÇÃO, não precisando com clareza quando realmente isso acontecerá. (este professor situa-se nesta posição).
3)   PRÉ-MILENISMO PÓS-TRIBULACIONISTA – Crêem que o arrebatamento será APÓS a GRANDE TRIBULAÇÃO.
4)   ARREBATAMENTO PARCIAL DA IGREJA – Estes, independentemente de pertencerem a um ou a outro grupo, crêem que SÓ A PARTE PIEDOSA da Igreja do Senhor Jesus Cristo será arrebatada.

O APOCALIPSE é relevante para todas as épocas e para todos os povos, pois em cada geração há um cumprimento parcial de suas profecias, ainda que seu conteúdo principal esteja reservado para dias futuros.

Hoje, quando encontramos em nossa bíblia o APOCALIPSE achamos que sempre foi assim para com todos os povos. Porém, nem sempre foi assim. Por exemplo: Martinho Lutero não o considerava um livro realmente fundamental, pelo que colocou-o num APÊNDICE de sua bíblia, juntamente com as cartas de Tiago, Judas e aos Hebreus. Impressionante, não? Igualmente o erudito João Calvino, fundador do presbiterianismo e criador do sistema CALVINISTA (que aceita a PREDESTINAÇÃO como doutrina básica da fé cristã) não escreveu sequer 1 PÁGINA SOBRE O APOCALIPSE!!!

A Igreja Oriental só admitiu o livro do APOCALIPSE como inspirado pelo Espírito Santo a partir de meados do ano 500 da Era Cristã!

R.H. Charles afirmou: “Admite-se que é o livro mais difícil de toda a Bíblia!”

Seu nome  APOCALIPSE vem de APOCALYPSIS, primeira palavra encontrada no livro em grego.

Na Vulgata Latina, tradução da Bíblia por São Jerônimo para o latim,  APOCALIPSE chama-se REVELATIO, ou REVELAÇÃO. É esse também o nome do livro em inglês: REVELATION.

O APOCALIPSE é repleto de símbolos e números. Vejamos alguns significados de números e cores ali encontrados.

a)   O NÚMERO 7 -à É o número da perfeição, da inteireza, da plenitude. É o número de Deus. No livro do APOCALIPSE há 4 grupos de 7: SETE MENSAGENS (capítulos 2 e 3); SETE SELOS (capítulos 6-8.1); SETE TROMBETAS (8.2-11.16); SETE TAÇAS (15.5-16). Há uma porção de 7 espalhados por todo o livro, dentro de cada grupo.

b)   3 E MEIO -à É o símbolo da tribulação, dos problemas, das dificuldades. Foram três anos e meio de fome nos dias de Elias (I Rs 17.1; Lc 4.25; Tg 5.17), “um tempo, dois tempos, metade de um tempo” (Dn 7.25; 2.7), metade de uma semana (Dn 9.27); 42 meses (Ap 11.2; 13.5); 1260 dias (Ap 11.3; 12.6), “um tempo, tempos, metade de um tempo” (Ap 12.14); testemunhas mortas por três dias e meio (Ap 11.9,11)

c)   DEZ -à É o número do desenvolvimento completo, da perfeição absoluta. Temos os 10 mandamentos (Ex 20); 10 côvados de cada lado do Santo dos santos; 100 é o número do rebanho de Deus (Lc 15.4-7); 1000 anos de duração do reinado dos Santos (Ap 20.4); Décima geração = para sempre (Dt 23.3; Ne 13.1); 10 pragas do Egito, significando juízo completo, etc.

d)   DOZE -à É o número do Reino de Deus: 12 tribos de Israel, 12 apóstolos, 24 anciãos representando a Igreja Redimida; 12 portões na Nova Jerusalém; 12 fundamentos nos muros da Cidade Santa, etc.

e)   BRANCO -à Simboliza inocência, pureza, justiça, idade espiritual, maturidade, perfeição.

f)    PRETO -à Simboliza fome, desespero, sofrimento.

g)   VERMELHO -à Simboliza o sangue, a guerra, o homicídio, a morte sacrificial.

h)   ROXO -à Simboliza a realeza, o ócio voluptuoso.

i)    AMARELO -à Cor da vida que se esvai e do reino da morte (Ap 6.8)

O livro de APOCALIPSE é direcionado às “SETE IGREJAS DA ÁSIA”. Erram os que imaginam que apenas a porção alusiva às igrejas ou a uma igreja em particular deveria ser enviada. O livro todo foi dedicado a elas. Há estudiosos chamados DISPENSACIONALISTAS, que vêem nas sete cartas uma VISÃO TELESCÓPICA DA HISTÓRIA DA IGREJA, interpretando a história eclesiástica da seguinte forma:

1)   ÉFESO – Era da Igreja Apostólica
2)   ESMIRNA – Era das perseguições – até 316 d.C.
3)   PÉRGAMO – Era do favor imperial – 316-500 d.C.
4)   TIATIRA – Era das Trevas  – 500-1500 d.C.
5)   SARDES – Era da Reforma Protestante – 1500-1700 d.C.
6)   FILADÉLFIA -  Era das Missões Modernas – 1700-1900 d.C.
7)   LAODICÉIA – Era da Igreja Apóstata – 1900 – até hoje.

O livro de APOCALIPSE é um livro escrito em ORDEM CRONOLÓGICA ou em CENAS?

Há quem coloque os acontecimentos em SEQÜÊNCIA CRONOLÓGICA e há quem os coloque em CENAS.

Baseados em Gn 41.14, quando do sonho do Faraó, que via vacas gordas e magras, e espigas cheias e vazias, e que foi interpretado por José como sendo a mesma coisa, só que visto por ângulos diferentes e em dobro por causa da urgência, muitos estudiosos entendem que as 4 seqüências de 7 juízos descritos no APOCALIPSE são PARARELAS, retratando as mesmas coisas, só que por ângulos diferentes. Assim:
SETE SELOS = SETE TROMBETAS
SETE ANJOS = SETE TAÇAS

Percebe-se também que parte desses juízos ocorre no Céu, e parte na Terra, sendo o último originário do primeiro, ou conseqüência do primeiro. Assim:

SETE SELOS E SETE TROMBETAS (no céu) = SETE ANJOS E SETE TAÇAS (na Terra)

Segundo esses estudiosos, teríamos  APENAS 1 SÉRIE DE SETE JUÍZOS DE DEUS SOBRE A TERRA E A HUMANIDADE. Essa posição é de linha liberal, porém, não deixa de ter um sentido muito lógico e racional.

Há inúmeros esboços sobre o livro de APOCALIPSE, pelo que sugerimos um esboço simples, geral e conciso:

1)   AS CARTAS ÀS IGREJAS DA ÁSIA ( 1.1 - 3.22 )
2)   O LIVRO COM SETE SELOS ( 4.1 - 6.17 )
3)   OS JUÍZOS DAS SETE TROMBETAS ( 7.1 - 9.21 )
4)   A PIOR HORA DA HUMANIDADE ( 10.1 - 13.18 )
5)   AS SETE TAÇAS DO JUÍZO ( 14.1 - 16.21 )
6)   BABILÔNIA E O ARMAGEDON ( 17.1 - 19.21 )
7)   O MILÊNIO, O JUÍZO FINAL, A NOVA JERUSALÉM E A ETERNIDADE ( 20.1 - 22.5 )
Wagner Antonio de Araújo
Para uma boa compreensão das explicações aqui anotadas, é de fundamental importância que se mantenha a Bíblia aberta no texto em foco e que se consultem os textos bíblicos indicados nas referências. O propósito destas anotações e ajudar-nos no entendimento da mensagem de Deus, lembrando, contudo, que a Bíblia sempre será a nossa única regra de fé e o único livro inspirado por Deus. Estudemos com responsabilidade!


Capítulo 1.1-3


v. 1 – “Anjo” – ser angelical, não humano, celestial, espiritual

“servos” – em grego “doulos”, “escravos” – o livro é endereçado a todos, mas especialmente aos “ministros” (“servidores”) do evangelho.

v. 2 – “palavra de Deus” – no caso, o livro do Apocalipse é que está em evidência.

“testemunho” – em grego “martúria”, de onde vem a nossa palavra “mártir”.

v. 3 – “Bem-aventurados” – em grego “makários

Essa palavra significa “felicidade física”, “boa sorte”, etc. Era usada para descrever o estado de graça em que se encontravam os deuses do Olimpo, na mitologia grega, contrastando com o estado dos homens. O uso desta palavra neste versículo indica que nós, pela graça de Jesus, partilharemos da natureza do Senhor Jesus! Aleluia! E não se trata de mito, mas de realidade! Veja II Pe 1.4; Ef 3.19; Rm 8.29; II Co 3.18.

No livro de Apocalipse há 7 bem-aventuranças registradas:

1)   Bem-aventurados os que lêem, ouvem e obedecem (1.3)
2)   Bem-aventurados os que morrem no Senhor (14.13)
3)   Bem-aventurados os puros diante do Senhor (16.15)
4)   Bem-aventurados os convidados para as Bodas do Cordeiro (19.9)
5)   Bem-aventurados os que têm parte na primeira ressurreição (20.6)
6)   Bem-aventurados os obedientes e observadores deste livro (22.7)
7)   Bem-aventurados os que observam os mandamentos de Deus (22.14)

“tempo” – em grego “kairós” – significa “tempo definido”, “tempo de Deus” usado para indicar datas festivas.

Capítulo 1.4-8


v. 4 – “às sete igrejas” – ficavam numa região chamada “Ásia Menor”, que atualmente corresponde a Turquia.

“graça e paz” – em grego “káris kaì eiréne” – saudação cristã dos tempos primitivos.

“da parte daquele que era, que é e que há de vir” – os cristãos daquela época enfrentavam a perseguição por não aceitarem prestar culto e adoração ao Imperador. Aqui temos o contraste: os cristãos adoram aquele que representa o passado, o presente e o futuro, que esteve, está e estará em todas as épocas, o eternamente imutável. Jesus Cristo é identificado como sendo essa pessoa, em Hb 13.8 . Ele existe o tempo todo, é imutável, é divino, é diferente, etc.

“Alfa e Ômega” – em 1.8 o Pai é identificado por este título. Em 1.17 o Filho  também é identificado. Como não existem dois alfas e dois ômegas, temos um único Deus manifesto em duas pessoas. Glória A Deus!

“da parte dos sete espíritos de Deus” – há várias interpretações para esse item, mas, como o nosso propósito não é causar meras discussões estéreis, assumimos a postura de que aqui se encontra o espírito da profecia deste livro, e é uma citação alusiva a Isaías 11.2, que identifica os sete espíritos de Deus, que são:

  1. O Espírito do Senhor
  2. O espírito de sabedoria
  3. o espírito de entendimento
  4. o espírito do conselho
  5. o espírito do poder
  6. o espírito do conhecimento
  7. o espírito do temor ao Senhor

v. 5 – “Jesus” – O nome do Filho de Deus foi dado pelo próprio Pai e significa “Deus Salvador”. É o “Emanuel” prometido.

a testemunha fiel” – Ele esteve, está e estará em todos os tempos e lugares. Tudo quanto Ele viu e ouviu do Pai nos tem dado a conhecer (cf. João 15.15).

“primogênito dos mortos” – Ele foi o primeiro a ressuscitar definitivamente. Se é o primogênito então outros existirão, e esses outros são os que crêem no Seu nome. (Veja I Co 15.20)

soberano dos reis da terra” -  Cristo está acima de qualquer poder temporal e passageiro, Ele um dia dominará em todos os quadrantes do planeta, sobre todos os reis e nações.

“nos ama” – “Cristo me amou e me livrou ; por seu imenso amor me transformou; foi seu poder, o seu querer, sim, Cristo, o Salvador, me transformou” é o que diz o antigo hino. Realmente Ele nos amou profundamente (João 3.16; II Co 5.14)

O amor é altruísta, diferente do egoísmo, que pensa só em si.

“pelo seu sangue” – Cristo fez expiação de nossos pecados perante o Pai. O Seu sangue “tocou” no Espírito Santo, propiciando para nós ingresso à presença de Deus, que tirou de nós o motivo de Sua ira, e também “desligou-nos” do pecado, da vontade de pecar.

“nos libertou” -  Éramos escravos do pecado, fomos libertos e feitos “escravos da justiça” (cf. Rom 6.18)

“dos nossos pecados” – em grego pecado é “amartia” e significa “errar o alvo”.

A salvação é algo dinâmico, que começa com o perdão dos nossos pecados (At 2.38; Rm 3.25; 4.6) e passa a desenvolver em nós a vida de Deus (João 5.25-26; 6.57)

v. 6: “reino” – alusão a Ex 19.6, sendo que aquela promessa era de que Israel se tornaria uma teocracia. Israel caiu da graça de Deus e aqui a promessa fala de nós, o “Novo Israel”, que fomos feitos “reis e sacerdotes”.

“sacerdotes” – no Velho Testamento cada chefe de família era o sacerdote da casa (Gn 8.20; 26.25; 31.54). Posteriormente escolheu-se a tribo de Levi para o sacerdócio. Agora, em Cristo, cada crente torna-se um sacerdote, podendo buscá-lo (I Pe 2.5,9)

Um sacerdote de Cristo (todo salvo pelo Senhor):

a)   Tem direito de primogenitura, assim recebendo a bênção do Pai;
b)   Acesso ao Santo dos Santos (Hb 10.19-22)
c)   Oferece um sacrifício superior:
1.   O próprio corpo como sacrifício vivo (Rm 12.1; Fp 2.17; II Tm 4.6)
2.   Louvor através da vida e dos lábios (Hb 13.15; Fp 2.11)
3.   Os bens para a ajuda ao próximo (Hb 13.16; Rm 12.13; Tt 3.14)
4.   Intercede em favor dos outros (I Tm 2.1; Col 4.12)

O sacerdócio nos transformou pela comunhão, segundo a imagem do nosso “irmão mais velho” (II Co 3.18)

v. 7: “eis que vem com as nuvens” – em hebraico a palavra “shekinah” apontava para a nuvem brilhante da manifestação de Deus.

“todo olho o verá” - olho dos vivos no mundo inteiro. Como será esse grande sinal: via satélite? Televisado? Via internet? Atmosférico? Distribuído pela abóbada celeste?

“até quantos o traspassaram” – É uma alusão clara a Israel, e não aos soldados que crucificaram Jesus (Zc  12.10)

v. 8: “Alfa e Ômega”, o Pai, mas em 22.13 é o Filho.

Alfa – a primeira letra no alfabeto grego – o Criador, o início
Ômega – a última letra no alfabeto grego – o final, o completo. Como só há um único Deus (I Co 8.6), Ele também é o Cristo (Cl 1.15).

“Todo-Poderoso” – Ele tem autoridade absoluta.

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