domingo, 29 de março de 2020

memórias literárias - 863 - DEVER MENTAL

DEVER
MENTAL
 
863
 
Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. (Fp 4:8)
 
Eu escolho aquilo em que desejo pensar. Ninguém pode dominar a minha mente. Contudo, pelo excesso de exposição às informações e deformações eletrônicas as pessoas estão se tornando verdadeiros zumbis, possessões de espíritos perturbadores de uma mídia sem limites. Abre-se um site e o mundo acabou. Abre-se outro e o governador briga com o presidente. Em um outro o presidente passeia tranquiliamente enquanto critica a quarentena. Já naquele do outro lado eu vejo caminhões em carreata para deixar corpos no cemitério. Que mundo é esse?
 
Bem-vindo ao mundo pré-apocalipse. Para surpresa de amilenistas e de cristãos que não criam nas profecias bíblicas estamos assistindo a um mundo parado diante de um inimigo invisível, um autêntico anjo da morte. Um vírus! Um único espécime natural ou criado em laboratório e o mundo parou! Até a previsão do tempo está com dificuldades de monitoramento pela falta de dispositivos aéreos que levavam informações!
 
E nós confinados em nossos viveiros! Alguns moram em quartos que alugam, sem espaço para nada. Uma cama, um guarda-roupa e um sanitário, nada mais! Outros, com esposa e fillhos, dividem a prole nos dois cômodos apertados no porão de uma residência simples. Outros estão nos asilos, nas cadeias, hospitais, hotéis, enfim, fechados, esperando por algo que não enxergam, ouvindo boatos, assistindo a vídeos que ora atacam e ora defendem este ou aquele procedimento. A impressão que se tem é que cada um de nós está com um joystick, aquele aparelho com o qual se joga um videogame, e tentamos levar os líderes para um lado e para outro, mas eles não vão, pois estão emperrados e a fazer coisas contraditórias e sem nexo. Nos sentimos a perder o jogo com a impressão de que somos nós que jogamos! Esta é a toxidade das mentes poluídas por tanta informação!
 
Eu mesmo iria fazer "lives", vídeos com mensagens,hinos e pregações. Mas quando vi tanta gente fazendo a mesma coisa, imbuída de inúmeros desejos, e tanta gente buscando o seu instante de glória, de fama, de likes, de prêmios nos canais; quando percebi que muitos oram para que os outros vejam e não para que Deus escute; quando percebi que muitos oportunistas se aproveitam da histeria coletiva para imprimir a sua marca que será explorada numa próxima eleição (se houver!), então decidi ficar quietinho no meu canto, até porque não estou a pastorear nenhuma igreja neste momento. O máximo que faço é corresponder-me pessoalmente com os meus contatos.
 
E decidi encher a minha mente com as coisas recomendadas pelo texto bíblico acima. Estou farto de ouvir gente encarcerada a bater panelas cada vez que o noticiário começa. Uns batem contra, outros a favor, e a maioria nem sabe porque bate panelas, apenas fazem barulho para ter algum movimento no marasmo do confinamento urbano. Não, a minha mente não é terminal de informática e eu não sou unidade de nenhum servidor que me comande. Eu fui libertado pelo poder da verdade e só a Cristo eu me submeto, inclusive no uso de minha mente!
 
Eu quero pensar em tudo o que é verdadeiro. E a Palavra de Deus é! "Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade!" (João 17.17)
 
Eu quero pensar em tudo o que é honesto. Assim eu penso nas coisas que constróem, que permanecem e que não dependem de opiniões. Eu penso na vida, na saúde, no bem da família, nos meus familiares, amigos e irmãos em Cristo. Eu penso no que é real.
 
Eu quero pensar naquilo que é justo. É justo querer trabalhar, querer servir, querer ser útil, querer progredir, querer construir, querer viver. Assim, os pensamentos que evoco e com os quais quero ter contato são pensamentos promissores, pensamentos de um porvir melhor, seja quando esse confinamento terminar, seja quando o Senhor regressar ou me levar.
 
Eu quero pensar em tudo o que é puro. Eu não preciso de pornografia para me entreter. Eu não preciso de futilidades e programas de riso fácil para me tranquilizar. Eu não preciso de bebidas, cigarros ou drogas para me anestesiar. A vida de um cristão tende à pureza de pensamentos, de costumes, de palavras, de ideais, de pensamentos, de sentimentos. E eu peço ao Senhor para manter a minha alma e coração puros diante de tanta podridão pelo caminho!
 
Eu quero pensar no que é amável, no que expressa amor, no que realmente conforta. Por isso posso telefonar para as pessoas que me são caras, posso buscá-las à distância para saber como estão, posso ser amável com quem está confinado comigo, posso servir e buscar a felicidade de outrem, não a minha própria apenas. Eu posso ser uma bênção junto de quem está comigo.
 
Eu quero pensar no que é de boa fama, não nas coisas que são falsas, imorais, indecentes, malignas. A boa fama é saúde para os ossos, é alegria para o coração. Essa boa fama é buscar um pensar de qualidade, de coisas construtivas, de conhecimento, de cultura, de crescimento. Dou graças a Deus pela farta biblioteca de livros antigos que possuo. São um tesouro para mim. Dou graças a Deus pelos hinos cristãos clássicos que rodo para todos em minha rádio e que ouço diuturnamente em meu celular. São coisas que enriquecem.
 
Eu quero pensar na virtude, na força de vontade, no desejo de vencer, na alegria de planejar para dias melhores. A vitória existe quando é antecedida pela idéia de vitória dentro do coração. Quem entra na quadra temendo a derrota já perdeu. Quem sai a vender pensando no fiasco das vendas já faliu. Quem pensa na crise e não na oportunidade que virá já perdeu. Portanto, quero ter pensamentos de virtude. Quero pensar na honradez, na decência, na ordem, no progresso, no respeito aos mais velhos, no cuidado para com o próximo e na bênção de poder ser útil para alguém.
 
Eu quero pensar nas coisas pelas quais possa tirar o chapéu, possa aplaudir, possa usar como exemplo. Evoco as lembranças do meu velho pai, homem honrado e trabalhador. Penso em mamãe, a maior e melhor crente que jamais conheci. Penso no Pr. Timofei Diacov, que me evangelizou, no Pr. Josué Nunes de Lima, que me aconselhou, no irmão Sebastião Emerich, que me mostrou o que é ser mestre segundo Deus. Quero pensar nas coisas que merecem ser lembradas como exemplo a ser seguido. Eu quero ser um exemplo assim, vivendo de forma ilustre e comprometida.
 
Eu quero pensar nestas coisas. E conclamo aos meus leitores que o façam também. Os primeiros beneficiados seremos nós mesmos. E depois os que conosco convivem.
 
Que Deus nos abençoe.
 
Wagner Antonio de Araújo.

 

sábado, 28 de março de 2020

memórias literárias - 862 - CABE A MIM

CABE
A MIM
862
 
 
Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino? (Et 4:14)
 
Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. (Tg 5:16)
 
Cabe a mim orar pelos meus filhos. Não sou um espectador da vida deles, eu sou um protagonista! E não há protagonismo maior nesta vida do que apresentá-los diante do Senhor Deus através da oração. Eles precisam amar a Deus, precisam obedecer à Sua Palavra, precisam ter bom caráter, bom coração, precisam de generosidade, inteligência, perspicácia. Eles precisam de proteção contra as doenças, oportunidades para prosperarem, terem famílias saudáveis e cristãs. Os meus filhos devem ser apresentados diuturnamente em oração. Ao invés de esperar que outros por eles orem, cabe a mim fazê-lo antes de todos.
 
Também cabe a mim orar por minha esposa. Ela é a dádiva da minha vida, a mãe de meus filhos, a administradora do lar segundo Provérbios 31. Também é a alegria e o gozo do meu coração e dos meus dias. Ao invés de concentrar nela expectativas que muitas vezes são difíceis de serem atingidas eu devo orar por ela, interceder por sua vida, clamar pela sua alegria, sensatez, saúde e vida espiritual. Quando a minha esposa comigo se casou recebeu de mim aquele que por ela daria a própria vida. Cabe a mim dar atenção a ela através da oração.
 
Devo orar por meus familiares. Devo orar por meu irmão, cunhados, sobrinhos, sogros, primos, por todos que possuem comigo algum grau de parentesco. Neste mundo tercerizado costumamos delegar ao deus-dará aquilo que cabe a nós fazê-lo. Se Deus os colocou debaixo da mesma árvore genealógica em grau profundo de proximidade devo ser aquele que por eles intercede, clamando pela sua salvação em Cristo, pela sua edificação na fé, pelo sustento de seus lares, harmonia de seus casamentos, educação de seus filhos e proteção contra as maldades do mundo. Eu devo orar por eles.
 
Também não estou a toa no meu país. Eu devo orar por ele, por minha terra, por meu torrão natal, pelo lugar onde vivo, moro e mantenho a família. Eu devo orar pelo presidente, pelo governador, pelo prefeito, pelos deputados e senadores, pelos juízes, promotores, ministério público e funcionalismo em geral. Eu devo orar pelos médicos, pelos bombeiros, pelos lixeiros, pelos que trabalham no fornecimento da água, da luz, do gás, no recolhimento do lixo e na entrega de cartas. Eu devo orar pela minha terra, sendo dela um intercessor fiel.
 
Não devo me esquecer do mundo, pois nele estou inserido. Há tantos que sofrem, tantos que são sós, tantos que passam fome, tantos que estão abandonados, que não contam com o empenho e a atenção dos poderosos! Através da oração eu posso trafegar pela fé em suas ruas, aldeias, vielas, cidades, ilhas, casebres, tendas de refugiados, hospitais, cadeias, navios, aeronaves, carros, no lombo dos animais; enfim, eu posso apresentar a cada um deles ao Senhor meu Deus através da oração.
 
Tenho que orar pela evangelização do mundo, pela pregação do verdadeiro evangelho e para que o falso, que tanto cresce, não ludibrie aqueles cujos corações foram predestinados à fé. Devo orar para que nenhum ser humano fique sem testemunho de Cristo, sem a oportunidade de entender o plano de salvação. Devo orar para que cada missionário, obreiro, pastor, cada crente em cada lugar exerça o seu papel de testemunha de Cristo quanto ao Reino de Deus. São os joelhos em terra na busca do Senhor que trazem vitória à igreja do Senhor Jesus.
 
Leitor, cabe a mim, não a quem critico por não fazer nada. Se eu parar de delegar aquilo do que tenho consciência de ser a missão mais importante da minha alma, então suprirei uma lacuna que não compete a mais ninguém a não ser a mim mesmo.
 
Foi para esta tarefa que nasci, é para este propósito que devo dobrar os joelhos em intercessão. E, se eu andar com Deus, tendo a Jesus Cristo como meu único e suficiente Salvador, terei sido declarado justo e a minha oração poderá muito em seus efeitos. Bendito seja o Senhor, cuja graça me salvou!
 
Wagner Antonio de Araújo
 

 

sexta-feira, 27 de março de 2020

memórias literárias - 861 - REENCONTRO

REENCONTRO
 
861
 
O confinamento em quarentena no qual o mundo foi submetido tem trazido as suas consequências familiares.
 
Por um lado há lares em pé de guerra, pois jamais conviveram tanto tempo juntos e não se acostumam uns com os outros. Antes do vírus estavam quase sempre fora do lar. A agenda do marido era tomada de compromissos ou de eventos externos. A da esposa também, deixando filhos e responsabilidades caseiras nas mãos de terceiros (babás, avós, escolas ou tarefas distribuídas). Os filhos só estavam em casa à noite, para dormir, ou nos finais de semana quando não tinham eventos. Agora, com o confinamento as diferenças são evidentes, o convívio difícil, a indisposição generalizada.
 
Por outro lado há famílias que se reencontram. Há quanto tempo o casal não convivia tanto tempo em um só lugar! O tempo sobra e agora podem deixar os sentimentos aflorarem no coração. Pais podem conhecer os filhos de forma melhor e mais detalhada, e contemplar se acertaram ou erraram na educação dos mesmos. Arestas e crises mal resolvidas tiveram que ser encaradas e ultrapassadas. Tarefas foram distribuídas e finalmente os habitantes da casa se sentiram parte da família.
 
Foi preciso um vírus para virar a atenção das pessoas à matriz de suas vidas: a família! Filhos muitas vezes têm mais contato com amigos e com gente desconhecida das redes sociais do que com os pais constantemente ausentes. Casais quase não se falavam, não se viam, não namoravam, não conversavam, e agora, no confinamento, são levados a explorar novamente aquilo que um dia os uniu.
 
Tem sido também um momento para redescobrir o quanto somos frágeis e o quanto precisamos uns dos outros. Normalmente alguém vai ao mercado e à farmácia suprir a família dos produtos necessários. Geralmente, esta pessoa não faz parte do grupo de risco e tem cuidado para não contaminar os que ficam. As expressões de serviço e de amor ressurgem, dando a chance da família reconstruir os vínculos outrora desprezados.
 
Por fim, estamos valorizando o que dificilmente considerávamos: a liberdade! Como faz falta caminhar na rua, passear, ir a parques públicos ou viajar de carro! Como sentimos falta de trabalhar, de ir à escola, de seguir com os nossos planos e projetos, com as nossas vidas! Assim como só damos valor à água quando a companhia de saneamento corta o fornecimento, só valorizamos a energia elétrica quando não há luz em nossas residências, agora prezamos tanto pela rotina de atividades, rotina contra a qual reclamávamos anteriormente! Nós éramos felizes e não sabíamos!
 
Nós nos reencontramos também com aquilo que realmente é essencial no orçamento: comida, roupa limpa, fornecimento de coisas básicas e saúde. Hoje, com o comércio fechado não temos como comprar futilidades ou investir em objetos que de nada nos servirão. De que adianta um tênis de corrida se não podemos correr? De que nos serve uma viagem para uma praia se não podemos nos deslocar? E aquele carro novo se não podemos trafegar? Além disso, corremos o risco de ver as nossas fontes de renda se esgotarem: os que investiram em bolsa de valores choram o derretimento de suas economias; os que dependem do comércio correm o risco de perder o emprego; os empresários de fecharem as suas firmas; os prestadores de serviço não têm a quem oferecer os préstimos! Chegamos ao tempo em que ter um prato de comida e algo para vestir já significa uma grande coisa!
 
Mas, acima de tudo isso (e complementando tudo o que falei) o relacionamento de cada um com Deus está sendo colocado à prova. Se a nossa religiosidade não passava de eventos sociais, de tradições de família que não conquistavam os nossos corações e uma fé vã sem nenhuma prova de realidade, então deixamos Deus do lado de fora de nossas casas. Se (ou quando) voltarmos à normalidade encontrarmos algum tempo para exercer a fé nominal, o faremos. Caso contrário, ela não nos terá feito falta. A verdade, contudo, é que Deus faz falta, mas a mente cauterizada não o percebe. Sentiremos a deficiência da fé se adoecermos mortalmente e formos expostos ao encontro com a eternidade. Ah, daí choraremos por não termos nem certeza do que virá e nem alguma âncora real na qual ancorarmos a nossa alma. E a morte está na agenda do dia em todo o mundo!
 
Aqueles, contudo, cuja fé não era vã e que conheciam a verdadeira experiência com Deus não deixaram o Senhor fora da quarentena, não suspenderam a sua vida devocional. Pelo contrário, levaram consigo toda a sua comunhão com Deus. Cristo, o Senhor, tornou-se mais presente do que nunca! Ao redor de Jesus as famílias renderam as suas vidas e deixaram-No falar através das páginas da Bíblia, dos hinos de louvor ao Senhor, dos encontros virtuais com quem nEle também crê e com as atividades da igreja que estão a funcionar à distância. As igrejas de Cristo nasceram nos lares e reencontraram o seu viveiro fértil no seio das famílias confinadas. Cristo está nessas casas e a Sua Palavra é a única que tem fundamento, é verdadeira e satisfaz a alma.
 
Certamente este é um tempo de exceção. Não será para sempre e nem pode, pois a vida deve continuar. Mas enquanto somos obrigados a ficar em nossos cantos, reencontremos a razão de nossas vidas. Reencontremos a nossa família. Restauremos o bom relacionamento com os nossos familiares. Cultivemos a generosidade e a operosidade do amor. Derrubemos as muralhas construídas ao longo da vida e trabalhemos em prol do fortalecimento de nossos laços. Mas, acima de tudo, deixemos Deus estar presente, buscando-O com fé, fundamentando a Sua presença com o que Ele ensina na Bíblia Sagrada, a Sua Palavra, e renovemos o nosso amor pelo Senhor.
 
Se Jesus voltar agora saberá encontrar os que O amam. Se não voltar sairemos do confinamento mais humanizados e mais crentes em Jesus.
 

Wagner Antonio de Araújo

quinta-feira, 19 de março de 2020

memórias literárias - 860 - DISTRAÇÕES

DISTRAÇÕES
860
Enquanto o inimigo virótico penetra nas vias respiratórias dos brasileiros, os governantes fazem guerra por panelaços, acusam outras nações como as vilãs, exibem seus egos buscando evidência nas reportagens e deixam a pandemia tomar proporções trágicas. Que falta nos fazem homens e mulheres estadistas, eretos, focados no bem do país, na saúde da população, no alcance de resultados! A maioria dos políticos está distraída a contemplar o próprio umbigo!

Enquanto os trabalhadores são impedidos de cumprirem os seus compromissos profissionais, em virtude das suspensões de atividades da indústria e do comércio, demitidos ou com salários suspensos por período incerto, a vasta maioria da população ainda não parou para contribuir com o toque de recolher. Muitos estão fazendo churrasquinho nos quintais, bebendo com os amigos, assistindo pornografia na internet ou visitando-se mutuamente. Ainda não perceberam a gravidade da situação, que quanto mais tempo não nos recolhermos mais tempo daremos à epidemia, como se cada um de nós fosse um feixe de lenha na manutenção da fogueira. Distrações!

Enquanto pastores midiáticos tentam posar de heróis da fé impedindo as suas igrejas de fecharem as portas para evitar a propagação do virus, buscando um destaque de paladinos da liberdade religiosa, permitem que o virus corroa as defesas físicas de seus membros e amanhã colherão sepultamentos desnecessários. Esquecem-se que as portas do Inferno não prevalecerão contra as igrejas de Cristo e que IGREJA não é o TEMPLO mas o POVO DO SENHOR! Não importa onde se reúnam, se numa catedral, numa tenda ou em conexões de internet. Distraem-se em discussões vazias enquanto o povo clama por comunhão, pregação, oração e fortalecimento!

As distrações sempre foram uma grande arma nas mãos de Satanás. Ele sabe entreter os crentes incautos e a população mundial.

Foi por causa da distração do pecado que o mundo foi condenado ao dilúvio e só perceberam a gravidade do problema quando a arca flutuava no meio da enchente. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. (Mt 24:39)

Foi por causa da distração que o povo de Sodoma e Gomorra deixou de olhar para o céu e verificar a enorme tempestade de fogo e enxofre que chegava; estavam muito ocupados com as suas devassidões e vidas pecaminosas. Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno. (Jd 1:7)

Foi por causa da distração que o povo hebreu caiu na devassidão da idolatria, porque não aguentou esperar pelo regresso de Moisés do Monte Sinai. Se tivessem sido pacientes não teriam sido amaldiçoados no deserto. Mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu. (Ex 32:1)

Ah, a distração! Quantos agora estão cheios de vontade ir para as igrejas porque estão fechadas! Nunca iam, desdenhavam da Escola Bíblica Dominical, dos cultos da noite ou das reuniões de oração. Sempre tinham algo para fazer, para entreterem-se, para distrairem-se. Agora, por não poderem (ou não deverem) estão cheios de religiosidade, a mesma que levou milhões às igrejas por causa do 11 de setembro nos Estados Unidos, mas foi de pouca duração, pois as distrações voltaram! E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos a porta! (Mt 25:11)

Precisamos de crentes que não se distraiam! Precisamos de homens segundo o coração de Deus, que não tenham medo senão do pecado e que não tenham outro objetivo senão amar ao Senhor de todo o coração, buscando fazer a Sua vontade em primeiro lugar! Então dali buscarás ao SENHOR teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma. (Dt 4:29)

Agora que estamos confinados em nossas casas, quais serão as nossas distrações? Passar o dia a jogar videogame? Assistir Netflix? Acompanhar publicações políticas de toda ideologia possível? Será que passa pela nossa cabeça fazermos o que os cristãos após a ascenção de Jesus fizeram?

Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos. (At 1:14)

Sim. Eles aguardavam a promessa do Senhor Jesus Cristo, de que o Espírito Santo viria batizá-los em poder, capacitando-os como testemunhas da ressurreição e da vida eterna. Eles seriam poderosamente visitados. Mas era preciso perseverar em oração e em súplicas. E isso fizeram. O resultado nós todos sabemos: a vinda definitiva do Espírito Santo sobre a igreja.

E nós? O que poderíamos fazer durante a nossa privação de locomoção, de passeios, de comércios e de trabalho? Eu sugiro dez coisas.

1) Manter uma vida intensa de devoção, de oração, de leitura da Bíblia e de comunhão, pois Deus leva a sério a oração de quem leva oração a sério!

2) Ler bons livros cristãos - há tanta literatura disponível, estudos bíblicos confiáveis, biografias missionárias, textos que edificam e que trazem propagação do conhecimento! Há tempo para ler!

3) Ajudar a quem precisa - sempre há um idoso ou alguém desprovido de condução, que precisa de ajuda no mercado, na farmácia, no posto de saúde, seja onde for. Os cristãos foram os primeiros na história a HOSPEDAR doentes, criando HOSPITAIS. Nós podemos dar o exemplo, buscando ajudar os vizinhos que de nós precisem, os nossos familiares, amigos e irmãos em Cristo.

4) Testemunhar do evangelho - Testemunhar é contar o que Cristo fez em nós e como nos salvou do poder do pecado e nos deu a certeza de salvação. É contar como foi que Cristo nos regenerou, nos justificou, nos deu nova vida. A fé vem pelo ouvir e ouvir da Palavra de Deus. Sejamos oráculos do Senhor!

5) Servindo em casa - há tanto o que fazer! Há roupas para lavar, louças para guardar, o chão para limpar, os móveis para manter limpos, a comida para fazer, crianças e idosos dos quais cuidar! Se estamos em casa, que sejamos úteis, cada um fazendo um pouco, cada um fazendo algo em prol da família e dos que nos cercam!

6) O culto doméstico - Enganam-se os que pensam que as leis podem fechar as igrejas do Senhor. Não podem! E aqui no Brasil ninguém quer fechar igrejas. Se não podemos nos reunir publicamente por questões de saúde pública, podemos nos reunir com a nossa família para juntos adorarmos a Deus. Podemos atender às agendas de nossas igrejas locais, que nos derem cultos on-line para participarmos. Podemos encher a nossa casa de hinos, de oração, de testemunho e de fé.

7) Olhar para frente, para cima e para Deus - Se nos distrairmos com as notícias, com as informações que chegam às toneladas, com a histeria coletiva, com o medo, com o desespero, com a angústia de não sabermos o que haverá no dia seguinte, com a queda catastrófica da bolsa de valores sucumbiremos e levaremos a família junto. Mas se formos homens e mulheres valorosos, crentes de verdade, dinâmicos, que verdadeiramente confiam no Senhor, que têm fé valorosa e autêntica, então não nos distrairemos com os pensamentos perdidos do desespero, mas seremos mais que vencedores pela nossa fé!

8) Gratidão e cultivo da alegria - Se há uma tônica na Bíblia é a de que devemos ser gratos. Gratos pela comida  - e gratos quando não temos variedades disponíveis! Gratos pelo refrigerante - e gratos quando só há água para beber. Gratos pela sobremesa - e gratos por termos uma laranja apenas (ou nem isso...). E sermos alegres porque o Senhor é quem nos sustenta. E, por pior que estivermos, estaremos muito melhores do que muita gente!

9) Manter comunhão com a nossa igreja - Não é porque os cultos públicos não estão acontecendo (e se não estão é por amor às pessoas a quem amamos e não porque o governo é inimigo do evangelho) que deixaremos a nossa comunhão, o nosso relacionamento, a nossa participação. Temos celulares, temos whatsapp, temos facebook, temos transmissões online, temos inúmeras maneiras de estarmos juntos! Conversem com seus pastores e criem maneiras lindas e únicas para este momento, que trarão saudades no futuro! E não deixemos de manter o suprimento em dia na Casa do Senhor, dentro de nossas possibilidades e fidelidade.

10) Não gastar dinheiro naquilo que não for pão - não é hora de consumir algo que não seja gênero de primeira necessidade. Agora é hora de contenção de despesas, de foco naquilo que mantém a vida, naquilo que realmente é importante. E precisamos estender a mão para quem precisar, não importa quem! Se fizermos isso Deus irá nos abençoar.

De duas, uma: ou a crise vai passar e iremos reconstruir o que for perdido, e sairemos muito mais fortes de tudo isso, ou Jesus voltará para nos levar. E aqueles que morrerem por causa do virus (e alguns de fato irão partir), creiam: Jesus Cristo nos salvou para conceder a vida eterna. Se há algo que o crente deve ter em mente é que ele sabe morrer, além de saber viver. Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor.

Espero ter contribuído com a reflexão de meus leitores. São as que tenho feito e por onde tenho norteado a minha conduta.

Wagner Antonio de Araújo,


do foco da pandemia no Brasil, São Paulo.

quarta-feira, 18 de março de 2020

memórias literárias -859 - O ANJO DA MORTE

O ANJO
DA
MORTE
 
859
 
Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir. (Ex 12:23)
 
Deve ter sido uma noite horrível, tanto para os egípcios quanto para os hebreus. Os primeiros, que sabiam da ameaça divina, pagavam para ver, crendo e descrendo, inativos e amedrontados. Para os hebreus tudo era inacreditável, ao mesmo tempo maravilhoso e tenebroso. Poderiam contar com a libertação, o que seria fantástico. Mas estariam diante de um horizonte desconhecido, sem lar, sem comida, sem abrigo, sem nada, e isto era amedrontador.
 
Eu posso até imaginar as pessoas a olhar o sol se pondo na linha do horizonte. Um estranho silêncio, uma sensação de que algo horrível está para acontecer. O luar começa, a noite é silenciosa, calma, mas amedrontadora, desesperadora. No arraial dos hebreus um festejo novo, uma celebração de algo que ainda não sabem bem o que é. Têm ordem de regozijo, de criar um memorial, mas o coração está ansioso, preocupado, talvez desesperado.
 
Nós sabemos o que aconteceu. Milhares e milhares de cadáveres surgiram nas cidades egípcias, em toda casa e em toda família. Gritos de dor, de angústia, de tormento, de desespero e de medo. Entre os hebreus a perplexidade pelo livramento global, a certeza de que estavam a viver o momento mais impressionante de sua história. Talvez tristes por saberem que amigos pereceram, mas cheios de expectativa sobre o dia seguinte.
 
Hoje eu saí pela rua a cumprir tarefas domésticas e paternais. No supermercado, as pessoas estão comprando de forma histérica e olham uns aos outros como inimigos iminentes. Afastam-se e  evitam até cruzar os olhares. Os celulares tocam freneticamente, posicionando familiares sobre os produtos que faltam, sobre as notícias do trabalho, sobre o dinheiro que derrete nas bolsas de valores. O rádio informa sobre entrevistas com políticos que tentam de todas as formas conter a praga invisível, sem, contudo, perderem a chance de figurar como os heróis da crise. E no céu o sol está a brilhar, acalentado por uma brisa mansa e de maus presságios, soberana sobre as aflições humanas. O inimigo fatal está se propagando, sem detença, sem bloqueio, sem freio, sem dó, sem piedade.
 
No caso dos egípcios nós sabemos as razões. Afrontaram a Jeová, cuspiram em Sua deidade, macularam o Seu Nome, perseguiram o Seu povo e ousaram contra o Seu poder e autoridade. Diante de nove pragas eles pensaram que as tragédias fossem meras coincidências, encantamentos mágicos ou fenômenos que pudessem ser detidos. Na última, tomaram consciência de que Jeová era Deus e que não podiam contra Ele.
 
Hoje a situação se repete.
 
No Carnaval 2020, o meu país sambou e praticou a devassidão sem detença, sem limites, sem pejo e sem qualquer pudor. As mídias transmitiam os pecados e incentivavam a todos a dar liberdade aos demônios interiores. Na avenida colocaram um jesus mundano, vitimizado pelos seus próprios pecados e expuseram o Senhor à ignomínia, à vergonha, ao ridículo. E foram premiados e  elogiados. Pastores diabólicos levaram as suas igrejas ao samba, ao carnaval e um deles tornou-se parceiro dessa maldição. Outros deram vasão à devassidão humana e emporcalharam-se no mal. O SENHOR ESTAVA ATENTO.
 
Na Europa os países mantém a política de descristianizar as populações, impondo tantas dívidas aos templos que estes têm que ser vendidos e transformados em restaurantes, bares, boates e centros de arte anticristã. Na Inglaterra, o filho de Billy Graham foi desconvidado a pregar num evento evangelístico porque posicionou-se contra a união entre homens e homens, recebendo das autoridades um selo de persona non grata. Nos Estados Unidos, as igrejas se tornaram grandes clubes contemporâneos de fé sem crença, de evangelho sem compromisso e exportam os seus sistemas de crescimento comercial religioso, pintando as igrejas de preto, fazendo das plataformas palcos de programas de entretenimento e implementando uma moralidade anti-bíblica de comportamento, com recasamentos e casamentos entre iguais.  O SENHOR ESTAVA ATENTO.
 
Na Ásia, os países se tornaram grandes, poderosos, ricos e cheios de poder econômico. Mas as nações com liberdade religiosa abandonaram gradativamente a fé, que lhes serviu apenas de catapulta para alçarem vôos de prosperidade e hoje Jesus ocupa o último lugar de suas atenções. Já nos países totalitários, o povo pode comprar e vender, mas não se permite a fé cristã, de modo que bíblias são confiscadas e é impedido o ajuntamento público e oficial. O SENHOR ESTAVA ATENTO.
 
E em todo o mundo o assassinato em massa vai acontecendo dia e noite, através da fome, das drogas, dos homicídos e principalmente dos abortos permitidos ou clandestinos, matando milhões de inocentes. E nesse último caso, os governos cedem a essa ideologia maldita e aprovam a permissão para que as mulheres e todos os terceiros envolvidos  cometam os assassinatos com segurança e conforto. O SENHOR ESTAVA ATENTO.
 
Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor. (Jr 22:29)
 
Mas a Terra não quis ouvir. E hoje os cristãos decidiram não ouvir também. Basta algum servo do Senhor pregar sobre a volta de Cristo, contra o pecado, a favor da santidade e é extirpado dos púlpitos, das ordens e convenções eclesiásticas, das congregações locais. Mensageiros do juízo são tidos como estorvo, erva daninha, como inimigos do amor e da paz eclesiástica. O SENHOR ESTÁ ATENTO.
 
E então aquilo que mais parecia fábula ou uma realidade apenas imaginária, simbólica, avassala o planeta todo: UMA PANDEMIA QUE PARALISA A ECONOMIA, QUE CONFISCA BENS, QUE ISOLA PAÍSES, QUE CONFINA PESSOAS, QUE MATA IMPIEDOSAMENTE. Não apenas através da enfermidade adquirida, mas transformando em pó toda a economia dos últimos 30 anos! Voltamos à década de 80!
 
Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas. (Lc 21:26)
 
E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. (Lc 21:25)
 
E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; (Ap 6:16)
 
Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, (Sf 1:15)
 
Alguém pode perguntar: "Mas por que TODOS estão a sofrer? Por que o Senhor não preservou a Sua Igreja?" Eu respondo: nós não sabemos se esta é a GRANDE TRIBULAÇÃO. Se for (e há possibilidades de o ser), o arrebatamento virá A QUALQUER MOMENTO. Devemos estar atentos e preparados, pois os sinais apontam para uma situação de insolvência mundial, digna de um anticristo solucionador, que virá para enganar as nações. Eu digo: PODE SER, mas não disse que é. E se não for, mas tratar-se de um PRENÚNCIO, então será bom que o povo de Deus abandone os seus próprios pecados, caia de joelhos em terra e suplique a graça do Senhor. Deus não poupou os crentes nas guerras mundiais, nem nos tsunamis, nem nas gripes espanholas ou pestes diversas, mas deu-lhes a graça de servirem aos que sofriam como eles e salvou-os do pecado, concedendo-lhes a vida eterna. Essa nós temos em Jesus Cristo. Nada pode nos afastar dele.
 
E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. (2Cr 7:14)
 
Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, (Hb 12:12)
 
É hora de SANTIDADE, de EVANGELIZAÇÃO, de ESPERA, de clamar MARANATA!
 

Wagner Antonio de Araújo

segunda-feira, 16 de março de 2020

memórias literárias - 858 - O QUE FAZER NESTA CRISE

O QUE
FAZER
NESTA CRISE
 
 
858
O mundo está reproduzindo a antiga canção de Bill Gaither: "O mercado está vazio, seu trabalho já parou, o martelo dos obreiros o barulho já cessou. Os ceifeiros lá no campo terminaram seu labor, toda a Terra está em suspense, é a volta do Senhor! As cidades estão desertas, sua agitação parou, sai a última notícia: Jesus Cristo já voltou!"
 
Jesus Cristo não voltou AINDA. A sua volta é certa; a data não.
 
Epidemias e crises já aconteceram no mundo desde que Ele afirmou voltar. Esta geração não havia atravessado algo tão global e avassalador ainda. Quem viveu na crise de 1929 viu coisa pior. Quem atravessou a 2a. Guerra Mundial também. As demais crises foram todas ruins, mas talvez esta seja a crise recente mais danosa e ameaçadora da economia e da vida no mundo.
 
Pode ser a Grande Tribulação? Sim e não. Sim, no sentido de que não há um delimitador exato da época chamada Grande Tribulação. Há os que acreditam que a Igreja de Cristo não passará um único minuto naquele período; há os que crêem em um enfrentamento parcial da crise; há os que aceitam que a Igreja não será poupada desse período. Assim, sem clareza e consenso, tudo é possível, mas não há o que afirmar nem contra e nem a favor.
 
Se não for a volta do Senhor certamente é um juízo divino às gigantescas afrontas do ser humano à santidade de Deus. Quem viu e vê o que se faz contra o cristianismo a nível mundial percebe que há um Deus nos céus, que, ao acionar a Sua ira, torna o homem indefeso e absolutamente impotente. De que adianta toda a sua tecnologia, equipamentos, belicosidade ou orgulho quando um microorganismo consegue derrubar todas as pessoas e emperrar as rodas da economia? Onde está, ó homem, a sua grandeza diante de algo desconhecido?
 
Os índices mostram que o mundo está parando. As fábricas vão parar. A gasolina e o querosene não têm demanda, os vôos estão cancelados. As aulas estão suspensas, não há viagem para férias, não há demandas grandes o bastante para gerar feiras, eventos e encontros. E os trabalhadores em breve não terão o que fazer. E os patrões não terão como pagar os salários. E os mercados não terão como vender por não ter quem compre. Os laboratórios farmacêuticos não conseguem desenvolver algo contra o virus em pouco tempo. Assim, serão meses amargos e profundamente debilitantes. A própria internet, através da qual faço chegar este texto aos meus leitores poderá sofrer súbitos apagões. O que fazer?
 
Quero lembrar-me do que a Bíblia ensina.
 
Em 2 Pedro 3.11-12 lemos:
Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.
 
O nosso procedimento deve girar em SANTIDADE e PIEDADE.
 
SANTIDADE: uma vida separada do curso deste mundo, de suas imoralidades, indecências, futilidades, histerias. Uma vida dedicada ao amor a Deus e ao cumprimento de Sua Palavra no trato para com a família, com os vizinhos, familiares, amigos e até dos inimigos. Uma vida de oração, de fé, de pureza, de leitura bíblica, de consagração ao Senhor. Devemos nos santificar, nos libertar das amarras de uma vida ambígua, de um coração dividido, de coxearmos entre dois senhores e dar a Jesus Cristo todo o nosso coração e vitalidade. Chega de astearmos bandeiras político-partidárias ou de militâncias insanas; precisamos arvorar a bandeira de Cristo, vivendo por Ele e só para Ele.
 
PIEDADE: Uma vida de amor ao próximo e de compartilhamento cordial de tudo para com todos. Uma vida onde a fome do outro me leve a repartir o meu pão; onde a sede do outro me faça dividir a minha água; onde a necessidade do outro me faça repensar o próprio luxo e conforto e me conduza a mitigar o sofrimento alheio. A piedade me faz amar o próximo como a mim mesmo e a ter solidariedade em meio a tanto caos egoísta. Isto não significa assistencialismo populista ou mendicância voluntária; significa prontidão a ajudar no instante da necessidade, sem me sentir tolhido dos próprios direitos. E nós sabemos como fazer isso diante das oportunidades que o Senhor colocará em nosso caminho.
 
Por último, quero citar o texto de Marcos 13.33:
Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo. 
 
OLHAR - A nossa atenção deve ser de quem compreende o andar do tempo, o avançar dos ponteiros do relógio divino e a necessidade de proclamarmos o santo evangelho de Cristo. Talvez não haja mais tempo de grandes empreendimentos, mas podemos usar tudo o que temos e tudo o que somos para anunciar a salvação aos bilhões de perdidos, mostrando-lhes a necessidade de prepararem-se para a volta de Cristo ou para a morte que virá.
 
VIGIAR - Vigilância constante contra a tentação que nos avassala, que nos faz desviar a atenção para as distrações da fé: futilidades, brincadeiras, terror de mídia, medo de contrair doenças, desespero, medo do desemprego e da fome. Nós trocamos o medo pela confiança; o desespero pela esperança; o terror pelo vigor; a incredulidade pela fé.
 
ORAR - Sem uma vida de oração constante não suportaremos a pressão, não aguentaremos os trancos e não venceremos a histeria das massas. É preciso orar, passar tempo com Deus, ter o rosto e o olhar sob o brilho do Eterno Senhor, que nos renova as forças e nos faz confiar em Seu Nome. Somente através da oração não temeremos o homem ou a própria morte, pois tememos aquele que faz perecer no Inferno o corpo e a alma, mas que salva para o Céu e a vida eterna ao que nEle confia. Nós tememos a Deus
 
Wagner Antonio de Araújo

 

sexta-feira, 13 de março de 2020

memórias literárias - 857 - MINHA ESTRADA DA VIDA

MINHA
ESTRADA
DA
VIDA
 
857
 
Tenho tanto para dizer,
Tanto para falar,
Mas já está a anoitecer
E o tempo a passar.
 
A estrada segue à frente,
O sol brilha em seu tardar;
Já me sinto experiente
E a idade a pesar.
 
Faz bom tempo que cheguei,
Decidido a prosseguir.
Lentamente caminhei,
Motivado a conseguir.
 
Quantos tombos, quantas quedas,
Quantos talhos a curar!
Mas na frente sempre há festas
Para quem continuar.
 
E eu andei, subi, suei,
Chorei, cantei, amei, falei.
Na estrada em que caminhei
Muitos sonhos realizei.
 
Por vezes quis parar, desistindo da viagem.
Outras quis voltar, por me faltar coragem.
Mas sozinho nunca estive, Jesus comigo andou;
e de novo me animei e meu fardo não pesou.
 
A metade eu já andei e talvez bem mais até,
Não sei quanto ainda me falta para a viagem completar.
Peço a Deus que me dê força, me dê graça e muita fé,
E seguindo eu vou na vida com Jesus de Nazaré!
 
Obrigado, Deus querido, pela estrada por onde passo,
Pelo tempo, pela graça, pela família que formei.
Minha amada esposa Elaine, por quem vivo e tudo faço,
E por três filhos queridos, presentinhos que ganhei!
 
A minha Rute Cristina, minha flor de laranjeira,
Meu Josué Elias, meu tourinho do coração.
E agora Maria Isabele, a princesa derradeira
Que completa com beleza o trio da perfeição!
 
Obrigado, Pai querido, pela estrada que me deste,
Graças Te dou por tudo, por Teu zelo e Teu favor.
Que no resto de minha estrada rumo ao lar celeste
Eu consiga cumprir na vida tudo o que me propuseste!
 
Wagner Antonio de Araújo

13/03/2020

quarta-feira, 11 de março de 2020

memórias literárias - 856 - É PRECISO DIZER MAIS?

É PRECISO
DIZER MAIS?
 
856
 
Um virus adquirido do manuseio de morcegos, cobras e outros animais silvestres para a alimentação. De repente uma cidade inteira adoece. Pessoas em trânsito levam a enfermidade para outras partes da China, desembarcam na Europa, Estados Unidos e outras nações e está feito o estrago: um único virus silvestre em mutação consegue derrubar países inteiros. Fábricas fechadas. Comércio interrompido. Escolas sem aula. Hospitais em colapso. Pessoas a morrerem às centenas todos os dias. E a ameaça global de uma quarentena universal. E falamos apenas de um virus.
 
Uma demanda, em uma reunião onde não se chegou a um consenso. O petróleo custa muito e dá muito lucro. Mas dois países disputam a primazia e os lucros. Para não dar ao outro a vitória resolvem abaixar os preços e dobrar a oferta, derrubando o valor da gasolina e de todos os combustíveis. O que tanto se esperava, a queda dos preços, torna-se um monstro sem precedentes: a falência daqueles que vivem desse comércio. As bolsas de valores afundam. Empresas entram em falência. Milhões de trabalhadores correm o risco de perderem o emprego. Governos entram em colapso e o dinheiro desaparece. E falamos apenas de uma disputa localizada, de um produto bruto.
 
Será preciso dizer algo mais? Há alguma dúvida da impotência humana diante das catástrofes inesperadas? Há alguma dúvida de que estes fatos são o prenúncio da hora mais amarga deste universo, a Grande Tribulação? Alguém ainda considera isso uma fábula, uma lenda, uma impossibilidade? Os homens gabam-se de chegar até as partes mais longínquas do universo, orgulham-se por poderem criar em laboratório órgãos vivos, mas não são capazes de sair às ruas numa contaminação viral ou manterem as suas empresas numa quebra do mercado global. Onde foi parar a arrogância humana?
 
Quando olho os grandes templos cristãos da Europa a servirem de bordéis, de cabarés, de shopings, de casas de show, de bares e restaurantes, mantendo ainda objetos de culto para zombar da fé cristã, então eu me lembro de que há um Deus que tudo vê e a tudo retribui, até os atos mais nojentos desta humanidade. Quando vejo as marchas de mulheres pelo mundo inteiro pedindo o direito de matarem seus fetos na barriga, como se fossem tumores indesejados, como se fossem pedaços de si mesmas e não vidas novas e indefesas, quando vejo o sangue a escorrer das mãos dos governos que permitem milhões de abortos pelo mundo, eu me lembro da justiça divina. Quando penso nos governos que estão dando permissão ao suicídio assistido, com permissão médica, para pessoas que querem dar cabo da própria vida, eu compreendo a crise. Quando vejo casais deixando materiais genéticos nos laboratórios de procriação, mantendo embriões seus, seres vivos, na geladeira por anos até que sejam descartados como restos e não são considerados seres humanos, eu digo a Deus: justo és, Senhor. Quando vejo as praias serem invadidas pelas águas, levando barracas e chalés, derrubando os muros e destruindo a orla, quando vejo os morros das grandes cidades a despencarem e levarem consigo as casas construídas em terreno impróprio por culpa das sociedades que não deram condições condignas aos seus cidadãos (ou por culpa de pais de família que não pensaram nas consequências de morarem no pé dos morros) eu me lembro de Deus.
 
Por fim, quando vejo pastores malignos a dirigirem as suas igrejas ao despenhadeiro da fé, à imoralidade, ao carnaval, ao pecado, às falsas versões da bíblia, ao desamor generalizado, aos batismos de mentirinha no Rio Jordão, aos cantores gospel indecentes e amaldiçoantes com suas canções de duplo sentido, quando vejo o desamor generalizado nas igrejas locais (cujos beijinhos e abraços na hora do culto nada mais são que hipocrisia coreografada) eu penso no juízo de Deus.
 
O Apocalipse está sinalizando a sua presença.
 
Ainda há tempo de arrependimento e de fé em Jesus Cristo.
 
Até quando?
 
Não perca a oportunidade de render-se a Deus.
 
Porque o juízo divino está chegando. Ouça o ruído de suas armas. Olhe a itália, a China, olhe para o Brasil. Olhe para si mesmo.
 
Prepare-se.
 

Wagner Antonio de Araújo

terça-feira, 10 de março de 2020

memórias literárias - 855 - UM HOMEM DE DEUS

UM HOMEM
DE DEUS

855
 
Herdei o material literário do Pastor Timofei Diacov, aquele que me conduziu aos pés de Cristo. Um dos volumes de seu acervo é um livro de atas com 400 páginas, usado entre os anos de 1959 e 1961. Nele o Pr. Timofei escrevia as mensagens radiofônicas que transmitia semanalmente enquanto pastoreava as igrejas batistas em Pelotas e, posteriormente, de Santa Maria da Boca do Monte, ambas no sul do país. São 300 mensagens absolutamente únicas e no momento inéditas. Ele as escreveu com caligrafia própria, belíssima. Escreveu com pena e tinta, usando o mata-borrão para tirar os excessos. Eu creio que não haviam esferográficas na época. Trata-se de uma obra de arte e uma obra a ser recompensada na eternidade. Não tem preço.
 
Eu li a cada uma das mensagens. Li e meditei. Por vezes chorei. Em outras fui conduzido a oração. Deus as usa ainda para conosco falar. Mas há algo que transparece naqueles textos e que identifica o Pastor Timofei como um homem único: ele viveu a vida toda para pregar a salvação em Jesus Cristo.
 
Não há um único texto que não apresente Jesus Cristo como o único salvador para a humanidade. Não há artigo que não tenha por objetivo conduzir o leitor a um encontro real e verdadeiro com Deus. O Pastor Timofei viveu a proclamar a salvação. O seu púlpito era um símbolo da verdadeira evangelização. Ele jamais perdeu uma chance de pregar o evangelho. Ele nunca buscou qualquer outra coisa em sua vida, seja naquela época ou em qualquer outra, que não fosse cumprir piamente a missão que lhe fora confiada pelo Senhor. Ele a cumpriu integralmente.
 
Ele pregava, transmitia os programas de rádio, ensinava, escrevia, anunciava, lecionava, ainda que poucos lhe dessem atenção ou reconhecessem o seu valor. Ele, à semelhança dos heróis da fé, foi muitas vezes perseguido, abandonado, ridicularizado, porque não tinha outro interesse senão o de pregar a Cristo, o crucificado, que ressuscitou e que era o único salvador. Ele não falava sobre política, sobre ecologia, sobre vendas, sobre psicologia, sobre cinema, sobre literatura; ele não perdia tempo com coisas que não correspondiam à sua obra. Ele proclamava a Cristo.
 
Hoje ele descansa no Senhor, aguardando o glorioso dia da ressurreição. Ele está na presença de Deus, junto com os salvos, já a gozar da bênção da eternidade ao lado de Cristo. Ele receberá grande e extenso galardão no dia em que o Senhor julgar a Sua igreja. Muitos que povoarão o céu poderão apontar-lhe e dizer ao Senhor: "Foi ele quem me anunciou a salvação em Cristo". Serão as jóias de sua coroa. Eu sou uma delas, pois foi ele quem me conduziu aos pés de Jesus. Sou mais do que grato!
 
Mas a voz do Pr. Timofei Diacov calou-se. Como ele inúmeros outros proclamadores da salvação já se calaram, já cumpriram a sua missão. Infelizmente a presente geração de pregadores, alimentada com a ração do liberalismo, pouco ou nada entende de evangelização bíblica. Eles lotam as igrejas, de fato. Eles enchem as casas de oração de adeptos. Mas o que pregam, na maioria dos casos, é a mensagem da porta larga, do evangelho que não salva, do "self service" da fé, onde selecionam as partes dos ensinos cristãos que desejam, esquecendo-se do resto. Não é um evangelho integral. As vozes dos pregoeiros do Senhor vão se calando uma a uma. Entram em cena os pregoeiros dos falsos cristos.
 
Diante disto eu me lembro do texto bíblico que diz: "Como crerão se não houver quem pregue? E como pregarão se não forem enviados?". Eu oro para que o Senhor da seara levante pregoeiros da salvação para que anunciem o evangelho integral novamente, do jeito antigo, um evangelho que tinha cruz, tinha céu, tinha a renúncia ao pecado e a certeza da vida eterna. Um evangelho que transformava o coração do convertido e o fazia abandonar a vida de pecados, abraçando a vida de santificação. Um evangelho que era novo nascimento, regeneração, transformação. Sou grato por ter sido alcançado por este evangelho e por ter sido evangelizado pelo homem de Deus Pastor Timofei Diacov.
 
Oh, Senhor, envia trabalhadores para a Tua seara! À propósito, eis-me aqui ao Teu dispor também.
 
Que este seja de cada leitor cristão que tenho também.
 
Amém.
 
Wagner Antonio de Araújo

 

sábado, 7 de março de 2020

memórias literárias - 854 - O VALOR DO SILÊNCIO

O VALOR
DO
SILÊNCIO
854

Há hora para falar e não fazê-lo é crime e pecado. "Fala e não te cales!". É a voz do evangelista que proclama a salvação, é a voz de João, o Batista, a clamar no deserto no preparo de um povo em condições de receber o Messias de Israel. É a voz que denuncia o pecado e que não pode deixar de fazê-lo.

Mas há hora de calar. Há hora em que o silêncio é mais eloquente do que mil palavras. Há momentos em que nada dizer pode dizer tudo! Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. (Tg 1:19).

Assistimos perplexos às crises que o governo brasileiro provoca do nada, pura e simplesmente por não ser capaz de fazer um pouco de silêncio até que as suas próprias ações falem por si sós. Saímos de uma crise mal resolvida e, como um raio, sofremos novo impacto com outra, pior do que a anterior, sem qualquer razão útil ou fato novo! Jamais assistimos a tanto vozerio belicoso, confrontador e inútil.

Em nossas vidas pessoais somos vítimas do mesmo pecado e do mesmo erro. Quantas vezes destruímos um dia que poderia ter sido tão lindo com o simples fato de falarmos demais! Quantas vezes as nossas palavras amargam uma relação para sempre! Quantas vezes quebramos o cristal de uma sólida amizade pelo simples fato de dizermos coisas inconvenientes, coisas que estavam na ponta da língua e que jamais deveriam ter sido liberadas!

Há quem perca o posto de trabalho por não saber manter o silêncio. Há quem perca a aula por não colocar os ouvidos a postos pelo uso inconveniente da própria boca! Há quem destrua em cinco minutos a construção de meses de trabalho quando estoura emocionalmente e diz coisas inconvenientes para quem nem de longe deveria ter ouvido!

E se formos às igrejas perceberemos que grande parte de seus males está no poder da língua, este órgão tão pequenino e que se gaba de tão grandes coisas! A língua, segundo Tiago, é fogo que coloca em chamas uma floresta inteira. Por causa das palavras as guerras se levantam, os homens se matam, as famílias se separam e outros se suicidam. São as palavras que mais marcam uma infância mal dirigida. Palavras ruins dóem mais do que uma surra!

Quem fala demais costuma não ser valorizado, uma vez que os ouvintes têm que filtrar muito o que ouvem. No início até são levados em consideração. Com o tempo ele passa a ocupar o papel do bizarro, do bisonho, do estranho, do maluco. Acaba por tornar-se cão que ladra mas que não morde. Não morde mais atrapalha, machuca, enraivece, entristece.

Diz o autor de Eclesiástes que há tempo de falar e há tempo de calar. Há tempo em que devemos dizer o que pensamos e outro em que nos calamos para que apenas nós e Deus saibamos o que se passa em nós. Há tempo de tirar satisfações, mas há tempo de nada mais dizer. Jesus Cristo em um momento abre a boca e diz: "Quem de vós me acusa de pecado?"; posteriormente, quando indagado por Herodes e por Pilatos, resolve nada dizer. Há tempo para todas as coisas e há tempo de silêncio.

Eu já falei muito e em muitas ocasiões fui feliz. Em outras, entretanto, falei demais e não tive sucesso. Nos meus 54 anos de vida já experimentei todas as fases das palavras e do silêncio. E confesso: há muito o que dizer, mas também há muito o que calar. As frases mais contundentes que ouvi estavam em pessoas cujo silêncio me encantava. Falavam pouco, mas o pouco que diziam era de uma profundidade a toda prova. Palavras cujo valor em muito excederam o das pedras preciosas. Então eu decidi também ter palavras dessa importância, poucas e escolhidas.

Se cada um de nós fizesse um exame de si próprio, avaliando quantas palavras tem dito e que poderiam ter sido guardadas, nos espantaríamos com tanto vozerio perverso e deselegante. Se nos conscientizássemos de que seremos julgados por aquilo que as nossas bocas disseram, por aquilo que falamos pelos cotovelos, teríamos maior responsabilidade com as nossas palavras, sejam elas faladas, escritas, sinalizadas ou pensadas, pouco importa.

No silêncio voluntário da alma podemos encontrar a solitude da comunhão com Deus. E enquanto aquietamos a alma poderemos com maior certeza ouvir a voz de Deus, que fala em nossa quietude. Quanto mais quietos e atentos maiores as chances de ouvir a voz do Senhor. Lembremo-nos que foi assim que Elias ouviu a Deus: só depois que o terremoto, o vento e o fogo se evadiram, dando lugar à brisa mansa e sossegada de uma alma que se abre ao Senhor. "Fala, Senhor, porque o Teu servo ouve!".

Queira Deus que o meu silêncio não seja o da omissão, pois há hora para falar. Mas que seja um silêncio solene de quem diz tudo num olhar, num gesticular, num simples calar. Que os meus filhos aprendam comigo a falar menos e a dizer mais; a falar pouco, mas falar com poder e com graça; a falar as palavras que o Senhor colocar na alma e no coração.
Agora vou encerrar, pois preciso silenciar enquanto o meu leitor medita em minha reflexão, já agradecendo pela atenção dispensada.

Wagner Antonio de Araújo

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...