A cultura do
Dia de Finados surgiu no século XI, incentivados pelo Papa para que se rezasse
pelos defuntos fiéis que haviam falecido. No curso da história inúmeras
tradições foram adicionadas. No cômputo geral tornou-se o dia de ir ao cemitério
para passar tinta nos túmulos, lavar vasos, acender velas e lembrar dos que se
foram. Cuidar das sepulturas é um ato válido e lembrar-se dos que se foram
também.
Porém, tenho
alguns pontos de vista peculiares quanto ao assunto.
Sou daqueles que mantém a memória dos bons que se foram
viva, ativa, espalhando os seus valores e ensinamentos para que nunca deles nos
esqueçamos. E o faço todo dia, não apenas numa data do ano. Não me esqueço deles
o resto do ano. Para Deus eles estão vivos, todos eles! Foi Jesus quem disse: Ora, Deus não
é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos. (Lc
20:38).
A questão que
se coloca não é SE VIVEM, mas COMO VIVEM no além e se há o que fazer para mudar
o estado deles, de um mau lugar para um lugar melhor.
Para Jesus
Cristo só há dois lugares destinados aos mortos: o céu ou o inferno (e não
entraremos em detalhes técnicos sobre o significado teológico dos vocábulos).
E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para
a vida eterna (Mt 25:46). O Inferno é um lugar sequer classificado
como "vida eterna" (apesar de ser vivo e para sempre), mas "tormento eterno",
contínuo. Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se
apaga. (Mc 9:44). Tal destino sela-se com o falecimento da pessoa.
E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo
depois disso o juízo, (Hb 9:27). Jesus nos conta, na revelação do
rico e de Lázaro (Lázaro era pobre e enfermo, alimentava-se das migalhas do rico
e morreu; o rico era sovina e ímpio e também morrera; ambos foram ao além; o
rico ao inferno e Lázaro para o "seio de Abraão", o lugar dos justos), que o
rico pediu clemência e não recebeu; depois pediu para que algum morto salvo
fosse orientar os vivos e também não teve êxito. Para Abraão, eles tinham "a Lei
e os profetas', ou seja, a Bíblia. Já seria o suficiente. Esse texto (Lucas
16.9-31) deixa fechadas as seguintes questões: 1) todos morrem; 2) o ímpio morre
e vai ao tormento; 3) o justo morre e é acompanhado por anjos ao céu; 4) orações
no além não são respondidas; 5) os lugares dos justos e dos ímpios têm separação
intransponível; 6) ninguém volta de lá para executar missões de esclarecimento
aos vivos.
Assim, não há
vela que possa iluminar o caminho de um morto, caso ele não tenha partido sob a
luz de Cristo, que é a "luz do mundo". Se velas iluminassem um falecido, seria
fácil a um rico acender um holofote contínuo em cima da tumba do ente querido.
São esforços vãos. Depois do túmulo enfrentaremos o juízo. Por isso Jesus Cristo
veio ao mundo, para ser a salvação do pecador arrependido. Quem nele crê recebe
perdão dos pecados. Quem não crê não recebe, ainda que se celebrem rezas,
concentrações e se paguem oferendas pelo falecido.
Por isso o
cristão esclarecido não celebra O DIA DOS MORTOS, mas A VIDA ETERNA. Para mim os
falecidos que passaram pela minha vida estão vivos na minha memória e nas
recordações que deixaram. E os que foram salvos pela graça de Jesus estão no céu
e um dia nos reencontraremos felizes, salvos e juntos. Lá nós nunca mais diremos
ADEUS!
Minha mamãe,
meu papai e os meus familiares estão vivos no meu coração. E no além aguardam o
dia do reencontro. Triste, porém, será para os que não confiaram em Jesus
Cristo: estarão eternamente separados do Senhor e dos que são dEle.
Prepare-se,
amigo leitor, para o seu encontro com o Criador também. Não haverá reza ou vela
que lhe trará a salvação, se não tiver hoje um encontro verdadeiro com o Senhor.
Busque-o de todo o seu coração. Foi Ele quem afirmou:
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue
não andará em trevas, mas terá a luz da vida. (Jo
8:12)
Doeu-me o
coração ao ver uma membro de uma das igrejas que pastoreei há tempos atrás,
vestida de bruxa, com a boca a sangrar, com os olhos fundos e com chifres na
cabeça. Estava ela ao lado de familiares. Nos domingos ela chorava nos momentos
de consagração e no dia das bruxas ela deu a mão a Satanás... Ela não é a única.
A festa de Halloween é imposta pelas escolas de inglês aos alunos jovens como
mergulho cultural nos costumes anglo-saxônicos. Nestas festas, além do
tradicional "doces ou travessuras" dos pequeninos e das abóboras com velas
acesas, explora-se todo o lado sombrio do ocultismo, com invocação de espíritos,
com poções mágicas, com bruxaria, com a exibição de filmes de terror e com o
culto à morte e ao Diabo.
Alguém me
perguntou: "pastor, como será o Haloween este ano em sua casa? Suas crianças vão
se fantasiar?" Eu respondi: "Em minha casa não há espaço para a bruxaria, nem
para Satanás. As minhas crianças são dedicadas a Deus e só a Ele elas prestam
culto. Nós não precisamos disto para a nossa felicidade ou socialização".
Nós perdemos
o senso de perplexidade diante do satanismo. Nós nos acostumamos com o mal em
nossas telas, em nossas festas, em nossos pensamentos. O mal tornou-se banal e
até aceitável. Há um espaço em nós para o maligno. Em várias igrejas evangélicas
de fala inglesa é naturalmente aceita a prática, com reservas, com a parte
engraçada e bizarra da celebração. Entre nós, pela miscigenação, já há igrejas
que celebram a mesma coisa.
Para um
crente em Jesus Cristo não há data para o mal. Não há bruxas. No Velho
Testamento a feitiçaria era banida e punida com a morte. Foi a feitiçaria que
destruiu milhares de Israel no tempo de Balaão. Foi uma feiticeira que enganou o
Rei Saul. Ele foi condenado pela rebelião e pela consulta aos mortos. Foi por
ter libertado uma moça escravizada por um demônio adivinhador que Paulo foi
punido em Éfeso. E o livro de Apocalipse afirma que os feiticeiros não herdarão
o reino dos céus.
Somos
expostos à cultura maligna com futilidades nos seriados de monstros e demônios.
Hoje os desenhos de vampiros e de bruxas são comuns nos canais de televisão. Os
investimentos das grandes produtoras na temática do terror batem recordes todos
os anos. O povo ama explorar o maligno. Cultos com exibição de endemoninhados
tornou-se desejoso e comum e até necessário para atrair público no mundo
neopentecostal. Eles dizem que para haver poder tem que ter demônios a pularem.
Não. Não
preciso de Haloween para que os meus filhos tenham doces e guloseimas. As
travessuras infantis não precisam ser consequência do não atendimento de suas
vontades, como uma consequência em não se aceitar a imposição do mal. Não
preciso de abóboras com velas, nem de chapéus de bruxas, nem de música de terror
e nem de estórias de assombração. Quando eu me converti a Cristo a minha vida
foi iluminada; por que eu buscaria a escuridão novamente? O meu culto a Deus não
precisa de demônios. Se em minha casa eu exijo respeito por parte de quem a
visita, na Casa de Deus não há espaço para a exibição de shows tenebrosos de
gente escravizada. Onde a luz brilha as trevas desaparecem. E a Casa de Deus é a
casa de luz!
Que não
coxeemos entre dois senhores. Que crentes não participem de festas de bruxas nem
por brincadeira. Porque nós sabemos que Satanás cobrará a fatura. Chega de dar
legalidade aos ataques do Inferno. Somos povo de Deus, gente do Senhor, ovelhas
de Cristo. O maligno não nos seduzirá. Todos os dias, em minha família, são dias
dedicados ao Senhor, o Pai das Luzes! Toda a boa dádiva
e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há
mudança nem sombra de variação. (Tg 1:17)
E quanto a
mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós; antes
vos ensinarei o caminho bom e direito. (1Sm 12:23)
Aquele,
pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg
4:17)
De maneira
que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. (Rm
14:12)
Eu não quero
esquecer-me de orar diariamente pela minha filha. Afinal, Deus confiou-a aos
meus cuidados para que dela eu cuidasse. A nossa responsabilidade como família é
prepará-la para uma vida frutífera, com valores bíblicos, com um caráter forjado
no melhor lar que pudermos formar para o seu bem. Eu tenho que orar por ela.
Todos os dias. Em todo o tempo. Orar pela sua saúde, pelo seu raciocínio, pela
sua educação, pela sua proteção, pela sua segurança, para que Deus desperte nela
uma mulher honrada, fiel, íntegra e temente ao Nome dEle.
Eu tenho que
orar pelo meu filho. Não posso esquecê-lo um só dia. Ele é tão pequenino, tão
frágil, mas vai crescer, vai tornar-se um garoto, um adolescente, um jovem. E,
quando a idade chegar ele terá que portar valores que o conduzam nos momentos em
que papai e mamãe não estiverem ao seu lado. Ele terá que saber dizer não ao
errado e sim ao certo. Oro para que Deus o proteja de qualquer acidente, de
qualquer crime, de qualquer má influência. Oro para que seja um homem de
caráter, um homem íntegro, honesto, decente, fiel e absolutamente cristão.
Eu oro por
minha esposa, esta jóia que Deus me deu como companheira, uma jóia da Realeza
que convive com este pequeno servo. Oro para que a cada dia possa fazê-la feliz.
Oro para que juntos sirvamos a Deus em espírito e em verdade. Oro para que
sejamos os mestres de nossos filhos e um cartão de visitas do Céu para quem
conosco conviver. Oro para que jamais durmamos tristes um com o outro. Oro para
que todas as tentações sejam vencidas e que o Amor vença a qualquer obstáculo.
Oro para que ela veja em mim um homem de Deus e eu nela veja a mulher segundo o
coração do Senhor. Oro para que não percamos um segundo com futilidades e que
invistamos tudo na primazia da virtude e da consagração.
Oro pela
minha família. Minha irmã adotiva tão amada e tão querida, para que Deus lhe
conceda dezenas de anos junto conosco. Oro pelo meu irmão e por sua maravilhosa
família, para que perseverem sempre na fé e que nunca tenham falta de qualquer
coisa. Oro para que ele seja protegido por Deus em cada viagem semanal que faz e
que sempre volte são e salvo para o seio de sua família. Oro pelos familiares de
minha esposa, para que tenham Jesus como alvo, como esteio, como meta, e pelos
meus familiares, para que sejam felizes e encontrem a fé que salva e que mostra
o verdadeiro caminho para o Céu, Jesus Cristo. Oro pela minha mãezinha
portuguesa, mãe de consideração, por quem tenho tanto e tão profundo
afeto!
Oro pelos
meus vizinhos, para que sintam em nós algo que não podem ter por si sós (e nem
nós!). Se temos algo especial trata-se de uma concessão do céu, a presença de
Cristo! E se nós, indignos que somos, a temos, eles também podem ter se tão
somente entregarem-se a Jesus Cristo de todo o coração. Oro pelos governos
brasileiros: o presidente da República, o Congresso Nacional, o governador do
estado e os deputados, o prefeito da cidade e os vereadores. Oro pelo poder
judiciário em todas as suas instâncias. Oro pelo poder militar do Brasil
(Exército, Aeronáutica e Marinha), para que honrem a nossa bandeira dia após
dia.
Oro pelas
igrejas onde já servi ao Senhor (IB Sumarezinho, IB Vila Mirante, IB Vila Souza,
IB Boas Novas do Jardim Brasil, IB Bela Vista, IB Boas Novas do Rodoanel) e por
cada uma das igrejas e congregações que interinamente já pastoreei, organizei e
cuidei. Oro pela igreja onde hoje cumpro agenda semestral de auxílio ao
pastorado, a já muito amada Primeira Igreja Batista em Vargem Grande do Sul. Oro
para que Deus ilumine o nosso coração para saber onde Ele deseja que o sirvamos
no próximo ano, se lá no interior ou em outro lugar. E que em toda a parte em
que estivermos possamos ser sal da terra e luz do mundo, dando o nosso
testemunho de que o Senhor é bom e que a Sua misericórdia dura para
sempre!
Oro por
aqueles com quem convivo à distância, às vezes de perto também. Oro pelos meus
leitores tão estimados. Oro pelos meus ouvintes do rádio, pelos meus assistentes
nos vídeos postados, pelos meus leitores de jornais e revistas, pelos que lêem o
meu livro. Oro por quem me conhece e com quem eu não tenho relacionamento
pessoal. Oro para que eu possa ser um pregoeiro da Palavra, alguém que jamais
cause escândalo, alguém que inspire fé e dedicação, jamais idolatria ou
bajulação. Oro para que Cristo cresça e que eu diminua. E oro para que eu
alcance o Arrebatamento, a volta gloriosa do Senhor. Porém, se Ele ainda não
voltar nos meus dias, que a minha morte O glorifique, deixando um rastro de
fidelidade e de submissão aos Seus ensinos até o fim.
Diante de
tantos motivos pelos quais orar, onde eu poderia achar tempo para a depressão?
Onde encontraria espaço para o desânimo? Onde encontrar motivos para dizer: "não
tenho mais utilidade"? Não; pelo contrário, há muito por fazer, ainda que
ninguém veja. Eu não preciso tirar uma foto de joelhos para que Deus assim me
veja. A oração que vira show deixou de ser conversa íntima com o Pai. E Jesus
ensinou: "fecha a tua porta", isto é, prime pela privacidade de um encontro
efetivo com o Criador.
Ele ouve,
ainda que nada diga audivelmente. Ele sabe, ainda que não envie um protocolo de
recebimento. Ele anota, ainda que não haja um caderno material ou uma caneta
celestial. No momento certo perceberemos que a nossa oração foi aceita e que o
nosso trabalho foi coroado de êxito.
Longe de mim
deixar estes princípios.
E você,
leitor estimado, que tal seguir comigo neste afã?
Hoje, ao
levar a minha esposa para o trabalho, deparei-me com um jovem que dava dois
passos para frente, andava de lado e depois voltava. Em seguida coçava a cabeça,
caminhava mais um pouco e voltava tudo novamente. Enquanto o semáforo ficou
fechado ele fez isso várias vezes. Quando abriu eu o vi a repetir a mesma
cena.
Pensei:
quantos de nós fazemos a mesma coisa, só que sem
percebermos!
Nós ensaiamos
dois passos para frente. Tecemos um planejamento para a semana, para o mês, para
o ano, para os estudos, para um projeto de trabalho, para uma dieta alimentar ou
a busca de um emprego, para a vida espiritual. Nós até começamos. Mas, logo de
saída, paramos. Se fizermos uma análise de quantas decisões tomadas que não
deram em nada na nossa vida, veremos que grande parte dos esforços foi completa
perda de tempo. Somos semelhantes às obras inacabadas do governo: pontes cujas
estruturas estão assentadas, mas não foram construídas. Estradas demarcadas e
não asfaltadas. Hospitais que se tornaram antros de drogados, pois são escombros
a céu aberto.
Outras vezes
andamos de lado, patinamos. Até começamos bem. Mas algo nos fez repensar a
caminhada, deter os passos, mudar o rumo. As vendas caíram. As aulas perderam o
brilho. Os textos ficaram inacabados. A pintura parou pela metade. Nós mudamos
de ênfase no caminho e não fizemos nem uma coisa e nem outra. Faz-me lembrar da
anedota "de pensar morreu o burro": o burro olhava um fardo de feno e dizia: vou
comer deste; olhava para o outro e dizia: vou comer daquele. E acabou morrendo
de fome. Nós também: faremos isto; mas logo nos aparece outra coisa
interessante; largamos a primeira ou mantemos ambas sem priorizar a nenhuma. O
resultado: não saímos do lugar.
O triste é
quando andamos para trás. Sim, já havíamos vencido alguns obstáculos, já
havíamos construído alguma coisa. E então, subitamente, voltamos à estaca zero.
Um celeiro não se enche com a colheita de anos passados. Uma despensa não se
supre com as compras de quatro meses atrás. Assim também não podemos construir
nada se nos voltamos para o passado por puro saudosismo ou por desculpa de não
termos a força de antes. O passado é para ser celebrado, não para servir-nos de
trava. O Apóstolo Paulo dizia sobre o passado: Irmãos,
quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante
de mim, prossigo para o alvo ...(Fp 3:13-14). Quer dizer, o que ele
fez foi muito mais do que a maioria de nós fizemos. Mas, para ele o importante
era avançar, continuar, caminhar, chegar mais longe! Não como Demas, um
cooperador tão eficaz no princípio e que abandonou a fé. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para
Tessalônica. (2Tm 4:10).
Para
terminar: Dona Justina, a saudosa mãe de Milú (minha irmã adotiva), veio passar
uns meses aqui em casa, isso há alguns anos. Ela viu o jardim de nossa casa
completamente coberto de mato. Eu já tentara tratá-lo e até começara, mas quando
a dificuldade aumentava (muito mato, muita praga, muito lixo) eu desistia. Ela,
mulher da roça, não considerou tais obstáculos intransponíveis. Aos oitenta anos
fez do nosso jardim o seu investimento. Todo dia ela ia até lá e gastava uma ou
duas horas no cultivo. Arrancava um mato aqui, mexia na terra ali, semeava
acolá. O resultado: em dois meses havia a horta mais produtiva que já tivemos:
rúcula, alface, tomate, acelga, catalonha, salsinha etc. Enchíamos sacos de
hortaliças e distribuíamos para a vizinhança, para os parentes e para os irmãos
da igreja. Tudo porque uma mulher decidiu andar, não olhar para os lados, não
retroceder e atingir os seus objetivos, andando para a
frente.
Caro leitor,
não volte atrás. O passado não pode voltar. Admire-o, relembre-o, ou esqueça-o
(se não for edificante), mas compreenda: o passado já passou, nunca mais
voltará. Também não ande de lado, coxeando entre dois objetivos. Quem quer muito
nada tem. Será melhor trabalhar por um bem feito do que dois pela metade. Assim,
ande para frente, olhando para o alto, para Cristo, para o Senhor. E, pela fé,
vença os obstáculos e vença a si mesmo. Dize aos filhos
de Israel que marchem. (Ex 14:15)
Após 22 anos
de serviços ao Senhor na Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba,
São Paulo, Brasil, Deus nos orientou no sentido de deixá-la. Há muito tempo
aprendemos que sábio é o ministro que sabe a hora de encerrar um ministério. Sob
a orientação do Espírito Santo conduzimos a igreja a empossar o Pastor Aparecido
Donizete Fernandes à frente do trabalho. As notícias que recebemos por parte
daquela amada igreja não poderiam ser melhores: excelentes cultos, excelentes
pregações, envolvimento da membresia no encorajamento e no dinamismo das
atividades. No último final de semana tiveram uma programação para a família e
vi fotos com dezenas de crianças do bairro. Por tudo isso minha esposa e eu
rendemos graças a Deus pelas bênçãos sobre a nossa antiga igreja e sobre o nosso
amado colega sucessor!
Em menos de
um mês fomos convidados pela Primeira Igreja Batista em Vargem Grande do Sul,
para assumir o ministério auxiliar. A igreja é pastoreada pelo veterano obreiro
Pastor Samuel Lima de Oliveira. São mais de três décadas à frente daquela amada
igreja. Fizemos um acordo de que iríamos participar das atividades duas vezes
por mês até o final de 2018, após o que a igreja decidiria se iria ou não nos
convidar para assumirmos a presidência e a titularidade do ministério. Desde
julho a nossa família viaja para lá, acolhida nos lares dos irmãos para as
refeições e utiliza uma das salas da Escola Bíblica Dominical para se hospedar.
Já estamos no quarto mês. Dentro de dois meses vencerá o nosso tempo e então
saberemos o que o Senhor determinou para a vida da igreja e para a vida de nossa
família. Durante este período continuamos disponíveis para quaisquer convites
nos interregnos de nossas idas à Vargem Grande do Sul.
Este final de
semana foi muito especial. Saímos de casa na manhã do sábado, dia 13 de outubro
de 2018, e rumamos para Vargem Grande do Sul. Chegamos ao meio dia na residência
da querida irmã Amélia e de seu pai irmão José Luis. Estavam presentes
familiares deles, que nos acolheram maravilhosamente, concedendo-nos abençoada
refeição e comunhão.
O Pastor
Samuel, então, veio até nós, levando-nos até a igreja, onde Elaine e as crianças
ficaram. Ele e eu fomos fazer duas preciosas visitas. A primeira na casa de um
casal muito precioso: João e Maria. Camponeses aposentados, gastaram a vida nas
lavouras de laranja e jabuticaba. Ela, a esposa, recebeu a influência de
agrotóxicos, tendo perdido um dos olhos e obtido severos problemas de pele.
Quando lemos a Bíblia e pregamos, Deus falou aos seus corações e eles fizeram a
oração de entrega a Jesus Cristo. Foi maravilhoso!
De lá fomos à
casa da Irmã Mirtes, uma senhora muito simpática. Ela foi membro da igreja por
anos. Vimos sua família e ali oramos por eles. Foi um momento muito
precioso.
Ao voltar
para a igreja, cuidamos de nossos pequeninos e nos arrumamos para o culto que
seria celebrado na residência da irmã Rosa, aquela irmã que recentemente perdeu
o esposo. Sua casa é muito ampla e ela é extremamente acolhedora. Os irmãos
foram em peso. Os seus familiares estavam presentes também. Foi um culto
maravilhoso! Muitos hinos, a pregação do evangelho e o apelo evangelístico. Três
pessoas manifestaram-se por Jesus, identificando-se apenas para mim, sem que o
público as visse, pois estavam todos de olhos fechados. Foi-nos servido
excelente e delicioso lanche. De lá segui com Cristiane (filha do Pastor Samuel)
e Claudinho (genro) para aquela casa de macarrão tão acolhedora. Conversamos
bastante e pudemos ver as crianças divertindo-se no
pula-pula.
A noite foi
muito, muito quente. O termômetro marcava 30 graus às 23 horas. O nosso cômodo
na igreja estava torrando. Graças a Deus as crianças conseguiram dormir bem.
Elaine também, entre um choro de um ou uma fralda de outro. Eu cochilei, mas o
sono não foi contínuo. Porém, em tudo demos graças, pois o Senhor cuidou de
nós.
Pela manhã
tivemos a Escola Bíblica Dominical. Estavam presentes 23 irmãos. O Pr. Samuel
trouxe-nos a reflexão da manhã, baseada no Salmo 55. Depois eu lecionei a
matéria pertinente ao dia, da revista GENTE DE ORAÇÃO, da Editora Cristã
Evangélica, revista adotada pela igreja. Quando o grupo Glorioso Amor foi
ensaiar, fui até a residência da irmã Regina, cujo esposo, o irmão Marcos,
aquele que fora ao hospital recentemente porque a prótese da perna havia se
desolcado em virtude de um tombo, estava debilitado. Uma espécie de escara
abriu-se num dos pontos da perna, causando-lhe dores insuportáveis. Estive ali a
orar por ele. Eu implorei ao Senhor Todo-Poderoso por sua saúde. E aproveito
este texto para rogar aos meus leitores que orem por ele também, para que o
machucado feche e cicatrize. Se estiver lendo este texto em outubro de 2018, por
obséquio, ore pelo irmão Marcos!
Fomos à
residência da irmã Marlene e do seu esposo, Sr. Ramalho, para o almoço. Aliás, o
banquete! A quantidade de comida que esta irmã preparou foi inacreditável. Ela
cozinha por prazer e faz quitutes maravilhosos! Macarrão, carne assada,
maionese, salada, tudo maravilhoso! As sobremesas então, inacreditáveis: torta
de morango, de limão, jabuticabas gigantes, brigadeiros (feitos pela netinha),
tudo da melhor qualidade. Fomos até o quintal de sua casa. Há uma amoreira
extremamente carregada, algo de encantar! Ela tem goiabeira, aceroleira, abacaxi
mirim e muito mais! Quando saímos ela presenteou aos meus filhos com copos
lindos de criança. Ela é artesã também e faz lindos enfeites. Por tudo isso
rendemos graças a Deus!
O irmão
Israel veio nos buscar. Fomos, juntamente com ele, com Cris e Claudinho, para um
sítio (para mim é fazenda!) onde o genro da irmã Regina trabalha (ele é filho do
dono). Um sítio que fica a 5 quilômetros da cidade. Meu Deus, que riqueza! Ele
tem vacas, bois, porcos de engorda, cabritos, cordeiros, galinhas, javaporcos,
tudo! Ele faz queijos, vende carne fresca puríssima, é simplesmente
extraordinário! O Sr. Rubens, o proprietário, foi muito gentil em deixar-nos ver
o seu sítio. Deu-me um pedacinho de leitoa assada (eu, que já não tinha mais
espaço), uma delícia! Compramos 3 queijos feitos no dia! Eu chorei ao ver as
minhas crianças conhecendo pessoalmente os bichinhos que só viam na televisão.
Pensei: "Já pensou morar numa chácara, onde pudéssemos ter nossas galinhas,
nossas árvores frutíferas, nossa horta, e as crianças terem contato com a
terra?" São sonhos que atravessam a mente e que nos deixam inspirados. Mas o
calor e o horário nos fizeram sair logo. Passamos numa sorveteria para acalmar o
calor e logo recolhi-me com a família na igreja, para o banho dos
pequenos.
Às dezoito e
quinze dei início à aula do DISCIPULADO DINÂMICO. O calor era intenso e não
havia chovido por lá. Chegamos a 43 graus às 14 horas, enquanto em São Paulo a
temperatura era de 19 graus, isso com uma distância de apenas 240 quilômetros!
Os alunos vieram. O nosso tema foi A IGREJA e a participação foi intensa.
Demos início
ao culto às dezenove horas. Criamos o costume de chamar os líderes e com eles
orarmos pela realização dos trabalhos no culto. Tem sido uma experiência
gratificante. Nessa noite havia mais de quinze visitantes, o que trouxe grande e
profundo contentamento dos irmãos e deste que escreve estas linhas. Cantamos
hinos, o grupo Grandioso Amor cantou os corinhos escolhidos, as criancinhas
falaram o Salmo 23 decór e tivemos a mensagem PEDRO, TU ME AMAS? Eu já a preguei
algumas vezes em outros lugares. Em cada um a ênfase se altera e eu penso que
Deus fala muito ao meu coração com o diálogo entre Jesus e Pedro. E tudo leva a
crer que falou também ao coração de toda a igreja. Ao final lágrimas diante do
Senhor. Não terminei o culto como de costume, com mais um hino e a bênção
apostólica, pois percebi que, devido à sensibilidade na mensagem e ao momento de
oração em duplas, tudo já estava de bom tamanho. Às vezes acrescentar alguma
coisa é ir além do que Deus já fez e disse. Então Pedi aos irmãos para se
saudarem e seguimos para o salão anexo, onde desfrutamos do BOLACHA QUEBRADA, a
sociabilidade que já está a se tornar tradicional entre nós. Desta feita tivemos
pão doce, biscoitos e refrigerante.
PREGAÇÃO -
PEDRO, TU ME AMAS? Pr. Wagner Antonio de Araújo
Momentos de
oração
Mas eu estava
extremamente cansado, com calor e ainda teria uma longa viagem pela frente. Não
tem sido fácil este processo de viagem, principalmente após o culto de domingo.
Mas minha esposa tem compromissos profissionais logo cedo e temos a nossa casa.
Saímos nove e meia da noite e chegamos aqui à meia noite. Milú já nos aguardava
com delicioso jantar. Eu logo subi para dormir e as crianças acabaram dormindo
com a mãe no sofá, exaustas que estavam. Ela os levou para a cama e assim
descansamos.
Espero que,
ao narrar estas coisas os leitores se motivem a orarem por nós, pedindo a Deus
que manifeste a Sua Santa vontade. Se for da vontade do Senhor, que em dezembro
igreja, pastor titular e pastor auxiliar entrem num entendimento que seja bom
para todos e que traga glória ao Senhor. Se não for, que nós tenhamos cumprido
bem o nosso papel de serviço semestral e que tudo o que Deus edificou seja
permanente e produza resultados de vida eterna. Nós queremos fazer o que Deus
desejar que façamos. Não forçaremos nunca um resultado. Hoje, com alegria, já
recebi telefonemas de irmãos, felizes ao ver tudo o que aconteceu ontem e a
maneira com que a igreja tem sido despertada pelo Senhor. Nós também estamos
agradecidos.
Obrigado,
leitores, pelo carinho em lerem o que escrevo. Eu o faço para registrar a
história de meu ministério e para inspirar a cada um a transformar em história o
que, de outra forma, seria apenas um acontecimento que em breve será esquecido.
Tudo o que fazemos deve glorificar ao Senhor e servir de testemunho do que Deus
tem feito em nossas vidas e através de nós.
Bendito seja
o Nome de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo! Amém.
O nosso mundo
contemporâneo, com tecnologia de comunicações imediatas, avalia o sucesso ou o
fracasso pelo número de curtidas, de "gostei" e de amigos inscritos em nossas
páginas virtuais. Um trabalho valioso recebe milhares de curtidas, enquanto um
trabalho medíocre somente "não gostei" ou um absoluto
silêncio.
Por mais que
compreendamos que este tipo plástico de fama e de reconhecimento não é
verdadeiro, somos contaminados pelo sentimento reinante, ora considerando
produtiva uma postagem repleta de apreciações, ora considerando sem resultado
uma outra sem visibilidade. Eu, por exemplo, como escritor, tenho artigos que
circularam o mundo lusófono com milhares de curtidas (artigos que falam de amor
romântico) e muitos outros onde não obtive um único "like" (aqueles que falam de
doutrinas bíblicas). Se eu fosse famoso os meus vídeos e textos teriam milhões
de seguidores. Como eu não sou, não tenho público imenso, independentemente de
textos ou vídeos serem ou não de boa qualidade. Um escritor ou pregador famoso
espirra e quinhentas mil pessoas dizem-lhe: "saúde". Não importa o conteúdo, o
motivo ou a absoluta insanidade do que tais celebridades religiosas façam; eles
serão vistos e terão um batalhão de seguidores.
Assim como
eu, muitos leitores produzem coisas qualificadas e não contam com a fama e o
reconhecimento da sociedade. O desejo de parar e de encerrar a obra pode surgir.
Eu confesso que já pensei inúmeras vezes em parar de escrever ou de postar as
minhas "memórias pastorais". Contudo, quando penso em fazer isso percebo que tal
sentimento não emana de uma razão legítima, mas emocional. A sensação de
invisibilidade e de pouco caso por parte daqueles que nos são caros, de quem
esperávamos algum retorno positivo ou negativo, é que quer decidir o nosso
continuar ou parar. Isto não é a razão certa e nem o motivo adequado. Parar ou
continuar deve ser motivado pela certeza de se estar fazendo a vontade de Deus,
não o fato de ser ou não ser percebido ou apreciado. O próprio Senhor Jesus não
foi percebido em sua pregação, senão depois de Sua obra vicária. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de
dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o
rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. (Is
53:3)
Quais as
razões para continuarmos a trabalhar, a fazer o que consideramos a nossa missão
e a não considerarmos os sentimentos como fatores decisórios? Alisto os que me
são importantes quando desejo parar.
1) A
consciência de que o que eu faço é da vontade de Deus. Para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus. (Rm 12:2)
2) A certeza
de que devo usar o que Ele me colocou à mão, não esperar o que um dia eu poderei
ter (ou não): E o SENHOR disse-lhe: Que é isso na tua
mão? E ele disse: Uma vara. E ele disse: Lança-a na terra. (Ex
4:2-3)
3) Se João o
Batista foi uma "voz que clamava no deserto", e ainda assim, imprescindível como
mensageiro do Senhor, quem sou eu para querer ser uma "voz que clama na
multidão"?
4) O que eu
faço, se é a vontade do Senhor, independe de ter ou não a aprovação dos homens,
pois não será deles que receberei a recompensa. E teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mt 6:6); Porque Deus não
é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o
seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. (Hb
6:10).
5) Em toda a
economia divina não há perda e nem deve haver desperdício. Se Deus confiou um
dom ou um talento a mim (e a você, que me lê), não foi para enterrá-lo e
devolvê-lo, mas sim para usá-lo e com ele angariar ganhos para o Reino.
Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e
trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos;
eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. (Mt
25:20)
6) Algumas
coisas que fazemos têm efeito imediato (por exemplo, algum testemunho das
bênçãos de um texto esclarecedor). Outros, contudo, podem gerar frutos muito
tempo depois, inclusive depois que partimos (sou abençoado com literaturas
escritas a mais de 100 anos, por heróis da fé que nunca imaginaram ser lidos
depois de tantos anos!). Assim mesmo também as boas
obras são manifestas, e as que são de outra maneira não podem ocultar-se (1Tm
5:25).
7) Por mais
curtidas que se receba, por mais 'likes" ou inscrições em blogs, canais ou
respostas escritas, nada disso distingue uma obra verdadeiramente relevante. A
glória dos homens é muito injusta. A verdadeira glória está em ser reconhecido
por Deus com um serviço que Lhe agrada e que, em última instância, é quem
julgará o que de bom fizemos com os dons confiados por Ele: E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, (1Ts
2:6)
8) Por mais
irreconhecidos que sejamos na obra que fazemos, orientados pela Bíblia e pela
vontade do Senhor, temos que confiar que há um Deus justo nos céus, que não
deixará sequer um copo de água fria por recompensar. E mais: ainda que o nosso
nome desapareça da face das memórias terrestres, ele estará escrito no Livro da
Vida, o que é imensamente mais importante! E qualquer
que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de
discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão (Mt
10:42); Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos
antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. (Lc
10:20)
9) Eu posso
celebrar, intimamente, uma obra completada, este artigo, por exemplo. Posso
alegrar-me diante de Deus por uma missão cumprida e disso só eu poderei
participar. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de
Deus. (Rm 14:22); O estranho não participará no íntimo da sua alegria. (Pv
14:10)
10) Devo seguir com a Obra
que o Senhor confiou até o fim, pois, do contrário, terei sido um tolo. Preciso
chegar ao fim da carreira com a consciência de que cumpri com o meu dever e
realizei a minha missão. Isso me fará descansar em paz e em confiança. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (2Tm 4:7);
Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem
tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até
àquele dia. (2Tm 1:12)
Não sou perfeito e não
tenho o elixir contra o desânimo. Mas, como dizia Paulo, esquecendo-me das
momentâneas tristezas, deixo-as para trás e prossigo para o alvo. Prossigo em
serviço a Cristo. Enquanto o que fizer redundar em glória ao Senhor, tudo estará
bem.