domingo, 30 de setembro de 2018

memórias literárias - 724 - DESTRUINDO INIMIGOS

DESTRUINDO
INIMIGOS

 
724
 
 
O pastor fez publicidade do culto daquela manhã. A manchete era: "A DESTRUIÇÃO DOS INIMIGOS"
 
Logo a notícia correu pelas mídias sociais, pelos aplicativos de comunicação rápida, pelos e-mails e na conversa entre as pessoas.
 
- O que? Um pastor tradicional entrando na onda dos neopentecostais? O que vai propor? Uma praga para quem for contrário? Oras bolas!
 
- Será que vai falar sobre algum tipo de libertação? Seria uma cura interior, libertação, quebra de maldições?
 
- Vai ver ele quer criar um partido político. Destruir o poder vigente com as idéias cristãs. Muito bom!
 
Chegado o dia o pastor afirmou, entre outras coisas:
 
"Irmãos, eu quero propor um plano para destruir os inimigos. Ele só funciona a longo prazo. Mas, conquanto não seja de resultado imediato, funciona de verdade. Às vezes ele atinge o inimigo; outras vezes nos atinge, e sempre para o bem."
 
"Eu quero que vocês pensem nos piores seres humanos vivos que atravessaram o seu caminho, ou que fazem mal à sociedade, ou que exercem poder de mídia. Pessoas que vocês, sem o pudor e o temor divino, desejariam matar bem devagarinho, para que sorvessem muito sofrimento. Quem são eles?"
 
Um senhor gritou: MINHA SOGRA! Levou um beliscão da esposa e o povo riu muito.
 
Outro falou: A BANCA QUE EXAMINARÁ O MEU TCC NA FACULDADE!
 
Lá atrás um funcionário demitido gritou: O MEU EX-PATRÃO!
 
E assim cada um foi citando o seu inimigo. Muitos falaram também do presidente, do governador, do cantor de sucesso e daquele canal de televisão. Depois que a maioria havia expressado a realidade de ter uma grande lista de inimigos, o pastor continuou:
 
"Agora quero que escolham sete destes seus inimigos, em ordem de importância, e escrevam a lista no papel que está junto ao seu banco. Peguem canetas emprestadas com os obreiros. Vamos. Preencham."
 
As pessoas, então, escreveram num papel as suas listas. Alguns riam, enquanto escreviam. Outros, com tanto empenho e ira, furavam o papel com a força da caneta. Um irmão gritou:
 
- Pastor, não dá pra aumentar o número para cinquenta? Sete é pouco!
 
Todos riram. Mas concordaram. Quando as listas estavam prontas, o pastor seguiu com sua proposta:
 
"Meus irmãos, olhem para as suas listas. Contemplem estes nomes que escreveram. Pessoas a quem consideram repugnantes, seres indignos aos seus olhos. Muitos o são mesmo! Outros nem tanto; talvez estejam aí por um problema que ainda não foi acertado. Não importa. São os nomes que a sua mente lançou como os seus piores inimigos. Vamos destruí-los?"
 
- S I M ! Foi o que todos responderam. Uns cinco começaram a rasgar o papel. O pastor gritou:
 
"Não façam isso, meus irmãos! Rasgar os nomes não irá apagá-los de suas vidas. Para destrui-los é melhor algo mais forte. Alguém sugere algo?"
 
Um irmão bradou:
 
- Matá-los?
 
Todos olharam preocupados para ele.
 
- Ei, que hipocrisia a de vocês! Eu tive coragem de perguntar. Será que ninguém aqui pensou nisso não?
 
"Sim, irmão, parabéns por sua coragem. Certamente que muitos pensam que pessoas de tão má índole deveriam estar mortas. Mas quero agora apresentar a arma para a destruição do inimigo. Vamos abrir as bíblias em Matéus 5.44. Levantemo-nos e leiamos todos juntos:"
 
Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; (Mt 5:44)
 
Uma irmã falou alto:
 
- Credo! Eu jamais faria isso!
 
Outro falou:
 
- Era esse o tal plano de destruição dos inimigos? Faça-me o favor! Tenho mais o que fazer!
 
E saiu do auditório. Alguns o seguiram. O clima tornou-se tenso. O pastor perguntou:
 
"Alguém mais quer sair? Sinta-se à vontade. Se não, deixe-me explicar:"
 
"Orar pelo inimigo é a maneira cristã de lidar com eles. É algo impossível para quem não for cristão de fato. Vou lhes contar uma coisa: nas cidades onde o Estado Islâmico era combatido os cristãos os recolhiam das ruas, dos muros arrebentados, dos carros bombardeados e os levavam para as suas casas. Tratavam de seus curativos, alimentavam-nos e davam-lhes acolhimento. Assim que os soldados se recuperavam, esbravejavam:"
 
- Vocês não sabem que eu sou inimigo de vocês? Não sabem que, se eu sair daqui, pego em armas e os mato? Por que me tratam bem?
 
Eles respondiam:
 
- Sabemos de tudo isso. Tememos as suas armas. Mas servimos a Jesus Cristo e dEle somos servos. Ele nos mandou pagar o mal com o bem e nos ordenou amar os próprios inimigos. Queremos o bem para você. E, mesmo não concordando com o seu comportamento, sabemos que a sua vida é preciosa. Que o amor de Jesus toque a sua vida!
 
Muitos destes soldados islâmicos estão se convertendo a Jesus Cristo e se tornando missionários voluntários nos próprios campos de combate. O amor de Cristo tem vencido o ódio com o qual trataram os cristãos. E o meu plano, que é o plano de Jesus Cristo, é o de orar pelos inimigos. Se tais pessoas não se converterem, pelo menos terão alguém a suplicar por suas vidas. E a Bíblia é clara: muito pode a oração de um justo em seus efeitos".
 
Alguém gritou:
 
- Mas, pastor, será que isso realmente dá resultado?
 
"Meu irmão, o Apóstolo Paulo disse: Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. (Rm 10:1). Se ele orou assim pelos judeus que o massacraram, chicotearam,  prenderam, apedrejaram e o obrigaram a refugiar-se em Roma e ali ser decapitado, então vale a pena orar também, pois os resultados, conquanto de longo prazo para frente, serão reais. Quantos judeus não se converteram a Cristo desde então? E, por causa destes judeus convertidos as igrejas do Senhor se multiplicaram, se expandiram e alguém trouxe o evangelho a nós aqui. O hinário que temos foi preparado por um judeu, Salomão Ginsburg. E se eu for citar quantos judeus serviram ao Senhor ao longo da história de nossa denominação, ficarei a noite toda a falar disso!"
 
- E como faremos, pastor? - Foi o que outro perguntou.
 
" George Müller, o grande herói da fé na Inglaterra, orou pela conversão de três filhos de um amigo. Um dos filhos converteu-se. Dez anos depois o outro. E, após a morte de Müller, o último. Pode ser que você não veja o resultado de sua oração, mas é possível, e que assim seja, que elas sejam um dia respondidas e você ainda verá tal pessoa transformada e no céu!"
 
"Ore por eles. Eles deixarão de ser INIMIGOS e se tornarão NECESSITADOS. No futuro eles poderão se tornar IRMÃOS. Se você não desistir poderá ainda testemunhar da resposta".
 
O culto terminou e poucos falaram sobre o assunto. Mas cinco anos depois, num culto, o pastor pediu para que aqueles que haviam feito a lista  dissessem do resultado. Para a alegria do pastor, dos quinze irmãos que se apresentaram, todos haviam perseverado e citaram dezenas de inimigos convertidos. Um deles, em lágrimas, apontou o dedo para a sua esposa, antes uma vizinha de sua casa; agora, irmã em Cristo e esposa amada!
 
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Que tal fazer a sua lista e DESTRUIR OS SEUS INIMIGOS também? Serão NECESSITADOS e, futuramente, se Deus quiser, IRMÃOS!
 

Wagner Antonio de Araújo
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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

FALANDO FRANCAMENTE - FOI SÓ FORÇA DE EXPRESSÃO ...


FOI SÓ
FORÇA DE
EXPRESSÃO...

723
 
Em toda a história do universo a palavra falada (porque expressão de um sentimento da alma) tem sido a causa da bênção ou da perdição.
 
Foi pela palavra que Deus criou todas as coisas. Ele dizia "Haja", e as coisas apareciam. O evangelho de João diz que "no princípio era o Verbo", isto é, o próprio Senhor Jesus era essa palavra em ação.
 
Em toda a história da redenção a palavra ocupou lugar de destaque.
 
Daremos conta de cada palavra dita. Mas eu vos digo que de toda a palavra fútil que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. (Mt 12:36)
 
Somos instados a falar muito menos do que ouvir. Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. (Tg 1:19).
 
Nossa palavra dita ou pensada selará a nossa salvação. A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Rm 10:9)
 
Jesus falou sobre a importância da mesma: Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado. (Mt 12:37)
 
Ao crer na palavra de Jesus um nobre teve o seu filho curado. Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu. (Jo 4:50)
 
Foi por uma palavra de confissão sobre a divindade do Senhor que Pedro descobriu ter sido uma revelação do Espírito Santo: E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. (Mt 16:17).
 
Foi uma palavra que colocou fim no grande império herdado pelo filho de Salomão: Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe o povo a responder, dizendo: Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Provê agora a tua casa, ó Davi. Então Israel se foi às suas tendas. (1Rs 12:16).
 
Assim diz a palavra de Deus sobre a palavra branda: A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. (Pv 15:1).
 
A boa palavra dita na hora certa é também um remédio: Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. (Pv 25:11);
 
Diante de tudo isto, eu pergunto: pode alguém viver a falar o que pensa, o que quer, simplesmente sob o pretexto da sinceridade, sem medir as consquências de seus atos? Podemos dizer tudo o que nos vem à mente? Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura. (Pv 13:16); O sábio de coração será chamado prudente, e a doçura dos lábios aumentará o ensino. (Pv 16:21); O que anda tagarelando revela o segredo; não te intrometas com o que lisonjeia com os seus lábios. (Pv 20:19).
 
Casamentos são desfeitos por causa de palavras ditas na hora errada ou da maneira errada. Quanta mágoa e ressentimento não brotam disto! Empregos são perdidos pelo destempero nas palavras, quando a ansiedade, a insatisfação e o nervosismo falam mais alto do que o bom senso! Famílias se separam por causa de palavras ácidas, cortantes e cruéis. E igrejas se esfacelam por causa do abuso na liberdade de se dizer o que se quer sem atentar-se para a verdade ou a glória de Deus.
 
Por fim, palavras insensatas na vida dos pastores destróem a seriedade do ministério. Palavras ambíguas, pastores que mudam de opinião sem um fundamento sólido ou uma razão bíblica, mas que esbravejam posições políticas ou opiniões esportivas, que militam por filosofias ou psicologias, ou que simplesmente não conseguem deter a boca. Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. (Tg 3:5).
 
Portanto, caríssimo leitor, não creia que palavras e afirmações possam ser apagadas com um botão do celular ou do computador. A palavra enquanto em nossa boca é nossa escrava; quando a dizemos, somos dela escravos. Que não sejamos metamorfoses ambulantes, pessoas cuja palavra vale tanto quanto nada...
 
O que semeia, semeia a palavra; (Mc 4:14)
 
 

Wagner Antonio de Araújo
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FLORESCENDO NO DESERTO - 30 - UM PAI QUE ERA MESTRE ...

30 -
UM PAI QUE
ERA MESTRE ...
 
722
 
Lembro-me como se fosse hoje. Eu participava das inesquecíveis assembléias da Convenção Batista do Estado de São Paulo (nos tempos em que julgava valer a pena). Quando algum relatório da junta de educação teológica, do seminário de Bauru ou de outra comissão especial era anunciado, lá estava ele: o pai que ensinava. Pastor Josué Nunes de Lima. Tomava a palavra e, na primeira expressão conseguia o silêncio absoluto do auditório. Voz grave, firme, possante, meiga, certeira, de quem sabia e de quem orientava.
 
Ele era assim. O seu gabinete pastoral na Igreja Batista do Jardim Brasil, em São Paulo, mais parecia um atual gabinete de psicoterapia para pastores e líderes. Muitos iam até lá só para desfrutar um pouco do "colo" do pastor veterano. O seu grande gabinete, com uma biblioteca imensa, suas velhas poltronas e o tradicional cafezinho de máquina, era um conforto para os ministros tão necessitados.
 
Eu mesmo servi-me desse gabinete muitas e muitas vezes, não para buscar tratamento, mas para repartir o fardo. Eu pastoreava bem pertinho daquela igreja e o Pr. Josué me orientava. Ao me ver, exclamava: "Wagner, meu filho, você vai bem?" E então começávamos a conversar. Outras vezes eu desfrutava do gostoso café com "mistura" na casa dele, preparado com extremo carinho pela irmã Albertina, sua primeira esposa (ela faleceu no início dos anos 2 mil, vítima de câncer).
 
No seu ministério tudo se tornava célebre e importante. O Pr. Josué inventava nomes, cursos, matérias, instituições, programas de rádio e renovava sempre a sua grade de atividades. Eu perguntava porque. Ele, pacientemente me explicava: "Meu filho, eu embrulho sempre o mesmo presente com papéis diferentes. Mudo o nome disto ou daquilo e o povo recebe como novidade o mesmo material, o único verdadeiro, o evangelho de Jesus!" Ele tinha razão. Criava cursos do Rei, especializações, aperfeiçoamentos, inventava comitês e associações, inventou a câmara da cultura do bairro e assim tinha acesso aos comerciantes, aos empresários, aos professores e ao povo da região.
 
Ele conhecia bem o Jardim Brasil; crescera com ele! Iniciara o seu trabalho quando tudo era barro e terra, chácaras e sítios. Vira a região crescer. Criara os filhos ali e conhecia absolutamente tudo naquele bairro e arredores. Era amado, era querido, era confiante.
 
Nele eu via um pai. Quando atravessei um terrível vale emocional, quase perdendo o rumo, foi Josué quem me acolheu e me deu literatura apropriada, através da qual pude refletir sobre questões importantes. Quando precisei de oração, fosse por assumir outro ministério, fosse por não ter me casado à época, fosse por questões doutrinárias, era ele que me recebia com amor e carinho.
 
Ele foi também meu professor. Graduado e qualificado, concedeu-me através de sua universidade o grau de bacharel em teologia, curso que iniciei em outra instituição e terminei na dele. Ali também lecionei várias matérias aos alunos. Num curso de especialização de pastores fui aluno e depois professor. Josué confiava naqueles a quem preparava. Preguei várias vezes em seu púlpito. Ele tinha ciúmes daquele púlpito feito à mão sob encomenda. Para ele o "assim diz o Senhor" era fundamental e quem ali subisse deveria ter o recado do Senhor. Quanta honra, temor e tremor sinto ao lembrar-me de que pude pregar em seu púlpito!
 
Ele foi também pai. Pai dos pastores. Meu pai também. Eu pude servi-lo enquanto ele envelhecia. Fui seu motorista para visitar igrejas no interior de São Paulo. Levei-o a diversas partes. Também pude atendê-lo quando precisava de companhia e oração nos dias de luto pelo falecimento de sua amada Albertina. E dele recebi orientações que carregarei comigo para sempre. Ele era um OBREIRO APROVADO.
 
Pai e pastor: quantos são assim? Hoje muitos pastores não conseguem nem serem pais de seus filhos, quanto mais do rebanho e dos colegas mais novos! O respeito que Josué conquistara fazia dele o pai dos pastores. E pastor amado! Sua igreja o amava, o povo cristão de toda parte o amava. Era a referência de estabilidade, de biblicidade, de doutrina sadia e de orientação segura. Por isso a sua opinião tinha tanta importância.
 
Hoje me sinto órfão. Josué se foi. Já faz alguns anos. Não houve substituto. Ele ficaria triste ao ver a apostasia que tomou conta de nossos púlpitos e igrejas. Ele não aceitaria as mudanças que o mundo evangélico aceitou em seu território. Deus recolheu-o antes que visse o mal. Os homens compassivos são recolhidos, sem que alguém considere que o justo é levado antes do mal. (Is 57:1)
 
Tenho a idade que Josué tinha quando o conheci. Será que posso ser um pai espiritual para alguém, para algum cristão, para algum leitor? Sou pastor há mais de trinta anos; seria eu candidato a referência em alguma coisa? Eu não sei! O que sei é que quero caminhar nas sendas que aprendi com o meu velho e amado mestre, o meu orientador, conselheiro, pedagogo, psicólogo e amigo.
 
Meu pai e mestre, Pastor Josué Nunes de Lima. Hei de revê-lo um dia no Céu, meu amado e saudoso pastor!
 
Wagner Antonio de Araújo
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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 29 - AQUELES PÉS ...

 
29 -
AQUELES
PÉS ...

 
721

Eu sempre admirei aqueles pés. Não por sua beleza estética, não por seu formato, mas pelos caminhos que trilhavam. Eram pés formosos. Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas-novas... (Is 52:7)
 
Timofei Diacov, o pastor que me trouxe o evangelho e através do qual eu vim a crer no Senhor, tinha pés de semeador. Eis que saiu o semeador a semear. (Mc 4:3)
 
Nos seus mais de noventa anos de vida jamais houve tempo, após a sua conversão, onde ele não semeasse o evangelho, pelo menos uma vez ao dia. Na maioria dos dias ele semeou toneladas de sementes.
 
Foi assim que ele me trouxe a mensagem de salvação, imprimindo um folheto e distribuindo-o pelo bairro onde morávamos. Disse-me que houve antagonismo na igreja quando da decisão de imprimir a mensagem. "Esse folheto ninguém entende", diziam. Eu entendi. O Pr. Timofei distribuiu milhares deles por todas as ruas, becos, vielas, comércios, hospitais, asilos, farmácias, mercados. Não apenas o seu folheto, mas evangelhos de João, folhetos da Cruzada Mundial de Literatura, seleções bíblicas da Imprensa Bíblica Brasileira e da Sociedade Bíblica do Brasil. A região oeste da capital paulista teve por muitos anos um semeador incansável.
 
Não foi diferente nos lugares para onde foi. A cidade de Lins, interior de São Paulo, teve cada rua e cada residência visitada pelo Pr. Timofei. Também as cidades de Guarantã e Cafelândia. Um programa bíblico chamado "Assim Está Escrito" foi ao ar por três décadas pela Lins Rádio Clube. Qual a mensagem? "Só Jesus Cristo Salva". Só isso. E tudo isso!
 
Após aposentar-se, desprovido de um púlpito, pregava aqui e acolá onde era convidado. Mas para pastores fora de ministério, ou por aposentadoria ou descartados como peça obsoleta, os convites tornam-se raros. Timofei não ficou triste. Ele era o seu próprio púlpito ambulante. Fez da Santa Casa de Lins o seu púlpito semanal. Não há contas que possam expressar quantas MILHARES de pessoas foram evangelizadas no leito de enfermidade nas décadas de serviço voluntário, pessoas que foram visitadas, que receberam a sua oração e o seu amor. Quantos testemunhos de conversão e, não raras vezes, de cura miraculosa através de suas súplicas!
 
Também figurava semanalmente nos jornais da região da Alta Paulista um artigo do Pr. Timofei Diacov, analisando temas contemporâneaos à luz da Palavra de Deus, sempre enaltecendo a Cristo e proclamando-O como único caminho, única verdade e única vida.
 
Quando a idade chegou ele dedicou-se a tocar a campainha nas casas das pessoas próximas, dizendo:  "Minha senhora, bom dia! Eu sou o Pr. Timofei Diacov e vim orar por sua família e vida. A senhora permite?" Muitos lares permitiam a entrada do anciâo. Ele não apenas orava, mas deixava um artigo e um folhetinho, além de tecer comentários sobre a necessidade da salvação da alma daquelas pessoas. Eram os pés formosos a pisar em cada casa, levando a Santa Semente!
 
Ao final de sua vida, quando isso também já não era possível, ditava as mensagens para que sua amada esposa, Ruth Verzutti Diacov, digitasse no computador. E os textos eram publicados em seu blog e distribuídos por apoiadores. Também gravava áudios de pregações rápidas. Ele já não conseguia ler a Bíblia, pois faltava-lhe a visão perfeita, mas a Palavra de Deus estava alicerçada e abuntante em seu coração. Deus lhe dera boa memória e excelente raciocínio. Como era bom ouvi-lo!
 
Infelizmente os pés formosos do semeador de boas-novas juntaram-se no leito e ele foi recolhido aos seus pais, descansando no Senhor, aguardando a bendita ressurreição. E agora, quem continuará a sua semeadura? Num mundo onde Cristo desaparece e apenas conceitos permanecem (campanhas missionárias usam EU SOU, GRAÇA, EU VIM, CELEBRAI, mas não usam mais O NOME DE JESUS CRISTO como TEMA), estes pés fazem muita falta. Já não há muitos semeadores pelas ruas. Não há pés formosos a visitarem lares apenas para falarem de Cristo. Não há mais folhetos evangelísticos novos e as gráficas não os imprimem mais, com medo de encalharem a produção. Os poucos que existem são poluídos com tantas figuras, técnicas gráficas e efeitos especiais. Sobram efeitos e falta mensagem. E as mídias eletrônicas estão entupidas de materiais religiosos, menos da verdadeira semente...
 
Oh, Deus, eu Te peço em Nome de Jesus Cristo: faze em mim a obra que desejares, usa-me como quiseres, e permite-me semear o máximo da Tua Palavra, seguindo a senda do meu pai na fé, Pastor Timofei Diacov. Levanta, Senhor, muitos outros pés formosos, que não tenham outra mensagem senão a de Cristo, que não temam outra coisa senão o pecado e que não pensem em outra coisa senão em cumprirem a Tua ordem de semear sempre. Que eu seja um destes. Em nome de Jesus. Amém.
 
Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas. (Ec 11:6)
 

Wagner Antonio de Araújo
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terça-feira, 25 de setembro de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 28 - AMIGO PERFEITO


28 -
AMIGO
PERFEITO

720
Quando somos cristãos recebemos, muitas vezes, mais ternura e afeto dos irmãos em Cristo do que dos próprios familiares. Afinal, se os familiares o são por força de sangue, os irmãos em Cristo o são por força da fé. A comunhão é voluntária. Mas, não raras vezes (e, infelizmente...) mesmo estes às vezes desaparecem. Costumo dizer que a amizade é uma via de mão dupla, sem semelhança com o parentesco da sanguessuga: (dá-dá). Amigos que precisam ser procurados para manter a amizade não são tão amigos assim.

Boas amizades não se medem pelo fluxo de visitas, de e-mails, de curtidas em facebook ou de telefonemas. Às vezes um bom amigo é praticamente ausente durante grande parte do tempo. Mas nós sabemos: ele estará presente quando precisarmos. São raros. Mas não são todos assim. Muitos não se comunicam  porque realmente não possuem pontos de interesse conosco que os façam interessados em relacionarem-se sempre.

Já sofri bastante com esse tipo de silêncio e de ausência. Há muitos que são amigos dos cargos que temos, das funções que exercemos, da liderança que mantemos e da influência que poderemos ter em diversas facetas da vida. Quando não ocupamos áreas de interesse as amizades desaparecem. Pergunte às viúvas de pastor: quantos amigos do tempo do falecido esposo continuaram presentes após o falecimento do marido? Pergunte aos pastores que se aposentaram: quantos irmãos que estavam o tempo todo no gabinete continuaram a procurá-los? Perguntem aos desempregados: quantos dos que comiam churrasco aos finais de semana continuaram a manter contato? Ah, como as pessoas nos surpreendem!

Conhece-se um amigo não pela festa abarrotada, mas pela presença junto ao leito de enfermidade. Na hora mais difícil é que os verdadeiros aparecem. Amigos são aqueles que ficam quando todos os outros foram embora. Amigos não nos enchem de desculpas; enchem-nos de afeto, ainda que à distância e apenas na hora certa!

Se mantivermos no coração a amargura pelo sumiço de tantas pessoas e o endurecimento da alma pela injustiça não seremos melhores do que eles. Pelo contrário, tornar-nos-emos MURMURADORES. Deus não se agrada de quem murmura. O contrário de murmuração é a GRATIDÃO. Deus continua soberano e Senhor de toda a nossa história. Se há ausências e se há abandono, devemos perguntar "PARA QUÊ, SENHOR", ao invés de insistir no "POR QUE, SENHOR?". Talvez, se insistirmos em perguntar o porquê, a resposta não nos seja muito agradável. É melhor confiar nos motivos da permissão divina.

Ele trabalha em nós, buscando tornar-nos INDEPENDENTES DE FELICIDADE EXTERNA. Sim, Ele quer ser a felicidade em nós. ENTUSIASMO, "Deus em nós", faz de nosso coração uma fonte a jorrar para a vida eterna! Lembro-me de visitar a irmã Catarina. Senhora sorridente, sempre presente na igreja, amiga de tanta gente. Quando lá cheguei vi que morava sozinha. Seus bens eram tão poucos! Sua casa era tão simples e pequenina! Mas raramente entrei em um lugar tão gostoso e iluminado, cheio de paz e de felicidade! Ela era feliz! Ela não tecia relacionamentos para buscar a felicidade; ela já a possuia. Os relacionamentos eram a PARTILHA daquilo que Deus fizera em sua alma. Ela foi feliz até o fim. Ela foi o seu próprio monumento. Ela era uma laranjeira que ofertava laranjas, uma fonte que servia água, uma nuvem que destilava chuva. E, como disse acertadamente alguém, laranjeiras não comem de suas laranjas, nem as fontes bebem de sua água ou as nuvens se molham com a própria chuva. Somos chamados a dar, ainda que não recebamos.

Já experimentei várias situações em minha vida: fui líder, diretor, presidente, responsável, executivo, tenho um longo ministério pastoral e atualmente sou pastor auxiliar. Já tive muita gente a me procurar. Também saí de muitas posições e experimentei o telefone em silêncio, o whatsapp mudo, os e-mails vazios. Se eu não tivesse a certeza de que há um amigo mais chegado que qualquer outro, JESUS CRISTO, eu teria me entristecido em demasia. Mas como eu conhecia o funcionamento do interesse humano, pude contemplar com compaixão a pobreza de muitas amizades e a riqueza do amor de Deus. ALGUNS AMIGOS NUNCA PARTIRAM; outros nunca voltaram. Alguns fazem questão de saber como estamos; outros sequer pensaram em nós uma vez na vida; éramos apenas um trampolim para que alcançassem algum benefício. Não importa. Se um dia pudemos ser instrumentos para ajudar a alguém, terá valido a pena! Quando temos JESUS CRISTO como amigo, somos capazes de amar, de perdoar, de compreender e, principalmente, de NÃO DEPENDER DOS OUTROS PARA SERMOS FELIZES E REALIZADOS. Se Jesus não for o primeiro e não for capaz de nos completar, nada mais nos completará!

Pense nisso, caro leitor. Não há felicidade quando dependemos de outros para atingir a meta. A felicidade tem que existir em nós através de Jesus Cristo, quando Ele se torna Senhor, Salvador e amigo mais chegado que um irmão. Quem tiver Jesus assim terá tudo. Dou graças a Deus porque tenho. E, por Ele, dou graças a Deus pelos amigos que são recíprocos e pelos que vão e vêm, pelos que são cíclicos, temporários e também pelos que se vão; pelo menos um dia pudemos partilhar algo! Que sejamos sempre boa figueira, onde o Senhor encontre frutos o tempo todo, e não apenas folhas e desculpas. 

Vá ao Senhor Jesus em oração e estabeleça com Ele a melhor e mais recíproca das amizades. Ele é real!


Wagner Antonio de Araújo
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FLORESCENDO NO DESERTO - 27 - EU TAMBÉM QUERO!


27 -
EU TAMBÉM
QUERO!

 
719
 
Sebastião Emerich era um homem  como qualquer um de nós. Ele era um pecador alcançado pela graça de Deus, que enviou o Seu Filho bendito para morrer por cada um de nós. Ele era um trabalhador honrado, que ganhara o seu pão com o suor do seu rosto. Era um pai de família exemplar, que jamais traiu a esposa e nunca desonrou as filhas. Era um crente valoroso, fiel aos trabalhos de Deus e jamais ausente da Casa do Senhor. Enfim, Sebastião era um homem de 94 anos com uma biografia digna e bela.
 
Mas ele tinha algo mais. Ele era uma espécie de homem atemporal. Em 1985 eu me despedi dele, seguindo para servir ao Senhor nos ministérios que Deus designara para mim. Em 2012, à convite do Pr. Timofei Diacov, eu visitei-o, reencontrando-o. A surpresa foi vê-lo idêntico, como se o tempo não tivesse exercido qualquer influência sobre ele. Seu rosto meigo e confiante, seu porte de ancião de experiência, seu comportamento de servo de Deus. A primeira coisa que me disse foi: "Eu oro por você TODOS OS DIAS". E, vindo dele, eu poderia ter certeza de que ERA VERDADE!
 
Quantos governos vieram e saíram durante a vida deste servo do Senhor? Muitos! Quantas campanhas, quantos partidos, quantos poderes efêmeros, quanta febre de mudanças, quantas frustrações, quantas políticas equivocadas, quanta corrupção não atravessou o país? Sebastião vivia aqui e presenciara tudo isso. Mas a impressão passada é que, conquanto sofresse os efeitos de todos os desassossegos nacionais, era capaz de estar acima de cada um deles. Ele conseguira fazer o que Paulo, o Apóstolo, dissera aos crentes para que fizessem: Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; (Cl 3:2) . Seu assunto não era Jânio ou Lota, Jucelino, Collor, Lula, FHC ou Brizola. Seu assunto era Cristo, Israel, o Céu, a glória eterna, os anjos, a vida de Jesus Cristo, o poder da oração. Em qualquer época da história do Brasil onde Sebastião se encontrasse, ali estava um homem que pensava nas coisas lá do alto, onde Cristo está assentado à destra de Deus!
 
Ele governava bem a tudo. Governava bem o seu parco orçamento de aposentado. Criou suas filhas e manteve a família. E agora, na velhice, contava com a recompensa dos cuidados constantes das filhas e netos. Ele governava bem a sua alimentação: comia o suficiente, dormia o bastante, caminhava o quanto podia. Mesmo aos noventa anos ia até o supermercado e trazia as compras à pé (ele nunca teve carro).
 
 
Ele desconhecia a depressão. Eu já a conheci e já convivi com ela e muitos aqui também por ela atravessaram ou atravessam. Mas Sebastião vivia de tal forma exposto à graça do Senhor que não tinha espaço mental para deprimir-se. Sua esposa faleceu e ele não pregava com constância. Sua saúde debilitou-se e ele tornou-se bastante restrito. A morte arvorara a sua placa, dizendo-lhe: "seu dia se aproxima". Contudo, ao invés de assustá-lo, ela apenas anunciou-lhe que em breve o seu Senhor o levaria. Em uma pregação na Boas Novas, igreja que, pela graça de Deus organizei e pastoreei por 22 anos, ele disse: "irmãos, eu espero não esquentar muito o meu túmulo, pois Jesus vai regressar logo!". Todos riram, mas ele dizia uma verdade iminente: ele faleceu logo depois e Jesus em breve voltará!
 
Eu quero isso para mim! Vivo com o Senhor há 38 anos. Já tive inúmeras experiências com Deus, o Espírito Santo já encheu-me algumas vezes e foram momentos ímpares, inimagináveis em glória e felicidade. Mas eu não atingi o que Sebastião atingiu. Eu ainda sofro as perplexidades de um país em crise. Eu ainda sou absorvido pelos rumores de guerra, pelas tribulações, pelos embates da vida e pelas dificuldades do presente. Eu gostaria de ser como ele: um farol no meio das trevas, uma luz no meio da escuridão, um oásis no meio do deserto e um Enoque no meio de uma geração perversa e perdida.
 
"Oh, Deus, em nome de Jesus dá-me a graça de seguir a senda que o saudoso irmão Sebastião Emerich seguiu. E que a glória seja toda Tua. Dá que os meus filhos, esposa e a igreja onde eu estiver a Te servir veja em mim um ancoradouro, uma âncora, um homem imbatível, não por mim mesmo, mas pela Tua graça em mim. Que eu diga de forma real o que em poesia e em êxtase religioso proclamo: posso todas as coisas em Cristo, que me fortalece! Que seja assim na prédica e na prática. Em nome de Jesus. Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo
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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 26 - EU E ELA ...


26 - EU
E
ELA ...
 
 
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Passamos a tarde do domingo juntos. Eu e ela. A minha esposa sabia do nosso encontro. Não houve ciúmes. Houve alegria; acreditam? Deixei Elaine, Milú e as crianças e saí com ela para a varanda. Só nós dois (e Deus, é claro!) Foi tão bom! Somos íntimos. Eu a conheço bastante. Ela também me conhece. Sabe exatamente as minhas preferências. Eu já deixei isso claro em nossa relação. Quem precisa de TV, de mídia ou de qualquer outra coisa para fazer, ao lado de quem tanto se ama? Nem o sono da tarde me seduziu; eu passei a tarde toda junto dela. Só nós dois, e Deus. Foi lindo...
 
Quem era ela?
 
A minha Bíblia!
 
Sim. Uma bíblia bem usada. Bem marcada. Bem manuseada. Há páginas amassadas e a esfarelarem-se. Há marcações que borraram e outras que se sobrepuseram. Há cores diversas para motivos diversos (ou apenas porque não tinha outra cor no momento em que marcava). Há manchas amarelas de lágrimas derramadas ou suor que de minha face gotejou. A capa está ressecada pelo sol que já a queimou e as beiradas perderam o dourado original. Mas eu amo tanto esta bíblia!
 
Nela eu encontro a voz de Deus para mim. Encontro refúgio quando estou entristecido e cansado. Encontro ânimo quando as vicissitudes da vida me levam ao chão. Encontro exemplos de homens e mulheres que viveram com o Senhor, e vejo também erros que devo evitar em minha vida. Nas páginas da bíblia eu tiro as minhas dúvidas quanto aos assuntos de minhas meditações. Também reforço as opiniões corretas, orientando-me pelo que o Senhor disse e não pelas minhas suposições. Às vezes brigo com ela, confrontado com algo que não entendi ou que de momento não aceitei. Mas acabo descobrindo que, ou a minha compreensão estava errada (e então devo mudar de postura) ou o texto estava fora de contexto e não queria realmente dizer aquilo (a situação não era aplicável a todas as situações). Ah, como é bom estar com ela!
 
Tenho várias bíblias em minha biblioteca, até por causa do dever de ofício (sou pastor e professor bíblico). Mas este exemplar de boa tradução (nem todas são boas!) me acompanha há longos anos. Com esta bíblia já visitei doentes, visitei lares, preguei em púlpitos, orientei irmãos, acompanhei pregações, confirmei posições, celebrei casamentos e funerais, encontrei respostas nas lutas que enfrentei. Com esta bíblia já levei pessoas a Cristo e mostrei a outras a necessidade do céu. Ela é a "bíblia do papai", segundo a minha filha. Já a perdi inúmeras vezes nos bancos da igreja e, em todas elas, consegui encontrá-la em boas condições. Ela é uma companheira.
 
Se ela não se deteriorar e se Jesus não voltar antes, a deixarei como herança aos meus filhinhos. Eles terão uma lembrança do livro que orientou a vida de seu pai. Nela encontrarão, como ele, as respostas para todas as indagações da vida. Eles sabem da seriedade com que o pai encara os ensinos ali contidos. Aliás, são estes ensinos que fundamentam a educação que procuramos dar a eles.
 
Quando a tarde do domingo terminou saí da varanda e encontrei a minha esposa. Ela perguntou: "Como foi o encontro?", e eu respondi: "foi maravilhoso, como sempre!". Ela sorriu e disse: "Glória a Deus".
 
Prezado leitor, como andam os seus encontros com o livro de Deus? Estaria ele presente em sua agenda diária ou ele é apenas um enfeite, um adorno, um livro que nada lhe diz? Pois lhe afirmo com toda a convicção: a bíblia é o farol de Deus para iluminar as trevas da ignorância e da vida. A bíblia fechada é um livro comum, mas aberta, lida e praticada é a Palavra de Deus para toda a humanidade. Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Sl 119:105).
 
Que tal ter hoje o seu encontro com ela?
 
 

Wagner Antonio de Araújo
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domingo, 23 de setembro de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 25 - 20 SEGUNDOS

20
SEGUNDOS

 
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Uma dolorosa experiência. Um vacilo breve e a ameaça de uma tragédia ímpar, perpétua, inimaginável!
 
Estávamos no Shoping Center D em São Paulo. Elaine e nossos filhos, Cleide, minha cunhada, e seus filhos. E Milú.
 
Enquanto as mulheres olhavam roupas e compravam presentes de aniversário eu fiquei com as crianças. Fomos caminhar pelo corredor e compramos sorvetes (gelados, de cone), para amenizar o calor. Josué, o meu filho, ainda é de colo; sujou-se com o sorvete e eu fui jogar o guardanapo no lixo. Enquanto me virei para depositar o lixo a Rute desapareceu. Ao voltar-me para as crianças com o olhar vigilante, dei pela sua falta.
 
Naquele momento o céu e a terra caíram em minha cabeça.
 
- Gaby, Felipe, onde está a Rute? Onde ela está?!"
 
Os pequenos, pobrezinhos, olharam-me assustados. Não tinham o que responder. Eu, desesperado, olhei por todos os lados. Havia uma escada rolante a dez metros. Olhei para baixo, para ver se ela lá se encontrava. Não havia sinal da menina.
 
Os pelos de meu braço e os meus cabelos eriçaram-se. O meu coração disparou no peito. O meu olhar amarelou. Eu entrei em desespero.
 
O que teria acontecido com a minha Rute? Onde estaria ela? Teria sido sequestrada por algum marginal? Estaria ela a correr para algum lugar e, acidentalmente, caído? Ou perdeu-se e agora não sabia onde estávamos? Alguma mulher teria agarrado em seu braço e a levado de nós? E agora? Como será a minha vida? O que direi para a Elaine? Onde pedirei socorro? Aos seguranças do shoping? Irei a qual delegacia? Pedirei para que algum canal de TV divulgue o desaparecimento? Meu Deus, o que será de minha vida agora?
 
Pensei no rostinho da Rutinha. A sua alegria em ter vindo ao shoping. O seu desejo de brincar na piscina de bolinhas. A sua vontade de ganhar um balão de gás. A alegria por estar com os priminhos. Uma tarde tão boa, onde comemorávamos o aniversário de minha esposa, transformar-se-ia em tragédia, em vazio, em dor, em sofrimento.
 
Tudo isso passou pela mente. E eu, num ímpeto de desespero e de clamor, gritei no shoping:
 
- R  U  U  U  T  E  E  E  !!!!!!!!!
 
O meu grito foi tão grande e tão possante, que fiquei rouco imediatamente. Todos do andar e da parte de baixo ouviram. Uma mãe com uma criança do mesmo tamanho travou, pasma e atônita. As pessoas talvez pensassem: "Meu Deus, o que aconteceu com essa tal de Rute?"
 
A minha pequenina correu no corredor em minha direção. Ela estava branca. Sem perceber caminhara sozinha sem os demais e estava uns 25 metros à nossa frente. Mas ela conhecia a voz do seu pai. Ao ouvir-me correu prontamente em minha direção, desesperada por pensar que fizera algo de errado. A mãe que ficara atônita abriu um sorriso e fez sinal com as mãos, dizendo: "Pai, calma; sua filhinha está aí, graças a Deus!"
 
Quando vi a minha Rutinha o coração saltou dentro de mim  de tão alegre. Ao mesmo tempo o corpo respondeu com um alívio e uma angústia. Alívio por tudo ter sido resolvido o problema e angústia pela consciência de ter me descuidado na atenção necessária. E qual foi a duração desta narrativa toda?
 
20 SEGUNDOS!
 
Sim, apenas isso! Nem meio minuto! Quem não passou por isso pode dizer: "mera tempestade em um copo d'água". Mas para quem atravessa o problema o tempo sai do CRÓNOS e entra para o KAIRÓS, uma contagem muito diferente, muito mais rica, muito diferente dos poucos segundos. Para mim foi uma eternidade e eu sentia-me cansado por tantos acontecimentos; para a realidade não havia acontecido quase nada, apenas um descuido momentâneo de 20 segundos!
 
O que aprendi com tudo isso?
 
1) VIGILÂNCIA - Um mero vacilo na vigilância e podemos caminhar para um problema gigantesco. Isto me lembra o que o Senhor Jesus ensinou: E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai (Mc 13:37). Também me lembro de outra de suas frases:  portanto, sede prudentes como as serpentes.(Mt 10:16).
 
2) PROVIDÊNCIA - Contemplar o problema com inércia não resolve a situação. No momento em que senti a ausência de minha filha a primeira providência após olhar e nâo vê-la foi gritar. E, graças a Deus, funcionou! Se eu nada fizesse provavelmente teria dores de cabeça posteriores. Faz-me lembrar do texto de Provérbios: Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena. (Pv 24:10). Lembra-me também a pergunta de Deus a Moisés, quando dizia que não poderia livrar os hebreus de Faraó: E o SENHOR disse-lhe: O que tens na mão? E ele disse: Uma vara. (Ex 4:2). Deus usa o que tivermos; no meu caso, um grito.
 
3) FIDELIDADE - Na minha angústia pensei em como seria se o problema fosse sério e real. Graças a Deus tudo não passou de um desencontro. Mas, e se de fato a minha filha tivesse sumido? E se ela desaparecesse temporária ou para sempre? Deus continuaria a ser Deus e não nos deixaria desassistidos. Ele nos capacitaria a enfrentar todo e qualquer tipo de crise, tanto as de fácil solução quanto as insolúveis. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. (1Co 10:13); E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. (2Co 12:9)
 
4) GRATIDÃO - Oh, como fui grato pela volta da Rutinha! Chorei depois! Mas em todas as circunstâncias o meu coração teria que ser grato. Mesmo que as consequências tivessem sido funestas. Há um Deus soberano sobre todas as coisas e Ele, somente Ele, sabe do futuro e das coisas pelas quais teremos que passar. Que cada uma delas seja para a Sua glória. Nada temas das coisas que hás de padecer... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap 2:10). Porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. (Fp 4:11). Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5:18).
 
Espero que a minha experiência tenha sido útil para algum pai que tenha filhos pequeninos (a não descuidar-se nem para jogar um papel no lixo) ou para algum irmão que passa por problemas inesperados ao longo da vida. Há um Deus soberano que não nos abandona em nenhum momento. Ele saberá conduzir-nos em vitória, mesmo que a dor também se fizer presente.
 

Wagner Antonio de Araújo
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memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...