quinta-feira, 28 de novembro de 2019

memórias literárias - 825 - DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS

DIA DE
AÇÃO DE
GRAÇAS
 
825
 
Quando manifestei-me favorável à comemoração desta data junto da igreja onde sirvo ao Senhor, alguém me perguntou: "Pastor, esta não é uma comemoração apenas americana?"
 
Hoje, quinta-feira, dia 28 de novembro de 2019 comemora-se nos Estados Unidos o THANKSGIVING DAY, ou "Dia de Ação de Graças". Nos Estados Unidos ele acontece na quarta quinta-feira de novembro e no Canadá toda segunda-feira da segunda semana de outubro.
 
Nos Estados Unidos, cerca de 50 milhões de perus são consumidos no Dia de Ação de Graças, também conhecido como “Turkey Day” (Dia do Peru).

Em 1863, o Dia de Ação de Graças foi eleito dia festivo pelo presidente dos EUA, Abraham Lincoln, entretanto, somente a partir de 1941 passou a ser feriado nacional. Já no Canadá (celebrado pela primeira vez em 1879), a data atual foi definida no ano de 1957.

O Dia de Ação de Graças demanda grande movimentação de turistas, sendo um dos dias do ano com maior tráfego aéreo nos Estados Unidos.

A Sexta-Feira Negra (“Black Friday” em inglês) é um evento que ocorre após o Dia de Ação de Graças. Nesse dia, a maior parte das lojas oferecem grandes descontos e muitas pessoas aproveitam para fazer as compras de Natal.
 
Vitor Izeckson, professor de história da América do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ, e Hermisten Maia da Costa, professor do Mackenzie, explicam:  "Tudo começou em novembro de 1620, quando um grupo de 102 peregrinos ingleses desembarcou em Plymouth, nos EUA, fugindo da perseguição religiosa na Europa. Um ano depois, o governador, para agradecer a colheita farta, resolveu instituir um feriado para “dar graças” (“thanksgiving”). Na ocasião, os peregrinos convidaram índios nativos para participarem da comemoração. Afinal, foram eles, os índios, quem os ensinaram a plantar e a caçar. Em 1863, o presidente Abraham Lincoln decidiu transformar o Dia de Ação de Graças em feriado nacional. Por todo o país, instituições de caridade servem refeições para os pobres e mandam cestas de alimentos para os doentes. Os estadunidenses ceiam e depois assistem ao futebol americano na TV ou saem às ruas para assistir aos desfiles. Atualmente, o feriado é comemorado sempre na quarta quinta-feira do mês de novembro." No Canadá a data é celebrada antes por causa das colheitas serem um pouco mais cedo.
 
E no Brasil? No Brasil, esse dia foi instituído em 17 de agosto de 1949, no governo de Eurico Gaspar Dutra (Lei n.º 781). Aqui, o Dia de Ação de Graças é celebrado na 4ª quinta-feira de novembro. Os mais antigos se lembram com saudades das transmissões do BRADESCO diretamente da CIDADE DE DEUS, quando uma grande comemoração era realizada com os milhares de alunos da Fundação Bradesco e grandes nomes do cenário nacional. Hoje, infelizmente, tudo o que vemos é o pleno esquecimento das ações de graças, tanto pelo banco quanto pela sociedade em geral. Fala-se mais na sexta-feira negra de liquidações do que no dia que antecede ao evento comercial.
 
Eu tive o privilégio de ver um THANKSGIVING logo após a sua celebração, nos Estados Unidos. Pessoas de toda parte regressam para as suas casas (os jovens saem de suas casas para estudarem em escolas distantes e se estabelecem longe da família; o THANKSGIVING é a chance de reverem o lugar onde a família está). Cultos são celebrados durante esse final de semana. Além da comida, dos eventos esportivos e desfiles, quiçá das liquidações comerciais, todos se reúnem à mesa para darem graças.
 
Não havendo tradição geral de Thanksgiving em nosso meio batista brasileiro (e nem protestante em geral, exceto em igrejas de fala inglesa), inventei uma comemoração tupiniquim para a igreja onde servi ao Senhor por 22 anos. Aqui não é feriado, pelo que não eram todos que poderiam vir. Também não haveria tempo de prepararem um peru assado ou outras comidas cozidas. Mas poderíamos passar na padaria e comprarmos pães diferentes, pães de outros países, pães que comumente não comíamos. E levarmos sucos em caixinha. Então celebrávamos o culto ao Senhor no horário da noite e, após a celebração, íamos ao salão social e comíamos com gratidão o pão que Deus nos dera. Fizemos isso muitas vezes na Igreja Batista Boas Novas de Osasco e posteriormente do Rodoanel em Carapicuíba. Hoje, se o Senhor permitir, faremos isso na Primeira Igreja Batista em Ribeirão Pires, SP, Brasil.
 
Consegui explicar?
 

Wagner Antonio de Araújo.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

memórias literárias - 824 - SÓ A ELE SERVIRÁS

SÓ A ELE
SERVIRÁS
 
 
824
 
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás. (Lc 4:8)
 
A quem servimos nós? A Deus? Será que é da vontade dEle que carreguemos um fardo insuportável de ansiedades e de decisões não tomadas? Teria Deus algo com decisões tomadas por medo, por conveniência, por depravação ou por rebeldia?
 
Servir só a Deus significa que não importa o rumo que o mundo tomou, não importam as decisões de grupo assumidas depois do jogo ter começado. Nós temos integridade e manteremos a palavra assumida em oração e em reflexão. Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR. (Js 24:15)
 
Viver escravizado a uma situação cômoda, que evita desgastes e lança a solução para um futuro que nunca chegará é desinteligência. Nós nunca agradaremos a todo mundo e jamais teremos da parte das pessoas a recompensa e o reconhecimento pleno pelo que fizermos. As nossas decisões devem vir do coração e serem tomadas à luz da vontade de Deus, que nos julgará por cada uma delas, não por causa do receio de desagradar a alguém ou decepcionar a um grupo. Se temos que agradar a alguém, que seja a Cristo! Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. (Mt 10:37)
 
Fazer as coisas apenas porque isso não nos dará trabalho maior é preguiça, insensatez. A comodidade é um inimigo a ser vencido. A zona de conforto é muito apropriada, mas não é o lugar onde devemos estar. Quem se esconde na zona de conforto será privado de viver a própria vocação, a própria felicidade e de obter o fruto de suas próprias escolhas. Davi, o rei, antes de reinar, refugiou-se num lugar assim, no exterior. Mas ouviu a seguinte admoestação: Porém o profeta Gade disse a Davi: Não fiques naquele lugar seguro; vai, e entra na terra de Judá. Então Davi saiu, e foi para o bosque de Herete. (1Sm 22:5)
 
Fazer porque se sente escravizado, dominado, absorvido pelo desejo ou predestinado a isto é loucura. Há aqueles que continuam a beber, a fumar, a frequentar lugares impróprios, na perversão moral e na depravação, e alegam que estão presos, acorrentados, sem condições de saída. Estão tão presos quanto um grande elefante amarrado a um graveto ao chão: ele foi criado amarrado ao graveto e pensava que não tinha forças. Ao crescer continuou submisso à prisão. Se puxasse o pescoço só um pouquinho veria que a suposta cadeia era imaginária. Assim também aquele que diz não conseguir parar de pecar é vítima de sua própria mentira. Se ele conhece a Jesus está livre, podendo dizer aos vícios e às depravações: eu não farei mais isto! E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8:32)
 
Por fim, viver debaixo de uma religião porque foi tradição familiar, herança de sua etnia humana ou tradição centenária daqueles que vieram de seu país é caminhar cegamente para o abismo e de lá nunca mais sair. A fé deve ser exercida ao lado da razão. Se eu for exposto à Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, e lá descobrir a verdade sobre Deus, sobre Jesus e sobre a religião verdadeira, e ainda assim quiser continuar escravizado às minhas tradições, terei tomado a mais tola das decisões. Afinal, nenhum familiar ou conterrâneo meu prestará contas da minha fé diante do tribunal de Cristo. Eu irei sozinho. E Deus irá me perguntar o porquê de minha resistência à verdade. Não haverá ninguém para me defender, uma vez que eles também estarão debaixo da mesma condenação. Será muito mais sensato tomar a decisão por mim mesmo e acertar as minhas contas com Deus em vida. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lc 12:20)
 
A quem você serve? A si próprio, aos seus familiares, à sociedade ou ao Deus Todo-Poderoso que lhe criou? Se a Deus, então não se submeta mais à escravidão de suas vontades, não atrele mais as suas decisões à vontade dos outros. Devemos amar ao próximo, respeitar a família e tratar bem aos que conosco vivem. Mas não devemos viver atrelados ao agrado humano em detrimento do agrado divino. Faça a vontade de Deus e renda-se a Cristo. E, em Cristo, tome as suas decisões baseado no que Deus quer para a sua vida e não no que esperam que você faça. Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; (Ef 6:6).
 
Wagner Antonio de Araújo

 

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

páginas soltas - 823 - O TESTE DE ALAOR

O TESTE DE
ALAOR
 
823
 
Era um bom emprego. O salário era bem valorizado e os ganhos por comissão de venda eram muito promissores. Alaor estava feliz. Nos primeiros quatro meses triplicara os ganhos e recebera elogios da gerência.
 
Foi numa segunda-feira que as coisas mudaram. Um e-mail institucional chegara à sua caixa postal. "Convocado para a noite especial". "Noite especial? O que seria isso?" Alaor foi até o gerente e perguntou-lhe.
 
- Chefe, que noite especial é essa?
 
- Ninguém lhe falou nada ainda?
 
- Não. De que se trata?
 
- Alaor, hoje teremos uma noite daquelas. Avise em casa que só irá chegar pela madrugada. Diga que vai trabalhar até mais tarde. Nós teremos um encontro com uma dúzia de clientes ricos. Já preparamos um hotel, uma pista de dança e muitas mulheres.
 
- O senhor está dizendo que a empresa vai financiar uma orgia?
 
- Não veja por esse lado. Nós, vendedores, temos que ter bom relacionamento com os nossos clientes. Ali teremos uma noite bem à vontade e poderemos estabelecer amizades sólidas. Todo ano temos uns quatro ou cinco encontros assim. Mas fique tranquilo. Tudo "privê" e com segurança. Não tem erro!
 
Alaor estava perplexo. O que fazer? Dois anos desempregado foram duros demais para que se repetissem. Mas participar daquilo era contra os seus valores familiares e cristãos. De sua mesa ligou ao gerente:
 
- Chefe, tenho a opção de não ir?
 
- Claro que tem! Você pode não ir e também não precisará voltar aqui no departamento, ok? Pare de bobagem, homem! Aproveite a vida! Teremos champagne e muita canabis!
 
Alaor foi ao banheiro, dobrou os joelhos e orou. Pediu a Deus sabedoria e graça. Avisou em casa que não chegaria no horário. E saiu com a turma para o hotel privê do outro lado da cidade. Lá encontrou outros colegas, todos animados e já de posse de outras mulheres, as mais lindas que já vira. Uma moça veio ao seu encontro e ele desculpou-se e não correspondeu. Entraram na boate defronte da pista de danças. Sentou-se e pediu uma água tônica. O gerente veio até ele e disse:
 
- Ânimo, rapaz! Um serviço destes não sairia por menos de mil reais e você vai ter isso de graça! Aproveite!
 
Alaor contemplava perplexo a baixeza e a perversidade moral de seus colegas. Alguns eram pais de família e estavam repugnantemente indecentes. Moças lindas, com idade similar as de suas irmãs depravavam-se diante de desconhecidos, conduzindo-os às suites luxuosas. Do outro lado futuros clientes fumando maconha e bebendo champagne. Era horrível.
 
Ele levantou-se, procurou o gerente, que estava a beijar uma das mulheres e disse:
 
- Chefe, estou saindo. Amanhã passo no departamento para pegar as minhas coisas.
 
- Seu idiota! Vá embora mesmo! Você não sabe viver! Você nunca será um bom vendedor! Seu fracassado!
 
Alaor chegou às 22 horas em casa. Tomou o seu banho, fez o seu culto doméstico com a esposa e deitou-se. No dia seguinte foi ao departamento. Em sua mesa estavam os seus pertences, já fora das gavetas. Tomou uma caixa de papelão e foi colocando ítem por ítem, condicionando-os direitinho. Os poucos colegas que ali estavam olhavam com desdém para ele. "Bobão"; "Crente fanático"; "Trouxa, não soube valorizar a oportunidade". Alaor escutava calado.
 
Quando já estava prestes a sair o seu telefone tocou. Ao atender escutou:
 
- Vendedor Alaor?
 
- Ex-vendedor, infelizmente. Pois não?
 
- Eu lhe vi ontem naquele hotel. Estou certo?
 
- Sim, viu-me, lamentavelmente.
 
- E saiu antes de todo mundo. Por que?
 
- Porque sou um cristão e não comungo com essa depravação moral. Tenho família e tenho caráter, não vou fazer um papel que não me corresponde para poder ganhar a vida.
 
- Você não sabia que era preciso fazer de tudo para conquistar os clientes?
 
- Se fazer de tudo significa romper o meu relacionamento com Deus e enganar a minha família eu não sirvo para vender nada nesta empresa. Por isso estou indo embora. Posso transferi-lo para outro vendedor, se desejar.
 
- Olhe para a porta, Alaor.
 
Alaor olhou. Ali estava o figurão da indústria, cobiçado pela gerência e bajulado por todo mundo.  Alaor, perplexo, não estava entendendo. O homem chegou-se à sua mesa, puxou uma cadeira e sentou-se. O gerente correu a saudá-lo, mas o homem sequer olhou para ele. Os colegas estavam pasmos. "O que significa isso?", pensavam.
 
- Alaor, eu estava lá no hotel também.
 
- Eu percebi, senão não saberia que eu saíra antes dos demais.
 
- Eu saí depois de você. Eu também sou cristão e aquilo não me seduziu em nada.
 
O gerente então interrompeu:
 
- Seu Evaristo, se nós soubéssemos teríamos contratado um coral de igreja!
 
- Cale a boca, rapaz. Deixe-me continuar a falar com o seu vendedor.
 
E olhou para o Alaor. Sorriu e lhe disse:
 
- Eu estou disposto a assinar o contrato com esta empresa. Mas só o farei se lhe derem a exclusividade da minha conta, se lhe derem uma comissão extra e se lhe respeitarem como cristão.
 
Olhou para o gerente e perguntou:
 
- Uma conta de três milhões lhe interessa, gerente?
 
O gerente, vermelho como um pimentão, envergonhado pela situação, disse:
 
- Mas é claro que sim! Daremos a exclusividade ao Alaor e ele terá a liberdade de ser quem é.
 
O contrato correspondia a um crescimento de 50% no faturamento da empresa. Alaor foi promovido a gerente. E daquele dia em diante não houve mais noitadas sedutoras para seduzir clientes. A empresa não precisava disto. Em três anos Alaor tornou-se sócio e transformou a empresa na líder do seu setor.
 
Caro leitor, como está o seu testemunho diante do mundo onde vive? Você rebaixa a sua moral e a sua dignidade para ganhar o seu pão? Você engana a família e vive uma farsa para sobreviver? Pois saiba que de nada adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma. Alaor foi firme e deu testemunho de sua fé e foi vencedor. Você também pode vencer, se tão somente buscar primeiro o Reino de Deus, sem temer o que lhe possa fazer o homem.
 
Não se rebaixe para o mundo e não se renda a Satanás. Seja um cristão verdadeiro e testifique da verdade. O Senhor tem bênçãos àqueles que forem fiéis. Não se prostitua, não minta, não faça as coisas que vão contra os valores bíblicos só para ganhar dinheiro. Sirva a Deus. Ele sabe recompensar os Seus.
 
Wagner Antonio de Araújo

 

memórias literárias - 822 - COMO PRESTAR CULTO PÚBLICO

COMO PRESTAR
CULTO PÚBLICO
 
822
 
Há alguns procedimentos que se esperam daqueles que cultuam a Deus num ambiente público de igreja. Sei que o culto contemporâneo nada tem de sacro, talvez nada tenha de cristão. Mas parto do princípio de que ainda há os que cultuam a Deus de forma bíblica. Aqui vão algumas sugestões e reflexões sobre como cultuar a Deus publicamente.
 
1. Estar no ambiente de culto é diferente de uma reunião social ou um curso de escola. A própria palavra "culto" significa adoração ao ser divino. Logo, o culto deve ser tratado como um encontro entre o homem e Deus e não meramente uma atividade social com fins religiosos. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. (Mt 4:10)
 
2. Deve haver respeito, cuidado, temor e tremor. Quem cultua a Deus distingue neste ato a seriedade e a importância do momento, e respeita a quem está sendo honrado naquele momento: Deus. Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. (Ec 5:1).
 
3. O entra-e-sai durante o culto não é digno do momento solene que se celebra. Vá fazer isso num teatro, onde uma orquestra sinfônica se apresenta, e terá que sair e não retornar mais! Vá fazer isso numa palestra paga ou evento importante: isso não poderia acontecer. E um culto a Deus é menos importante ou relevante que esses encontros sociais? Exceto em casos de emergência (indisposições fisiológicas ou intercorrências familiares) os cultuantes não devem se movimentar ou sair durante o culto. Retirar-se para tomar água, para atender celulares, para conversar, para ir ao banheiro, são coisas inconvenientes. Pior que isso é mandar alguém trazer coisas enquanto se cultua.  Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. (Mt 4:10); Então disse Moisés ao SENHOR: O povo não poderá subir ao monte Sinai, porque tu nos tens advertido, dizendo: Marca termos ao redor do monte, e santifica-o. (Ex 19:23).
 
4. Dobrar os joelhos ou prostrar-se é algo não apenas aceitável, mas desejável em partes do culto. Indica fisicamente um ato de rendição, de respeito, de reverência, de submissão a Deus. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. (Mt 26:39).
 
5. O tema do culto deve ser Jesus Cristo. As meditações devem ser centradas em Deus e não no homem e em suas relações. Transformar o púlpito em palestra de auto-ajuda, de animação de auditórios, de treinamento empresarial, de notícias políticas ou sociais, de shows humorísticos é tirar a Deus do altar e colocar o próprio ser humano com os seus pecados e manias. Assim, tanto os hinos quanto as participações especiais devem evocar coisas de Deus e não meros temas psicológicos humanos. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. (1Co 2:2); Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. (2Co 4:5).
 
6. O culto deve ser racional e não emocional. Assim, descontroles emotivos, palavras sem tradução, ostentação de poder espiritual com gemidos ou frases desconexas ou expressões de delírio e desequilíbrio psicológico não devem ter parte no culto ao Senhor. Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. (Rm 12:1); Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos? (1Co 14:23).
 
7. O culto deve ser bíblico e tudo o que for pregado e ensinado deve ser conferido nas páginas das Escrituras Sagradas. O culto ao Senhor não é uma espécie de sessão ocultista onde alguém revela coisas sobre outras pessoas, mas onde a Bíblia revela o nosso pecado e apresenta a Jesus como o Salvador.  Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. (At 17:11); Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (Gl 1:9).
 
8. O culto deve ter hora para começar e hora para terminar. Um culto cujo horário é constantemente imprevisível não é adequado, pois as pessoas têm o direito de saber até que horas estarão reunidas. Há conduções, há compromissos pessoais e o culto não deve tornar-se uma caixa de surpresas. É claro que há ocasiões em que a necessidade exige um prolongamento. Mas são exceções, não regras. Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. (1Co 14:26); Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Ec 3:1).
 
9. O culto deve primar pela educação no porte público, respeitando as demais pessoas, e a comunhão pública, buscando a interação em suas partes: momentos de oração conjunta, momentos de cânticos, momentos de apenas ouvir, momento de saudações. Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. (Fp 2:1-2).
 
10. Por fim o culto deve edificar, trazer paz, provocar a comunhão individual com Deus, gerar ações comunitárias em prol do próximo, trazer comunhão e o espírito de Corpo de Cristo. Se o culto não despertar o desejo à santidade, à comunhão, à consagração, à dedicação incondicional com o Senhor, de fato foi um culto, mas não ao Deus da Bíblia, pois quando o culto é autêntico ao Senhor a Sua glória transforma a vida de quem cultua. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus. (At 4:31)
 
Wagner Antonio de Araújo

 

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

memórias literárias - 821 - UMA IGREJA SÓ PRA ELE

UMA IGREJA
SÓ PRA
ELE
 
821
 
Aquela irmã disse ao pastor: "pastor, seria bom que o senhor montasse uma igreja só para si, onde os membros fossem pessoas a quem o senhor tivesse evangelizado e doutrinado. Assim poderia ensinar a sua maneira antiga de seguir a Jesus e não ter conflito conosco, que não aceitamos todas as suas colocações". Esta frase foi dita a um pastor bíblico, cuja doutrina emanava das Escrituras Sagradas.
 
Estes são dias difíceis. Aqueles que querem viver o evangelho piamente sofrem severas perseguições. Assim como os anabatistas foram mortos por cristãos, os pastores que desejam fidelidade às Escrituras são perseguidos em suas próprias denominações evangélicas, vitimados pelos modernistas que mantém a direção dos púlpitos e a administração das estruturas denominacionais.
 
Se um obreiro desejar implantar danças e coreografias no ato de culto ele não terá dificuldade. Os contradizentes gritarão, protestarão e serão silenciados. Afinal isto está a ocorrer em toda parte e o tsunami de novidades cobre toda a terra. Se ele quiser fazer um baile à fantasia, um luau com direito a ponche, uma noite das cuecas e das calcinhas e uma festa de aniversário infantil com temática secular conseguirá com facilidade.
 
Mas ai dele se protestar contra o culto carnal e mundano, dizendo que Deus não é adorado com danças e com coreografia, mas em ato de culto em espírito e em verdade! Ai dele se disser que a participação em bailes e baladas é associação com o mundo e que os que são amigos do mundo constituiem-se inimigos de Deus! Aí dele se disser que a apologia ao álcool é dar a mão a Satanás! Ai dele se ele falar contra a vaidade e a sensualidade nos encontros eclesiásticos! Ai dele se ousar contradizer famílias que celebram as festas de seus pequenos com temas mundanos! Ele será ridicularizado, perseguido, massacrado e expulso!
 
Pastores à moda antiga estão sendo recolhidos pelo Espírito Santo às mansões celestiais. Eles estão findando as suas carreiras. O preocupante não é isso, pois o Senhor renova a Terra para que novas gerações a povoem. O preocupante é que não está havendo reposição de homens segundo o coração do Senhor! A cada obreiro bíblico recolhido dez novos obreiros contemporâneos e relativistas ocupam o seu espaço. Os crentes fiéis não encontram mais congregações onde reunirem-se e cultuarem ao Senhor à moda bíblica! Um culto espiritual, com cânticos espirituais, com Cristo no centro, sem carnalidades ou mundanismos, com um ensino de santidade e de consagração, isto saiu de moda. Só há espaço para o culto sincrético, misturado, com elementos sociológicos e religiosos que agradam e liberam qualquer coisa, sem juízo bíblico de valores.
 
Esse pastor não terá mais púlpito mais dia, menos dia. Ele não será mais convidado para pregar e nem para lecionar. Ele não terá mais uma congregação com quem reunir-se. Ele será recolhido à sua geração. A apostasia não o poupará. E será rei morto, profeta recolhido, crente do passado, retrocesso vencido. Mas lá no céu ele será chamado de "servo bom e fiel", não pelos homens, mas pelo seu Senhor.
 
E então Jesus Cristo em breve voltará!
 
 

Wagner Antonio de Araújo

terça-feira, 12 de novembro de 2019

páginas soltas - 820 - SÓ JOSÉ

JOSÉ
 
820
 
Era idoso. Mas sempre alinhado. Aposentara-se há anos. Há quinze era viúvo. Suas duas filhas moravam próximas, casaram-se e eram mães também. Ele vivia sozinho. "Sozinho não; com Deus", gostava de dizer.
 
Era muito crente. Costumava ler a bíblia na escrivaninha da sala. Tinha um abajur que ganhara nas bodas de prata e com ele iluminava as páginas sagradas. Lia 20, 30, 50 minutos à noite e outros tantos pela manhã. Depois, ao pé da escrivaninha, colocava um travesseiro e, com cuidado, ajoelhava-se. Orava ao Senhor. Às vezes chorava, outras sonhava. Em todas, porém, Deus estava presente.
 
Certo dia ele não saiu até a padaria para comprar o pãozinho diário. Sua filha, que também ali passava, ouviu do balconista a preocupação pela ausência. Ela, preocupada, saiu da padaria e passou na casa do papai. A porta estava trancada. Como tinha uma chave consigo, abriu a porta. Foi ao quarto. Papai dormia.
 
- Papai, o que há?
 
Ele, acordando, deu um sorriso.
 
- Olá, filha amada. Vou partir!
 
- Como, papai? Que história é essa?
 
- O Senhor vai levar-me, querida. Vou aos braços de Deus!
 
A filha saiu correndo para o quintal, ligou para a irmã e chamou a ambulância. Seu pai, lá de dentro, pediu:
 
- Filha, eu lhe peço: não me tire daqui. Apenas chame a sua irmã.
 
Ela, agora desesperada, aguarda a irmã, que chega afoita.
 
- O que foi, mana?
 
- Ai, meu Deus, papai não está falando coisa com coisa! Ele disse que vai partir hoje! Venha ver!
 
Quando chegaram no quarto, seu pai olhava para cima e sorria. Logo viu as filhas aos pés da cama e disse:
 
- Venham cá, meninas! Eu já disse que amo vocês?
 
- Sim, papai! Mas vamos ao hospital, por favor.
 
- Não, minhas filhas. Eu estou bem. Aliás, estou muito bem. Peguem em minhas mãos.
 
Elas assim o fizeram, em lágrimas. As mãos de papai estavam frias, mas sem desespero ou tremores. Ele, olhando para ambas com um brilho diferente nos olhos, pediu um beijo de cada uma delas. Elas o deram e o abraçaram em prantos.
 
- Calma, minhas queridas. Calma! Papai vai para casa! Eu não disse a vocês que o céu é o nosso lar? Pois então, não há porque ficarem tristes!
 
Em seguida apertou as mãos das meninas e disse, olhando para o céu:
 
- Senhor Deus, Pai celestial, tenho ao meu lado as filhas que me deste. Obrigado por tanta riqueza! Obrigado pela vida, pelo amor e pela família! Agora estou pronto para partir. Obrigado pelo perdão dos meus pecados por Cristo, o meu Salvador! Senhor, cuida de minhas meninas. Cuida de seus maridos e filhos. Cuida da nossa igreja. Aleluia! Maranata!...
 
Fechou os olhos e partiu.
 
Sim. Agora eram as filhas que oravam em pranto copioso e dolorido, mas gratas pelo pai magnífico que ali descansava. Um homem que viveu com Deus e morreu com Deus. Um homem de quem tinham orgulho. Um homem de valor.
 
O seu nome?
 
José. Só José.
 
Wagner Antonio de Araújo

 

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

memórias literárias - 819 - SÓ POR GRATIDÃO

POR
GRATIDÃO
819
 
O telefone tocou.
 
- Alô?
 
- Pr. Wagner?
 
- Sim?
 
- Aqui é o irmão fulano. Tem um minutinho?
 
- Claro, irmão. Pois não?
 
- Eu estou ligando para agradecer-lhe.
 
- Agradecer-me? Do que, irmão?
 
- Há 25 anos eu estava para me suicidar. Antes, contudo, ouvi uma mensagem sua. Deus falou ao meu coração. Eu desisti da idéia e entreguei-me a Cristo. Hoje sou feliz, tenho família e sirvo a Deus numa igreja. Eu gostaria de dizer-lhe muito obrigado!
 
Não é preciso dizer que chorei. Chorei por ter visto a salvação que alcançou este irmão. E chorei também pela gratidão de seu coração.
 
Pensei em quantas pessoas foram importantes para mim. Pensei em minha mãe, em meu pai, em meu irmão, em tios meus que comigo conviveram. Pensei na Igreja Batista em Sumarezinho, onde me converti, nos irmãos que auxiliaram a minha formação cristã. Pensei nos pastores que se tornaram referência para mim. Pensei naqueles que me ajudaram a encontrar um emprego através do qual me sustentasse. Pensei nos meus professores de inúmeras matérias. Pensei nos que me deram conselhos, admoestações e sugestões. Quantas pessoas mereciam um muito obrigado de minha parte!
 
Graças a Deus eu tenho buscado demonstrar gratidão. Não me sinto bem e talvez nem consiga dormir sem que alguém a quem sou grato escute de minha voz ou leia de meu escrito um muito obrigado por ter sido importante para mim. E nós, temos buscado agradecer?
 
Gratidão se faz com palavras. Palavras que expressem a nossa felicidade pelo que recebemos. Também se expressa por atitudes, por atos de serviço, por tempo de qualidade. Gratidão também se demonstra por presentes, por lembranças, por contato físico (um abraço, um cumprimento, uma presença física numa visita). Como a gratidão faz bem!
 
Você já agradeceu à sua mãe por ter ela lhe concebido, criado, renunciado à própria saúde para que você existisse? E ao seu pai, por ter trabalhado de sol a sol, sofrido, ter se privado de desejos para poder colocar o pão e o leite à sua mesa? Já agradeceu aos professores que lhe alfabetizaram? E àqueles que lhe inspiraram de alguma maneira? Tem sido grato à esposa por lhe suportar anos a fio? E aos filhos, por aguentar o seu gênio e as suas excentricidades momentâneas?
 
E na igreja? Você já agradeceu ao seu pastor pelo sermão que pregou? E por ter lhe atendido na hora da necessidade? Igrejas podem manifestar gratidão ao pastor sustentando-o condignamente, e premiando-o quando militar bem na Palavra de Deus. Não estou a inventar isso. O Apóstolo Paulo afirma que digno é o obreiro do seu sustento, e diz que digno de duplo honorário o que milita bem na Palavra. Um pelo suprimento e outro pela gratidão. Você já agradeceu ao professor da EBD, ao introdutor do culto, àquele que lhe presenteou uma bíblia?
 
O mundo seria outro se houvesse no coração gratidão. Os asilos estariam bem mais vazios se os filhos fossem gratos aos pais. Os consultórios psicológicos estariam com vagas se as pessoas recebessem maior atenção e carinho e não tivessem que lutar com o abandono e o esquecimento. E as faces seriam mais sorridentes se os corações fossem mais alegres. Os bosques mostrariam um verde mais vivo e as flores exalariam um perfume mais doce se o nosso coração fosse grato e recebesse igualmente a gratidão.
 
Quer obedecer a Deus? Seja grato. Mas não agradeça internamente apenas. Faça-o publicamente a quem de direito, ou a todas as pessoas. E expresse gratidão, seja pessoal, seja eclesiástica, seja corporativa, seja civil.
 
Eu agradeço a cada pessoa que investe o seu tempo a ler os meus escritos. Tem sido por vocês que não cesso de investir em literatura.
 
Obrigado!
 

Wagner Antonio de Araújo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

memórias literárias - 818 - VOCÊ CONSEGUIU!

VOCÊ
CONSEGUIU!
 
818
 
Conseguiu, mãe. Conseguiu afastar a sua filha da igreja. Enquanto dizia tudo de ruim que as pessoas da congregação tinham em suas vidas, todos os defeitos da família e todos os problemas que ali aconteciam, sua filha acordou para a realidade e decidiu que não queria levar avante uma religião que mais parecia uma enxaqueca. Parabéns!
 
Conseguiu, pai. Seu filho abandonou a igreja. Você não ia à Escola Bíblica Dominical porque tinha jogo com os amigos. Só o levava até o templo e o largava lá. Depois os amigos o levavam até em casa. O seu filho preferiu os amigos também. Ele agora tem um cigarro igual ao seu e um copo de cerveja na mão. Aliás, já está a se embriagar. O vocabulário dele é semelhante ao seu quando assistia ao futebol ou quando discutia com a mãe dele. Parabéns!
 
Conseguiu, vizinho. Você tanto enfernizou a vida do morador ao lado que ele simplesmente decidiu não ir mais a igreja alguma. Ele era crente novo, havia chegado a Cristo recentemente. Ele precisava de exemplos e encontrou em você tudo o que não queria para si: encrenqueiro, preguiçoso, quebrador de normas, sem respeito pela garagem dele e sem limites para ligar o som alto ou gritar em casa. Ele agora diz que religião alguma faz diferença para bem na vida de ninguém. Parabéns!
 
Conseguiu, pastor. Quando trocou de esposa por uma mais nova estilhaçou o conceito de família que muitos tinham ao observar-lhe. O seu adultério custou caro para o ex-marido de sua atual mulher, caro igualmente para a sua ex-esposa. Dos seus quatro filhos dois lhe odeiam e dois odeiam a mãe. Eles só estão concordes em não querer saber mais de igreja, pois vêem que a prédica não acompanha a prática. Os crentes que você batizou abandonaram a fé e já regressaram ao lugar de onde você os havia tirado. Eles lhe chamam de Sansão: mais matou com o pecado final do que salvou durante o ministério. Parabéns!
 

E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. (Mc 9:42)

memórias pastorais - 817 - PIB RIBEIRÃO PIRES SP: NOSSO MINISTÉRIO



PIB RIBEIRÃO
PIRES SP:
NOSSO
MINISTÉRIO


817
No último dia 29 de outubro completamos 4 meses à frente do pastorado da Primeira Igreja Batista em Ribeirão Pires, São Paulo, Brasil. Algumas coisas eu gostaria de compartilhar.

1. Eu não fui o pioneiro desta igreja. Vários ilustres obreiros me precederam. Há 47 anos ela foi organizada. Quantas bênçãos receberam ao longo de todos esses anos! Aquele púlpito já foi o "assim diz o Senhor" em inúmeros momentos e por diversos homens de Deus. Cada vez que subo ali sinto temor e tremor, pedindo a Deus para manter-me fiel às Escrituras Sagradas. E que jamais deixe morrer a memória da igreja quanto à gratidão aos obreiros que ali já serviram ao Senhor.

2. O povo daquela igreja é um povo maravilhoso, afetuoso, caloroso, hospitaleiro, repleto do amor a Deus e de comunhão uns com os outros. Eles mantém laços familiares diversos, acumulados ao longo dos anos entre casamentos e amizades. Eles se conhecem profundamente e aprenderam a aceitar as virtudes e os defeitos, buscando melhorar a cada dia. São comuns as visitas, os cultos nos lares, os telefonemas e os encontros. Como isso faz bem!

3. Eles são trabalhadores incansáveis. O ritmo de atividades da igreja é monumental. Eu tive que me adaptar a isso, uma vez que tradicionalmente a segunda-feira é a folga pastoral. Contudo, ali na Primeira, eles celebram o "culto nos lares" há mais de dez anos às segundas-feiras. Por que mudar? Resolvi prestigiar quinzenalmente e tem sido um aprendizado olhar para o empenho com que fazem a obra do Senhor.

4. Eles são generosos. Já presenciei a união deles para refazer o telhado da casa de uma família e soube de dezenas de outras tarefas que atribuiram a si próprios, suprindo as necessidades emergenciais de tantos: tratamentos de saúde a idosos, compra de fraldas para suprirem bebês necessitados, doação de remédios e de víveres etc. O amor ali não é teoria, é prática!

5. Eles cuidam do pastor. Minha família tem sido principescamente hospedada em lares para o almoço no domingo. Quando a casa pastoral não estava em condições de receber-nos, os irmãos cediam o próprio quarto de dormitório para que descansássemos à tarde. À mesa colocavam a melhor comida, a melhor sobremesa, a toalha mais bonita. E, depois que nos estabelecemos na casa pastoral eles continuam a cuidar de nós: dificilmente deixam de perguntar pela saúde de minha grávida esposa, estão o tempo todo acarinhando os meus filhos, nunca deixam de fazer um agrado, uma expressão de amor. Como isso faz bem!

6. Eles são submissos. Quando ali cheguei provoquei mudanças significativas e assustadoras num primeiro momento, pois representava a volta à doutrinas e práticas tradicionais batistas. A igreja havia experimentado projetos modernos de crescimento e de liturgia de igreja e assustava-se com aquilo que propúnhamos. Mas em nenhum momento enfrentei hostilidades. Pelo contrário, aos poucos, com muito cuidado, tudo foi se adaptando. E hoje igreja e pastor estão a caminhar no mesmo passo, com erros e acertos, mas com o foco em Jesus, na Bíblia Sagrada, na evangelização e na comunhão. Eles sabem trabalhar com o pastor!

7. Eles são promissores. Há enormes desafios para o futuro. O salão de cultos não é comprido, ele é bem curto, conquanto largo e com galeria. Há espaço para quase dobrar o seu tamanho, não sem derrubar o salão social e o gabinete pastoral. Mas eles não têm medo caso assumamos esse desafio. Há o inconveniente histórico de não haver estacionamento para carros (quando a casa de oração foi erguida não havia essa demanda). Isso gera reflexão para um futuro a médio prazo: queremos uma capela maior em número de assentos e sem estacionamento para os carros ou buscaremos no Senhor uma propriedade que tenha espaço para os nossos automóveis também? Ribeirão Pires é o mais caro dos municípios da região do ABC (Santo André, São Bernardo, São Caetano). Ele é uma estância turística. Sei que, se houver consciência do que for melhor, aqueles irmãos estarão prontos a assumirem qualquer desafio, seja dobrar a capacidade atual e construir salas num segundo andar, seja partir para um outro local!

8. Eles têm se santificado. Quando chegamos à igreja dissemos que o nosso foco seria SANTIDADE AO SENHOR. Isso vem causando grande reboliço comportamental. Coisas que eram tidas como normais e comuns passaram a representar pecado segundo a revelação bíblica. Ao invés da rebelião contra a destruição da zona de conforto, muitos irmãos estão experimentando uma transformação espiritual sem tamanho: têm lido a Bíblia, têm buscado afastamento dos prazeres da carne e do mundo; têm compartilhado a fé; têm abandonado aquilo que representa escândalo e tropeço. O resultado não podia ser outro: casamentos restaurados, vidas consagradas, comunhão com Deus amplificada e até nas vestimentas uma forma menos vaidosa e mais humilde tem aparecido, destacando a pessoa e não os apetrechos. Como Deus é bom!

9. Publicidade e alcance. A igreja decidiu aceitar o nosso desafio e tornou-se usuária da mídia. Eles já possuiam página nas redes sociais, mas jamais haviam experimentado o que hoje tem acontecido: a divulgação de seus cultos pelo mundo afora. Isto provocou um conhecimento maciço da igreja pelo público cristão em geral. As transmissões ao vivo têm sido assistidas centenas de vezes e o alcance ultrapassa a barreira dos milhares. Há gente de diversos países a acompanhar os nosso cultos: Portugal, Estados Unidos, Cuba, Argentina, Suécia, Espanha, Alemanha, Japão, Austrália, África etc. Dos estados brasileiros quase todos mantém uma consulta constante às nossas mídias. Seja Deus engrandecido!

10. A glória é só de Deus, não nossa. Desde que assumimos tomamos a decisão de começar os cultos de joelhos diante do Pai, em nome de Jesus Cristo e no poder do Espírito Santo. Os hinos que cantamos são cristocêntricos e os cânticos avulsos são escolhidos com critério. O culto tem ordem, tem liturgia tradicional, com prelúdio, poslúdio, com pregação, oração e comunhão. As nossas crianças têm recebido atenção especial, com um culto realizado em salas próprias, e até com direito à jantinha noturna! No último domingo tivemos a afluência de 20 crianças, somando 117 pessoas à noite! Quando ouvimos e vimos isso dobramos os joelhos e dizemos: toda a glória seja a Deus, nenhuma ao pastor e nem a ninguém! Somos apenas servos e queremos que o Senhor seja magnificado!

Minha família e eu vivemos esse tempo presente com grande gratidão. Em abril eu fui visitá-los pela primeira vez sem nunca ter conhecido a cidade ou a igreja. Levei um tombo no púlpito e tive que deixá-los, oferecendo a reposição da visita interrompida. Eles quiseram o nosso regresso, e outra vez, e outra e outra. O resultado está aí: Deus havia preparado este ministério para que O servíssemos com eles. Certamente eu jamais me esqueço dos ministérios pastorais passados, onde servi ao Senhor com amor e com temor, principalmente a inesquecível Boas Novas, onde gastei 22 anos de minha vida. Mas hoje o nosso ministério é com a Primeira Igreja Batista em Ribeirão Pires, São Paulo, Brasil e queremos viver com intensidade este privilégio, dure o tempo que durar. Alguém me pergunta: "pastor, o senhor vai ficar conosco?" E eu respondo: "O tempo que o Senhor desejar aqui ficarei. Vamos viver com alegria este momento!". O tempo de Deus é perfeito e só Ele sabe quanto tempo há de durar. Certamente que não assumi o pastorado para encerrá-lo em seguida, mas sim cumprir tudo o que Ele disser para fazer. Que a Sua vontade seja cumprida!

Bem, decidi escrever tudo isso neste dia especial, pois é o dia em que antigamente comemorava o aniversário de organização de minha última igreja, Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, em Carapicuíba, SP. Hoje ela completa 19 anos de organização e 23 anos como congregação. Eu não estarei lá mas espero que as bênçãos de Deus recaiam sobre ela e sobre o seu pastor. E com estas informações espero que aqueles que nos amam ali possam glorificar ao Senhor pelo trabalho que Ele me concedeu para este tempo. Servimos ao Senhor onde Ele nos envia. Aleluia!

Abraços a todos.

Wagner Antonio de Araújo.
04 de novembro de 2019

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...