sábado, 12 de junho de 2021

dia do pastor -

 Hoje é o DIA DO PASTOR.


Estou sem ministério eclesiástico.


Certamente que, se estivesse, estaria muito feliz ao lado da igreja onde servia.


Louvo a Deus pelos colegas

Pr. Timofei Diacov

Pr. Manoel Waldemur Pereira Corrêa

Pr. Antonio Mendes Gonçales

Pr. Albino Faustino

Pr. Rivaldo Vieira Barreto

Pr. Bonifácio Freire Cavalcanti

Pr. Josué Nunes de Lima

Pr. Haroldo Rosendo Rico

Meus pastores.


Feliz Dia dos Pastores.


Wagner Antonio de Araújo.

quarta-feira, 24 de março de 2021

memórias literárias - 1175 - TERRA ARRASADA

 TERRA ARRASADA


1175
 
Terra arrasada. Escombros do que antes era um mundo. Hoje contamos os mortos. Também contamos os que vão morrer, pois acumulam-se à porta das terapias intensivas dos hospitais.

Maria Isabele nasceu nesse tempo. Minha filha desconhece o que são passeios, visitas familiares, parentes ou amigos. O seu mundo é a nossa casa, os nossos braços.  Nada mais.

Meus outros dois filhos, Rute e Josué  ainda desfrutaram de uma vida social normal para os tempos de outrora: casa dos avós, primos, passeios, praia e campo. Eles tiveram vida eclesiástica: participaram de cultos, escolas dominicais, natais e visitas. Mas já faz tanto tempo que suas memórias infantis confundem com a imaginação. 

Abro o noticiário e leio sobre desgraças.  Mortes, falta de vacinas, bravatas, roubo do dinheiro público, gente a quebrar regras sanitárias, fome, desespero, pobreza, desesperança. 

No meu telemóvel (celular) recebo a notícia de dois bebês que se foram. Também de um pastor que conheci adolescente. Outro, cantor e grande amigo, sucumbiu no hospital. E dezenas de outros padecendo silentes, entubados, em quarentena, em luto por outras perdas.

Eu não creio que tenha sido diferente a sensação que as pessoas tiveram durante as 2 Grandes Guerras, a pandemia de 1918 ou as guerras regionais e inúmeras dos últimos cem anos. Há uma dor de terra arrasada. Não são mísseis que destroem construções; são pequenas desgraças que derrubam vidas humanas, aos milhões...

O coração arrasado olha para os lados e diz: ainda há esperança? Seremos os próximos? Quando isso irá terminar?

Não há respostas. Só há angústias. Só há dor. No mundo teríamos aflições  e, quanto mais próxima a volta do Senhor, mais dores o mundo sentiria. Nós somos o mundo de hoje!

Parafraseando o grande missionário Hudson Taylor, quando tomava conhecimento do massacre de centenas de seus missionários na China, quando da Revolução dos Boxers, eu também digo: talvez não consiga orar, talvez não consiga cantar, mas eu posso confiar em Deus.

Eu confio em Deus, aconteça o que acontecer. Ele sabe até onde permitir e não deixará a nossa alma vacilar.

Tem misericórdia de nós, Senhor!

Wagner Antonio de Araújo- 23/03/2021.


terça-feira, 16 de março de 2021

memórias literárias - 1174 - O MEU TEMA

 O MEU

TEMA
 
1174
 
O meu tema não é política. Certamente que tenho as minhas opiniões, os meus conflitos, os meus protestos, os meus lamentos, mas estes eu guardo comigo. Não milito no meio do reino deste mundo, conquanto queira ser sempre um cidadão de bem, cumpridor dos meus deveres e desejoso de que os meus direitos sejam respeitados. Respeito os que o fazem e oro por eles. Mas não é a minha praia.
 
O meu tema não é o esporte. Eu tenho um ou outro esporte do qual gosto. Em minha infância fiz artes marciais, natação e fui um pouco atleta. Depois de minhas enfermidades cardíacas eu não militei mais nessa área e hoje, com a cura do meu coração e uma série de bênçãos volto pouco a pouco ao exercício. Mas este não é o meu assunto de interesse. Admiro quem tem saúde e eficiência atlética.
 
Também não tenho por tema da vida a academia. Fiz os meus estudos em diversas áreas e preparei-me para ter um bom salário e uma boa atuação em minhas áreas do saber. Depois, chamado que fui pelo Senhor para o ministério pastoral, dediquei-me integralmente a isto e especializei-me em conhecer de tudo um pouco, de forma caseira, artesanal, auto-didática. O meu tema não é a academia. Admiro os que detém graduações diversas e que se tornam especialistas em muitas áreas. Mas não sou um doutor.
 
Muito menos tenho por tema o entretenimento, as séries da Netflix, as músicas populares, as artes diversas. Não tenho qualquer interesse no entretenimento televisivo, nos programas de auditório, nas invasões de privacidade dos programas que usam a plataforma dos confinamentos públicos para a diversão. Sou um apaixonado pela música, tanto a música cristã tradicional quanto a contemporânea. Eu também sou eclético em meus gostos, ouço com diversificação músicas seculares instrumentais, cantadas, brasileiras ou estrangeiras, desde que não firam o tema de minha vida. Mas o meu tema é outro.
 
O meu tema é JESUS CRISTO. A razão de minha vida é JESUS CRISTO. Foi Ele quem me salvou, foi Ele quem na cruz morreu em meu lugar, ressuscitando ao terceiro dia. Ele é o Deus-Homem, o Pai da Eternidade e o Príncipe da paz. Ele transformou os meus pensamentos, mudou o meu coração e me deu  o perdão dos meus pecados. Ele mostrou-me como viver com Deus, como viver com o próximo e como as coisas serão em breve, quando Ele regressar e tomar as rédeas do mundo e dar-me a eternidade no Céu, eu, um imerecedor, mas agraciado por Seu amor!
 
Jesus é o tema da minha vida. Ele é o tema das minhas canções. Ele ocupa o centro dos meus pensamentos. Ele é o meu interesse máximo nas leituras que faço, em especial nas páginas sacrossantas das Escrituras Sagradas, únicas fidedignas que me apresentam a Sua vida. Ele é um homem sem igual, um ser sem igual, um mestre sem igual, o único Senhor. Ele é o meu MESSIAS, único e invencível. Ele é a motivação de tudo o que eu faço. Eu não milito por um reino de Cristo nesta Terra, mas sirvo-O crendo no porvir, absolutamente certo de que Ele irá vencer. E, por servi-Lo, posso amar o próximo, posso servir aos irmãos, posso perdoar aos inimigos, posso orar pelos que me perseguem e posso ser feliz! Neste serviço posso construir uma realidade mais justa e solidária, mais bondosa e piedosa. Mas tudo por Cristo e não despido dEle.
 
Amo falar dEle em família. Ele é o assunto em minhas refeições. Sou apaixonado por louvá-Lo quando me reúno para o culto doméstico. Quando vou à igreja, quando me visto para ir ao culto, não o faço para seguir modas ou tendências, eu faço para servir a Jesus, para dar a Ele o meu melhor. Não me importam as múltiplas interpretações contemporâneas. Ninguém pode atrapalhar o tema principal no coração de alguém que sabe o que encontro. Eu, miserável pecador, encontrei salvação! Eu, mendigo esfomeado na alma, encontrei o PÃO DA VIDA. Eu, sedento de perdão e de vida, encontrei a ÁGUA VIVA. Jesus me satisfaz. Eu gosto de falar dEle com os irmãos na igreja, com os amigos nas redes sociais, com as pessoas a quem eu encontro; enfim, meu tema é JESUS.
 
 
Qual é o tema de sua vida, prezado leitor?
 
Wagner Antonio de Araújo.

sábado, 13 de março de 2021

memórias literárias - 1173 - AGORA É TARDE ...

 AGORA

É TARDE
 
 
1173
 
Eram todos membros de igreja. Eram, em tese, crentes. Mas não falavam de Jesus Cristo, não oravam às refeições, não liam a Bíblia, não cantavam. Os pais ainda eram membros de sua congregação, mas os filhos estavam desligados, foram para "o mundo" (como se os pais também não estivessem...). Os parentes, cristãos também, nem mencionavam o Senhor em suas conversas rotineiras e em seus encont'ros e visitas.
 
Então veio a COVID. Os pais foram para o hospital. Foram entubados. Os parentes cristãos, de repente, sentiram um desespero para levarem a mensagem para os filhos deles, para que voltassem ao Senhor. Mas eles já estavam tão sedimentados no secularismo e no mundo, que não viam necessidade alguma desse tal "retorno".
 
Os pais recuperaram-se. Já os  filhos, contudo,  despidos de pudores sanitários em plena pandemia, foram aos bares, aos encontros e às baladas. Eles contaminaram-se e foram entubados. Os pais, agora desesperados, queriam falar com eles sobre Cristo e a necessidade de uma reconciliação. Mas era tarde. Eles estavam incomunicáveis. Eles morreram.
 
Esta cena repete-se aos montões. Famílias que adquirem a enfermidade acabam por descobrir muito tarde que não priorizaram os seus compromissos com o Senhor. Eles se chamavam cristãos, mas viviam como gente comum, sem nenhuma diferença dos demais. Para eles ser cristão era o mesmo que ter uma religião qualquer, meros crentes nominais. Quando a morte bateu em sua prole perceberam quantos compromissos haviam quebrado.
 
01) Eles não ensinaram aos filhos a Palavra de Deus, incutindo em suas mentes as mensagens do Senhor, nem sequer serviram de exemplo para eles. Esqueceram-se do que estava escrito na Bíblia: E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. (Dt 6:7). Não ensinaram, não falaram nem em casa, nem nas viagens, nem quando se levantavam e nem quando se deitavam.
 
02) Eles não serviram de exemplo para que os filhos seguissem ao Senhor. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; (Ef 5:1); Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas. (Hb 6:12).
 
03) Eles não incutiram o costume de ir até a Casa do Senhor para adorá-Lo, nem guardaram o Dia do Senhor. Antes, gastaram os seus domingos nos esportes, no lazer, nos passeios, nos cinemas, nas festas e em outras atividades. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. (Ex 20:8); Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. (Ex 20:10); E no primeiro dia da semana os discípulos se ajuntaram para partir o pão...(At 20:7).
 
04) Eles não intercediam pela salvação de seus filhos, apresentando-os perante Deus com sofreguidão, até que eles estivessem firmes e arraigados no evangelho da graça de Cristo. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, (Ef 6:18); Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente. (Jo 1:5)
 
05) Eles não procediam como cristãos autênticos, pelo que os filhos, na idade da adolescência, ao contemplarem a incoerência entre a prédica e a prática, preferiram a verdade do mundo, rejeitando aquilo que classificaram como a hipocrisia da fé. Quantos almoços, encontros e reuniões não foram regados com conversas ácidas contra irmãos, contra os ministros da igreja, contra famílias e contra tudo! A colheita é amarga! E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. (Mc 9:42); Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra (Tt 1:16)
 
Há pais, há filhos e há familiares que sofrem muito com a pandemia e que deram brilhante testemunho de sua fé em Jesus Cristo. A estes a minha sincera homenagem. Suas vidas têm sido um farol no meio das trevas deste mundo. Mas, infelizmente outros pais e outros familiares não têm sido, de fato, praticantes da Palavra. E a prática é o sintoma da verdadeira conversão: Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou. (1Jo 2:6)
 
Caro leitor, se algo aqui descrito atingiu o seu coração e trouxe-lhe a convicção de que não está contribuindo para que outros creiam em Jesus, inclusive filhos, pais e familiares, é conveniente que se peça perdão a Deus e se suplique por uma nova oportunidade. Se nós não formos um exemplo a ser seguido, então é melhor que nem nos chamemos cristãos. Ser exemplo não significa ser perfeito, mas, nas limitações de nossas imperfeições e pecados, buscarmos ser uma bênção nas mãos de Deus. Nós mostramos Cristo nas pequeninas coisas, no linguajar, nas escolhas, nos compartilhamentos, na maneira de nos relacionarmos. E, com relação aos filhos, seremos o exemplo de fé que seguirão. O que faltar de nossa parte, se fiéis formos, Deus completará!
 
Vamos melhorar? Assim não estaremos nessa triste situação de tantos, cujas lágrimas nos caixões dos jovens que morrem agora, ou dos pais que se foram, caem misturadas com o pranto de arrependimento pelo tempo perdido sem dar um bom testemunho.
 
Que Deus nos ajude!
 
Wagner Antonio de Araújo

sexta-feira, 12 de março de 2021

memórias literárias - 1172 - ALI ERA UMA IGREJA ...

 ALI ERA

UMA IGREJA...
 
1172
 
Uma casa de festas, palco de drogas e de danças, em plena pandemia. Sabem o que era essa casa? Um salão de cultos de uma igreja. Fora construído para isso! Mas a igreja fechou e então o imóvel foi para a mão dos que encontraram um rendimento melhor para o dinheiro investido. O templo de Deus deu lugar ao templo das vaidades humanas. Ou as vaidades já estavam presentes quando construído?
 
Um mercado de bairro, com estacionamento e com varejão de frutas e legumes. Várias salas e um salão bem amplo. Ali era uma igreja, palco de muitos cultos e celebrações para Deus. Quando o pastor faleceu um outro assumiu e roubou o dinheiro das ofertas. Com o rebanho dividido a frequência diminuiu. Os usurpadores foram embora e os que sobraram não conseguiram sustentar o trabalho, acabando por vender o prédio, entregando o valor para a sede da denominação. Aquele local, outrora um majestoso templo de adoração divina tornou-se um bazar de alimentos, um mercado, um centro de lucros e de suprimentos humanos. Os tijolos daquelas paredes eram testemunhas do grande esforço que os crentes tiveram para erguer o edifício, e hoje contemplam o desastre daquela fé.
 
Um motel. Sim, aquele salão de cultos virou um motel. Uma igreja o alugou por vinte anos. Ali realizava o seu culto. Hoje, nas mãos de outro proprietário, o ambiente foi dividido em quartos, o centro do salão num estacionamento e hoje dá lugar para o culto da sensualidade e do adultério, não mais os cultos ao Deus da Bíblia. Mais um local que tornou-se pagão. Ou já o era antes, apenas cum uma fachada piedosa?
 
Falo de coisas no Brasil. São igrejas que se tornam cinemas, mercados, shoppings, salão de baladas, bancos e estacionamentos. Para onde foi o povo que considerava-se do Senhor? Poucos foram para um outro local. A maioria morreu ou abandonou a fé. Estão no mundo! A Europa contempla tragicamente os seus templos transformados em restaurantes, em prostíbulos e em casas de shows, quando não nas mãos de seitas radicais e fundamentalistas! Não há forças policiais para impedir os cultos; os próprios crentes estão indo embora.
 
Porventura, quando o Filho do Homem voltar à Terra encontrará fé entre os homens? Haverá gente que ainda o tema?
 
Eu sei que, enquanto escrevo, a pandemia ceifa vidas aos milhares e que, por questões sanitárias temos que cultuar a Deus com restrições e sem usar os templos por algumas semanas. Eu sei que inúmeras igrejas que congregavam em imóveis alugados tiveram que entregar os seus salões por não verem sentido em pagarem aluguel sem uso. Mas sei que congregações não se extinguem por falta de salões, pois não são estes que os tornam em igrejas. Igrejas existem em templos, em salões, em casas, debaixo de bambuzais ou no meio da rua. Igreja é Cristo no meio do Seu povo, seja onde for este ajuntamento Mas o que eu digo é que o mundo está trocando a igreja pelo templo das vaidades e que o cristianismo está em seca.
 
O que eu peço é que Deus venha com graça reavivar o Seu povo, que se chama pelo Seu Nome, e que nos traga um despertamento sem precedentes, para que, nestes dias do fim tenhamos um testemunho incandecente num mundo de trevas. E que os locais onde o povo de Deus se reúne voltem a ser grandes afluentes de seres humanos ávidos por um autêntico encontro com o Senhor.
 
"REAVIVA, SENHOR, AS OBRAS DAS TUAS MÃOS NO MEIO DO TEU POVO!"
 
Wagner Antonio de Araújo.

quinta-feira, 4 de março de 2021

memórias literárias - 1171 - BEM CONHECIDO

 BEM

CONHECIDO
 
1171
 
Carlos é bem conhecido no meio esportivo. Ele é amigo de diversos jogadores de futebol, empresários de clubes, chefes de torcida, patrocinadores de eventos etc. Seu nome consta da lista de celebridades da área. A sua opinião é solicitada em acontecimentos relevantes dos esportes e ele é muito popular. Carlos tem muitos amigos no esporte.
 
Meire é celebridade na área de modas. Ela está presente em muitos desfiles importantes dos costureiros que ditam a moda para as estações. Ela tem canais muito populares onde faz vídeos que ensinam a maquiagem, a etiqueta, a maneira de se vestir e como se portar nas altas rodas de eventos chiques. Ela é muito conhecida dos famosos e pode considerar-se uma celebridade.
 
Martins é político nato. Não perde uma reunião de seu partido, está em todas as inaugurações de obras públicas de sua cidade. Conquanto não tenha sido eleito em várias vezes em que se candidatou, nunca deixou de ser assessor parlamentar ou secretário de algum vereador ou deputado. Recentemente ganhou a eleição para um mandato de quatro anos e dá entrevistas a todos os jornais da região. Tornou-se conhecido nacionalmente e já se cogita a sua candidatura para o Congresso Nacional. Ele é muito conhecido.
 
Peixoto é um intelectual. Possui vários bacharelados, mestrados, três doutorados, vários títulos nacionais e internacionais e tem trabalhos publicados em quase todas as grandes universidades em sua área do saber. Seus artigos são respeitados e as suas opiniões consideradas. Não há um evento acadêmico no estado onde ele não seja convidado ou para uma palestra ou para compor a mesa dos mestres. Já participou de inúmeras bancas para titulação de novos mestres e doutores e tem até um salão acadêmico com o seu nome. Ele é bastante popular.
 
E o Silva? "Que Silva? Silva de quê? De nada? Não o conheço. Deve ser um inexpressivo, alguém desconhecido, um ser comum." Sim, é verdade. Silva não é conhecido nem no mundo esportivo, nem no mundo acadêmico, nem no mundo das celebridades e nem no mundo dos políticos. Silva é um ninguém, um José de Nada. Ele é mais um na multidão dos anônimos.
 
Um dia Silva adoeceu. Ele foi internado num hospital da cidade e convalesceu por vários dias. O seu estado piorou e ele ficou entubado. No último dia de vida ele recebeu a visita de seus familiares. Teve a súbita melhora antes da morte, voltando à consciência. E ali, diante de médicos e enfermeiras, num êxtase de fé e contrição, fez a sua última oração:
 
"Senhor Deus, em nome de Jesus Cristo e no poder do Espírito Santo eu me entrego em Tuas mãos! Aleluia!" 
 
Um fenômeno foi testemunhado pelos presentes: a sala clareou-se, Silva sorriu para o alto, estendendo a mão, e uma voz foi ouvida por todos: "Bem-vindo, muito amado Silva!" E adormeceu o sono da morte, fazendo romper entre os presentes uma emoção sem precedentes.
 
Silva, o anônimo, Silva, o ilustre ninguém  diante da sociedade pública, era muito, muito conhecido no Céu! Os anjos sabiam quem ele era e como vivia. E Jesus, o seu Salvador, o conhecia no íntimo. Silva, um homem comum aqui, era muito popular no Céu pela seriedade com que vivia com Deus. Agora ele fora para o Lar, onde estaria com quem sempre quis estar.
 
E o meu leitor? Sua vida é popular, é conhecida, possui redes sociais, círculos de amizade, grupos profissionais, esportivos, políticos e de celebridades, onde seu nome figura como alguém muito expressivo? Pois saiba que, melhor do que ser popular neste mundo é ser conhecido no Céu, pelos anjos de Deus que estão sempre junto aos homens, e por Deus, que conhece o nosso assentar e o nosso levantar, que sabe o que fazemos quando ninguém vê, que considera a seriedade da vida que levamos e a obediência que temos para com a Sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Ele conhece os joelhos de quem ora, as lágrimas de quem clama, o êxtase de quem louva, o serviço de quem serve! Ele sabe quem são os que tomam a sua cruz e seguem após Jesus. Estes se tornam muito, muito conhecidos no Céu. E, quando partirem, terão não uma simples morte, mas uma gloriosa partida, um encontro monumental, um bem-vindo sem igual! Mesmo que ninguém conheça esses fiéis, o Céu conhece e saberá identificá-los plenamente, recompensando-os e conduzindo-lhes às mansões celestiais.
 
Eu quero ser bem conhecido lá no Céu, ainda que seja desprezado aqui. Você quer também?
 
Wagner Antonio de Araújo.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

memórias literárias - 1170 - EM CINQUENTA ANOS ...

 EM

CINQUENTA
ANOS...
 
1170
 
Há cinquenta anos ela era uma igreja quase rural. Uma congregação de crentes quase iletrados. Mal sabiam ler a bíblia, assinar o nome ou fazer contas. Mas eram valorosos. Os pais de família eram respeitados. Se a cultura formal era pouca, sobrava conhecimento para uma vida íntegra. Os pais ensinavam aos filhos o seu ofício e as mães preparavam as filhas para serem boas mães, boas donas de casa ou seguirem uma vida profissional externa, caso desejassem. O pastor era um homem dedicado, de oração e de sólido conhecimento bíblico. Conquanto tenha feito apenas um curso básico de teologia num seminário pequeno, era muito dedicado no estudo da Palavra e não deixava a igreja nem desorientada e nem mal doutrinada. Era um homem de Deus. Os seus joelhos eram calejados. Ele andava com Deus.
 
Os cultos eram simples. Leituras bíblicas, cântico de hinos tradicionais, corinhos animados e simples, geralmente versões traduzidas pelos missionários há anos. Eles começavam os cultos de joelhos dobrados e faziam juntos a refeição dominical do almoço. Tinham o culto da noite e da quarta-feira também. Não havia divórcio no meio da congregação e os filhos eram obedientes. Não se casavam por impulso, mas consideravam a orientação bíblica: primeiro cuidar da lavoura e então constituir família. Apresentavam seus filhos ao Senhor e os criavam à luz do evangelho. Liam a bíblia em casa e pautavam a vida na Palavra de Deus.
 
Cinquenta anos se passaram. A igreja persistiu e chegou ao presente.
 
A região, quase rural, hoje tornou-se periferia de uma grande cidade. Os crentes daquela época já partiram para o Senhor. As crianças daqueles tempos são os avós e bisavós de hoje. O templo simples, um galpão com benfeitorias e embelezamento eclesiástico deu lugar a um prédio com salas bem equipadas e um salão de cultos muito confortável. O pastor, antes um homem de curso teológico básico, agora é um doutor com conhecimento pleno, cercado de um colegiado de mestres e doutores. O número de membros não mudou muito, ainda que as qualificações físicas da igreja tenham mudado. Eles mal sabem sobre a sua história. Não fazem menção dos pioneiros nem sabem direito quem pastoreou a igreja por estes anos, exceto os últimos dois obreiros.
 
As famílias agora são complicadas. Há divórcios o tempo todo e os recasamentos são constantes. Há adolescentes que são filhos de alguém que se casou três vezes, cujos maridos estão na igreja. As mães trabalham fora e confiam os filhos à creche e às escolas mais baratas. As caras também são procuradas, mas nem por isso possuem nível moral melhor. Algumas famílias contratam babás que não são cristãs e as crianças aprendem muita coisa imprópria. Outras, cristãs, gastam o tempo a assistir futilidades na TV e na internet, provocando estrago similar. Já os pais andam tão ocupados no ganho da vida que nem reparam em nada, desde que não se machuquem. Os valores ensinados pelas mães às filhas são os de não se submeterem aos maridos e não deixarem de ser independentes. Se forem se relacionar com alguém, que se previnam de doenças e de filhos, independentemente de casarem-se. E os pais ensinam aos filhos como torcer melhor pelo time, como não beber em excesso e como se proteger em caso de fornicações diversas. Ninguém considera o ensino bíblico sobre o assunto, pois, como se julgam muito preparados intelectualmente, não precisam dos ensinamentos do Senhor.
 
Aos domingos vão ao culto. Geralmente escolhem ou o da manhã ou o da noite, pois têm muitas atividades de lazer e coisas para fazer. Se  vão pela manhã deixam as crianças na área infantil, gastando o tempo a conversar com os seus amigos da igreja. Ali combinam negócios, ações políticas e passeios. Gabam-se de suas aventuras amorosas e criticam o mundo, o governo e o pastor. Depois, na hora do culto, ouvem um sermão regado a erudição, com palavras difíceis e grandes bravatas teológicas que jamais serão questionadas. Os pastores não cumprimentam, não visitam, não oram e não amam. Eles são bons profissionais, mantendo a igreja bem influente no bairro e na cidade onde estão. Para eles a Bíblia é um livro que precisa ser atualizado e só serve para debates e análises existenciais, nada mais.
 
Os casamentos são celebrações sociais muito concorridas. Primeiro os arranjos, depois a mídia, então o culto, onde o pastor prega bem pouquinho. Há sempre uma inovação: uma dança especial, um grito de guerra dos outros solteiros, uma roupa estravagante. E depois de tudo isso eles vão ao salão ao lado, onde a balada funciona com direito a bebida, comida e muita sensualidade. Geralmente alguns são levados bêbados para casa. Há alguns dias houve em um deles o festival de "funk proibidão", com as mais podres expressões poéticas de gente que desconhece o juízo divino. O pastor apreciou muito.
 
Enfim...
 
Esta é a história desta igreja. Ela é semelhante a de inúmeras outras em toda a parte deste planeta. Campos onde missionários deram a vida pela pregação do evangelho tornaram-se grupos secularizados de encontros mundanos e sem qualquer semelhança com o evangelho de Cristo. Os sucessores dos missionários que levaram o evangelho a povos e tribos distantes criticam os seus pioneiros, dizendo que não deveriam ter levado evangelho e cultura, esquecendo-se que hoje servem nas instituições criadas por eles... A descaracterização eclesiástica faz parte da arte satânica de montar o cenário para a chegada do anticristo. Em breve os poucos crentes que há serão arrebatados, deixando as igrejas nas mãos daqueles que nunca conheceram o olhar salvador do Senhor.
 
Para terminar: tenho num copo a casca de várias cigarras que apanhei em árvores numa viagem.  Para quem as vê são cigarras transparentes. Mas não há cigarras, apenas os seus restos. Assim estamos vendo as igrejas do Senhor. A casca, o nome e uma leve aparência cristã sobrevivem. Mas a essência já se foi em muitas delas, e e m outras estão em franco processo de desconstrução. Em breve nem precisarão se chamar IGREJAS ou CRISTÃS, pois Cristo terá sido banido delas. E nós, os da velha igreja, teremos sido arrebatados ou adormecidos no Senhor.
 
Que Deus nos encontre fiéis, mesmo que as nossas igrejas estejam perdendo a sua essência. Que sejamos um grão de ouro do Senhor no leito arenoso do rio da história.
 
Wagner Antonio de Araújo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

memórias literárias - 1169 - PRESTE ATENÇÃO ...

 PRESTE

ATENÇÃO...
 
Há vinte e cinco anos fui visitá-lo. Sua esposa recebeu-me na sala.
 
- Eu gostaria de conversar um pouco com o pastor.
 
- Ah, irmão, será um prazer para ele! Aguarde só um minutinho, ele está em reunião.
 
- Perdoe-me, irmã, eu não quero atrapalhar. Quando ele estiver só eu volto!
 
- Não é incômodo algum! E para encontrá-lo só será impossivel. Ele está em reunião com Deus!
 
- Ahh...
 
Ele saiu do seu escritório com o rosto a brilhar pela glória obtida em sua comunhão diária. Eu jamais me esqueci disto!
 
Passaram-se dez anos. Eu novamente fui visitá-lo.  Ele recebeu-me à porta. A esposa estava na casa da filha. Ele preparara uma chávena de chá para mim com algumas torradas.
 
- Meu irmão, que bom que veio! Eu tenho uma reunião e gostaria de tê-lo comigo!
 
- Reunião, pastor? E sobre qual assunto e com quem?
 
- Uma reunião com Deus. Sobre diversos assuntos. Pode participar comigo?
 
Eu havia me esquecido da visita anterior. Vi aquele herói ajoelhar-se na sala e abrir a alma diante do Calvário aos pés de Jesus Cristo. Eu tremia e sentia o coração palpitar forte. Não tinha medo; tinha respeito e temor! Era como se Deus ali estivesse!
 
Outros dez anos seguiram-se. Sua esposa partira para Deus. Mas ele estava vivo. Eu fui vê-lo. Encontrei-o acamado. Tudo limpinho, perfumado, e uma face brilhante, mesmo debilitado.
 
- Ah, irmão, como é bom receber a sua visita. Vá tomar um cafezinho. Minha filha preparou com carinho.
 
Depois do café fui até ele cantar com o meu violão. Ele cantou baixinho, emocionado. Em seguida disse:
 
- Ora comigo? Eu tenho reunião agora!
 
Então falei:
 
- Pastor, como é possível manter acesa a chama dessa comunhão intensa com Deus? Não importa a época, o tempo, o senhor está sempre assim, pronto para orar e conversar com o Senhor!
 
- Meu filho, quanto mais o tempo passa mais eu me aproximo do glorioso dia do encontro que terei com Ele. Antes eu O conhecia de ouvir falar. Mas, depois de minha conversão, decidi que eu viveria para Ele de corpo e alma. E agora, que estou prestes a partir, amo-O cada dia mais e escuto a Sua voz de forma muito clara e maravilhosa! Orar é o alimento de minha alma!
 
- Por que eu não sinto isso, pastor? Por que a minha vida íntima é tão árida? Muitas vezes eu oro porque preciso, oro porque tenho que cumprir a minha obrigação! Não consigo ouvir a voz de Deus! Será que Ele não me ouve?
 
- Filho, você escuta um sabiá que neste momento está cantando lá fora?
 
Eu parei, tentei ouvir, olhei pela janela, e disse:
 
- Não, não ouço. Que sabiá?
 
- Silencie a mente e preste atenção no som que vem lá de fora.
 
Eu fiz isso. Fiquei quieto, prestei atenção. Ouvi latidos de cachorros, miados de gatos, um cavalo a galopar e o cantar de alguns galos. Mas, depois de três minutos consegui escutar mui distante, no galho de alguma árvore, um sabiá que cantava e cantava! Era lindo!
 
- Sim, pastor! Estou ouvindo! Está tão distante! Mas agora está tão claro para mim! Por que eu não o ouvi de imediato?
 
- Porque não o buscava. Ele estava lá a cantar, mas o seu ouvido não esperava ouvi-lo. Agora que lhe disse que ele existia e que estava a cantar você o localizou em meio aos sons diversos. Assim é a vida com Deus, meu filho. Se não  fizermos silêncio interior não ouviremos ao Senhor. Se não aquietarmos a alma, aquietarmos o coração e se não pararmos de ditar as palavras para que Deus as diga jamais O ouviremos! "Fala, Senhor, que o Teu servo ouve!"; "Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus"; "Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!". Vamos orar então?
 
E, naquele momento, eu fiz a oração mais silenciosa de minha vida. E tive a resposta mais audível de toda a minha existência. Deus falara comigo! Ao levantar-me  tornei-me um novo homem. Tornei-me alguém que aprendeu a orar!
 
Sinto saudades daquele homem que se reunia com Deus o tempo todo! Um dia espero vê-lo no Céu, para onde ele foi se encontrar com o Senhor. Enquanto esse dia não chega, vou à audiência diária falar com o Pai Celestial em nome de Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo.
 
Quer orar comigo?
 
Wagner Antonio de Araújo
 
(obs: literatura ficcional, baseado em fatos reais somados

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

memórias literárias - 1168 - CHOREI POR VOCÊ...

 CHOREI POR

VOCÊ...
 
Chorei por você quando reencontrei-lhe após tantos anos.
 
Chorei ao ver as marcas que o tempo deixou em seu rosto, os desastres que o pecado deixou em seu corpo e a perdição com que a sua rebeldia contra Deus deixou em sua alma.
 
Chorei por ver que não firmou-se na Verdade. Você, que um dia confessou-se um pecador, arrependido da vida que levava, agora voltou ao próprio vômito. Você, que admoestava os demais para que seguissem ao Senhor e não vivessem no pecado, hoje tornou-se pior do que todos e é um terrível apóstata!
 
Chorei por vê-lo novamente nas drogas e bebidas. Lembro-me quando implorava ao Senhor por perdão e por restauração. Lembro-me quando disse ter encontrado a Verdade que lhe libertara! Agora vejo-o dominado por um cigarro de maconha, uma pedra de crack e uma caixa de "corote". Vejo-o caído na sarjeta, enquanto esposa e filhos padecem de fome e dos hematomas de sua violência!
 
Chorei ao vê-lo renegando ao Senhor Jesus Cristo, a quem se entregou um dia para seguir. Encontro-lhe com imagens fundidas penduradas no pescoço e com a pele tatuada com dragões, estrelas e caveiras. Tem ferragens em toda protuberância de sua pele e em cada vão de seu rosto, bem como nas partes mais obscuras do seu corpo. Vejo-o metido em sociedades secretas, no esoterismo e cheio de sinais de identificação que só vocês conhecem. Jesus não faz mais parte de seu panteão idólatra. Você o abandonou. O seu deus hoje é o pecado, é Satanás!
 
Chorei ao vê-lo em prostituição. Um jovem tão saudável e promissor, bem nascido e que tinha tudo para ser um modelo de cidadão, de homem de família, de pai e de amigo, hoje é um adúltero, correndo dos maridos traídos que desobriram a sua promiscuidade com as esposas desleais. Vejo-o doente, cheio de consequências de sua promiscuidade mórbida. Vejo-o atirado na mais vil concupiscência. Você participa de tudo quanto é contrário à natureza e faz-se ator das produções mais repugnantes que se possa imaginar. Jamais um pai ou uma mãe pensaram em ver um filho tornar-se tão degradante quanto você se tornou!
 
Chorei ao vê-lo tão diferente do que o conhecia quando estava no evangelho do Senhor. Lembro-me de seus sonhos de felicidade. Lembro-me das canções que cantava, dos instrumentos com os quais louvava e das palestras que dava aos que participavam de sua comunidade. Hoje você não se parece nem com um humano normal, quanto mais com um cristão! Aliás, você fez tropeçar na fé a muitos outros que lhe estimavam. Assim como Pedro influenciou outros apóstolos a voltar às velhas redes da pesca, você levou para o mundo os jovens com quem trabalhou nos projetos cristãos. Você escandalizou!
 
Chorei ao ver a sua resistência ao arrependimento. Você não tem consciência do pecado. Para você pecado é apenas uma falha que precisa ser corrigida. Você não tem receio das contas que terá que ajustar com o seu Criador. Você despreza a Palavra de Deus, cujo conteúdo foi tantas e tantas vezes lido e, infelizmente hoje, combatido. Você é um pobre perdido! Usa das redes sociais para rir do Senhor, rir das igrejas, fazer palhaçada com o Reino de Deus e tecer acusações de quem não honra a Deus. Mas faz muito pior do que isso, sendo o rasgado a falar do roto, o maltrapilho a criticar o mendigo! Você causa repugnância!
 
Chorei. E chorei muito, porque não queria vê-lo assim! Estive em sua conversão e em seu batismo e exultei quando o vi a crescer. Eu pensava que você era terra fértil, onde a semente nascera e produzira cento por um. Mas não passou de semente nascida na rocha, sem terra e sem solo, não suportando o sol das tribulações e das lutas da vida. A sua fé foi temporã, foi mera neblina, inconsistente, uma falsa conversão. Você não foi salvo!
 
Sim, meu velho conhecido. Eu choro por você. E peço a Deus para que piedosamente lhe encaminhe a uma situação em que terá que erguer os seus olhos ao céu, clamando por misericórdia e graça. Terá que buscar ao Senhor em arrependimento e reconciliação. Terá que confessar os seus pecados e abandoná-los. Terá que voltar à Casa do Pai. Ainda que isso lhe traga lágrimas, ainda que lhe custe a saúde ou a própria vida, eu prefiro que a disciplina de Cristo lhe alcance em vida, do que o juízo de Jesus lhe condene ao Inferno! Aqui ainda há uma segunda oportunidade. Lá não!
 
Sim. Eu ainda choro por você. São lágrimas de amor e de tristeza, mas ainda lágrimas de esperança. Lágrimas de saudade daquele bom crente que conheci, a quem apresentei o evangelho, mas lágrimas de clamor, por quem oro para que volte ao Senhor, como o pródigo voltou à casa de seu pai.
 
Não quero ter que chorar junto ao seu túmulo, sabendo que partiu em pecado, em rebelião, em afronta contra Aquele que um dia lhe estendeu a mão. Depois que falecer qualquer lágrima, prece ou desejo será vão e inútil. Mas ainda posso clamar por você e ter alguma esperança. Eu choro por você, meu velho conhecido!
 
Volta pra Jesus!
 
Wagner Antonio de Araújo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

memórias literárias - 1167 - DIVAGAÇÕES NO ENTARDECER


 

DIVAGAÇÕES NO ENTARDECER

 
A tarde desce entristecida
Na luz escura do horizonte.
Aos poucos a nuvem colorida
Escurece atrás do monte.
 
E eu, sentado, a olhar o firmamento,
Enquanto a brisa fria me abraça,
Peço a Deus discernimento
E que me mostre a Sua graça.
 
Tantos amigos que se foram,
Vitimados por um virus sorrateiro,
Outros tantos que não foram,
Mas se calaram neste frio aventureiro.
 
Amigos! Quanta falta eles nos fazem!
Parceiros! Como era bom tê-los por perto!
Só tristezas as notícias trazem
E o luto sempre dão por certo!
 
Um pássaro eu vejo junto à árvore,
Só o vulto, não enxergo a aparência.
Ele canta livre e solto, sem ter cárcere,
Proporcionando-me doce experiência.
 
Como pode? Como aguenta? Neste mundo tenebroso,
Enquanto o virus ceifa e rouba a nossa história!
Como pode o passarinho tão mimoso
Cantar alegre canto de vitória?
 
Enquanto penso, enquanto escuto o canto alegre,
Sinto Deus falar profundo, com a lembrança.
Se é minha alma que, tristonha que falece,
Por que tirar da ave a gran bonança?
 
Ela não teme, não lamenta, não desiste,
Ela não sente o infortúnio que sentimos.
Sua mente tão pequena lhe insiste
Que não há perigo se com graça sempre agirmos!
 
Mas não sou pássaro! Sou gente! Sou humano!
Tenho memórias, tenho dores, sou urbano!
O que fazer para ser livre como um passarinho?
O que fazer para melhorar devagarinho?
 
Cantar também! Cantar pra Deus, que é Senhor,
Louvar Àquele que deste mundo é Criador!
Olhar o céu, que Ele fez pra Sua glória
E alçar com a alma um belo canto de vitória!
 
Estar vivo é uma dádiva de Cristo
Que Ele deu-me com um propósito e missão
Quis Ele que eu ficasse, eu insisto,
Para proclamar ao mundo a salvação!
 
Então levanto desta grama, agradecido,
Pelo anjo que falou num passarinho,
Dizendo a mim que não ficasse entristecido
E que tal canto era uma forma de carinho
 
Que eu cantasse alegremente ao meu Senhor,
Que O exaltasse enquanto fôlego tivesse!
Que não deixasse de falar com muito amor
E que com força e com vigor tudo fizesse.
 
Assim a vida terá valido a pena
E cada dia um bom sentido ganhará
Se da tardinha e do pássaro guardar a cena
O meu porvir em suave canto seguirá!
 
Amém!
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

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memórias literárias - 1166 - SE ...

 SE...

 
1166
 
Os cristãos que defendem uma ideologia política tivessem a mesma sanha em proclamar as virtudes de Jesus Cristo e a salvação, as igrejas seriam muito diferentes!
 
Os cristãos que festejam a vitória de um time esportivo festejassem a conversão de um pecador ou as bênçãos do Senhor em sua vida e história, o ânimo e o entusiasmo do evangelho seria muito drerente!
 
Os cristãos que absorvem o modismo secular, usando roupas rasgadas, vestindo roupas masculinas apertadas ou mulheres que copiam as celebridades da mídia tivessem o mesmo empenho em imitar a Cristo, buscando falar, pensar, sentir e agir como Jesus agiu, o evangelho seria muito diferente!
 
Os ministros cristãos que se disfarçam de coaches, de treinadores pessoais, de conselheiros de auto-ajuda ou de influenciadores digitais realmente levassem os ensinos do Senhor à sério e não apenas lecionassem ou corressem atrás de monetização de suas bobagens, mas vivessem com seriedade o ensino de Cristo, o aprendizado da Palavra seria muito diferente!
 
Geração medíocre, geração desprovida de vida, de inteligência e de virtude, geração que não produziu nada além do muito abaixo da média, geração preguiçosa e vaidosa. Esta é a geração do século XXI, mostrando que, ao contrário da suposta evolução na espécie, mentira propagada por um cristão desviado, o ser humano apequena-se e afunda-se no lamaçal de sua indignidade. O pecado cresce, a inteligência decresce e o mundo desaba.
 
Médicos que não entendem de corpo.
 
Pedagogos que não ensinam.
 
Engenheiros que não constróem.
 
Cozinheiros que não cozinham.
 
Mestres que nem alunos foram.
 
O fogo do Inferno aguarda com gigantescas labaredas essa geração de intragáveis.
 
Que venha o Senhor Jesus para os poucos que insistem em amá-Lo, apesar das igrejas e dos cristãos comuns!
 
Wagner Antonio de Araújo
 

memórias literárias - 1165 - CONFLITO E SOLUÇÃO

 CONFLITO E

SOLUÇÃO
 
1165
 
Deus nos permite vivenciar momentos de grande conflito interior, onde somos levados a tomar alguma decisão, quer gostemos ou não. São situações em que decidir é a única alternativa. Mudança de emprego, venda da casa, prosseguimento relacional, um tratamento médico específico, o curso profissionalizante, o ministério no Reino de Deus, a compra de um bem.
 
O conflito está na falta de subsídios para sabermos qual a decisão mais apropriada. Se fossem antagônicos ao que é bom, honesto, puro, correto a decisão seria fácil. Bastaria optar pelo caminho bom, pela decisão construtiva, pela alternativa digna. Mas há situações em que todas as possibilidades têm lados positivos e quiçá, alguns negativos. A escolha faz-se difícil. Como decidir?
 
Elias, o tesbita, o profeta de Deus, vivia algo desse gênero. Após fenomenal vitória contra os profetas de Baal e a proclamação nacional de que só o Senhor Jeová era Deus, viu-se assustado diante da proclamada perseguição da rainha Jezabel, que prometera matá-lo no dia seguinte. Correu ao deserto. Desejou morrer. Foi despertado pelo Anjo do Senhor e teve as suas necessidades físicas supridas ao lado do anúncio de que enfrentaria uma longa caminhada até a solução de seu conflito. O imediatismo não fazia parte dos propósitos divinos para a vida de Seu profeta.
 
Comeu por duas vezes, bebeu água também e caminhou por um longo deserto de quarenta dias . Esses desertos surgem na vida de quem tem decisões a tomar também. Não há nada ao redor. Não há pessoas que possam ajudar. Não há abrigos disponíveis. A longa caminhada é solitária, fortalecida apenas com a comida e a bebida que Deus proveu. E que alento temos ao descobrir que a Palavra de Deus é comida, que o Filho de Deus é a nossa alimentação e hidratação! "Eu Sou o pão da vida"; "Eu Sou a água da vida".
 
Ao chegar ao destino, o Monte de Deus (só há um refúgio para aquele que conhece a Deus, nas horas mais necessitantes da vida: buscar a face do Senhor!), é confrontado com a pergunta: "O que fazes aqui?" Certamente Deus sabia o que ele fora fazer lá, uma vez que até lhe deu suprimento para a caminhada. Mas era necessário que o profeta expusesse o autêntico sentido de toda essa viagem, da busca pela presença divina, com uma atenção focalizada e direcionada exatamente na necessidade urgente. Elias, então, expõe sinteticamente o motivo: perseguição religiosa, apostasia nacional, sobrevivência e risco de vida.
 
Quando temos decisões a tomar, e elas são urgentes e decisivas, somos expostos a turbulências emocionais extremas. Nessa condição facilmente perdemos o foco do que realmente buscamos. São as distrações da oração. Saímos da rodovia principal, da autoestrada, e tomamos uma vicinal, uma estrada secundária, que não alcançará o objetivo. Então já nem sabemos a razão da viagem. Elias sintetizou bem o que lhe levara ali: ele sabia o que procurava. Será que no meio de nossa angustiosa crise sabemos o que procuramos?
 
Deus lhe diz para sair da caverna onde se refugiara e que se pusesse diante da presença divina. A oração fora feita na caverna, num abrigo, um esconderijo da montanha. Deus, contudo, iria responder-lhe quando, de fato, se expusesse claramente do lado de fora. Nós somos semelhantes a isso: na confusão e no conflito nos refugiamos em cavernas interiores, ainda que busquemos respostas de Deus. Queremos que o sol brilhe em nosso caminho, mas nos refugiamos debaixo da árvore com medo de queimaduras. Queremos o refrescar das águas, mas não entramos no rio. Queremos conhecer e descobrir o que a situação tem para nós, mas temos medo de sair do esconderijo seguro. Isto lembra Davi, antes de ser rei. Refugiou-se no exterior, temendo Saul. Então um profeta lhe ordena: "Sai desse lugar seguro". Para reinar era preciso estar no território, entrar na área geográfica que lhe seria confiada. Em nossa busca pelas respostas divinas somos confrontados com a necessária coragem, exposição e enfrentamento da situação.
 
Elias vivencia daí para frente uma experiência absolutamente única e exótica: um conflito de forças e situações reais, visíveis, que podiam ser sentidas, temidas e enfrentadas, até que novamente ouvisse a voz de Deus.
 
Primeiramente Elias é exposto a um vendaval fortíssimo. Tal era a potência desse sopro que as rochas do lugar se despedaçavam. Não se sabe em quê Elias segurou-se, ou se o vento não o atingia enquanto soprava. Mas certamente fora algo por demais assustador. Deus, contudo, não lhe falou ali. Aquilo não era o fim, era parte do processo. Figuradamente enfrentamos algo similar na busca por uma resposta divina à necessidade que se nos apresenta: um vendaval que arrebenta as rochas da paisagem de nosso caminho. Uma situação em que a nossa realidade é devastada, arruinada, destruída, as nossas âncoras são quebradas e tudo sai do lugar. A impressão que temos é que, ao pedir a intervenção divina e a sabedoria para decidir entramos num conflito maior do que o que tínhamos antes.
 
Em seguida Elias experimentou um terremoto. Certamente que num tremor de terra não há lugar que esteja seguro, não há chão que transmita estabilidade. Quem já passou pela situação conta que é um sentimento de absoluta impotência e de completa insegurança. Tudo treme, tudo afunda, tudo sobe, tudo convulsiona. Isto faz lembrar a situação de Jó, servo de Deus, quando tentado por Satanás sob a permissão divina. Para ganhar mais um adepto daqueles que maldizem a Deus o inimigo trouxe uma catástrofe atrás da outra na vida, família e patrimônio do homem: morte dos filhos, perda do patrimônio, destruição da saúde. Graças a Deus Jó foi vencedor. Mas os terremotos em nossas vidas, nos momentos de decisão são possíveis, reais e tremendamente difíceis.
 
Elias viveu ainda uma terceira experiência: um fogo consumidor em todo o seu derredor. Quem já enfrentou um fogão cujo forno explode diante de quem o manipula conhece a experiência. Quem já mexeu com uma fogueira, cujo tronco explodiu em chamas diante de si também sabe o quão danoso é um calor súbito sobre o corpo. O fogo queima, traz calor insuportável, derrete materiais sensíveis à sua atuação, queima a pele e cabelos. Elias enfrentou um fogo e não se sabe de que forma foi atingido. Mas experimentou medo, pavor, desespero. Aquilo que o vento não quebrou e levou, aquilo que o terremoto não aterrou ou elevou o fogo devorou. Em nossa busca pela resposta nas decisões que tomamos somos também expostos a situações similares. Pedaços de nós são levados pelo vento e a ordem das coisas se torna um caos. Nossa estrutura afunda e outras partes, antes escondidas, são expostas. Coisas que antes julgávamos tão importantes e permanentes são queimadas, transformando-se em cinzas da noite para o dia.
 
E então veio a paz. Um doce murmúrio, o som da tranquilidade e da brisa, aquela sensação de descanso e ausência de conflito. Parece-se com a experiência de ouvir-se por um tempo o ruído de um avião que decola e, então, quando sobe e desaparece o aeroporto silencia, dando lugar ao som dos pássaros nas árvores e do vento nas folhas. Uma experiência semelhante ao desligamento de um gerador à diesel, num prédio, ligado por horas enquanto a energia elétrica faltava; quando cessa o seu ruído a um silêncio gostoso e tranquilizante pelo ar.
 
Neste cenário de sensações conflitantes, culminante com a abençoada paz de um cicio suave Elias ouve  a voz de Deus. O Senhor lhe pergunta as mesmas coisas. Pela terceira vez Elias é conduzido ao seio da motivação desse encontro e dessa experiência. Primeiramente quando decide ir. Depois quando está na caverna e é instado a expor-se, saindo do esconderijo. Agora a mesma questão, após toda a experiência. O propósito é claro: você realmente sabe o que quer? Você sabe o que lhe motiva a buscar as respostas? Você ainda se lembra do porquê das buscas?
 
Nessa paz e brandura Deus fala com Elias. Ordena-lhe para que volte à luta. Concede-lhe a missão final de sua vida e promete-lhe que não é o único sobrevivente dos autênticos servos do Senhor. Elias consegue ouvir a Deus após tudo isso. A resposta veio-lhe clara e absolutamente cristalina. Ele agora sabe exatamente o rumo a seguir, a prioridade da agenda e conhece perfeitamente a vontade de Deus. Aliás, vontade diversa da sua propriamente, pois que fugiu do conflito. Ao ordenar que retornasse ao ministério deixado Deus lhe mostra que nem sempre o nosso coração está certo, que há razões maiores que as nossas e que a obra só termina quando Deus assim determina. Não somos nós os donos de nossos ministérios e de nosso tempo.
 
Qual é a decisão que precisa tomar? Foi convidado a exercer algo e não sabe o que fazer? Vislumbra a chance de morar em outra cidade e teme fazer a escolha errada? Precisa decidir sobre qual tratamento se submeterá? Tem um convite ministerial e não sabe se deve aceitar? Precisa comprar algo e teme perder dinheiro? Todos esses conflitos fazem parte da experiência humana e causam tribulação, ansiedade e temor. Elias nos mostra o caminho para a solução: expor-se, enfrentar, aceitar a ação de Deus em nossas vidas, ainda que nos custe um terremoto na estabilidade costumeira, ainda que se constitua num vendaval de nossos planos ou mesmo que queime definitivamente tudo o que antes planejamos em nossos corações. Tais conflitos são parte do processo, mas não são definitivos. Na luta pela resposta precisamos estar sós com Deus e aguentar o desgaste, relembrando dia após dia, momento após momento o motivo que nos leva a buscar a resposta.
 
Quando formos capazes de passar por tudo, enfrentar tudo e aquietar o coração, abandonando a ansiedade e a sanha de responder a demanda com a nossa própria sabedoria ou com as decisões que fabricamos, estaremos prontos a ouvir, de fato, a voz de Deus, ouvir o que Ele quer nos dizer e entender com clareza o propósito dEle para com a nossa história. O que é permanente ficará e o que é transitório passará. O que importa brilhará e o que é mero enfeite desvanecerá. O que é relevante importará e o que é distração não mais chamará a nossa atenção. Nós pensaremos no longo prazo e não mais no hoje e no agora.
 
Que o leitor tenha também a grata experiência de decidir a sua vida pela orientação de Deus, assim como Elias. Este é o meu sincero desejo.
 
Wagner Antonio de Araújo
 

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...