sábado, 13 de março de 2021

memórias literárias - 1173 - AGORA É TARDE ...

 AGORA

É TARDE
 
 
1173
 
Eram todos membros de igreja. Eram, em tese, crentes. Mas não falavam de Jesus Cristo, não oravam às refeições, não liam a Bíblia, não cantavam. Os pais ainda eram membros de sua congregação, mas os filhos estavam desligados, foram para "o mundo" (como se os pais também não estivessem...). Os parentes, cristãos também, nem mencionavam o Senhor em suas conversas rotineiras e em seus encont'ros e visitas.
 
Então veio a COVID. Os pais foram para o hospital. Foram entubados. Os parentes cristãos, de repente, sentiram um desespero para levarem a mensagem para os filhos deles, para que voltassem ao Senhor. Mas eles já estavam tão sedimentados no secularismo e no mundo, que não viam necessidade alguma desse tal "retorno".
 
Os pais recuperaram-se. Já os  filhos, contudo,  despidos de pudores sanitários em plena pandemia, foram aos bares, aos encontros e às baladas. Eles contaminaram-se e foram entubados. Os pais, agora desesperados, queriam falar com eles sobre Cristo e a necessidade de uma reconciliação. Mas era tarde. Eles estavam incomunicáveis. Eles morreram.
 
Esta cena repete-se aos montões. Famílias que adquirem a enfermidade acabam por descobrir muito tarde que não priorizaram os seus compromissos com o Senhor. Eles se chamavam cristãos, mas viviam como gente comum, sem nenhuma diferença dos demais. Para eles ser cristão era o mesmo que ter uma religião qualquer, meros crentes nominais. Quando a morte bateu em sua prole perceberam quantos compromissos haviam quebrado.
 
01) Eles não ensinaram aos filhos a Palavra de Deus, incutindo em suas mentes as mensagens do Senhor, nem sequer serviram de exemplo para eles. Esqueceram-se do que estava escrito na Bíblia: E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. (Dt 6:7). Não ensinaram, não falaram nem em casa, nem nas viagens, nem quando se levantavam e nem quando se deitavam.
 
02) Eles não serviram de exemplo para que os filhos seguissem ao Senhor. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; (Ef 5:1); Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas. (Hb 6:12).
 
03) Eles não incutiram o costume de ir até a Casa do Senhor para adorá-Lo, nem guardaram o Dia do Senhor. Antes, gastaram os seus domingos nos esportes, no lazer, nos passeios, nos cinemas, nas festas e em outras atividades. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. (Ex 20:8); Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. (Ex 20:10); E no primeiro dia da semana os discípulos se ajuntaram para partir o pão...(At 20:7).
 
04) Eles não intercediam pela salvação de seus filhos, apresentando-os perante Deus com sofreguidão, até que eles estivessem firmes e arraigados no evangelho da graça de Cristo. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, (Ef 6:18); Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente. (Jo 1:5)
 
05) Eles não procediam como cristãos autênticos, pelo que os filhos, na idade da adolescência, ao contemplarem a incoerência entre a prédica e a prática, preferiram a verdade do mundo, rejeitando aquilo que classificaram como a hipocrisia da fé. Quantos almoços, encontros e reuniões não foram regados com conversas ácidas contra irmãos, contra os ministros da igreja, contra famílias e contra tudo! A colheita é amarga! E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. (Mc 9:42); Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra (Tt 1:16)
 
Há pais, há filhos e há familiares que sofrem muito com a pandemia e que deram brilhante testemunho de sua fé em Jesus Cristo. A estes a minha sincera homenagem. Suas vidas têm sido um farol no meio das trevas deste mundo. Mas, infelizmente outros pais e outros familiares não têm sido, de fato, praticantes da Palavra. E a prática é o sintoma da verdadeira conversão: Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou. (1Jo 2:6)
 
Caro leitor, se algo aqui descrito atingiu o seu coração e trouxe-lhe a convicção de que não está contribuindo para que outros creiam em Jesus, inclusive filhos, pais e familiares, é conveniente que se peça perdão a Deus e se suplique por uma nova oportunidade. Se nós não formos um exemplo a ser seguido, então é melhor que nem nos chamemos cristãos. Ser exemplo não significa ser perfeito, mas, nas limitações de nossas imperfeições e pecados, buscarmos ser uma bênção nas mãos de Deus. Nós mostramos Cristo nas pequeninas coisas, no linguajar, nas escolhas, nos compartilhamentos, na maneira de nos relacionarmos. E, com relação aos filhos, seremos o exemplo de fé que seguirão. O que faltar de nossa parte, se fiéis formos, Deus completará!
 
Vamos melhorar? Assim não estaremos nessa triste situação de tantos, cujas lágrimas nos caixões dos jovens que morrem agora, ou dos pais que se foram, caem misturadas com o pranto de arrependimento pelo tempo perdido sem dar um bom testemunho.
 
Que Deus nos ajude!
 
Wagner Antonio de Araújo

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