AGORA
É
TARDE
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Eram todos
membros de igreja. Eram, em tese, crentes. Mas não falavam de Jesus Cristo, não
oravam às refeições, não liam a Bíblia, não cantavam. Os pais ainda eram membros
de sua congregação, mas os filhos estavam desligados, foram para "o mundo" (como
se os pais também não estivessem...). Os parentes, cristãos também, nem
mencionavam o Senhor em suas conversas rotineiras e em seus encont'ros e
visitas.
Então veio a
COVID. Os pais foram para o hospital. Foram entubados. Os parentes cristãos, de
repente, sentiram um desespero para levarem a mensagem para os filhos deles,
para que voltassem ao Senhor. Mas eles já estavam tão sedimentados no
secularismo e no mundo, que não viam necessidade alguma desse tal "retorno".
Os pais
recuperaram-se. Já os filhos, contudo, despidos de pudores sanitários em plena
pandemia, foram aos bares, aos encontros e às baladas. Eles contaminaram-se e
foram entubados. Os pais, agora desesperados, queriam falar com eles sobre
Cristo e a necessidade de uma reconciliação. Mas era tarde. Eles estavam
incomunicáveis. Eles morreram.
Esta cena
repete-se aos montões. Famílias que adquirem a enfermidade acabam por descobrir
muito tarde que não priorizaram os seus compromissos com o Senhor. Eles se
chamavam cristãos, mas viviam como gente comum, sem nenhuma diferença dos
demais. Para eles ser cristão era o mesmo que ter uma religião qualquer, meros
crentes nominais. Quando a morte bateu em sua prole perceberam quantos
compromissos haviam quebrado.
01) Eles não
ensinaram aos filhos a Palavra de Deus, incutindo em suas mentes as mensagens do
Senhor, nem sequer serviram de exemplo para eles. Esqueceram-se do que estava
escrito na Bíblia: E as ensinarás a teus filhos e delas
falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e
levantando-te. (Dt 6:7). Não ensinaram, não falaram nem em casa, nem
nas viagens, nem quando se levantavam e nem quando se deitavam.
02) Eles não
serviram de exemplo para que os filhos seguissem ao Senhor. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; (Ef 5:1);
Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e
paciência herdam as promessas. (Hb 6:12).
03) Eles não
incutiram o costume de ir até a Casa do Senhor para adorá-Lo, nem guardaram o
Dia do Senhor. Antes, gastaram os seus domingos nos esportes, no lazer, nos
passeios, nos cinemas, nas festas e em outras atividades. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. (Ex 20:8); Mas o
sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem
teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal,
nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. (Ex 20:10); E no
primeiro dia da semana os discípulos se ajuntaram para partir o pão...(At
20:7).
04) Eles não
intercediam pela salvação de seus filhos, apresentando-os perante Deus com
sofreguidão, até que eles estivessem firmes e arraigados no evangelho da graça
de Cristo. Orando em todo o tempo com toda a oração e
súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por
todos os santos, (Ef 6:18); Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de
seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e
oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez
pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó
continuamente. (Jo 1:5)
05) Eles não
procediam como cristãos autênticos, pelo que os filhos, na idade da
adolescência, ao contemplarem a incoerência entre a prédica e a prática,
preferiram a verdade do mundo, rejeitando aquilo que classificaram como a
hipocrisia da fé. Quantos almoços, encontros e reuniões não foram regados com
conversas ácidas contra irmãos, contra os ministros da igreja, contra famílias e
contra tudo! A colheita é amarga! E qualquer que
escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe
pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. (Mc 9:42);
Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e
desobedientes, e reprovados para toda a boa obra (Tt
1:16)
Há pais, há
filhos e há familiares que sofrem muito com a pandemia e que deram brilhante
testemunho de sua fé em Jesus Cristo. A estes a minha sincera homenagem. Suas
vidas têm sido um farol no meio das trevas deste mundo. Mas, infelizmente outros
pais e outros familiares não têm sido, de fato, praticantes da Palavra. E a
prática é o sintoma da verdadeira conversão: Aquele que
diz que está nele, também deve andar como ele andou. (1Jo
2:6)
Caro leitor,
se algo aqui descrito atingiu o seu coração e trouxe-lhe a convicção de que não
está contribuindo para que outros creiam em Jesus, inclusive filhos, pais e
familiares, é conveniente que se peça perdão a Deus e se suplique por uma nova
oportunidade. Se nós não formos um exemplo a ser seguido, então é melhor que nem
nos chamemos cristãos. Ser exemplo não significa ser perfeito, mas, nas
limitações de nossas imperfeições e pecados, buscarmos ser uma bênção nas mãos
de Deus. Nós mostramos Cristo nas pequeninas coisas, no linguajar, nas escolhas,
nos compartilhamentos, na maneira de nos relacionarmos. E, com relação aos
filhos, seremos o exemplo de fé que seguirão. O que faltar de nossa parte, se
fiéis formos, Deus completará!
Vamos
melhorar? Assim não estaremos nessa triste situação de tantos, cujas lágrimas
nos caixões dos jovens que morrem agora, ou dos pais que se foram, caem
misturadas com o pranto de arrependimento pelo tempo perdido sem dar um bom
testemunho.
Que Deus nos
ajude!
Wagner
Antonio de Araújo
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