quarta-feira, 24 de março de 2021

memórias literárias - 1175 - TERRA ARRASADA

 TERRA ARRASADA


1175
 
Terra arrasada. Escombros do que antes era um mundo. Hoje contamos os mortos. Também contamos os que vão morrer, pois acumulam-se à porta das terapias intensivas dos hospitais.

Maria Isabele nasceu nesse tempo. Minha filha desconhece o que são passeios, visitas familiares, parentes ou amigos. O seu mundo é a nossa casa, os nossos braços.  Nada mais.

Meus outros dois filhos, Rute e Josué  ainda desfrutaram de uma vida social normal para os tempos de outrora: casa dos avós, primos, passeios, praia e campo. Eles tiveram vida eclesiástica: participaram de cultos, escolas dominicais, natais e visitas. Mas já faz tanto tempo que suas memórias infantis confundem com a imaginação. 

Abro o noticiário e leio sobre desgraças.  Mortes, falta de vacinas, bravatas, roubo do dinheiro público, gente a quebrar regras sanitárias, fome, desespero, pobreza, desesperança. 

No meu telemóvel (celular) recebo a notícia de dois bebês que se foram. Também de um pastor que conheci adolescente. Outro, cantor e grande amigo, sucumbiu no hospital. E dezenas de outros padecendo silentes, entubados, em quarentena, em luto por outras perdas.

Eu não creio que tenha sido diferente a sensação que as pessoas tiveram durante as 2 Grandes Guerras, a pandemia de 1918 ou as guerras regionais e inúmeras dos últimos cem anos. Há uma dor de terra arrasada. Não são mísseis que destroem construções; são pequenas desgraças que derrubam vidas humanas, aos milhões...

O coração arrasado olha para os lados e diz: ainda há esperança? Seremos os próximos? Quando isso irá terminar?

Não há respostas. Só há angústias. Só há dor. No mundo teríamos aflições  e, quanto mais próxima a volta do Senhor, mais dores o mundo sentiria. Nós somos o mundo de hoje!

Parafraseando o grande missionário Hudson Taylor, quando tomava conhecimento do massacre de centenas de seus missionários na China, quando da Revolução dos Boxers, eu também digo: talvez não consiga orar, talvez não consiga cantar, mas eu posso confiar em Deus.

Eu confio em Deus, aconteça o que acontecer. Ele sabe até onde permitir e não deixará a nossa alma vacilar.

Tem misericórdia de nós, Senhor!

Wagner Antonio de Araújo- 23/03/2021.


terça-feira, 16 de março de 2021

memórias literárias - 1174 - O MEU TEMA

 O MEU

TEMA
 
1174
 
O meu tema não é política. Certamente que tenho as minhas opiniões, os meus conflitos, os meus protestos, os meus lamentos, mas estes eu guardo comigo. Não milito no meio do reino deste mundo, conquanto queira ser sempre um cidadão de bem, cumpridor dos meus deveres e desejoso de que os meus direitos sejam respeitados. Respeito os que o fazem e oro por eles. Mas não é a minha praia.
 
O meu tema não é o esporte. Eu tenho um ou outro esporte do qual gosto. Em minha infância fiz artes marciais, natação e fui um pouco atleta. Depois de minhas enfermidades cardíacas eu não militei mais nessa área e hoje, com a cura do meu coração e uma série de bênçãos volto pouco a pouco ao exercício. Mas este não é o meu assunto de interesse. Admiro quem tem saúde e eficiência atlética.
 
Também não tenho por tema da vida a academia. Fiz os meus estudos em diversas áreas e preparei-me para ter um bom salário e uma boa atuação em minhas áreas do saber. Depois, chamado que fui pelo Senhor para o ministério pastoral, dediquei-me integralmente a isto e especializei-me em conhecer de tudo um pouco, de forma caseira, artesanal, auto-didática. O meu tema não é a academia. Admiro os que detém graduações diversas e que se tornam especialistas em muitas áreas. Mas não sou um doutor.
 
Muito menos tenho por tema o entretenimento, as séries da Netflix, as músicas populares, as artes diversas. Não tenho qualquer interesse no entretenimento televisivo, nos programas de auditório, nas invasões de privacidade dos programas que usam a plataforma dos confinamentos públicos para a diversão. Sou um apaixonado pela música, tanto a música cristã tradicional quanto a contemporânea. Eu também sou eclético em meus gostos, ouço com diversificação músicas seculares instrumentais, cantadas, brasileiras ou estrangeiras, desde que não firam o tema de minha vida. Mas o meu tema é outro.
 
O meu tema é JESUS CRISTO. A razão de minha vida é JESUS CRISTO. Foi Ele quem me salvou, foi Ele quem na cruz morreu em meu lugar, ressuscitando ao terceiro dia. Ele é o Deus-Homem, o Pai da Eternidade e o Príncipe da paz. Ele transformou os meus pensamentos, mudou o meu coração e me deu  o perdão dos meus pecados. Ele mostrou-me como viver com Deus, como viver com o próximo e como as coisas serão em breve, quando Ele regressar e tomar as rédeas do mundo e dar-me a eternidade no Céu, eu, um imerecedor, mas agraciado por Seu amor!
 
Jesus é o tema da minha vida. Ele é o tema das minhas canções. Ele ocupa o centro dos meus pensamentos. Ele é o meu interesse máximo nas leituras que faço, em especial nas páginas sacrossantas das Escrituras Sagradas, únicas fidedignas que me apresentam a Sua vida. Ele é um homem sem igual, um ser sem igual, um mestre sem igual, o único Senhor. Ele é o meu MESSIAS, único e invencível. Ele é a motivação de tudo o que eu faço. Eu não milito por um reino de Cristo nesta Terra, mas sirvo-O crendo no porvir, absolutamente certo de que Ele irá vencer. E, por servi-Lo, posso amar o próximo, posso servir aos irmãos, posso perdoar aos inimigos, posso orar pelos que me perseguem e posso ser feliz! Neste serviço posso construir uma realidade mais justa e solidária, mais bondosa e piedosa. Mas tudo por Cristo e não despido dEle.
 
Amo falar dEle em família. Ele é o assunto em minhas refeições. Sou apaixonado por louvá-Lo quando me reúno para o culto doméstico. Quando vou à igreja, quando me visto para ir ao culto, não o faço para seguir modas ou tendências, eu faço para servir a Jesus, para dar a Ele o meu melhor. Não me importam as múltiplas interpretações contemporâneas. Ninguém pode atrapalhar o tema principal no coração de alguém que sabe o que encontro. Eu, miserável pecador, encontrei salvação! Eu, mendigo esfomeado na alma, encontrei o PÃO DA VIDA. Eu, sedento de perdão e de vida, encontrei a ÁGUA VIVA. Jesus me satisfaz. Eu gosto de falar dEle com os irmãos na igreja, com os amigos nas redes sociais, com as pessoas a quem eu encontro; enfim, meu tema é JESUS.
 
 
Qual é o tema de sua vida, prezado leitor?
 
Wagner Antonio de Araújo.

sábado, 13 de março de 2021

memórias literárias - 1173 - AGORA É TARDE ...

 AGORA

É TARDE
 
 
1173
 
Eram todos membros de igreja. Eram, em tese, crentes. Mas não falavam de Jesus Cristo, não oravam às refeições, não liam a Bíblia, não cantavam. Os pais ainda eram membros de sua congregação, mas os filhos estavam desligados, foram para "o mundo" (como se os pais também não estivessem...). Os parentes, cristãos também, nem mencionavam o Senhor em suas conversas rotineiras e em seus encont'ros e visitas.
 
Então veio a COVID. Os pais foram para o hospital. Foram entubados. Os parentes cristãos, de repente, sentiram um desespero para levarem a mensagem para os filhos deles, para que voltassem ao Senhor. Mas eles já estavam tão sedimentados no secularismo e no mundo, que não viam necessidade alguma desse tal "retorno".
 
Os pais recuperaram-se. Já os  filhos, contudo,  despidos de pudores sanitários em plena pandemia, foram aos bares, aos encontros e às baladas. Eles contaminaram-se e foram entubados. Os pais, agora desesperados, queriam falar com eles sobre Cristo e a necessidade de uma reconciliação. Mas era tarde. Eles estavam incomunicáveis. Eles morreram.
 
Esta cena repete-se aos montões. Famílias que adquirem a enfermidade acabam por descobrir muito tarde que não priorizaram os seus compromissos com o Senhor. Eles se chamavam cristãos, mas viviam como gente comum, sem nenhuma diferença dos demais. Para eles ser cristão era o mesmo que ter uma religião qualquer, meros crentes nominais. Quando a morte bateu em sua prole perceberam quantos compromissos haviam quebrado.
 
01) Eles não ensinaram aos filhos a Palavra de Deus, incutindo em suas mentes as mensagens do Senhor, nem sequer serviram de exemplo para eles. Esqueceram-se do que estava escrito na Bíblia: E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. (Dt 6:7). Não ensinaram, não falaram nem em casa, nem nas viagens, nem quando se levantavam e nem quando se deitavam.
 
02) Eles não serviram de exemplo para que os filhos seguissem ao Senhor. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; (Ef 5:1); Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas. (Hb 6:12).
 
03) Eles não incutiram o costume de ir até a Casa do Senhor para adorá-Lo, nem guardaram o Dia do Senhor. Antes, gastaram os seus domingos nos esportes, no lazer, nos passeios, nos cinemas, nas festas e em outras atividades. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. (Ex 20:8); Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. (Ex 20:10); E no primeiro dia da semana os discípulos se ajuntaram para partir o pão...(At 20:7).
 
04) Eles não intercediam pela salvação de seus filhos, apresentando-os perante Deus com sofreguidão, até que eles estivessem firmes e arraigados no evangelho da graça de Cristo. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, (Ef 6:18); Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente. (Jo 1:5)
 
05) Eles não procediam como cristãos autênticos, pelo que os filhos, na idade da adolescência, ao contemplarem a incoerência entre a prédica e a prática, preferiram a verdade do mundo, rejeitando aquilo que classificaram como a hipocrisia da fé. Quantos almoços, encontros e reuniões não foram regados com conversas ácidas contra irmãos, contra os ministros da igreja, contra famílias e contra tudo! A colheita é amarga! E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. (Mc 9:42); Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra (Tt 1:16)
 
Há pais, há filhos e há familiares que sofrem muito com a pandemia e que deram brilhante testemunho de sua fé em Jesus Cristo. A estes a minha sincera homenagem. Suas vidas têm sido um farol no meio das trevas deste mundo. Mas, infelizmente outros pais e outros familiares não têm sido, de fato, praticantes da Palavra. E a prática é o sintoma da verdadeira conversão: Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou. (1Jo 2:6)
 
Caro leitor, se algo aqui descrito atingiu o seu coração e trouxe-lhe a convicção de que não está contribuindo para que outros creiam em Jesus, inclusive filhos, pais e familiares, é conveniente que se peça perdão a Deus e se suplique por uma nova oportunidade. Se nós não formos um exemplo a ser seguido, então é melhor que nem nos chamemos cristãos. Ser exemplo não significa ser perfeito, mas, nas limitações de nossas imperfeições e pecados, buscarmos ser uma bênção nas mãos de Deus. Nós mostramos Cristo nas pequeninas coisas, no linguajar, nas escolhas, nos compartilhamentos, na maneira de nos relacionarmos. E, com relação aos filhos, seremos o exemplo de fé que seguirão. O que faltar de nossa parte, se fiéis formos, Deus completará!
 
Vamos melhorar? Assim não estaremos nessa triste situação de tantos, cujas lágrimas nos caixões dos jovens que morrem agora, ou dos pais que se foram, caem misturadas com o pranto de arrependimento pelo tempo perdido sem dar um bom testemunho.
 
Que Deus nos ajude!
 
Wagner Antonio de Araújo

sexta-feira, 12 de março de 2021

memórias literárias - 1172 - ALI ERA UMA IGREJA ...

 ALI ERA

UMA IGREJA...
 
1172
 
Uma casa de festas, palco de drogas e de danças, em plena pandemia. Sabem o que era essa casa? Um salão de cultos de uma igreja. Fora construído para isso! Mas a igreja fechou e então o imóvel foi para a mão dos que encontraram um rendimento melhor para o dinheiro investido. O templo de Deus deu lugar ao templo das vaidades humanas. Ou as vaidades já estavam presentes quando construído?
 
Um mercado de bairro, com estacionamento e com varejão de frutas e legumes. Várias salas e um salão bem amplo. Ali era uma igreja, palco de muitos cultos e celebrações para Deus. Quando o pastor faleceu um outro assumiu e roubou o dinheiro das ofertas. Com o rebanho dividido a frequência diminuiu. Os usurpadores foram embora e os que sobraram não conseguiram sustentar o trabalho, acabando por vender o prédio, entregando o valor para a sede da denominação. Aquele local, outrora um majestoso templo de adoração divina tornou-se um bazar de alimentos, um mercado, um centro de lucros e de suprimentos humanos. Os tijolos daquelas paredes eram testemunhas do grande esforço que os crentes tiveram para erguer o edifício, e hoje contemplam o desastre daquela fé.
 
Um motel. Sim, aquele salão de cultos virou um motel. Uma igreja o alugou por vinte anos. Ali realizava o seu culto. Hoje, nas mãos de outro proprietário, o ambiente foi dividido em quartos, o centro do salão num estacionamento e hoje dá lugar para o culto da sensualidade e do adultério, não mais os cultos ao Deus da Bíblia. Mais um local que tornou-se pagão. Ou já o era antes, apenas cum uma fachada piedosa?
 
Falo de coisas no Brasil. São igrejas que se tornam cinemas, mercados, shoppings, salão de baladas, bancos e estacionamentos. Para onde foi o povo que considerava-se do Senhor? Poucos foram para um outro local. A maioria morreu ou abandonou a fé. Estão no mundo! A Europa contempla tragicamente os seus templos transformados em restaurantes, em prostíbulos e em casas de shows, quando não nas mãos de seitas radicais e fundamentalistas! Não há forças policiais para impedir os cultos; os próprios crentes estão indo embora.
 
Porventura, quando o Filho do Homem voltar à Terra encontrará fé entre os homens? Haverá gente que ainda o tema?
 
Eu sei que, enquanto escrevo, a pandemia ceifa vidas aos milhares e que, por questões sanitárias temos que cultuar a Deus com restrições e sem usar os templos por algumas semanas. Eu sei que inúmeras igrejas que congregavam em imóveis alugados tiveram que entregar os seus salões por não verem sentido em pagarem aluguel sem uso. Mas sei que congregações não se extinguem por falta de salões, pois não são estes que os tornam em igrejas. Igrejas existem em templos, em salões, em casas, debaixo de bambuzais ou no meio da rua. Igreja é Cristo no meio do Seu povo, seja onde for este ajuntamento Mas o que eu digo é que o mundo está trocando a igreja pelo templo das vaidades e que o cristianismo está em seca.
 
O que eu peço é que Deus venha com graça reavivar o Seu povo, que se chama pelo Seu Nome, e que nos traga um despertamento sem precedentes, para que, nestes dias do fim tenhamos um testemunho incandecente num mundo de trevas. E que os locais onde o povo de Deus se reúne voltem a ser grandes afluentes de seres humanos ávidos por um autêntico encontro com o Senhor.
 
"REAVIVA, SENHOR, AS OBRAS DAS TUAS MÃOS NO MEIO DO TEU POVO!"
 
Wagner Antonio de Araújo.

quinta-feira, 4 de março de 2021

memórias literárias - 1171 - BEM CONHECIDO

 BEM

CONHECIDO
 
1171
 
Carlos é bem conhecido no meio esportivo. Ele é amigo de diversos jogadores de futebol, empresários de clubes, chefes de torcida, patrocinadores de eventos etc. Seu nome consta da lista de celebridades da área. A sua opinião é solicitada em acontecimentos relevantes dos esportes e ele é muito popular. Carlos tem muitos amigos no esporte.
 
Meire é celebridade na área de modas. Ela está presente em muitos desfiles importantes dos costureiros que ditam a moda para as estações. Ela tem canais muito populares onde faz vídeos que ensinam a maquiagem, a etiqueta, a maneira de se vestir e como se portar nas altas rodas de eventos chiques. Ela é muito conhecida dos famosos e pode considerar-se uma celebridade.
 
Martins é político nato. Não perde uma reunião de seu partido, está em todas as inaugurações de obras públicas de sua cidade. Conquanto não tenha sido eleito em várias vezes em que se candidatou, nunca deixou de ser assessor parlamentar ou secretário de algum vereador ou deputado. Recentemente ganhou a eleição para um mandato de quatro anos e dá entrevistas a todos os jornais da região. Tornou-se conhecido nacionalmente e já se cogita a sua candidatura para o Congresso Nacional. Ele é muito conhecido.
 
Peixoto é um intelectual. Possui vários bacharelados, mestrados, três doutorados, vários títulos nacionais e internacionais e tem trabalhos publicados em quase todas as grandes universidades em sua área do saber. Seus artigos são respeitados e as suas opiniões consideradas. Não há um evento acadêmico no estado onde ele não seja convidado ou para uma palestra ou para compor a mesa dos mestres. Já participou de inúmeras bancas para titulação de novos mestres e doutores e tem até um salão acadêmico com o seu nome. Ele é bastante popular.
 
E o Silva? "Que Silva? Silva de quê? De nada? Não o conheço. Deve ser um inexpressivo, alguém desconhecido, um ser comum." Sim, é verdade. Silva não é conhecido nem no mundo esportivo, nem no mundo acadêmico, nem no mundo das celebridades e nem no mundo dos políticos. Silva é um ninguém, um José de Nada. Ele é mais um na multidão dos anônimos.
 
Um dia Silva adoeceu. Ele foi internado num hospital da cidade e convalesceu por vários dias. O seu estado piorou e ele ficou entubado. No último dia de vida ele recebeu a visita de seus familiares. Teve a súbita melhora antes da morte, voltando à consciência. E ali, diante de médicos e enfermeiras, num êxtase de fé e contrição, fez a sua última oração:
 
"Senhor Deus, em nome de Jesus Cristo e no poder do Espírito Santo eu me entrego em Tuas mãos! Aleluia!" 
 
Um fenômeno foi testemunhado pelos presentes: a sala clareou-se, Silva sorriu para o alto, estendendo a mão, e uma voz foi ouvida por todos: "Bem-vindo, muito amado Silva!" E adormeceu o sono da morte, fazendo romper entre os presentes uma emoção sem precedentes.
 
Silva, o anônimo, Silva, o ilustre ninguém  diante da sociedade pública, era muito, muito conhecido no Céu! Os anjos sabiam quem ele era e como vivia. E Jesus, o seu Salvador, o conhecia no íntimo. Silva, um homem comum aqui, era muito popular no Céu pela seriedade com que vivia com Deus. Agora ele fora para o Lar, onde estaria com quem sempre quis estar.
 
E o meu leitor? Sua vida é popular, é conhecida, possui redes sociais, círculos de amizade, grupos profissionais, esportivos, políticos e de celebridades, onde seu nome figura como alguém muito expressivo? Pois saiba que, melhor do que ser popular neste mundo é ser conhecido no Céu, pelos anjos de Deus que estão sempre junto aos homens, e por Deus, que conhece o nosso assentar e o nosso levantar, que sabe o que fazemos quando ninguém vê, que considera a seriedade da vida que levamos e a obediência que temos para com a Sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Ele conhece os joelhos de quem ora, as lágrimas de quem clama, o êxtase de quem louva, o serviço de quem serve! Ele sabe quem são os que tomam a sua cruz e seguem após Jesus. Estes se tornam muito, muito conhecidos no Céu. E, quando partirem, terão não uma simples morte, mas uma gloriosa partida, um encontro monumental, um bem-vindo sem igual! Mesmo que ninguém conheça esses fiéis, o Céu conhece e saberá identificá-los plenamente, recompensando-os e conduzindo-lhes às mansões celestiais.
 
Eu quero ser bem conhecido lá no Céu, ainda que seja desprezado aqui. Você quer também?
 
Wagner Antonio de Araújo.

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...