DIVAGAÇÕES NO ENTARDECER
A tarde desce
entristecida
Na luz escura do
horizonte.
Aos poucos a nuvem
colorida
Escurece atrás do
monte.
E eu, sentado, a olhar o
firmamento,
Enquanto a brisa fria me
abraça,
Peço a Deus
discernimento
E que me mostre a Sua
graça.
Tantos amigos que se
foram,
Vitimados por um virus
sorrateiro,
Outros tantos que não
foram,
Mas se calaram neste frio
aventureiro.
Amigos! Quanta falta eles
nos fazem!
Parceiros! Como era bom
tê-los por perto!
Só tristezas as notícias
trazem
E o luto sempre dão por
certo!
Um pássaro eu vejo junto à
árvore,
Só o vulto, não enxergo a
aparência.
Ele canta livre e solto,
sem ter cárcere,
Proporcionando-me doce
experiência.
Como pode? Como aguenta?
Neste mundo tenebroso,
Enquanto o virus ceifa e
rouba a nossa história!
Como pode o passarinho tão
mimoso
Cantar alegre canto de
vitória?
Enquanto penso, enquanto
escuto o canto alegre,
Sinto Deus falar profundo,
com a lembrança.
Se é minha alma que,
tristonha que falece,
Por que tirar da ave a gran
bonança?
Ela não teme, não lamenta,
não desiste,
Ela não sente o infortúnio
que sentimos.
Sua mente tão pequena lhe
insiste
Que não há perigo se com
graça sempre agirmos!
Mas não sou pássaro! Sou
gente! Sou humano!
Tenho memórias, tenho
dores, sou urbano!
O que fazer para ser livre
como um passarinho?
O que fazer para melhorar
devagarinho?
Cantar também! Cantar pra
Deus, que é Senhor,
Louvar Àquele que deste
mundo é Criador!
Olhar o céu, que Ele fez
pra Sua glória
E alçar com a alma um belo
canto de vitória!
Estar vivo é uma dádiva de
Cristo
Que Ele deu-me com um
propósito e missão
Quis Ele que eu ficasse, eu
insisto,
Para proclamar ao mundo a
salvação!
Então levanto desta grama,
agradecido,
Pelo anjo que falou num
passarinho,
Dizendo a mim que não
ficasse entristecido
E que tal canto era uma
forma de carinho
Que eu cantasse alegremente
ao meu Senhor,
Que O exaltasse enquanto
fôlego tivesse!
Que não deixasse de falar
com muito amor
E que com força e com vigor
tudo fizesse.
Assim a vida terá valido a
pena
E cada dia um bom sentido
ganhará
Se da tardinha e do pássaro
guardar a cena
O meu porvir em suave canto
seguirá!
Amém!
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
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