quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

memórias literárias - 1167 - DIVAGAÇÕES NO ENTARDECER


 

DIVAGAÇÕES NO ENTARDECER

 
A tarde desce entristecida
Na luz escura do horizonte.
Aos poucos a nuvem colorida
Escurece atrás do monte.
 
E eu, sentado, a olhar o firmamento,
Enquanto a brisa fria me abraça,
Peço a Deus discernimento
E que me mostre a Sua graça.
 
Tantos amigos que se foram,
Vitimados por um virus sorrateiro,
Outros tantos que não foram,
Mas se calaram neste frio aventureiro.
 
Amigos! Quanta falta eles nos fazem!
Parceiros! Como era bom tê-los por perto!
Só tristezas as notícias trazem
E o luto sempre dão por certo!
 
Um pássaro eu vejo junto à árvore,
Só o vulto, não enxergo a aparência.
Ele canta livre e solto, sem ter cárcere,
Proporcionando-me doce experiência.
 
Como pode? Como aguenta? Neste mundo tenebroso,
Enquanto o virus ceifa e rouba a nossa história!
Como pode o passarinho tão mimoso
Cantar alegre canto de vitória?
 
Enquanto penso, enquanto escuto o canto alegre,
Sinto Deus falar profundo, com a lembrança.
Se é minha alma que, tristonha que falece,
Por que tirar da ave a gran bonança?
 
Ela não teme, não lamenta, não desiste,
Ela não sente o infortúnio que sentimos.
Sua mente tão pequena lhe insiste
Que não há perigo se com graça sempre agirmos!
 
Mas não sou pássaro! Sou gente! Sou humano!
Tenho memórias, tenho dores, sou urbano!
O que fazer para ser livre como um passarinho?
O que fazer para melhorar devagarinho?
 
Cantar também! Cantar pra Deus, que é Senhor,
Louvar Àquele que deste mundo é Criador!
Olhar o céu, que Ele fez pra Sua glória
E alçar com a alma um belo canto de vitória!
 
Estar vivo é uma dádiva de Cristo
Que Ele deu-me com um propósito e missão
Quis Ele que eu ficasse, eu insisto,
Para proclamar ao mundo a salvação!
 
Então levanto desta grama, agradecido,
Pelo anjo que falou num passarinho,
Dizendo a mim que não ficasse entristecido
E que tal canto era uma forma de carinho
 
Que eu cantasse alegremente ao meu Senhor,
Que O exaltasse enquanto fôlego tivesse!
Que não deixasse de falar com muito amor
E que com força e com vigor tudo fizesse.
 
Assim a vida terá valido a pena
E cada dia um bom sentido ganhará
Se da tardinha e do pássaro guardar a cena
O meu porvir em suave canto seguirá!
 
Amém!
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo

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