53 - JESUS - UMA MORTE SEM IGUAL
SERMÃO No. 63 –26/03/2005
SÉRIE DE
CONFERÊNCIAS DA SEMANA SANTA 2005
SÁBADO, 26 DE MARÇO DE
2005
SERMÃO 3 – JESUS – UMA MORTE SEM IGUAL
TEXTO BÍBLICO:
Romanos 5.8:
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
INTRODUÇÃO
“Por
favor, não me fale sobre a morte!” É o que dizemos através de toda a vida, não
com palavras, mas com todas as atitudes possíveis, para nos fazer esquecer, que
um dia teremos que morrer. Morrem os jovens, morrem os velhos, morrem os
bonitos, morrem os feios, morrem os ricos, morrem os pobres, todos um dia irão
morrer. A indústria do entretenimento gasta bilhões anualmente, para entreter as
pessoas, buscando desviar delas os pensamentos que confrontem-nas de que são
mortais, e que um dia terão que encarar a sepultura! Há aqueles que não gostam
de velórios (e eu sou um desses), mas há aqueles que temem um morto! Não que o
morto tenha algo para falar ou fazer, mas ele representa o futuro físico de
todos nós. Salomão, há muito tempo, expressou-se da seguinte maneira: “O coração
dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.”
(Ec 7:4), ou então: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há
banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao
seu coração.” (Ec 7:2)
Há mortes inesquecíveis, principalmente daquelas
pessoas a quem amávamos. Nossos pais, nosso cônjuge, um filho, uma filha, um
neto, nós nunca mais nos esquecemos. Há mortes que deixaram um buraco, um vazio,
uma saudade, uma dor, um sofrimento. Nós, de quando em vez, sentimos a ausência
daquela pessoa, e isso dói em nosso coração.
Outros, contudo, quando
morrem, escutam a nossa alma dizer: “Já foi tarde! Demorou!” São as pessoas
ruins, execráveis, pessoas antipáticas, pessoas que fazem mal, que destroem, que
não amam, que não constroem. Houve um rei em Israel, cujo nome era Jeorão, e
encontramos esses dizeres a respeito de si: “Era da idade de trinta e dois anos
quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém; e foi, sem deixar de
si saudades;” (2 Crônicas 21.20)
Há mortes naturais, mortes benditas,
mortes em que o moribundo morre dormindo, em paz. Há outros que agonizam. Outros
sofrem terríveis acidentes, e ainda outros desaparecem, sem deixar vestígio
algum. Nenhum de nós aprecia qualquer tipo de morte, mas certamente preferimos a
que, aos nossos olhos, cause menor sofrimento. O medo do desconhecido nos
apavora, e, quando não sabemos qual será o nosso destino, então nos enlouquece,
e fazemos questão de nem pensar no assunto.
Mas nós iremos morrer, cedo
ou tarde, gostemos ou não, queiramos ou não. E o que será de nossa
alma?
Houve uma morte, que marcou a história da humanidade, não apenas
por ter sido a morte de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas pelas
conseqüências e resultados da mesma, para a toda a história do mundo. A morte de
Cristo teve características marcantes, inesquecíveis, e provocou efeitos de vida
em todos aqueles que dela se beneficiam, através da fé, do reconhecimento e da
aceitação da mesma como seu próprio sacrifício por nós.
E em que essa
morte foi sem igual? Porque Cristo pregou morrendo! E sua mensagem ecoa há dois
mil anos, por toda parte, tocando em cada coração, e fazendo com que o pobre se
torne rico da graça de Deus, o moribundo tenha cura de sua alma, o entristecido
encontre razões para a alegria, o perdido ache a sua salvação.
Seu
sermão se Expressa em sete frases, fulgurantes, poderosas, memoráveis, que
transcendem a cruz, e penetram na eternidade.
Quais são elas?
I
– PERDÃO AOS SEUS ALGOZES
“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.” (Lc
23:34)
Como é possível alguém, em franca tortura e martírio, poder
suplicar por perdão a quem o feria? Sim, é humanamente quase impossível que
alguém faça isso, porque nós queremos justiça! Nós queremos que os errados
paguem pelos seus erros! E, quando alguém nos prejudica, nos fere, nos humilha,
nos despreza, queremos firmemente que tal pessoa seja punida, que reconheça o
seu erro, que pague pelo prejuízo que nos causou! É assim quando nos roubam,
quando nos acidentam, quando nos demitem, quando nos provocam!
Cristo,
contudo, não buscava a vingança, mas suplicava por perdão. E por que? Porque,
primeiramente, ele ali estava como o cordeiro de Deus. A ovelha segue muda
perante os seus tosquiadores, e quando vai ser imolada, não foge, não reclama,
apenas chora, lamentando, triste. A ovelha chega a enlouquecer os seus
carrascos, porque a sua mansidão fere a violência das mãos de um matador.
Cristo, ali, era ovelha, muda perante os seus carrascos, os seus matadores. E o
que ele queria? Queria que o Pai os perdoasse, porque eles não tinham idéia do
que estavam fazendo! Eles estavam ferindo o Rei da Glória, o Soberano do
Universo, o Criador das vidas, o Sustentador de tudo! Ali, em suas mãos, estava
o Filho da Divindade, e eles o estavam tratando como a um criminoso da pior
qualidade! Claro que seria justo pedir por vingança, pois Deus é o vingador! Se,
por um lado seria humano pedir justiça, foi divino pedir por perdão! Tal clamor
tocou no coração do Pai, porque, após a morte de Cristo, ao ver os sinais, o
próprio centurião deu glória a Deus, reconhecendo que matara um justo!”E o
centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade,
este homem era justo.” (Lc 23:47)
II – SALVAÇÃO AO
ARREPENDIDO
“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso.” (Lc 23:43) Era uma situação terrível. Cristo pendia na cruz
central, e dois ladrões nas cruzes laterais. Um deles era ímpio, e buscava sua
própria salvação física, insultando Jesus para que descesse da cruz e o livrasse
desse sofrimento também. O outro, contudo, ao invés disso, repreende o
companheiro de pena, dizendo que os dois eram dignos de estar pendendo na cruz,
porque os seus feitos fizeram jus ao castigo. Porém, continuou ele, esse justo,
Jesus, nada fez!
E, ao olhar para Cristo, suplicou, dizendo: “lembra-te
de mim, quando vieres no teu Reino”, ou, nas traduções mais antigas, “lembra-te
de mim quando entrares no teu Reino”. Esse ladrão reconheceu que Cristo era rei,
que teria um reino, que reinaria, e que era suficientemente poderosos para
ressuscitá-lo, uma vez que da cruz ambos não escapariam.
Cristo, ao
invés de buscar o seu próprio conforto, ou de repreender o outro, ou ignorar a
voz de súplica (a sua dor já era por demais importante), encontrou tempo,
misericórdia e amor, para dizer ao moribundo: “Hoje mesmo estarás comigo no
Paraíso”!
Oh, que Cristo maravilhoso, que não lança em rosto os nossos
pecados, os nossos erros, o nosso passado, mas atende com amor e doçura um
pedido de clemência, de misericórdia, de perdão, de salvação! Sim, até na cruz
Cristo foi capaz de salvar! Até na cruz um bandido conseguiu o perdão de seus
pecados, e entrou no Paraíso, lugar em que até grandes religiosos não chegarão
nem perto! Porque o caminho para a salvação não é o conhecimento religioso puro
e simples, mas é Jesus Cristo, o Salvador, a quem podemos recorrer neste
momento, clamando-lhe por perdão e misericórdia! E quem aqui não é pecador? E
quem aqui não precisa de um salvador?
III – CUIDADOS
FAMILIARES
“Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele
amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Ora Jesus,
vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a
sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe.
E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (Jo 19:27)
Era
responsabilidade do filho mais velho, suprir a sua família dos cuidados que o
pai deveria suprir, se estivesse vivo. Entretanto, José já não vivia mais, e
Jesus era o responsável pela casa. Morrendo, quem cuidaria de tudo? Havia outros
irmãos, mas estes, infelizmente, não eram tementes a Deus, nem reconheciam,
naquele momento, que Jesus era o Cristo. Talvez não fossem responsáveis. Cristo,
então, confia a sua mãe ao seu discípulo amado João. Sim, Cristo não falta à
responsabilidade familiar.
Que grande amor Jesus teve por sua mãe!
Certamente ela ocupava em seu coração, um lugar muito especial. Ocupava e ocupa.
Ela só não ocupa o lugar em que as fábulas religiosas a colocam, qual seja, a de
rainha dos céus, a de assunta ao céu. Ela nunca foi rainha, a não ser, talvez,
carinhosamente, no coração de seus filhos. Nem tampouco foi assunta ao céu, como
Jesus, levada viva por suas mãos. Maria também foi salva por Jesus, pois
expressa, em seu cântico, a seguinte frase: “A minha alma engrandece ao Senhor,
e o meu espírito se alegra em Deus, o meu Salvador” (Lucas 1.47)
Mas
Jesus não a deixa desassistida. Ele provê um cuidador para ela. E que beleza,
quando, posteriormente lemos, que Maria fazia parte do primeiro grupo de
cristãos, que estava entre os apóstolos, e mais à frente, encontramos dois dos
irmãos do Senhor, Judas e Tiago, tornando-se não apenas líderes, mas escritores
do novo testamento! Bendito seja o amor pela família!
IV – SOFRIMENTO
INDESCRITÍVEL
“E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo:
Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” (Mc 15:34); “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas
estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.” (Jo
19:28)
As trevas cobriam a face da Terra. Imagino que as corredeiras
pararam, as cataratas seguraram as suas águas, o mar deixou-se envolver por um
silêncio global. Os pássaros nada cantavam, as estrelas cintilavam com
apreensão, os animais no campo, com tristeza, aquietaram-se. As flores deixaram
o seu perfume guardado. O mundo sofria. Sofria com Cristo. Lá estava ele.
Pendendo, sofrendo, amargando a pena, que não era dele, mas era minha, era sua,
era nossa, era de toda a humanidade!
Cristo não percebe a presença do
Pai! E clama! Por que? Por que me desamparaste? É claro que o Pai jamais deixara
o filho, mas tivera que deixar ele sofrer amargamente até a sensação da solidão,
porque naquele instante, ele representava toda a humanidade, e todo o castigo
que todos deveriam sofrer. Deus fez cair nas costas de Seu filho, todos os
nossos pecados!
“Tenho sede”, sim, o seu corpo estava em carne viva. O
inchaço agora, deveria cobrir cada região surrada, ferida, sangrada. O sangue
coagulado, formando cascas, os mosquitos beliscando, o suor a banhar sua
barriga, o ar a faltar-lhe nos pulmões, e a garganta absolutamente seca! Meu
Deus, era eu quem deveria estar lá, não Jesus! E ele fez isso por mim! Por que?
Por que me amor e sacrificou-se assim? Foi por mim! Foi por
você!
V – A OBRA COMPLETA
“E, quando Jesus tomou o
vinagre, disse: Está consumado.” (Jo 19:30)
Sim. Agora já não havia mais
demora. Estava terminada a dor. Seu corpo já não agüentava mais tanto
sofrimento. Ele pagara tudo. Tudo o que eu e você, e toda a humanidade,
devíamos. Ele fez-se sacrifício por nós. Naquele momento ele estava completando
a justiça de Deus. Tudo o que o Deus justo exigia de pagamento, O filho estava
pagando, e não havia mais forças, não havia mais condições, não havia mais o que
fazer.
Cristo sentia o seu corpo morrendo. Cristo sentia cada órgão,
cada membro, cada parte, parando as suas funções, desligando-se, em plena flor
da idade, não voluntariamente, mas por causa do sofrimento a que estava sendo
submetido. Cristo morria, e estava para expirar.
Sim, a obra de Cristo
era tomar sobre si os nossos pecados. E isso ele fizera. E como fizera! Era um
espetáculo para as pessoas admirarem. Era zombado pelos soldados, o mundo
ridicularizava, e mal sabiam que ali, diante de seus olhos, estava o maior fato
de todos os tempos, a redenção do universo, se concretizando através de um Deus
amoroso, que exige do homem um pagamento, e ele mesmo paga por ele! Um Deus que
supre até o que pede! O único e verdadeiro Deus!
E hoje, a nossa obra é
crer na obra que Deus fez em Cristo, quando pagou pelos pecados da humanidade,
ali, no Calvário!
VI – A ENTREGA NAS MÃOS DO PAI
“E, clamando
Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E,
havendo dito isto, expirou.” (Lc 23:46) Um grande brado, para que o céu, a
terra, o mar, o cosmos, o universo, o inferno, as dimensões todas, todos
escutassem: Cristo terminara a sua obra, e devolvia seu espírito ao
Pai!
Sim, os fatos que se sucederam à essa entrega e à essa morte, foram
aterrorizantes, e maravilhosos! Lá no templo o véu, que separava o Santo dos
santos, que era um lugar inacessível, rasgou-se de cima à baixo, provando, com
isso, que não precisavam mais nem de sacerdotes para levar sacrifícios, nem de
sangue algum, porque o sangue de Cristo, ora derramado, era suficiente para todo
homem e mulher alcançarem o perdão e a redenção! Não havia mais separação,
porque um novo e vivo caminho havia sido inaugurado! Cristo era o caminho, a
verdade e a vida!
Mortos ressuscitaram e entraram na cidade! Um
terremoto atingiu toda a Ásia, e a tempestade foi fenomenal! A morte de Cristo
afetara todo o universo! Creio que a natureza, estagnada por três horas, quando
o sol esteve de luto, aguardando o desfecho, soltou-se violentamente, querendo
dizer: “Homens, vocês não merecem o Deus que têm, mas aproveitem esse grande
amor e rendam-se a Ele!”
Nas mãos do Pai! Foi nessas mãos santas e
poderosas, que Cristo colocou-se, para morrer! É nessas mãos que o crente
deposita a sua fé e a sua confiança, para que a sua alma também encontre, não
apenas a salvação, mas a companhia e a graça daquele que nos criou! E Em Cristo,
confiados em seu sacrifício, podemos nos aproximar de Deus, e nos apropriar,
pela fé, de nossa salvação!
CONCLUSÃO
Sua morte foi sem igual.
Os seus efeitos foram sem igual. Ao terceiro dia, seu corpo não continuou na
sepultura, mas saiu, vivo, ressurreto, incorruptível, imortal! A sua morte é
capaz de provocar vida, não apenas em si, mas em todo aquele que, pela fé,
aceita esse sacrifício e essa doação, como para si próprio!
Foi o que
Cristo disse: “eu sou a ressurreição e a vida! Aquele que crê em mim, ainda que
esteja morto, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá
eternamente!” (conforme João 11.25)
Hoje, não precisamos mais pagar
pelos nossos pecados, se quisermos. Podemos aceitar que o pagamento de Cristo,
tenha sido por nós, e, pela fé, nos apropriar dessa salvação. Então, o que
estamos esperando? Vamos receber a Cristo como o nosso único e suficiente
salvador! Não há outro que tenha feito isso pela humanidade! Não há outro que
tenha doado a vida, e tenha tomado ela de volta, não há outro mediador entre
Deus e os homens, é só Cristo, é só Jesus! E só precisamos crer nele,
confessá-lo, recebê-lo, aceitá-lo! Seria muito pedir para que você fizesse uma
pública decisão de fé? Isso é demais?
Olhe para as mãos ensagüentadas de
Cristo! Olhe para os seus pés furados! Olhe para a sua coroa de espinhos! Olhe
para ele, quase totalmente despido e em carne viva, pendurado na cruz! E eu
pergunto: é muito dizer: “Cristo, eu te recebo como meu único e suficiente
salvador, pela fé, e seguirei os teus passos por toda a minha vida”?
Se
for muito, sinto realmente, mas o céu não é para quem não se considera pecador.
O céu é para os pecadores, mas pecadores humildes, que se arrependem e se
convertem.
Converta-se agora! Vamos! Aceite a Cristo!
Wagner Antonio
de Araújo
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