A CAMA
Fui
deitar-me. Puxei os cobertores e enfiei-me no meio dos lençóis. Tentei
arranjar-me durante uns dez minutos, mexendo-me em todos os sentidos, até que,
triunfantemente, acomodei-me, tendo encontrado a posição ideal! Então veio a
triste lembrança: esquecera-me de ir ao banheiro! Novamente levantei,
colocando a perder todo o esforço que fizera para arrumar-me no leito. Após
a realização da minha atividade típica de W.Cs pré-sonos, voltei e deitei-me de
novo. Pensei com os meus botões, digo, com o único botão do meu pijama: "Será
que tomei o remédio?" Um tanto alterado no humor, levantei-me, para tomar a
droga de comprimido. Voltei para a cama, na esperança de, enfim, encontrar
alento à minha luta titânica em prol do descanso. Agora o sono me fugia.
"Contar carneirinhos". Mas, carneirinhos são chatos. Decidi contar CDs, muito
mais interessantes. Então comecei: "1, 2, 3, 4 , MIAU..." - "MIAU?" Que número
era esse? "MIAU", escutei novamente. Era um casal de gatos namorando em cima
do muro da frente de minha casa. Os empestiados estavam namorando sem respeitar
aos pobres humanos que tentavam dormir. Gritei com eles: "Fora, chô,
desapareçam!" Mas, quê, quem os tirava do "meu bem, meu amor?" Apelei para a
violência: peguei uma velha régua escolar e arremessei-a com força: arrebentei a
régua e eles não foram atingidos... Por fim, foram-se. Voltei ao leito de
dor... Lembre-me que havia deixado a torneira do banheiro pingando. Ah, fui
até lá para conferir. Voltei para a cama. Deitado, pensei: "Onde será que deixei
a minha carteira?" Larguei os cobertores já enfezado e coloquei-me a procurar a
dita cuja. Abri gavetas, mexi nos armários, revirei a biblioteca, desarrumei
papéis e, por fim, fui encontrá-la no bolso da calça, onde tradicionalmente a
coloco. Que raiva!! Deitei de novo. Estava apertado. Precisava ir novamente
ao banheiro. Fui e voltei. Quando estava adormecendo, um bendito pernilongo
(muriçoca) começou a zunir na minha orelha. "Aja paciência!", eu já estava
desesperado. Dei 5 tapas no rosto, com força, e não matei o infeliz! Fiquei com
a cara vermelha. Levantei três vezes, perseguindo-o até a sala. Na terceira
consegui vencê-lo. Pensei então que agora tomaria os louros da vitória:
finalmente iria dormir! Foi quando ouvi, feito uma bomba atômica, o
despertador tocar. Era hora de levantar. Droga!!! Pr. Wagner Antonio de
Araújo (baseada em texto que escrevi em 1985, num concurso literário do
colégio onde estudei.).
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