FALEI
DEMAIS...
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Em meu país, Brasil, não há um dia em que amanheçamos sem que haja na
mídia um escândalo por causa de vazamentos de áudios, vídeos, fotos ou planos
privados. Brasil: uma ou mais crises por dia!
A
nossa sociedade tem banido o sigilo e transformado a vida num contínuo
espetáculo público. Juízes não podem mais conversar entre si. Políticos não
podem mais discutir seus assuntos internos. Casais não podem mais conviver em
seu relacionamento íntimo e privado. Nas ruas não andamos mais em segredo, pois
milhares de câmeras nos filmam. Os nossos carros não circulam sozinhos pela
cidade; seus passos são detectados por aparelhos de localização. Nas igrejas os
assuntos antes privativos dos membros e quiçá, de suas diretorias, são expostos
em listas de whatsapp, em facebook e em vídeos filmados à revelia. O mundo
caminha para a completa nulidade do privado.
Infelizmente
os cristãos dão brecha para cairem em armadilhas. Que nos recordemos que o
pecado entrou no mundo por causa da língua. Primeiramente a língua de uma cobra,
cuja prosa seduziu a Eva. "É assim que Deus
disse?", insinuou a cobra, colocando em dúvida a vontade de Deus e o
que era certo. A mesma técnica é usada nas interrelações quotidianas: um montão
de gente a questionar qual foi a última fofoca do dia: "Ele fez isso? Como foi a
reunião? O que eles disseram? Filmaram-no naquele lugar? Qual foi a sua reação?"
Se ao menos fôssemos prudentes conforme o ensino das Escrituras! Elas nos
ensinam o caminho do respeito, da dignidade e a maneira de não sermos envolvidos
em situações desconfortáveis. Lembremo-nos de alguns
ítens:
1) Falemos
apenas coisas que edificam: Sigamos, pois, as coisas que
servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. (Rm
14:19).
2) Usemos
apenas palavras "temperadas com sal", isto é, palavras ditas com esmero, cuidado
e beleza, além de curativas: A vossa palavra seja sempre
agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada
um. (Cl 4:6).
3) Jamais
falemos mal dos outros, jamais sejamos encontrados a difamar a outrem: A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que
saibais como vos convém responder a cada um. (Cl
4:6).
4) Que a
nossa boca não seja tola, a dizer coisas sem reflexão ou das quais não temos
integral certeza. Tens visto um homem precipitado no
falar? Maior esperança há para um tolo do que para ele. (Pv
29:20).
5) Quem fala
do que ouviu falar, sem comprovação e direito, coisas que não lhe dizem
respeito, é semeador de contendas e tem Deus por seu inimigo: Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma
abomina:.. o que semeia contendas entre irmãos. (Pv
6:16,19).
6) O que não
mantém em privativo aquilo que jamais deveria ter se tornado público também peca
contra Deus e contra si mesmo, pois poderá ser exposto e ficar em absoluto
desconforto. Deus requer que sejamos prudentes. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas
como sábios, (Ef 5:15).
7) Seremos
julgados pela maneira com que usamos as nossas palavras: Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras
serás condenado. (Mt 12:37)
Eu não sou
perfeito. Já errei quanto à exposição do que deveria manter-se em privado. Hoje,
pela misericórdia do Senhor, sigo algumas diretrizes em meus relacionamentos
sociais:
a) A minha
vida pridada não é show para ninguém; assim, a minha intimidade é minha, do meu
Senhor e da minha família.
b) Eu não
participo de grupos públicos de comentários, de famílias ou de igrejas, uma vez
que terei que ver ou ler coisas com as quais eu não concordo, ou participar de
ações públicas que não correspondem exatamente ao que creio. Assim, para evitar
os conflitos e ser contado em algum grupo que se torna "roda de escarnecedores",
prefiro muito mais "listas de transmissão" (onde eu envio e recebo retornos
pessoalmente) do que grupos públicos.
c) Eu
publicava momentos íntimos de minha família, expondo férias, passeios ou coisas
similares. Aprendi com tristeza que até isso poderia ser usado para o mal por
parte de gente mal intencionada. Hoje, exceto uma ou outra foto de celebração
pública para a glória de Deus, a minha privacidade é minha e não está aberta ao
público.
d) Conversas
importantes, decisões de gabinete, questões de família, agendas profissionais e
coisas similares devem ser feitas pessoalmente ou de forma absolutamente
privativa, meios que não gerem más interpretações e que não criem mídias que
possam se tornar grandes problemas no futuro. A regra bíblica mantém-se sólida:
questões particulares devem ser discutidas em paticular. No caso profissional,
questões que só dizem respeito ao ofício exercido, devem ser restritas a quem de
direito e a ninguém mais.
Infelizmente
o espetáculo só aumenta. Pastores expondo suas conversas privadas e nem sempre
cristãs. Casais expondo suas intimidades e pecados. Políticos mostrando suas
corrupções. Juízes e promotores que não se lembraram que conversas profissionais
em redes midiáticas poderiam gerar cópias e escândalos. Por fim, a nossa vida
íntima com Deus, que tem se tornado motivo de ostentação por gente que ora de si
para si e não verdadeiramente para Deus proliferam dia após dia. O quarto
fechado e íntimo, de oração, mantém-se vazio e solitário.
Que o Senhor
nos afaste de tanta mediocridade pública. Que o Senhor tenha em nós pessoas
honradas e privadas, cujas palavras quando ditas ou escritas (e em quantidade
suficiente) têm valor de ouro, e não excessivas e sem nenhum, fúteis e
inúteis.
Wagner
Antonio de Araújo
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