ENQUANTO
ESTOU...
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São do Senhor
Jesus Cristo estas palavras: "ENQUANTO ESTOU NO MUNDO,
SOU A LUZ DO MUNDO" (João 9.5). Sua palavra não significava
temporaneidade de sua posição eterna, a luz do mundo. Jamais! Ele foi, é e será
a luz do mundo. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina
a todo o homem que vem ao mundo. (Jo 1:9).
Sua palavra
tinha a ver com a temporaneidade da posição que ocupava. Ele ESTAVA no mundo.
Era um homem, um mestre, um pregador daqueles dias, era o Messias enviado na
plenitude dos tempos. Mas aquela posição de peregrino enviado às aldeias de
Israel estava por terminar. Ele seguiria para ser entregue aos ímpios
religiosos, políticos desonrados e o sanguinário império romano. Eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue
aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e o condenarão à morte, e o
entregarão aos gentios. (Mc 10:33). Nós sabemos que isso aconteceu.
Ele foi morto por crucificação no monte Calvário. Sua obra, porém, não parou aí:
Ele ressuscitou dentre os mortos, aleluia! Após quarenta dias foi assunto aos
céus. E ao quinquagésimo dia enviou o Consolador, o Espírito Santo, para estar
com a Sua Igreja.
Alguém
poderia considerar que era bom demais ter Jesus por ali para sempre. Ele curava,
libertava, proclamava a fé, transformava os corações, gerava esperança nas
massas, era tudo o que todos precisariam ter para sempre. Mas isso não seria
para sempre. Talvez alguém, após os acontecimentos de sua crucificação alguém
pudesse pensar: "meu Deus, Ele pregou aqui perto, eu estive lá, eu vi os seus
milagres, eu contemplei a Sua Pessoa, mas não fiz caso. Como me arrependo por
ter perdido a chance!". Sim, nós só damos valor às coisas verdadeiras quando as
perdemos. E só tomamos consciência de sua finitude quando acabam.
Isso nos leva
a meditar sobre as coisas que temos hoje e que não perdurarão para
sempre.
Filhos
pequenos. Sim, aquele choro da madrugada, aquelas briguinhas uns com os
outros, aqueles passeios no parque, a choradeira na porta da escola, a luta para
que façam a lição de casa, as lições que aprendem, a família seguindo junta para
a igreja nos domingos. Quanta coisa envolvida num ambiente de pais cristãos que
criam filhos! Porém, para a tristeza momentânea de tantos, esse tempo acabará!
Filhos crescem (ou morrem), pais envelhecem (ou falecem), estudantes vão morar
sozinhos e o lar paternal se torna solitário e nostálgico. Abrem-se as portas
dos quartos dos pequenos e tudo o que se vê são camas vazias, armários com fotos
antigas e chinelos abandonados após o crescimento. Filhos
crescem.
Pastores
de igrejas passam. Muitos deles desenvolvem brilhantes ministérios, pregando
a Palavra de Deus, fazendo visitas, desenvolvendo maravilhosos
projetos, semeando o amor, procurando a glória de Deus. Muitos membros das
igrejas acreditam que isso jamais acabará, pelo que não valorizam o tempo que se
chama HOJE e relegam a atenção e a participação a um futuro que nunca chega, um
comprometimento que prometem sempre para o ano próximo, que jamais se torna
presente. Mas pastores passam. Eles podem adoecer e morrer. Eles podem ser
convocados pelo Senhor para novos campos missionários e deixarem a igreja local.
Eles podem deixar o trabalho por prioridades que surgirão em questões familiares
e pessoais. E, de repente, um ministério que caminhava pujante é confrontado com
a dura realidade do final de um ciclo. Quantos se arrependem por não terem
valorizado o que tinham! Quantos chorarão o fim de uma era! Mas pastores também
passam!
Empregos
acabam. Algumas pessoas desenvolveram carreiras promissoras e prósperas, viram a
empresa crescer, trabalharam duro para conquistar as posições que conseguiram,
deram o suor, o tempo, a dedicação os anos de vida para um trabalho que tanto
amavam. Mas da noite para o dia, por causa de negócios e oportunidades, os
proprietários decidem vender a empresa e entregar a administração para outros.
Estes, que não vivenciaram um único dia da história anterior, chegaram para
encerrar as atividades da firma, que competia com a nova proprietária. Demitem a
todos os funcionários, indenizam com aquilo que a lei ordenar e colocam fim numa
saga. Eu conheci inúmeros cidadãos que choravam os seus velhos empregos, as suas
empresas, as suas histórias e dedicação. Conheci gente que morava nas casas da
firma, que criou os filhos nas escolas internas oferecidas, que andava com o
uniforme até em dias de folga, e agora choravam o fim de uma carreira. Empregos
também passam. Posições profissionais não são eternas.
Eu poderia
seguir e comentar muitas outras coisas: a reunião de família no Natal e no
Ano Novo; os encontros das turmas da escola e da faculdade onde se estudou; os
retiros de jovens e de associações dos quais se participou; as férias em
determinadas colônias e clubes; os encontros de amigos e as visitas aos
avós. Tudo passa. Tudo se acaba. Tudo tem um fim. Somente a alma humana fica
e atravessa a morte, seguindo para a eternidade. E lá desfrutará de algo
definitivo: ou viverá eternamente com Deus, na Nova Jerusalém, por ter
encontrado salvação em Jesus Cristo, ou seguirá para o Lago de Fogo e Enxofre,
nas trevas, por ter ignorado o convite dos céus.
Tudo passa.
Este Natal já passou. A véspera já foi. O ano novo também se tornará ano velho.
Algumas pessoas de nosso convívio irão falecer. Outras irão nascer. Mas nada
será como foi agora. As fotos que tiramos à mesa e as pessoas que conosco
estiveram jamais estarão todas juntas no mesmo formato, com a mesma motivação e
no mesmo número que agora, com raríssimas exceções. Eu, que amo fotografar,
tenho os últimos 25 natais fotografados e vejo ano a ano as mudanças dos que se
sentam à mesa natalina.
ENQUANTO
ESTOU. Esta frase é muito contundente. Enquanto estou aqui devo viver, devo
desfrutar, devo valorizar, devo celebrar. De nada adianta chorar o leite
derramado ou perder o sono pelas coisas que ainda não aconteceram. Precisamos
ESTAR. Estar aqui e agora. Temos que olhar para a esposa ou marido que temos, os
filhos que conosco vivem, os amigos que possuímos, os irmãos em Cristo que
congregam conosco em nossas igrejas, os trabalhos e desafios que aceitamos, a
nossa vida profissional e estudantil que abraçamos, e celebrar, vivenciar,
valorizar, aproveitar. E sermos gratos.
Pois háverá
tempo em que não mais estaremos, em que não mais seremos, em que não estaremos
juntos.
E o ENQUANTO
do qual falamos terá se cumprido. Já não será presente. Tornar-se-á página
passada.
Wagner
Antonio de Araújo
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