DRENOS DA
COMUNHÃO
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INTRODUÇÃO
Drenos são valas ou cavidades por onde algum
material pode sair. Eles são valiosíssimos quando retiram o perigo de um estouro
de represa, quando ajudam os rins ou intestinos a esvaziarem os seus conteúdos
ou impedem o excesso em algum depósito. Mas tornam-se terríveis quando roubam a
força, a energia ou o elemento essencial de algum sistema. Há drenos na terra,
como valas, tubulações etc. Há drenos cirúrgicos, para aliviar os líquidos que
se acumulam no corpo. Há drenos de ar, de diversas aplicações.
O tipo de dreno mais comum na compreensão
popular é o tecnológico. Um exemplo comum é o descarregamento da bateria dos
celulares (telemóveis), sem que o usuário esteja realizando nenhuma atividade.
Tão logo o aparelho acusou bateria completa, o mostrador indica a queda rápida
de energia. 90%, 65%, 30%, e, em pouquíssimo tempo, o equipamento desliga.
Quando um entendido avalia o que está acontecendo, descobre que algum aplicativo
está ligado o tempo todo e consome toda a energia. Para resolver o problema
bastará retirar esse software e a energia voltará ao normal.
Há drenos na nossa comunhão com Deus também.
Antes tínhamos o primeiro amor, amávamos as almas perdidas, testemunhando a elas
do plano da salvação. Buscávamos obedecer ao Senhor e mantínhamos comunhão
contínua com Ele. Isso nos animava a servi-Lo em novidade de vida, nos dando a
graça de não medir esforços para a dedicação ao trabalho, levando a sério o dia
do Senhor e buscando a Deus diariamente. Deus era real para nós. Em algum
momento perdemos essa sensibilidade e a energia drenou-se quase que totalmente.
Hoje, caídos num marasmo e numa rotina desmotivadora, perguntamo-nos: o que
drenou a nossa comunhão com o Senhor?
A Bíblia é a Palavra de Deus e não esconde de
ninguém os drenos que destruíram parcial ou totalmente a comunhão de diversas
personalidades de sua história. Ao contemplá-las podemos encontrar os elementos
de nossas próprias histórias, nas similaridades dos motivos que tiraram o brilho
dos servos do Senhor no passado. Gostaríamos de mencionar alguns drenos da
comunhão encontrados na Bíblia.
ADÃO - DRENADO POR QUERER AGRADAR AOS
HOMENS
Adão foi criado para ser imortal, feliz e sem
pecados. Deus lhe deu uma companheira, osso de seus ossos e carne de sua carne.
Deu-lhe um jardim completamente produtivo, livre de pragas, um celeiro
alimentício contínuo, água cristalina, temperatura ideal e absoluta felicidade.
Não havia situação melhor. Eva, sua esposa, visitada pela médium-serpente, ouviu
que Deus estava escondendo a sabedoria e a possibilidade de serem como o
Criador. Dessarte, comeu da fruta proibida (que não era nem maçã e nem sexo,
diga-se claramente!) e foi levá-la ao marido. Ela convenceu-o de que a serpente
sabia mais do que Deus. E Adão, querendo agradar a esposa, deixou-se seduzir. O
resultado todos sabemos: o pecado entrou na raça humana; o homem colheu a morte
como fruto; as mulheres a submissão ao marido e as dores de parto e os maridos
colheram as pragas da Terra e o suor de esforço para tirar o alimento
necessário.
Adão sabia qual era a vontade de Deus. Mas ele
quis agradar a esposa. Certamente esse desejo seduziu-o e fez com que também
duvidasse de que Deus estaria certo. O dreno da comunhão na vida deste primeiro
homem foi querer agradar ao próximo ao invés de obedecer a Deus. O resultado foi
a morte, o pecado, a expulsão do Éden, a tragédia familiar subsequente com o
assassinato de seu filho. Péssima escolha a de Adão! Mas é a mesma escolha que
muitos de nós, em pleno século XXI, fazemos todos os dias, quando agradamos a
nós mesmos, ao cônjuge, aos filhos, aos pais, ao chefe, aos amigos, enfim, a
todos, mesmo sabendo que tais escolhas ferirão a vontade do Senhor. O resultado
é o dreno imediato da presença e da felicidade espiritual de nosso coração. O
Espírito Santo se entristece. E a nossa comunhão é drenada.
ABRÃO - DRENADO POR QUERER AJUDAR A
DEUS
Abrão foi chamado pelo Senhor para ser o pai da
multidão dos que crêem. Saiu da sua terra, peregrinou em Canaã, mas não tinha
filhos. Sarai, sua esposa, dizia que Deus a privara de filhos. Assim ela se
expressou: : "E disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à
luz", Gn 16.22. Ora, se assim acontecia, Sarai tinha um plano para romper a
vontade de Deus: "toma, pois, a minha serva; porventura
terei filhos dela.", idem. O seu raciocínio foi: "se Deus me privou de dar à
luz, então eu irei sabotar esse propósito, dando-lhe uma outra mulher para que
você tenha filhos com ela e eu os considere meus; Deus não mos deu, mas eu os
terei assim mesmo!" Que trágica proposta. Abrão, drenado pelo desejo de ser pai
e considerando que Ele já dissera que seria pai de multidões, aceitou esse plano
imoral: " E ouviu Abrão a voz de Sarai." (Gn 16:22). O
resultado todos sabemos: Agar, a serva, teve Ismael, um filho tercerizado de
Sarai. Os problemas de aceitação e de herança foram tais que Sarai expulsou sua
mãe e a criança. Ismael, esse menino que não pediu para nascer, tornou-se o pai
dos árabes e ambos, Isaque e Ismael, guerreiam até hoje por todos os
séculos.
Se Abrão tivesse esperado apenas 13 anos teria
recebido em seus braços a Isaque, filho do ventre de Sarai. Mas não esperou no
Senhor. Isso me faz lembrar um cântico muito popular, cantado em nossas igrejas,
que dão a impressão de exigir que Deus faça o que nós queremos,
independentemente de Sua vontade e de Seu tempo: "Se diante de mim não se abrir
o mar, Deus vai me fazer andar por sobre as águas". Foi o que Abrão fez. Drenou
a comunhão com Deus. Viu-se privado da paz no lar. Teve que mandar o filho
embora. Que tragédia quando muitos de nós não esperamos no Senhor, não aceitamos
a vontade do Senhor e nem aguardanos o tempo do Senhor! Damos uma forcinha para
Deus! "Eu queria essa viagem, Deus não respondia, então me endividei"; "Eu
queria casar-me com ela, ela não era convertida a Cristo, mas pensei que depois
do casamento ela se converteria, então casei-me"; "eu tinha que fazer isso, Deus
não me mostrava, então eu fiz, crendo que depois Ele confirmaria". E drenamos a
nossa comunhão de forma profunda!
DAVI - DRENADO PELA CONCUPISCÊNCIA E
PELO ORGULHO
Davi era um homem que amava a Deus de todo o seu
coração. Conquanto não tivesse seguido o padrão da criação em termos de
casamento (no princípio Deus fez homem e mulher, não homem e várias mulheres),
ele buscava ser fiel e fugir da idolatria. Vivia um tempo de paz, prosperidade e
felicidade em seu reinado. Enquanto seus soldados guerreavam ele passeava pelo
páteo. Viu Betsabá a tomar banho no rio. Vencido pela concupiscência, mandou
trazê-la e cometeu adultério oficial com ela. Devolveu-a ao seu lar. Certamente
manteve sigilo, apenas quebrado pelo aviso da mulher: estou grávida. O que
fazer?
Davi então recebeu os soldados em Jerusalém.
Instou para que seu marido Urias fosse para casa, que subisse à cama com sua
esposa. Certamente uma ou duas noites em casa daria credibilidade a uma boa
mentira, de que o filho seria de Urias. Mas este, consciente de que ainda estava
em serviço, dormiu no páteo do palácio e não foi para casa. O problema se
agravava. Davi então pensou em colocar Urias na normalidade da morte nas
guerras: mandou deixá-lo no fronte. E, fatalmente, Urias foi um dos primeiros a
morrer. Oficialmente não havia crime algum, não havia problema nenhum. Davi
viu-se livre para trazer Betsabá para casa e torná-la sua esposa.
Davi só não contava com um Deus que vê, um Deus
que conhece o mais íntimo e que não esconde os pecados. Chamou Natã, Seu
profeta, para contar uma parábola a Davi. Disse que um homem tinha muitas
ovelhas e outro tinha apenas uma de estimação; que um visitante chegou à casa do
que tinha muitas e que esse homem, ao invés de preparar uma das suas para servir
ao visitante, roubou a do vizinho. Davi enfureceu-se, determinando pena de morte
e devolução com multa do bem tomado. Natã então desvenda a estória: Davi é esse
homem. Além de adulterar, matou o marido e tomou a esposa! Deus não se agradara!
Davi, diferentemente de todos os outros reis e de muitos servos do Senhor de
hoje, arrependeu-se com profunda amargura. Deus, por ser misericordioso, perdoou
o seu pecado, mas a comunhão plena foi permanentemente drenada de sua vida: a
espada veio morar na casa de Davi. Ele teve que ver um filho praticar incesto
com uma filha, ver outro filho matar o infame que desonrou a irmã, ver outro
filho tomar-lhe o império e terminar o seus dias com uma briga de poder entre
dois filhos.
Não foi só nisso que Davi drenou a sua comunhão.
Depois que tudo estava mais ou menos equilibrado ele sentiu-se orgulhoso de si
próprio, querendo saber de quantas pessoas era rei. Talvez para dizer que nunca
na história de Israel houve rei como ele, talvez para avisar os outros reis que
ele era muito grande. Seu estatístico, Joabe, tentou alertá-lo para que não
fizesse essa bobagem, considerando que era Deus, e não Davi, que dava
prosperidade e poder a Israel. Mas foi vencido pela autoridade. Joabe e seus
homens contaram o povo. Finda a contagem Davi caiu em si. Mas era tarde: a praga
subira sobre o país, consumindo dezenas de milhares de pessoas. Só foi contida
com a oferta no terreno de Araúna, onde Davi disse: "não oferecerei a Deus
sacrifício que não me custe nada". Sim, custou para ele e custou para dezenas de
milhares que não precisariam ter morrido. Davi drenou sua comunhão com
Deus.
CONCLUSÃO
Poderia discorrer sobre muitos outros, mas esses
três exemplos já nos são suficientes.
Pecados não confessados, não assumidos, são
drenos de nossa comunhão. Negócios mal feitos, compromissos não honrados,
palavras mentirosas, acordos rompidos, casar-se com alguém que não conta com a
autorização bíblica, manter-se em situações que escandalizam o nome do Senhor,
forçar algo que Deus não tem aprovado, são drenos de nossa comunhão. O coração
se entristece, não sentimos mais a presença do Senhor, os hinos não nos tocam
mais, a vontade de servir a Deus na Casa do Senhor desaparece, não observamos
mais os compromissos financeiros para com a Obra dEle, não oramos, não lemos a
Palavra, não nos quebrantamos, enfim, tornamo-nos uma estátua de sal diante de
uma Sodoma destruída. Não convém que fiquemos assim, meus amigos!
Cristo nos convida à comunhão!
Se confessarmos os nossos pecados,
ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a
injustiça. (1Jo 1:9)
Reconhece-o em todos os teus
caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. (Pv 3:6)
O que encobre as suas transgressões
nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. (Pv
28:13)
E se o meu povo, que se chama pelo
meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus
maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei
a sua terra. (2Cr 7:14)
Que Deus nos livre dos drenos da
comunhão!
Pr. Wagner Antonio de Araújo
01/03/2016
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