PASTORES,
PREGUEM OS
SEUS
PRÓPRIOS
SERMÕES!
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Sábado à noite, tempo de
conflito. Amanhã o pastor enfrentará o púlpito. Os mais tradicionais por duas
vezes; os contemporâneos por uma. O que pregar? Antigamente iam para os livros
de esboços e revistas especializadas; hoje abrem sites de famosos e escolhem
alguns títulos bombásticos, consultando os textos. Escolhem dois, de preferência
estimulantes e de auto-ajuda, claros e desafiadores. Abrem um vídeo de alguém
pregando aquilo e, com esta ou aquela observação, batem o martelo: está
escolhida a mensagem. No domingo o povo de sua igreja será alimentado com aquele
prato feito, só com algum retempero pessoal. O espantoso é que este pastor se
pergunta constantemente do porquê da frieza espiritual e do desinteresse do
auditório...
Papagaios repetidores: é
isto que muitos são. São meros reprisadores de sermões. Os reformados e
conservadores buscam textos de Calvino, de Spurgeon, de Mcarthur, de Piper, de
Nicodemus, e forçam os seus ouvintes a ouvir aquilo que mais apreciam,
independentemente de ser a mensagem que Deus desejaria dar àquela comunidade.
Outros, mais contemporâneos, buscam as últimas do Kiwitz, do Hernandes, do
Duarte, do Rina, do Warren, e copiam até a gesticulação deles, transformando-se
em meros covers baratos dos pregadores liberais famosos. Os auditórios locais
tornam-se extensão e campi da universidade do sermão
barato.
Que vergonha nos causa o
púlpito contemporâneo! Que pobreza! Os pastores não sabem mais estudar a bíblia,
nem praticam a exegese, nem estudam em profundidade a Palavra de Deus! Tudo é
copiado ou feito de qualquer jeito. Buscam na lei do menor esforço a maior
produtividade e produzem uma contemporaneidade evangélica sem mente, sem
inteligência, sem cor, sem estilo e, principalmente, sem fidelidade bíblica.
Seus raros estudos são cópia das bíblias de estudo, geralmente destas feitas por
mercadores da fé, com esboços prontos e sem fidelidade bíblica, cheios de
adoração ao próprio ego. Quanto menores e quanto menos esforço exigirem, tanto
melhor. Isto não é correto!
Pastores foram chamados
para pregar! Que pregues a palavra, instes a tempo e
fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e
doutrina. (2Tm 4:2)
Pastores que se dedicam à
pregação e ao estudo são dignos de duplos honorários! Os
presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra,
principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; (1Tm
5:17)
Pastores devem ler,
estudar, ter preparo contínuo e constante: Persiste em
ler, exortar e ensinar, até que eu vá. (1Tm
4:13)
Pastores devem manejar bem
a Palavra de Deus, saber usá-la, saber aplicá-la! Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm
2:15)
Mensagens que custam pouco
valem pouco. Mensagens de outros sem os devidos créditos são roubos feitos por
pregadores incapazes. Mensagens de outros com os devidos créditos são
importantes, desde que ocupem uma parcela pequena das escolhas destes
pregadores. O povo que congrega na igreja deste pastor espera ouvir mensagens
que Deus deu a ele, não aos outros. E para ouvir sermões de internet os membros
podem consultar as mídias sociais, dos próprios autores, sem desperdiçarem tempo
com as cópias e imitações baratas. Além disto o juízo de valor de quem copia é
bastante questionável, uma vez que se esquece de verificar os pormenores e os
detalhes do ensino, deixando passar heresias e falsas doutrinas.
Pastores, preguem as suas
próprias mensagens, fruto de suas próprias conclusões em dedicado estudo e
oração! Preparem os seus próprios sermões, façam as suas próprias séries e
sirvam bem as igrejas onde foram colocados por Deus! Um restaurante com
cozinheiros que não cozinham, apenas requentam comida que trouxeram de outros
comércios está fadado ao fracasso; púlpitos que não produzem, apenas reproduzem,
também! Usar materiais alheios para servir de base ao estudo para aprimorar,
para desenvolver idéias, para complementar, é absolutamente útil, necessário e
precioso. Mas fazer do material consultivo a própria mensagem, sem desenvolver a
sua própria argumentação é como dar ao cliente restaurante um prato com comida
velha e de outra cantina.
Essa vontade de imitar é
até compreensível no início do ministério. Quem nunca fez isso? Mas se durar
demais, se nos primeiros meses não superar essa infantilidade torna-se uma série
patologia e tem que ser tratada. Não fomos chamados para a carreira de
imitadores. Deus nos fez diferentes e a cada um confiou mensagens fundamentadas
na bíblia, que devem ser pregadas com a individualidade de cada um. Um exemplo
disto é a Bíblia: diversos autores, sessenta e seis livros, estilos diferentes,
ênfases diferentes, temáticas diferentes, autores com culturas e redações
diferentes, mas com uma característica unificadora: inspirados por Deus,
redigindo a própria palavra do Deus todo-poderoso. Assim devem ser os pregadores
e pastores: diferentes, com ênfases e técnicas diversas, com estilos variados,
mas fiéis às Escrituras Sagradas e revestidos do poder do Espírito Santo! Não
serão inspirados no sentido teológico da palavra, mas serão iluminados pela
Santa Escritura.
Ah, como é bom ouvir
Timofei Diacov, com seu estilo de proclamador do Reino! E José Vieira Rocha, com
seus sermões didáticos! E Josué Nunes de Lima, como um arauto da verdadeira fé!
E Rubens Lopes, com sua prédica do tipo tribuna! E David Gomes, com seu estilo
paternal e piedoso! Como é gostoso escutar um pregador que não imita o outro,
que tem o seu próprio estilo e procura fazer o melhor possível para o serviço de
Deus e a edificação do próximo! Mantenho comigo um pequeno esboço do saudoso
Estefan Bendas, num sermão que apresentou à Igreja Batista Central de Osasco na
década de 70. Tenho anotações de Josué Nunes de Lima, quando pregava na Igreja
Batista Boas Novas do Jardim Brasil, sermões épicos e inesquecíveis! Que bom
saber que cada um foi autêntico e bem serviu (e alguns ainda servem) no Reino de
Deus!
E os que copiam? Não
deixarão saudades de si, não transmitirão a mensagem que lhes foi incumbida, não
marcarão a sua passagem com nada além de imitações baratas, que serão
substituídas por outras melhoradas.
Jesus, ao perguntar aos
apóstolos sobre quem o povo achava que Ele era, ouviu: E
eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos
profetas.
Contudo, Jesus não se
satisfez em saber o que os outros diziam. Ele lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse:
Tu és o Cristo. (Mc 8:29). Aí está: o que os outros diziam Cristo
sabia. Ele queria saber o que eles, particularmente, tinham a dizer. E Pedro
expressou-se de forma pessoal e simples: Tu és o Cristo. Pronto. Era isso que
ele tinha que dizer. E disse. E como disse! Sua fala foi o alicerce da igreja de
Cristo: TU ÉS O CRISTO!
Pastores, colegas de
púlpito, todos já estão cansados de saber o que os outros pregadores dizem de
Cristo, da igreja, do Reino, das doutrinas. Uns dizem bem, outros falam mal;
outros não falam coisa com coisa. O que Cristo nos pergunta é: O QUE NÓS ESTAMOS
DIZENDO SOBRE ELE EM NOSSOS PÚLPITOS? O que nós temos para contribuir? O que
temos para dizer de forma pessoal e única? Qual a mensagem que temos para
pregar? Que tal fazermos como Pedro? Abramos a nossa boca em nossos púlpitos e
digamos: "Hoje Deus falou ao meu coração e, estudando a Sua Palavra, decidi
falar sobre o seguinte assunto:..."
Tenha certeza de que sua
igreja espera há muito tempo ter um pastor, um pregador que assuma a sua própria
identidade. Não os decepcione!
Wagner Antonio de
Araújo
22/02/2017
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