EU
SOU
CULPADO
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Por que a
atual geração vive na mais mísera imoralidade, sem freio, sem pejo, sem limites,
expressando toda a sua lascívia em público, levando a mídia e o comércio a
adaptar-se ao estilo e ao gosto do século XXI? Por que há tantos tatuados,
tantos com piercing, tanta gente nos pancadões, tanto palavrão na boca de todos,
tanta mulher e tanto homem a fumar, beber, usar droga, a
trair?
Essa geração
não nasceu de chocadeira. Eles tiveram pais. O que esses pais serviram aos seus
filhos?
Bem, muitos
deles pouco viram os seus filhos. Mães tiveram que confiar o período de infância
aos cuidados das creches, às mãos das cuidadoras. Pais trabalharam o tempo todo,
ou à noite seguiam fora nos cursos de especialização. O longo tempo de percurso
no transporte também contou. Quando ambos estavam em casa tinham muito o que
fazer. Então ligavam a televisão, colocavam um DVD, mandavam os pequenos para a
casa dos amigos ou dançavam as suas músicas com eles.
Essa geração
nunca ouviu uma música clássica. Eles nem sabem quem foi Beethoven, Mozart ou
Bach. Música, para eles, é o que rola na balada, é o funk carioca, o
"proibidão", o rap e o rock. Agora também o sertanejo universitário. Os pais não
ofereceram a boa música brasileira, a música raiz, a música com melodia, as
canções com valores e com história. Eles apenas não queriam ser
incomodados.
Também não
sabem se relacionar. Saíam de casa para a creche, da creche para o transporte e
nos fins de semana para as aulas de balet, natação, inglês ou nas festinhas dos
amigos. Eles não sabem o que é sentar-se à mesa com a família reunida, não
ouviram histórias de seus pais, de seus avós, histórias da casa onde moram, dos
países de onde vieram as suas famílias, dos costumes, das tradições. Estas
crianças vieram ao mundo e tiveram a ração para viver e sobreviver, os cursos
para serem profissionais, mas não foram humanizados em
casa.
Eles
descobriram a sua sexualidade entre os amigos, na escola, no bairro onde moram,
nas brincadeiras entre primos, e, recentemente, nas páginas da internet, no
whatsapp, nos encontros do bairro, nas festinhas que frequentaram. Os seus pais,
a geração originária dos que quebraram os padrões, considerou que eles deveriam
experimentar de tudo e achar o que poderia trazer felicidade individual. Assim
não tiveram limites: namoravam em casa, na plena permissividade, com a
complacência de pais liberais. Pais deram aos filhos acesso à bebida alcoólica
e, quando não, aos preservativos para evitar a gravidez. E, não raras vezes,
foram às baladas juntos para fomentar o instinto sexual.
Qual o
resultado disto? O mundo torpe e amaldiçoado onde vivemos. Não há um bairro
nestas cidades em que se possa viver em paz, sem que haja uma festa com drogas e
o barulho infernal dos ruídos chamados de "música moderna". A geração não tem
respeito com os pais, chamando-os de você (e que não venham dizer que é só
atualização de linguagem!) e tratando-os como iguais ou inferiores (pois são
velhos e não sabem das coisas). Não sabem cozinhar, não arrumam os seus quartos,
não varrem a casa, não ajudam em nada, consomem tudo e sentem-se depressivos. E
conseguem colocar a culpa nos pais, na família, no mundo opressivo, no governo
de direita e, quiçá em Deus.
Eu sou
culpado. O meu leitor é culpado. Todos somos culpados. Um mal exemplo é sempre
um ensinamento. Toda vez que escolhemos erradamente ensinamos a um jovem a fazer
o mesmo. Quando entro numa via proibida, mesmo com um semáforo e uma placa
proibitiva, eu sou culpado. Quando furo a fila do caixa eu sou culpado. Quando
falo um palavrão eu sou culpado. Quando deixo de ouvir coisas de qualidade eu
sou culpado. Quando não busco o conhecimento eu sou culpado. Quando não gasto um
tempo com os mais jovens eu sou culpado. Quando não arrumo o quarto, lavo as
louças, varro a casa ou cumpro o mínimo necessário para uma vida civilizada no
coletivo eu sou culpado.
A geração que
emporcalha o país é fruto das más escolhas das duas últimas gerações. Aí está a
nossa fatura: um bando de pessoas cuja racionalidade é questionável. São filhos
que queimam os pais para obterem o seguro de vida ou quando estes não aceitam um
matrimônio com o mesmo sexo. São jovens que envenenam um professor quando este é
contrário aos seus valores pervertidos. São funcionários que só desejam
direitos, independentemente de cumprirem o seu dever. São moradores que estendem
a privacidade de suas casas à rua e na frente de nossas casas, importunando a
todos e não dando espaço à liberdade alheia.
A
considerar-se um cristão nesta minha crítica, a culpa também é nossa. Somos
culpados quando jogamos fora os hinários de nossa igreja para que a juventude
implantasse a sua música pobre e mundana, cheia de valores pervertidos e ruídos
ensurdecedores. Somos culpados quando abandonamos o culto doméstico de nossas
famílias. Somos culpados quando deixamos que pastores mundanos dominassem os
púlpitos de nossas igrejas e pervertessem a fé de nossos membros. Somos culpados
pela literatura ecumenista e atéia que as nossas editoras publicam, bem como em
divulgar as novas versões pervertidas da bíblia. Somos culpados em pintar as
nossas igrejas de preto e colocar latões como púlpito, apenas para
transformá-las em palco de shows, do jeito que o Diabo gosta. Somos culpados
quando não nos ajoelhamos no culto, quando não temos reverência ao nome de Deus
e quando não vivemos o que pregamos.
Que Deus me
perdoe a culpa que tenho nesta história. Eu ainda tenho filhos pequenos, os
quais quero influenciar profundamente dentro de meu lar. Aqui eles não ouvem
funk. Aqui eles não assistem desenhos suspeitos. Aqui eles não ouvem palavrões.
Aqui eles não têm a liberdade de nos tratar como bem entendem. Aqui eles
aprendem valores. Aqui eles sentam-se à mesa para comer e não vão dormir sem
prestar o culto doméstico a Deus. Aqui eles sabem a diferença entre o certo e o
errado. Quando nós partirmos, quando eles se casarem, estes valores nós queremos
que eles levem para os seus lares. E que reproduzam tudo isso junto de suas
famílias. E se Jesus voltar eles subirão também.
Que Deus me
perdoe.
E que me
ajude a ser exemplo e não ser mais culpado.
E você?
Também tem culpa? Avalie-se.
Wagner
Antonio de Araújo
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