TEUS
DEUSES
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E ele os
tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de
fundição. Então disseram: Este são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da
terra do Egito. (Ex 32:4)
Moisés estava
lá no alto, em comunhão com Deus, a receber as tábuas do decálogo, os dez
mandamentos. Cá embaixo estava o povo ansioso, afoito, cansado da espera e da
falta de informações.
Arão, irmão
de Moisés, escolhido sacerdote, estava entre o povo e Moisés. Decidiu ouvir o
povo. Eles disseram: "Nada sabemos desse Moisés; faça um deus para nós". Ele, se
por ameaça do populacho ou por fraqueza de caráter decidiu fazer a imagem de
fundição, mesmo que tenha ouvido a ordem divina de não fazê-lo e de ter anuído à
aliança em sangue que Moisés fizera entre Deus e o povo.
Forjou um
bezerro, uma ridícula imagem oriunda das jóias que arrancaram das egípcias ao
saírem do Egito. E proclamou: "este é o deus que tirou vocês do Egito! Aqui
estão os teus deuses, ó Israel!"
O Deus
Eterno, o Criador, Jeová, Javé, Elohim, o Sublime, o Altíssimo, opera a grande
libertação destes quase dois milhões de pessoas e os trás para uma aliança. Eles
aceitam o pacto e querem seguir para a terra da promessa. Mas na primeira prova
que recebem, isto é, terem que aguardar o regresso do profeta da montanha da
santidade, resolvem abandonar o Libertador e inventar um mito, uma fábula, um
amuleto, uma mentira. A libertação era real - eles estaam ali; a narrativa
deixou de ser verdadeira: a imagem forjada a instantes era a responsável pela
epopéia. Como é fácil inventar uma narrativa mentirosa!
Faz lembrar
um filho ingrato, que mora na herança deixada pelos pais, que teve o seu diploma
conquistado com o suor de seus progenitores e que diz orgulhosamente: "consegui
por mim mesmo sem a ajuda de ninguém!"
Também o
homem curado que se gaba da boa saúde e se esquece do médico que o tratou. "Eu
sou um atleta!".
Ou talvez
aquele que venceu na vida e que diz: "A força do meu braço e do meu empenho
conquistou tudo isso", e nem se lembra das noites em súplicas que muitos
passaram diante de Deus, clamando pela sua colocação profissional e sucesso
acadêmico! Também se esquecem daqueles que os recomendaram ao empregador ou
institução onde trabalham!
Quantas
igrejas se gabam de ter uma grande membresia ou um poder econômico muito forte,
esquecendo-se de que os pioneiros, sim, aqueles pobres trabalhadores da Seara,
foram os que empenharam a própria vida na concretização do ideal. Esquecem-se
dos pastores que deram a vida no trabalho difícil de outrora, nas condições tão
pequenas e na tecnologia tão primitiva. "Somos vencedores de um novo tempo!".
Não haveria novo tempo se não tivesse havido alguém que início
deu.
Ah, povo
hebreu! Há um hebreu em cada um de nós! Ingratos para com Deus, criamos bezerros
de ouro para adorar ao longo da vida. Sabemos que foi Deus, mas ousamos
esquecer-nos disso! Sabemos que nossos pais foram heróis, mas os esquecemos em
algum asilo! Sabemos que a nossa professora nos alfabetizou, mas tiramos o seu
nome de nossa biografia! Sabemos que ingressamos na escola ou no trabalho por
indicação de alguém, mas o desprezamos! A ingratidão é uma constante no coração
de cada ser humano!
Nós sabemos o
que aconteceu com os hebreus do bezerro de Arão. Morreram condenados pela
idolatria voluntária a que se submeteram. E os sobreviventes não foram melhores
que eles: morreram na areia quente do deserto, pois duvidaram do poder divino em
conduzi-los à Terra Prometida. Sob a desculpa de estarem preocupados com os
filhinhos que sofreriam, foram condenados a morte no caminho e os filhos com
quem se diziam preocupados, entraram em Canaã.
Lancemos fora
os nossos deuses! A saúde, o dinheiro, a linhagem, a linguagem, a naturalidade,
a cultura, os amigos, o político, a desenvoltura, os poderosos. Todos eles
juntos não passam de bezerros dourados e podres. Se o Senhor não nos der fôlego,
se Ele não nos abrir as portas, se Ele não nos proteger ou não nos abençoar,
seremos como a moinha que o vento espalha!
Adoremos ao
Deus Único e Verdadeiro. E às favas com os bezerros de ouro que
forjamos!
Deus
falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. (Sl
62:11)
Wagner
Antonio de Araújo
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