E
HOUVE
O
VELÓRIO...
Pastor Jonas e irmã Clarice -
2005
Pr. Jonas e Pr. Wagner
2005
Em 2009 em Porto União PR, com seu
pai Pedro
Em 2009 em Porto União
Em 2010 quando eu tive derrame
facial
Em 2012 na igreja Batista Boas Novas
do Rodoanel SP
Em 2012 com o irmão Isaías, na casa
do Cantor Luiz de Carvalho
609
Escrevo com o coração
partido. Sinto-me febril, emocionado, entristecido. Não passa pela minha mente
qualquer revolta, pois creio na absoluta soberania de Deus. Mas a dor toma conta
de meu coração.
Escrevi há pouquíssimos
dias um artigo que teve ampla repercussão, "EU IREI AO SEU VELÓRIO", sendo que
velório, no texto, corresponde a FUNERAL (nós não acendemos velas aos defuntos).
Chamamos tudo de velório. Porém jamais pensei em ser notificado de que um amigo
muito amado seria velado ontem mesmo, o Pastor Jonas Sommer. Não apenas o ele,
mas, com ele, toda a família: Irmã Clarice, a filha Paulinha e o filho Marcos.
Um carro, uma estrada, uma curva e um caminhão-tanque. Uma batida de frente e o
fim trágico de toda a família.
Eu estava sem internet
fixa, só a do chip do telefone celular. As mensagens demoraram a chegar. Mas
quando vi no grupo COMPARTILHANDO, grupo de e-mails que o Pr. Norberto, o Pr.
Airton e eu criamos em 2000, e que transformou-se no único grupo de whatsapp que
utilizo, a mensagem do acidente, o meu chão sumiu. A minha esposa entrou em
prantos; Milú condoeu-se. Nós amávamos o Pastor Jonas! Minha filhinha, tão
tenra, veio abraçar-me e dizer: "Não chore, papai."
Ele era um batista do
sétimo dia. Conheci-o há quatorze anos. Ele procurou o nosso grupo e assim
apresentou-se. Eu sequer sabia da existência desses batistas. Ao conhecê-los
vi-os com a mesma soteriologia, conquanto algumas práticas e o dia de guarda
fossem distintos. Estudante brilhante da faculdade batista em Curitiba, foi
consagrado ao ministério. Eu o trouxe à Boas Novas. Pregou maravilhosamente.
Veio visitar-me quando estive com paralisia facial. Nos vimos novamente quando
ele trouxe o irmão Isaías para tocar em nossa igreja. Pregou a Palavra. Fomos à
casa do saudoso Cantor Luiz de Carvalho, um sonho antigo que ambos mantinham, de
conhecer quem tanto os edificava com as canções que cantava. Posteriormente o
Pr. Jonas eleito presidente de sua associação mundial e o nosso contato
tornou-se muito limitado, como limitada é a comunhão de quase todos nós,
infelizmente. Nossas frases eram curtas e um cantato pessoal ficava
postergado.
Agora ele não está mais
aqui. Nem ele, nem a esposa e nem os seus tenros filhinhos. Estão todos mortos.
O sepultamento parece-me que teve que ser rápido, uma vez que o estado dos
corpos isso exigia. Meu Deus, que dor e que tristeza!
Mas eu não estive no seu
velório. Infelizmente. Porém procurei estar em sua vida enquanto pude. Há muitos
que lamentam não ter dado a atenção necessária e possível quando alguém parte.
Esse peso em minha consciência eu não terei. Aliás, tem sido a minha grande
briga literária e pessoal, apontar para a nossa consciência sobre a frieza com
que temos nos tratado, nos considerado e nos afastado uns dos outros. Em nome de
uma agenda cheia deixamos os nossos relacionamentos afetivos e depois lamentamos
a perda súbita de alguém, alterando qualquer programação para estar em seu
velório. Eu quis ir também, mas a cidade era longe demais, seria um vôo e outras
horas de ônibus. Não daria tempo. Além disto acredito que ninguém ali me
conhecia e eu a ninguém também. Todos os que conheci estavam mortos. Meu Deus,
quanta dor!
Está na hora de sermos mais
afetuosos. Está na hora de procurarmos mais pelos nossos amigos e irmãos. Está
na hora de sairmos do conforto do whatsapp e ligarmos para a pessoa, visitarmos
as famílias, desfrutarmos da doce e maravilhosa bênção da comunhão. No grupo que
mantenho vejo o contato dele; está ali. Passa-me a falsa impressão de que ele
está presente; mas é apenas uma ilusão. Uma ilusão tão grande quanto a de que
temos comunhão por termos uma multidão de contatos, mas que são apenas sinais e
não corações. Satanás conseguiu afastar-nos uns dos outros, iludindo-nos com
falsos sentimentos de presença. As lembranças pessoais que temos dos nossos
amigos vão aos poucos se tornando matéria de museu, geralmente anteriores à
facilidade das múltiplas comunicações que estão à nossa disposição
hoje.
Irmãos, choro pela partida
do meu amigo. Choro por sua esposa, companheira fiel, que morreu ao seu lado. E
choro muito mais pelas criancinhas lindas, aqueles alemãezinhos, que não pediram
para nascer e não tiveram a chance de desfrutar da adolescência, juventude, vida
adulta, casamento, criação de filhos e envelhecimento. Como entender os
desígnios de Deus? Como entender a permissão de Deus? Talvez só na glória
celestial compreenderemos. Mas, sem dúvida alguma, ELE SABE O PORQUÊ PERMITIU. E
reverentemente damos a Ele graças por tudo, até pela dor intensa. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo
Jesus para convosco. (1Ts 5:18)
Penso na sua casa. Algum
familiar irá abri-la, se já não o fez. Camas que nunca mais receberão os seus
moradores. Mochilas de escola que não serão mais abertas. Bibliotecas que não
serão mais consultadas. Documentos que perderão o sentido de existir. Cozinha
montada que não terá mais a quem servir. Jardim que não será mais regado. Sala
que não testemunhará nenhuma reunião familiar. Telefone que não tocará mais.
Vozerio tão costumeiro que não estará mais disponível. Creio que o que sinto
agora nem às paredes conseguiria confessar...
Ah, bendita certeza a
nossa, de que a vida não termina aí! Se terminasse seríamos os mais infelizes de
todos os homens! Jonas, Clarice e os seus filhos criam em Jesus Cristo como
único e suficiente Salvador, tinham a Cristo como o único mediador entre eles e
Deus e construíram a vida sobre a rocha dos séculos! Cristo prometeu-lhes vida
eterna e esta vida eles a possuem! Disse-lhe Jesus: Eu
sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
(Jo 11:25)
Jonas não era um batista
clássico, como eu. Mas onde está escrito que eu deveria ter comunhão apenas com
quem milimetricamente pensasse do meu jeito? A minha vida cristã tem sido
dirigida a comungar com todo aquele que ama a Jesus Cristo como eu, ainda que em
alguns pontos da teologia e eclesiologia tenhamos pensamentos divergentes e, em
alguns casos, irreconciliáveis. Mas não há questão suficiente que limite a
comunhão entre dois salvos pelo Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, que
crêem piamente em seu nome e ressurreição! Jonas era meu irmão, meu amigo, um
querido de minha alma.
Meu leitor: até quando
estaremos escondidos numa falsa comunhão de milhares de contatos e curtidas, sem
desfrutar de um contato pessoal com os nossos irmãos e amigos? Até quando
protelaremos aquela visita, aquele telefonema, aquele contato prometido e nunca
cumprido? Creia-me: um dia alguém ficará desolado, quando uma mensagem aparecer
na mídia social: "fulano morreu". Pode ser que seja ele. Mas, se não for você o
leitor, certamente ele saberá do seu falecimento.
Não espere isso
acontecer.
Até breve, meu saudoso
amigo Pastor Jonas! Até breve, família Sommer! Encontrar-nos-emos no Céu, não
por nós, por nossos méritos, pois não os temos; mas pelos méritos de nosso
Senhor Jesus Cristo, único e suficiente salvador!
Wagner Antonio de
Araújo,
com lágrimas e dor, com
intenso sofrimento.
16/02/2018
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