O MEU
GRÃO DE
TRIGO
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Na
verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. (Jo
12:24)
Jesus falava de Si. Ele era
o grão de trigo, o pão vivo que descera dos céus. Mas ainda era semente de
trigo, não o pão pronto. Quando dissera tais palavras, ainda não passara pela
humilhação, pelo julgamento, pelo sofrimento, pela "via crucis", pelo Calvário,
pelo túmulo. Tudo isso era necessário. Sem túmulo não haveria ressurreição. Sem
morte não haveria vida. Mas, aleluia! Cristo sofreu, morreu, foi sepultado e, ao
terceiro dia, ressuscitou! A Sua morte trouxe vida; a Sua ressurreição trouxe
glória para Deus! O resultado foi um novo e vivo caminho, único e derradeiro,
para que o homem se chegasse ao Pai. O grão de trigo morreu e deu fruto, muito
fruto! Sou fruto de Sua morte e ressurreição!
Jesus usa uma ilustração
que bem pode significar também as inúmeras facetas de nossa vida. Enquanto não
sepultarmos o velho, não surgirá o novo. Enquanto mantivermos o grão num pote,
ele não morrerá, dando origem a uma vida efusiva e potente, nova e maravilhosa.
Pode ser que não sepultemos um amor que se foi. Pode ser um luto que não nos
deixa seguir. Pode ser um fracasso que nos aprisiona num mar de ressentimentos e
de mágoas. Pode ser uma injustiça que nos estraçalhou. Não importa. Há algo
velho e insepulto, algo que, para produzir o novo, tem que ser sepultado. O
lavrador tem um saco de sementes, mas não pode comer o pão. Para fazê-lo é
necessário desfazer-se das sementes na terra. Enquanto não fizer isso não poderá
alimentar-se. Se o fizer, verá em breve as plantinhas lindas, vivas, graúdas, e
receberá fartos e volumosos grãos do mais puro trigo, com o qual poderá assar
pães sadios e deliciosos, saciando a fome e suprindo o
lar.
Para uma nova etapa começar
a velha etapa tem que morrer. Para um novo serviço chegar o antigo tem que
terminar. Para um homem novo aparecer o antigo tem que sumir. E assim tudo em
nossa vida precisa obedecer a máxima cristã: o grão de trigo tem que morrer para
dar vida. Um novo emprego? Um novo domicílio? Uma nova profissão? Um novo
ministério? Uma nova igreja onde servir ao Senhor? Uma nova chance de fazer
feliz e de ser feliz? Sepulte o grão de trigo. Ele terá que morrer. Somente
assim um pão novo poderá ser produzido com o trigo novo que surgir. Um novo
profissional há de surgir; uma nova carreira há de começar; um novo ministério
há de aparecer!
Tertuliano, mártir cristão,
disse: "O sangue dos mártires é a semente dos cristãos". Ele tinha razão. Paulo
foi decapitado. Pedro, crucificado de cabeça para baixo. Tiago morto à espada.
Milhões de cristãos serviram de diversão e comida às feras famintas nas arenas
dominicais dos imperadores romanos. Posteriormente, na Idade Média, os cristãos
nominais torturavam os cristãos legítimos, sob o pretexto de inquisições e
purificações doutrinárias; regaram a Europa com milhões de litros do sangue dos
santos do Senhor. Bíblias foram queimadas, reduzidas a cinzas; por milênios
tentaram deter a Palavra. Foi a semente que morreu em sacrifício. Tudo isso
porque o nosso Grão de Trigo, Jesus, morreu, dando origem à vida eterna. Ele
ressurgiu, está vivo e sentado á destra da majestade nas alturas. E a Bíblia,
tão queimada e odiada, continua a ser o livro mais publicado de todo a história.
Viver por Cristo é dever; morrer por Cristo é privilégio. E, se necessário
morrer para ver o fruto, que assim seja!
Aquela tribo, avessa ao
evangelho trazido pelos missionários, matava os servos do Senhor, impedindo a
propagação da mensagem cristã. Um deles, ferido de morte, rodeado pelos seus
algozes, orava assim: "Senhor, que a minha morte não lhes seja imputada como
pecado; perdoa-lhes". Os índios, comovidos por tamanho amor e resignação,
jogaram um a um as suas flechas, dobraram os joelhos e, arrependidos, pediram
perdão. Converteram-se a Cristo. O missionário, enquanto vivo, não viu os frutos
que, com sua morte, iria originar. E originou! Deixemo-nos aos cuidados divinos,
para que, se necessário, morramos por Cristo, produzindo para o Senhor os frutos
devidos. E, quanto ao nosso futuro quotidiano, se necessário, deixemos a velha
vida, as velhas lembranças, os velhos fracassos, morrerem e serem sepultados,
para que novas bênçãos, novas carreiras e novas felicidades surjam no horizonte
de nossa existência!
Wagner Antonio de
Araújo
04/05/2018
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