SILÊNCIO
INTERIOR
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Como fazer
silêncio num mundo tão barulhento? Basta acordarmos e o ruído invade a alma! São
terroristas de direita a matarem islâmicos; são terroristas islâmicos a matarem
judeus. São terroristas de jogos de internet a matarem estudantes e a se
suicidarem. São terroristas judiciários a lançarem para o esgoto anos de
investigações e de processos contra a corrupção política. São políticos
insensíveis que abrem a boca para falarem besteira e lançarem a economia para a
vala comum! Como fazer silêncio?
Não há um
instante em que o celular não nos traga notícias, más novas (dificilmente há
boas-novas que nos chegam!). Em uma semana há enchentes mortais, desabamentos
que ceifam famílias inteiras, tufões que arrasam países, terremotos que soterram
cidades, secas que destróem lavouras, presídios que em rebelião matam centenas
de pessoas, vazamentos de óleo pelo mar, barragens que estouram e que ceifam
centenas de vidas e matam centenas de quilômetros de vida nos rios e nas
propriedades rurais. A cada cinco minutos o celular apita, trazendo-nos ruídos e
mais ruídos!
A alma não
descansa! É um parente internado, um vizinho acidentado, um amigo aprisionado,
um conhecido sequestrado. Foi uma montadora de automóveis que demitiu milhares,
uma rede de comércio que fechou as portas, um prejuízo que levou as economias
todas. Também um idoso que agoniza no hospital, um bebê recém-nascido que luta
para sobreviver à prematuridade, uma mãe que entrou em coma após o parto. Como
fazer silêncio?
As contas não
deixam! A conta de luz que aumentou demasiadamente, o imposto predial que
embutiu uma inflação que não foi observada nos salários, a conta de água de
acusou um vazamento mostruoso, a internet que estourou a quota mensal. Fomos
multados por uma placa inexistente na estrada e não há a quem reclamar! E de
repente o cartão de crédito que cobrou um absurdo por um dia de atraso e a
mensalidade da escola das crianças, que tornou-se insustentável. A comissão que
iríamos receber por uma venda ou indicação acabou por não vir e não há quem se
importe! Como fazer silêncio?
O silêncio
tem que ser uma determinação. Tem que ser uma decisão nossa, não das
circunstâncias. Jesus, porém, retirava-se para os
desertos, e ali orava. (Lc 5:16). Se havia alguém cujo ruído das
multidões poderia atrapalhar o silêncio da alma, esse alguém era Jesus. Eram os
infelizes que clamavam, os aleijados que buscavam a cura de suas limitações, as
mães aflitas que imploravam por pão para os seus pequeninos. Eram os judeus
oprimidos que reinvindicavam um messias libertador, os oprimidos que pediam um
herói que os arrancasse da tirania dos dominadores. Jesus estava exposto às
vozes da multidão e às vozes interiores das necessidades humanas. Mas o que
fazia? Atendia aos clamores, mas decidia buscar o silêncio da alma também. Ele
decidia ter um tempo de solitude (não solidão; esta é depressiva; aquela,
reconfortadora!).
O nosso erro
é não termos essa solitude interior. Com o advento dos meios de transporte
rápidos e facilitados e agora, com as facilidades de comunicação instantânea,
nos sentimos aleijados se não estivermos conectados com alguém, com alguma
notícia ou com algum grupo social. Meu Deus, como fazer silêncio assim? Nós
entramos em desespero se saímos sem um celular à mão, se tomamos o ônibus ou
estamos distantes dele. Parece uma força que nos vence, um ímã que nos atrai, um
senhor que nos escraviza! E não temos a mesma sensação para com a hora
tranquila, de solitude, de busca da presença de Deus!
Por que
estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em
Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e Deus meu (Sl
43:5)
Precisamos
desse silêncio. Precisamos dessa hora tranquila. Precisamos dessa comunhão
diária. Precisamos desse encontro com o Criador. Precisamos de privacidade
interna e externa. O mundo continuará a jazer no Maligno. O terror irá assolar
mais e mais. As injustiças se manterão intactas e a tribulação aumentará a cada
instante. Mas aquele que sobe a montanha da comunhão e da quietude, que busca o
Altíssimo como um alpinista o pico da montanha, encontrará um Deus imutável,
real, perfeito, que não tem sombra de mudanças e cuja paz está disponível para a
alma ansiosa!
Aquietemos a
alma agora e busquemos ao Senhor em oração. Ele manifestará a Sua presença e
derramará sobre nós um bálsamo tranquilizador! E ele,
despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento
se aquietou, e houve grande bonança. (Mc 4:39)
Wagner Antonio de
Araújo
15/03/2019
membro da Igreja Batista Cidade IV
Centenário, São Paulo, Brasil
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Obs: obrigado aos que sentiram falta de meus escritos
nesta semana. Estava na montanha interior, na solitude necessária. Bem
haja!
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