A
FATURA
CHEGOU...
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Era um filho
de estrangeiros asiáticos. Gostava de manter algumas tradições, mas
convertera-se ao evangelho. Batizado com a família, serviu em uma determinada
igreja. Um dia o pastor soube que ele levava vida dupla. Enganava a esposa,
surrava os filhos, vivia no lazer. Na frente da igreja fazia-se de santo, mas
era pura hipocrisia.
Um dia
comprou um sitio e deixou de vir à igreja aos domingos pela manhã, quando a
escola bíblica dominical acontecia. Posteriormente aos cultos de quarta-feira,
porque tinha que levar os filhos à natação. Deixou de entregar os dízimos
(comprometera-se quando aceitou ser batizado e membro da igreja) e tornou-se um
turista. Como amava mexer com madeira, considerava-se dono dos bancos e dos
móveis. Mas com o tempo nem deles zelava e nem deixava que deles alguém
cuidasse.
Um centro de
demônios instalara-se à frente de sua casa e ele queixou-se de que havia
demônios em seu lar. O pastor correu para lá e orou com a família. Mas
alertou-o: "O irmão tem sido um crente displicente. Deus está lhe dando um
livramento. O que fará?" "Ah, pastor, comprometo-me a mudar! Serei fiel. Neste
ano tudo vai mudar!". O pastor então falou: "irmão, lembre-se diante de quem
está dizendo isso. Não apenas de mim, mas do Senhor". Passaram-se dois meses e
aquele irmão voltou ao estilo turístico de vida cristã.
A igreja
ouvia alguns comentários de que ele estava acendendo incenso a ancestrais, como
a família asiática havia ensinado. O pastor chegou a falar com ele, mas negou
veementemente.
Um dia ele
informou que estava enfermo. Era leucemia. Falou com orgulho, dizendo-se forte e
resistente. Mas a resistência foi rompida em três meses. Outros erros foram
descobertos: traição no casamento, negócios escusos, vida dupla. Enfim, muita
hipocrisia. O pastor foi visitá-lo, mas ele não o recebeu. Estava para morrer.
Xingava a tudo e a todos.
Então, num
ímpeto de Ezequiel ou de Jeremias, o pastor escreveu-lhe um texto duro, tão duro
quanto uma pederneira. Pediu para uma enfermeira entregar (pois que a própria
família impedia o acesso do pastor ao moribundo). Assim estava
escrito:
Você, que
por tantos anos prometeu mudar,
Por
tantas vezes fingiu piedade e um gran lutar,
Você, que
ano após ano ludibriou a igreja,
Com uma
mão segurou a bíblia e com a outra uma cerveja,
Era severo em
público no trato dos negócios,
Dizia que
suava muito, que dependia dos próprios esforços;
Matava o
domingo para cuidar do patrimônio,
Enquanto a
casa era invadida pelo demônio.
Ah, caro
enganador, até acreditei em você!
A cada pedido
de perdão eu tentava esquecer
As múltiplas
promessas, os supostos arrependimentos,
Os
compromissos de ano novo para um novo engajamento.
Vida nova!
Ano novo! Cultos, serviços, escolas bíblicas!
E ano após
ano as suas desculpas eram as mais cínicas.
Sem pejo e
sem nunca desculpar-se pelos erros
Continuou a
enganar, a ludibriar e ficou enfermo.
Acontece com
qualquer um - dizia, cheio de vaidade,
Por fora
aparente força, por dentro terrível enfermidade.
Primeiro a
força faltou-lhe e o fôlego acabou-se.
Depois foi o
sangue, contamidado ficou-lhe.
O tempo que
do Senhor tirou agora empregou no hospital,
Repleto de
dores, com angústia fatal.
De que valeu,
pobre enganador do evangelho,
Fingir-se de
santo, mas sendo um escaravelho?
Onde está a
sua arrogância, o seu grosso falar,
A sua maneira
duríssima de a todos julgar?
Ficou no ano
passado, naquele onde prometeu
Servir melhor
ao Senhor, mas o ano faleceu.
Quantos anos!
Quantas promessas! Quantas mentiras!
Quantas
orações públicas de compromissos quebrados!
Hoje a fatura
chegou e a conta será cobrada.
Você,
moribundo na cama, já não pode fazer nada!
Há tantos
assim que pensam enganar ao Senhor,
Pregando a fé
em Cristo e vivendo longe do Salvador!
Com a boca o
glorificam no domingo enquanto "louvam"
Mas jamais O
enganaram, pois a Deus nunca enganam.
O seu tempo
acabou, caro mentiroso.
Não há mais
pescarias, nem "halloween", nem festinhas.
Não há mais
cervejas pretas, maltadas ou batidas.
Seu encontro
está chegando e a vida acabará.
Põe em ordem
a sua alma, pois a Cristo encontrará.
E diante de
Seu trono o juízo enfrentará.
E a fatura da
mentira que pensou não existir
O levará ao
horrendo Inferno, pelo resto do porvir.
De fato ele morreu. A
família deixou a igreja e nunca mais apareceu. O pastor, triste e pesaroso,
pensava e refletia nessa vida tão perdida.
Mas Deus, que sempre revela
a verdade aos Seus servos, não privou o pastor desta informação. De uma forma
mui estranha ele soube da verdade. Uma enfermeira do hospital, crente em Jesus
Cristo, assistiu aquele asiático nos seus instantes de morte. Um belo dia, sem
saber, ela visitou a igreja onde o falecido fora membro. Em conversa com o
pastor, disse que conheceu aquele homem. E agora, dois anos depois, achou a
resposta. Contou a seguinte história:
- Pastor, ele sofreu muito.
Parecia que a sua dor era na alma, não tanto no corpo, porque não havia motivo
para tantos gritos. Ele tinha na mão um papel todo amassado e pedia uma caneta.
No início não quis dar, mas, pra quê privar um moribundo de seu desejo final?
Dei-lhe. Ele, sem olhar, escreveu um garrancho e logo sorriu muito. E morreu
quieto. Eu não entendi nada daquilo. Decidi nunca ver esse papel e nem tentar
ler o que estava escrito sem que soubesse a sua história. E hoje vejo a
resposta. Então ele foi membro daqui? O papel está na bolsa. Vamos
vê-lo?
Ela tirou-o. Estava todo
dobrado, com manchas e rasuras. Era a carta do pastor, mas rabiscada.
Abriram-na, procuraram entender o rabisco. E foi isso o que acharam: "DIGA AO
PASTOR QUE ME ARREPENDI. PERDÃO!" O pastor chorou. Pediu à enfermeira para
ajoelhar-se com ele. E assim orou:
- Senhor, graças te dou
pela preciosa graça de Jesus! Graças te dou pelo evangelho ter penetrado aquele
ímpio coração. E graças te dou por não ter me amedrontado de dizer a verdade.
Bendito seja o Teu Santo e bendito nome!
A enfermeira,
emocionada, levantou-se, cumprimentou o obreiro e lhe
disse:
- Continue
assim, pastor. Diga sempre a verdade de Deus, doa a quem doer. Porque a verdade
liberta e a graça resgata. Deus lhe abençoe!
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Se eu
disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para dissuadir
ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, porém o seu
sangue eu o requererei da tua mão. (Ez 33:8)
E disse o
Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; (At
18:9)
E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo
8:32)
Esta é
uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo,
para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. (1Tm
1:15)
Wagner
Antonio de Araújo
06/08/2018
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