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PARÁBOLA
DAS
TRÊS
ÁRVORES
706
O Dr. João
Lavoura chegou ao bairro munido de três vasos. Pelo megafone do carro convidou
os moradores para receberem gratuitamente uma muda preciosa da planta que
trazia. Três pessoas se apresentaram. Ele foi ao carro e cuidadosamente retirou
os três grandes vasos. Eram umas arvorezinhas já formadas, com alguns botões de
flores e uma ou duas frutinhas penduradas. Ele colheu-as e deu-as aos
voluntários, que espantaram-se pelo maravilhoso sabor que
tinham.
"Amigos,
estou lhes presenteando estas árvores. Dentro de um ano voltarei para ver como
elas estão. Tudo o que precisarão fazer é regá-las todos os dias e arrancar as
ervas daninhas que aparecerem. Comam das frutas à vontade. Se quiserem
transplantar para a terra, façam-no. Quanto mais cuidarem, quanto mais frutos
apanharem, mais elas produzirão. Aquele que tiver a árvore de melhor porte terá
uma recompensa. Os demais só terão a árvore. Adeus".
Os
voluntários levaram os vasos para as suas casas. Nos primeiros dias os cuidados
foram constantes. Todos transferiram as árvores para o quintal de suas casas.
Regavam-nas na hora certa e tiravam o mato quando aparecia. As árvores floriam e
frutificavam. Dava gosto ver a produção.
O tempo foi
passando e as diferenças foram surgindo no comportamento dos
voluntários.
O primeiro
deixou de regar a planta todos os dias, conforme recebera instruções. A árvore
foi enfraquecendo a cada dia. Ele passava por ela uma ou outra vez na semana e
tirava o mato que crescia. Depois esqueceu de sua existência. A planta tornou-se
infrutífera.
O segundo
regava a árvore quase sempre. Às vezes até mais do que o necessário. O mato,
entretanto, crescia a olhos nus. Ele não o arrancava, pois temia estragar alguma
raiz da árvore. Logo alguns parasitas instalaram-se no tronco e dominaram a rama
da árvore. Ela não cresceu mais e foi dominada pelo sufocamento de folhas do
matagal ao redor. O voluntário abandonou-a ao léu.
O terceiro
fez tudo certinho. Regava todos os dias. Pela manhã a regava com cuidado, bem
como de tardezinha, quando chegava do trabalho. Com o olhar atencioso observava
o mato que aparecia ao redor e arrancava a todos eles. Percebera uma praga de
colchonilhas e os pulgões de insetos; fez um preparado com vinagre e acabou com
o estrago. A árvore crescia. Tornou-se tão frondosa e bela que abrigou diversos
pássaros no calor do sol e na escuridão da noite. Os frutos eram tantos que o
voluntário não vencia apanhá-los. Ele servia a rua inteira, os parentes e
amigos. Era tamanha a abundãncia que vários caiam na terra e davam origem a
mudinhas.
Venceu o ano
e o doador veio observar as árvores.
O primeiro
voluntário apareceu e mostrou-lhe a planta. Estava raquítica, fina e sem copa.
Não dava flor, não gerava fruto, era uma planta meramente sobrevivente. Então
reclamou ao doador:
"Acho que a
planta que o senhor deu veio com alguma doença, algum defeito genético; ela não
se desenvolveu. Qual é a minha culpa?"
O segundo
voluntário levou o doador para ver a sua árvore. Que árvore? Havia apenas um
tronco seco no meio do matagal. O capim crescera e as ervas daninhas produziam
abundantemente. O cuidador afirmou:
"Eu até que
tentei cuidar, mas infelizmente o mato foi mais rápido do que eu. Acabou por
sufocar a sua árvore. Poderia me dar outra muda, por
favor?"
O terceiro
voluntário veio agradecer:
"Dr. João, eu
quero lhe agradecer pela muda que me deu. Como é boa! Comi do fruto o ano
inteiro! Ela está tão linda que os meus filhos brincam em seus galhos! Foi mesmo
uma beleza. Muito obrigado!"
O Dr. João
estava feliz. A árvore estava do jeito que deveria estar. Então disse a este
voluntário:
"Muito bem,
nobre voluntário! O senhor fez muito bem o seu papel! Quero convidá-lo a ser meu
sócio. Eu buscava alguém que estivesse grato e feliz pela árvore frutífera que
produzo, alguém que a regasse todos os dias e que não deixasse o mato sufocá-la.
Os seus vizinhos não fizeram assim; apenas apresentaram-me desculpas e
solicitações. As mudas eram idênticas. O problema não foram as árvores; foram
eles pela falta dos cuidados necessários. Venha! Venha conhecer a sua nova
chácara. Trabalharemos juntos daqui para frente..."
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A árvore é a
comunhão com Deus. Fomos agraciados com a mensagem do evangelho. Deus nos buscou
em Cristo, trazendo-nos perdão dos pecados e salvação da alma. E propos-nos uma
nova vida de comunhão diária e duradoura. Prometeu frutificar-nos, na medida em
que cuitivássemos a nossa fé, a nossa devoção, a nossa meditação nas páginas das
Escrituras Sagradas.
Alguns, ao
receberem a mensagem, ficaram felizes e até se decidiram por seguir ao Senhor.
No início tentaram uma comunhão com Deus. Mas o tempo passou e o ímpeto da
novidade também acabou. A decisão de ter comunhão foi mero fogo de palha, uma
euforia temporária. O resultado não poderia ser outro: jamais sairam da estaca
zero; tornaram-se eternos bebês recém-nascidos. Jamais apropriaram-se das
promessas, jamais conheceram perfeitamente a Deus. Além disto consideraram que o
problema que tinham era culpa de Deus, pois a fé que parecia terem não dava
fruto.
Outros que
também receberam a mensagem do Senhor também começaram bem, eram honestos e
muito empenhados. Mas aos poucos Satanás, o adversário, foi trazendo tudo aquilo
que suas almas cobiçavam e que certamente mataria a sua fé. Os que tinham vidas
anteriormente promíscuas foram aos poucos retornando ao pecado. Os que eram
escravos dos vícios (bebida, cigarro, drogas, pornografia) regressaram às velhas
práticas. E aqueles que haviam abandonado os seus ídolos regrediram na fé,
retornando à antiga consulta de horóscopos, de espíritos, de gurus, de signos,
de ciganas, de vãs filosofias. O que restou foi um restolho mostruoso, que tem o
nome de Cristo mas não tem vida alguma, uma fé seca e morta, talvez envernizada,
mas absolutamente inexistente.
Finalmente,
há os que receberam com alegria a muda e decidiram cuidar dela com a
simplicidade com que foram orientados: regar a fé e cuidar para que as ervas
daninhas não tomassem conta. E assim fizeram, com constância e determinação, com
resignação e consagração. Buscaram a Deus todos os dias, oraram mesmo quando não
tinham vontade; fizeram da Bíblia o seu livro de cabeceira e procuraram viver a
fé que receberam. O resultado foi a abundância constante do fruto desta
comunhão: paz com Deus, alegria infinda, felicidade e domínio próprio. Para eles
não houve tempo ruim. Para eles as lutas de agora não se compararam com a
felicidade que sentiram com Cristo e com a certeza de uma vida plena no Céu.
Estes são os aprovados!
Somente estes
realmente foram salvos. Somente estes terão parte na chácara do céu, na Nova
Jerusalém. Estes são os que venceram pelo sangue do Cordeiro de Deus. Estes são
os que cuidaram da comunhão de verdade. Não foram salvos pelas obras, mas pela
fé. Contudo, por causa da salvação que têm, não podem olvidar da comunhão diária
e da verdadeira consagração ao Senhor. A verdadeira fé gera a verdadeira
comunhão.
---
Amigo leitor,
eu poderia forrar esta parábola com dezenas de textos bíblicos, mas creio que os
leitores já sabem quais são eles. Eu pergunto: que tipo de voluntário é você?
Seria do tipo que recebe a fé e não a rega, mantendo-se um bebê espiritual para
sempre? Ou seria alguém do tipo que deixou o mundo e os seus cuidados sufocarem
a nova vida que pensou ter? Ou será você alguém do tipo verdadeiro, cuja fé
reproduz-se dia após dia com o fruto de uma nova vida?
Que Deus o
ajude a ser alguém do tipo que irá morar no Céu, com Jesus Cristo, o dono da
comunhão.
Wagner
Antonio de Araújo
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