SE TODOS
FOSSEM
COMO
EU...
"A igreja onde sou membro é
cheia de gente ruim. Por isso vou deixá-la. Não encontro pessoas realmente boas
ali. Tem muita gente hipócrita, muita gente falsa. Ninguém é realmente
comprometido com Deus.
Bem, se o motivo não é
doutrinário e nem de mudança de domicílio (motivos lícitos para uma saída da
congregação onde se serve ao Senhor), a razão de sua saída é considerar que o
povo não merece a Deus e, certamente, não lhe merece também. Ou seja, você é bom
o bastante para não estar no meio de gente pouco qualificada na vida
cristã.
Então pensemos um pouco na
possibilidade de termos uma igreja feita de gente idêntica a você, idêntica a
mim, idêntica a nós. Uma igreja feita de clones de cada um de nós, com o mesmo
comportamento, a mesma ética, a mesma espiritualidade e o mesmo íntimo que
trazemos no coração.
Seria um povo realmente
convertido? Sim, um povo que saiu das trevas e buscou a maravilhosa luz do
Senhor? Um povo que foi transformado interiormente, à semelhança de nós? Ou
isto nos assusta? Afinal, não somos tão convertidos assim. Deixamos as trevas,
mas, nem tanto... Somos religiosos sim, mas não a ponto de dizer: nossa, que
crente consagrado... Na verdade às vezes sequer agimos como crentes. No
trânsito, na escola, entre amigos, no whatsapp, na feira, no namoro, nos
negócios...
Seria um povo de oração?
Bem, a contar da nossa experiência, seria mesmo um povo que ora? Ou seria um
blefe como nós somos? Não oramos de fato! Fingimos! Sabemos seis ou sete
introduções, quatro ou cinco finalizações, mas não oramos no privado, exceto
quando a água bate em nosso pescoço. Não consultamos a Deus para nada; não lhe
entregamos nada; só acompanhamos a oração dos outros na igreja ou quando nos
mandam orar pelo grupo. No particular somos incrédulos, nem cremos que haja
alguém a nos ouvir. Orar não está na nossa agenda, só oramos quando obrigados. E
sequer achamos que haverá alguma resposta... Mas ostentamos quando em público!
Lindas e emocionantes orações! Que beleza ... de
falsidade!
Seria uma igreja liberal na
contribuição? Se forem como nós, entregarão o dízimo e as ofertas com amor e com
dedicação? Ah, certamente que não. Se seguirem o nosso comportamento a igreja
fecharia as portas. Dizimamos um pouco para não ficarmos vermelhos no relatório
da tesouraria. Oferta? Esmola seria a palavra certa. Buscamos o mínimo
envolvimento com as coisas da igreja. Achamos perda de dinheiro e de foco
ofertar. Afinal ele é nosso, nós o ganhamos! Deus não precisa do nosso dinheiro.
Ah, que tragédia seria a igreja com ofertantes iguais a nós! Julgamos que
repartir o dízimo com um familiar necessitado, uma cesta básica ou pagar uma
conta atrasada de alguém já é dízimo. E, como geralmente precisamos, pagar as
nossas contas particulares seria mais sensato usar para nós mesmos. A igreja feita de clones meus
não teria dinheiro nem para a energia elétrica!
Seriam praticantes da
Palavra? Não. Nós não a praticamos. Não amamos o próximo; só servimos a quem nos
interessa ou a quem nos renda contatos e portas abertas. Não falamos a verdade
sempre; só quando somos os beneficiados. A nossa língua denigre o próximo; a
nossa mente sorve a sensualidade dos vídeos pornográficos que baixamos; os
nossos relacionamentos não suportariam a informação de que somos crentes. Nas
festas somos mundanos; nas relações afetivas somos promíscuos; nos negócios
somos aproveitadores. Que igreja teriamos? Uma igreja de gente falsa, que não
difere em nada do mundo, exceto na hipocrisia de dizer ser
cristã.
Prezado leitor, graças a
Deus as igrejas não são feitas de clones de nós mesmos! Ainda há gente melhor do
que nós congregando por aí, gente que nos inspira, que nos faz corar de vergonha
por sermos tão réprobos, gente que nos constrange ao arrependimento e à mudança
de atitude. Congregar é importante porque descobrimos que não somos
auto-suficientes e não somos os melhores do mundo. Podemos ser uma inspiração
para o próximo ou um tropeço para o irmão. Tudo depende de nossa atitude. Estar
fora é deixar de servir e servir a si próprio; é fugir do modelo que Cristo
implementou: juntos, em amor, em serviço, com compromisso, na presença de
Deus!
Que tal repensar o seu
abandono da igreja e voltar a congregar? A sua igreja não apostatou na fé e nem
você mudou de endereço. A sua saída não se justifica. Pode ser que alguém, mais
santo do que você, o ajude a ser um crente melhor. E pode ser que a sua
transformação inspire outro crente carnal a mudar de vida e de comportamento.
Volte à igreja e seja pequeno, para que Cristo seja grande em sua
vida!
O
publicano, porém, batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim,
pecador! (Lc 18:13)
E, se
alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. (1Co
8:2)
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus,
para que a seu tempo vos exalte; (1Pe 5:6)
Nada
façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os
outros superiores a si mesmo. (Fp 2:3)
Wagner Antonio de
Araújo
09/03/2017
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