NÃO GOSTO
DE
NATAL
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Fui a uma fábrica de
enfeites de Natal, para comprar alguns para a minha casa. Após escolher diversos
não consegui unanimidade entre o meu gosto e o de minha esposa, que estava à
distância. Então resolvemos não comprar. A moça que me atendia, sócia da família
proprietária, disse-me: "Ainda bem que eu nem gosto de
Natal".
Não gosta de Natal mas vive
de enfeites de Natal. Não é incoerente? Além disto, nem funcionária é; é parte
da sociedade!
Fazer algo e não crer
naquilo é um absurdo. Um sofrimento pessoal para quem pratica, uma falácia
pública que gera a mentira e a hipocrisia. O nosso mundo está repleto
disso!
Temos pizzaiolos que
detestam pizzas; donos de canais de TV que não assistem a televisão; atores que
não gostam de arte e pastores que não crêem em Deus.
Ah, quanto a isto, há um
mundo de variações.
Um cantor gospel tem uma
canção que manda os pregadores de rosas anunciarem também os seus espinhos. Há
dois meses ele foi flagrado com mulheres e bebida alcoólica, além de denunciado
por familiares como alguém que não tem responsabilidade
familiar.
Um pastor que fazia
palestras em encontros de casais sofreu um divórcio litigioso, após ter sido
descoberto em flagrante adultério. Um outro, apóstolo, divorciou-se, casou-se
com outra mulher e o seu próprio filho a roubou, causando um escândalo de
proporções avassaladoras.
Lembro-me de um ex-pastor
que, ao ser solicitado para orar, informou: "eu não sou dado a muita oração não;
o meu negócio é trabalho".
Que tempos tristes!
Políticos que servem sete anos no congresso nacional, não fazem um único
discurso e saem a xingar a casa. Sem defender os atuais deputados (que, com
raras exceções, não valem nada!), é muito cômodo embolsar o salário de sete
anos, com a multidão de benefícios e dizer-se incapaz de exercer a vida pública.
Algum valor teria se devolvesse cada centavo gasto com pessoa tão
incompetente.
Eu também me avalio. Sou um
crente no Senhor Jesus Cristo. Fui chamado pelo Senhor para o ministério
pastoral. Dediquei a vida toda a este afã. Será que eu realmente creio no que
prego? Será que eu realmente vivo a mensagem que anuncio? Sou fiel a
ela?
Eu não sou perfeito. Eu
tenho inúmeros pecadilhos, confessados dia após dia, conforme I João 2.1-2,
buscando a cada dia maior dedicação a Deus. Porém, tenho orado sempre para que
eu jamais seja motivo de escândalo a quem quer que seja. Se a minha vida não
inspirar ou não edificar, que ela não mais exista. Podemos ser pequeninos, mas
não podemos ser incoerentes. Se crermos no Senhor apenas nas horas de
felicidade, que fé seria essa? Se não suportamos a provação, a dificuldade, a
enfermidade, as más notícias, que rocha é essa que nos sustenta? Uma fé
anunciada a plenos pulmões nos púlpitos, mas que não é capaz de confortar nas
horas amargas? Assim falai, e assim procedei, como
devendo ser julgados pela lei da liberdade. (Tg
2:12)
Eu creio em Deus. Eu creio
em Sua presença. Eu creio em Sua soberania. Eu creio no que prego. Eu não canto
qualquer coisa, eu canto para o Senhor e aquilo que a minha fé determina (e a
minha fé está no que a Bíblia ensina). Mesmo que uma canção esteja em moda isto
não significa que ela seja bíblica. Eu não quero trair-me, negando os princípios
e valores que me nortearam em Cristo até o dia de hoje. Uma palavra mal colocada
pode perverter a fé de alguém que seja fraco. Por isso a cada dia peço o mesmo
que o salmista: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. (Sl
139:23)
Aquela moça da fábrica de
enfeites de Natal nunca mais terá a mim como cliente. Ela usa o Natal para
ganhar dinheiro, mas não crê no que faz. Ela não merece a minha confiança. Isto
serviu de lição para mim. Há pessoas que lêem o que escrevo, que assistem as
minhas pregações que são filmadas ou ouvem as mensagens que prego no rádio. Não
quero jamais ser incoerente naquilo que faço, naquilo que creio ou naquilo que
prego. E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como
está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos.
(2Co 4:13).
Sonde-se também e busque a
integridade em sua fé e prática. Porque a fé sem obras é morta, e o cristianismo
sem prática é nulo.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
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