O QUE
LÊS?
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E,
correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?
(At 8:30)
Em 2010, quando viajava
entre Itália e Inglaterra, tomei um vôo regional. Após instalar-me na poltrona,
contemplei os passageiros. Com raras exceções vi quase todos com um livro em
mãos, lendo em silêncio. Numa sociedade altamente tecnológica, com o advento dos
e-books e celulares, contemplar um público leitor foi um
consolo.
É preciso que se analise
duas questões quanto a leitura. A primeira: você lê? Sim, uma pergunta que os
institutos de pesquisa fazem constantemente. Quantos livros o brasileiro lê por
ano? Em 2016 a média de livros lida pela população foi de 4,96 livros (sendo que
a maioria por exigência escolar). Porém, para tristeza dos escritores, 44% das
pessoas não lê e 30% delas nunca comprou um livro. Muitos lêem um pedaço, o
final, a introdução, quase nada. Você, que lê o meu texto, já é um herói nesta
tragédia nacional; digo-lhe que, dos textos que envio, a grande maioria não lê
nada! Tenho o hábito da leitura desde a primeira série do primário. Não termino
o ano feliz se não consegui ler 50 livros. Conheço leitores que chegaram a 200
livros no período, mesmo sendo trabalhadores e estudantes.
A segunda questão é: o que
você lê? O brasileiro lê, principalmente, sobre futebol. Então, seguindo na
mesma média, notícias de celebridades. Romances seguem logo atrás e depois, por
último, os livros realmente importantes. Conquanto tenhamos ano após ano batido
recordes de produção de bíblias, os cristãos raramente leram a Bíblia uma vez
inteira e geralmente só lêem algum texto de Salmos ou do Evangelho. Com o
advento do famigerado datashow, igrejas não exigem mais que os seus membros
portem exemplares da bíblia em papel; tudo é eletrônico, por celular. O hábito
da leitura bíblica tornou-se raridade. Quanta diferença dos meus mestres! O
Irmão Sebastião Emerich leu-a 353 vezes na vida. O Pr. Timofei Diacov mais de
120 vezes. O Pr. Josué Nunes de Lima conhecia textos com uma profundidade
incrível. Não tive o ano em que tenha superado 6 leituras bíblicas inteiras,
infelizmente (ainda!)
É preciso ler mais! É
preciso parar com essa bobagem de e-books que desaparecem quando o tablet ou
celular avariam, de ter apenas livros virtuais. Livro tem que ter cheiro, peso,
espessura, cor, volume. Livro é companhia, é amigo, é um mundo de conhecimentos.
O Apóstolo Paulo, que não contava com livros em nosso formato atual, pediu com
insistência: Quando vieres, traze a capa que deixei em
Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. (2Tm
4:13). Pergaminho era um couro de caprino ou ovino que servia como
papel e durava muito. Seu nome vem da cidade de Pérgamo, onde a técnica foi
desenvolvida. Eram os livros. Havia também os papiros, os rolos, as tabuinhas.
Hoje temos as revistas, os livros, os audiobooks, tantas possibilidades! É
necessário ler e ler bem! A irmã Esmeralda, membro de nossa igreja, chamada à
leitura pública, lia com extrema dificuldade há dois anos. Hoje, contudo, dá
gosto de ouvi-la: ela, através das leituras públicas, aperfeiçoou-se e passou a
ler bem!
Mas é preciso escolher as
leituras. Não basta tomar uma revista de banalidades, de vida de celebridades,
de piadas, de terror, de romance ou de vâs filosofias e colocar-se a ler, ler,
ler. Más leituras corrompem mentes famintas. Coloque-se um livro de racismo, de
terrorismo, de pornografia ou de satanismo nas mãos de pessoas frágeis e teremos
a construção de um ser doentio. Também não basta ler os best-sellers, a
literatura barata de livraria de aeroportos, dos gurus da famigerada auto-ajuda,
que escrevem o óbvio com ares de descobridores da roda. Se auto-ajuda
funcionasse eles não lançariam mais novidades; uma só teria resolvido o problema
da existência humana! Leituras devem ser substanciosas, acrescentadoras,
viagens de descobrimento. Papai deixou para mim um livro, adquirido na década de
50; um único exemplar da coleção "TRÓPICO", da antiga Maltese. Procurei os
demais exemplares e encontrei-os. Uma riqueza! A cada duas páginas a
enciclopédia apresenta um tema diferente, abordando-o desde a origem, descrição,
até a utilização e importância. Temas diversos: a invenção do guarda-chuva, a
guerra de Tróia, o descobrimento da penicilina, a Lei de Talião. Lerei com os
meus filhos, se Deus permitir, quando eles crescerem!
Mas, acima de tudo, porém,
esteja a nossa leitura contínua, reverente e em oração, das páginas da Bíblia
Sagrada, a Palavra de Deus. Jesus diz: Examinais as
Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim
testificam; (Jo 5:39); Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. (Jo
17:17). Paulo diz a Timóteo, sobre a Bíblia: Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. (1Tm
4:13). E Deus diz a Josué: Não se aparte da
tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas
cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás
prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. (Js 1:8). Quem medita
na Bíblia é transformado de glória em glória, estampando na face o brilho da
glória de Deus. E não somos como Moisés, que punha um
véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para
o fim daquilo que era transitório. (2Co 3:13). Nós exibimos no rosto
os efeitos da Bíblia em nossa vida. Aleluia!
Termino este texto
perguntando: quantos livros você leu neste ano? Que tipo de literatura lhe
alimentou nestes meses? E a Bíblia, leu-a como deveria?
Que Deus ajude a cada um a
tornar-se um leitor ávido e produtivo, detentor de cultura e conhecimento, e que
se torne um poço de virtudes e de sabedoria, jamais se esquecendo do Livro dos
livros, a Escritura Sagrada. Com que purificará o jovem
o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. (Sl
119:9)
Wagner Antonio de
Araújo
15/12/2017
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