E ERA
JESUS!
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Os seus
olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer (Lucas
24.16)
"Pastor, ore por mim,
parece que Satanás levantou-se no meu caminho!". "Essa situação está fora de
controle; não consigo entender, será que Deus não vai socorrer-me?". "Isso foi
um acaso; mera coincidência...".
Não são raras as vezes em
que coisas nos acontecem e pensamos que caímos num despenhadeiro, rolamos de um
penhasco. Temos a impressão de que pode ter sido qualquer coisa, menos a ação de
Deus em nós e em nossa história.
A dupla de discípulos ia
pelo caminho de Emaús. Encontraram-se com Jesus Cristo e não o reconheceram.
Este, ao vê-los tristonhos, perguntou sobre o que conversavam. Eles então
explicaram as coisas que há pouco aconteceram em Jerusalém. Chegaram a
considerá-lo um alienado, pois parecia não saber de nada que acontecera na
cidade. Após ouvi-los, explicou-lhes as Escrituras Sagradas e porque tudo isso
acontecera, cumprindo as profecias messiânicas. Até então não percebiam que era
o próprio que lhes falava. Fez-se de caminheiro e que iria continuar a estrada,
quando foi convidado a pousar na casa deles. Ao dar graças pelo pão, partindo-o
e distribuindo-o, viram que era Ele, Jesus Cristo, o Messias de Israel, o
Salvador do mundo! Mas foi tarde para que eles manifestassem a Ele a alegria que
sentiam agora, pois já desaparecera daquele lugar. O tempo todo era Jesus, mas
eles pensavam que era um homem qualquer. Depois comentaram: E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso
coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? (Lc
24:32)
A situação nos faz lembrar
de Maria Madalena. Ao pé do sepulcro, vendo-o sem a pedra que o tapava,
contemplou um homem, que pensara ser o zelador da tumba. Pediu-lhe que tivesse
compaixão, que lhe mostrasse para onde levara o corpo do Senhor, para que
pudesse aplicar aromas costumeiros. O Senhor lhe olha e diz: "Maria!" Foi então
que reconheceu no desconhecido jardineiro o Messias e expressa-se com gozo:
"Raboni, Mestre!" Era Jesus o tempo todo e ela não o
discernia!
Reporta-nos um fato no
Velho Testamento, onde Deus agia e pensava-se que era uma rebelião
animal. Balaão, a contragosto divino, seguia com o inimigo para amaldiçoar a
Israel. A sua jumenta empacara e ele a surrava. Tanto o fez que o Senhor abriu a
boca da jumenta, que lhe dissera nunca ter se portado mal para com ele, que não
era justo esse tratamento severo. Foi quando os olhos do falso profeta se
abriram e viu o Anjo do Senhor com a espada flamejante, impedindo o caminhar da
jumenta. Era Deus o tempo todo e Balaão não sabia!
Somos tardios para entender
a mão preciosa de Deus sobre nós! Atribuimos os fatos e as situações a todo e
qualquer motivo ou fonte: a mão do Diabo, a opressão do inimigo, a dureza
humana, a sorte, a coincidência e até a ausência divina. Esquecemo-nos de que
Deus é soberano sobre a nossa vida e sobre a nossa história e que não estamos
caindo despenhadeiro abaixo. Lembro-me de uma guerra fratricida entre Judá e
Israel, detida pelo próprio Deus, que lhes disse: Não
subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um
para a sua casa, porque eu é que fiz esta obra. (1Rs
12:24)
Somos rebeldes às ordens da
Lei do Senhor, que nos orienta com clareza: Em tudo dai
graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts
5:18). Temos dificuldades em aceitar a soberania de Deus em nossa
história: E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito. (Rm 8:28)
Discernir Jesus em nossa
vida: é o nosso desafio! Crer na condução divina para os nossos passos: eis a
nossa tarefa! Os acontecimentos ou são diretivos, expressando um "avançai"
naquilo que fazemos, ou são corretivos, a dizer-nos: "parai", para mudarmos de
atitude, ou são restritivos, afirmando: "esperai", pois o tempo de Deus é melhor
do que o nosso.
Foi diretiva a ordem de
Jeová aos filhos de Israel: Então disse o SENHOR a
Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. (Ex
14:15)
Foi restritiva a ordem de
Deus a Paulo, com relação a escolha de um campo missionário: E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o
Espírito não lho permitiu. (At 16:7).
Foi corretiva a ação de
Deus sobre Moisés, que não entrou na Terra Prometida: Também o SENHOR se indignou contra mim por causa de vós, dizendo:
Também tu lá não entrarás. (Dt 1:37)
Oh, que Deus abra os nossos
olhos e que contemplemos a Jesus Cristo em nossa história e em cada
acontecimento de nossas vidas! Não é um fantasma que vem ao nosso encontro a
caminhar pelas tormentosas águas da vida! Mas, quando
eles o viram andar sobre o mar, cuidaram que era um fantasma, e deram grandes
gritos... mas logo falou com eles, e disse-lhes: Tende bom ânimo; sou eu, não
temais. (Mc 6:49-50)
È Jesus! É o Senhor! É Ele
quem caminha conosco, quem nos pastoreia, quem nos manda avançar, quem nos
restringe o passo ou quem nos faz aguardar o momento certo!
Hoje contemplo com gratidão
os meus pequeninos filhos, Rute, de dois anos e meio, e Josué, de nove meses.
Olho-os e choro de felicidade; vejo o caminho pelo qual o Senhor me conduziu.
Chorei tanto por amores não correspondidos ou por casamentos que não se
concretizaram! Pensei que Deus não me amava, que não estava atento à minha dor,
que não me concederia o que o meu coração tanto desejava! Renunciei a tudo por
Ele e fui-lhe grato, pensando que Ele descartara um casamento para mim. Eu não
sabia de Seus planos! Respondeu Jesus, e disse-lhe: O
que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. (Jo
13:7). Preparava-me o Senhor um casamento feliz, uma esposa fiel, um
futuro com prole e herdeiros. Esperei 45 anos para casar-me e fui pai aos 50. E
aos 51 anos Ele curou o meu coração de uma enfermidade incurável e letal, com a
qual convivi desde os 17 anos! Deus sabe o que faz! Era Jesus o tempo todo e eu
não O percebia! Obrigado, Senhor, por Tua paciência!
Verifique a sua vida,
dileto leitor. Os acontecimentos, as restrições, as bênçãos, as provações, as
dificuldades, as oportunidades. Ore para que Deus lhe mostre a Sua mão em seu
caminho. E confie plenamente na graça do Senhor.
Quero terminar com a
quadrinha citada por Howard Taylor em seu livro O Segredo Espiritual de Hudson
Taylor, apontada como "antologia":
Não
tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja.
Pois um,
somente um, seria muito para ti.
É Meu,
somente Meu todo trabalho, e o teu trabalho
É
descansar em Mim.
Que assim seja.
Amém.
Wagner Antonio de
Araújo
22/01/2018
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