LOUVOR
DE
CONSUMO
450
Enquanto voltava com minha
esposa da médica que a acompanha após o parto, ouvia a obra DE VENTO EM POPA, de
Vencedores Por Cristo. Esse LP que virou CD teve até uma comemoração de seus
trinta anos, celebrada com alegria e graças ao Senhor.
Não se trata apenas deste
CD na discografia de Vencedores por Cristo. LOUVOR 1, SE EU FOSSE CONTAR, MAIS
AMOR, são outras obras que ultrapassam o tempo e as gerações, chegando intactas
às mãos dos ouvintes de todas as épocas.
Podemos citar o
inesquecível GRUPO ELO com CALMO, SERENO E TRANQUILO, um LP gravado na garagem
de um dos componentes, que se tornou épico. OUVI DIZER, UM SÓ REBANHO, UM DIA,
outras produções que são, por si só, um monumento ao bom gosto e aos valores
cristãos.
No campo dos solos, Luiz de
Carvalho é imbatível com seus LPs inesquecíveis. OBRA SANTA, O REI ESTÁ
VOLTANDO, ALVO MAIS QUE A NEVE, VEM VER, têm vida própria, não podem ser vistos
com músicas individuais, mas no todo, no grupo das doze canções de cada
um.
E aqui está o segredo: os
louvores gravados antigamente tinham um projeto, um objetivo, um propósito:
fazer conhecida a mensagem de salvação de Cristo Jesus, o Senhor. Os grupos
jovens usavam os ritmos que se consumiam no período dos anos setenta, tanto aqui
quanto nos Estados Unidos, e apresentavam ao pecador o plano de salvação, a
razão para a vida, um rumo certo para que se seguisse. As canções eram
cristocêntricas, as músicas do LP trabalhadas num projeto inteiro, um todo,
objetivando, ao final, uma produção completa, com princípio, meio e fim. O
resultado todos nós sabemos: tornaram-se atemporais, presentes em todos os
tempos depois de produzidas.
Hoje, entretanto, não temos
mais nada. O que temos é louvor de consumo. Grava-se não para apresentar a
mensagem do evangelho para o pecador, mas para supostamente cantar a Deus
louvores, que, para Deus, pouco sobra, pois o objetivo é criar baladas de
entretenimento de culto. Tivemos um tempo em que os chamados worships (louvores
de adoração) invadiram as produções, e fizeram época, com músicas inesquecíveis
sob a direção de Daniel Souza, Asaph Borba, Adhemar Campos e outras comunidades
que gravavam Hillsong, ASCAP, Maranatha etc. Mas nem isso durou, pois hoje o que
há é um grande nada, uma mistura de tudo sem qualquer sentido. O resultado:
música de consumo, música descartável, música absolutamente de nicho,
localizada, que só serve para uma determinada faixa (com
exceções).
O pecador inconverso,
coitado, foi esquecido. A música não é mais produzida para apresentar-lhe a
mensagem de salvação. Pressupoe-se de que não há mais necessidade de
evangelizar. As músicas precisam ser mantras, cantados "ad infinitum", até
cansar, até que todos fiquem suando e entrem em transe. É preciso sentir
arrepios e fazer rodopios. Por outro ângulo, muitos cantores mundanos,
encontrando o mercado gospel, trouxeram para este público o sertanejo
universitário, o axé, a lambada, o funk carioca, o forró pé-de-serra. Há
produções feitas pelas mesmas empresas milionárias dos artistas do mundo. E o
preço dos shows (sim, são shows) é caro o bastante para consumir parte do
salário de um trabalhador. Mas, como produz muita emoção e como está no top do
sucesso, os incautos pagam. E pagam caro!
Experimente falar a uma
igreja comum sobre hinário, Cantor Cristão, Harpa Cristã, Salmos e Hinos,
Melodias de Vitória. Eles pensarão que estamos falando em línguas ou citando
museus. As canções que cantam são contemporâneas; leia-se: foco no homem que
supostamente adora, não no Deus eterno e na Sua mensagem de salvação. Há
exceções, e graças a Deus por elas. Mas são tão poucas que chegam a
desanimar.
Está em tempo de voltarmos
a fazer LOUVOR PERPÉTUO, LOUVOR PERMANENTE, fundamentado na Bíblia e que
objetive a glória de Deus e a transmissão da mensagem de Cristo. A música cristã
entrou na vida da igreja primitiva depois da era apostólica e o seu propósito
sempre foi complementar, tanto para quem adora, fornecendo a melodia e a poesia,
quanto evangelística, fornecendo a mensagem bíblica. Precisamos voltar às
origens e abandonar esse mar de corrupção da música evangélica, cheia de astros
humanos, mas sem a Estrela Maior, sem o Sol da Justiça, sem Cristo!
Ouvimos DE VENTO EM POPA
várias vezes. E vamos ouvir muitas outras. E quando os meus filhos crescerem, se
Deus quiser, estarão em contato com a boa música cristã, música cristocêntrica e
evangelística, de produções que tiveram projeto, propósito e foco, e não do
louvor de consumo, louvor que vence na próxima semana, louvor feito pra vender e
não para evangelizar.
As
benignidades do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a
tua fidelidade de geração em geração. (Sl 89:1)
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