A
ESTÓRIA
DE
SOLANO
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Solano entrou na igreja
como quem não queria nada. Chegou, sentou-se e ouviu os hinos. Gostou. Depois
ouviu a pregação. No momento do apelo, entregou-se a
Cristo.
Sua conversão foi genuína e
rápida. Ele foi transformado pelo poder de Deus e em três meses foi batizado.
Tornou-se membro da igreja. Trouxe a sua família para assistir. Eles gostaram,
ficaram, converteram-se e também foram batizados. Uma família de seis, papai,
mamãe e quatro filhos.
Mas Solano estava
desempregado. Não tivera grande chance para estudar; suas qualificações
profissionais eram muito limitadas. Os amigos diziam que ele não iria conseguir
nada. Mas ele confiou no Senhor.
Fez fichas em todos os
lugares disponíveis. Às vezes um ou outro irmão, ao cumprimentá-lo, deixava dez
ou cinquenta reais em sua mão. Ele, constrangido, não queria aceitar. Mas a
insistência era grande e ele pegava. Sua esposa fazia artesanato para vender
entre as vizinhas. As irmãs da igreja souberam e pediram para que trouxesse ali
também, para que, após o culto, pudessem comprar. E assim garantia o leite e o
pão das crianças.
Enfim, Solano encontrou uma
vaga para trabalhar numa empresa de ônibus urbanos. Não era grande coisa. Seria
faxineiro da garagem, lavando os ônibus que estacionavam após o expediente. Os
colegas eram sizudos e reclamavam das condições e do salário. Solano, no
entanto, ao chegar, trouxe uma luz para aquela empresa. Seu período da madrugada
tornou-se muito agradável. Os colegas gostavam de ouvi-lo cantarolar os hinos
que cantava. Ele o fazia baixinho, mas eles pediam que cantasse mais alto. E
assim ia esparramando a mensagem de Cristo. Os ônibus passaram a ser lavados com
mais cuidado, pois a paz que ele trouxera fez bem até para a produção. Em quatro
meses chamaram-no no escritório. Ofereceram-lhe o serviço de cobrador
(trocador).
Ele alegrou-se. Aceitou. E
tornou-se um cobrador muito querido. Como a sua linha era fixa, conhecia as
pessoas que utilizavam-se daquele ônibus. Os idosos, os trabalhadores, as
mocinhas chegavam sorrindo, pois ele as recebia com carinho. E sabia o nome de
muitas delas! No dia de Natal muitos passageiros trouxeram cartões e presentes
para ele e para o motorista. Também pudera: ele pedia ao condutor para esperar a
Dona Maria subir, dava um jeitinho para que alguém não ficasse sem a condução
por faltar todo o recurso e, assim, conquistou o carinho da comunidade. Foram
onze meses. Chamaram-no de novo. Promoveram-no a motorista! Sim, ele fez curso,
habilitou-se e tornou-se motorista do próprio ônibus onde
cobrava!
Dias inesquecíveis. Quando
o fechavam no trânsito, ele não xingava. Pelo contrário, acenava e dizia: "Deus
lhe abençoe, vá com Deus". Acabava por trazer paz nas ruas e avenidas onde
estava. À noite, quando passava na porta da escola, via que muitos adolescentes
corriam para pegar o ônibus. Então ele ia bem devagarinho, até que o grupo todo
chegasse. A moçada amava o Solano! Ele não era só um motorista, era um
amigo.
E na empresa ele não gerava
ciúmes; pelo contrário, os colegas gostavam dele, porque "quebrava o galho" de
muitos, cobrindo folgas, ajudando com horas extras, sendo camarada de todos.
Foram três anos.
Promoveram-no a fiscal. Agora ele era o encarregado de uma grande turma. Foi o
melhor período daquelas linhas. Os motoristas e os cobradores trabalhavam
felizes, porque o Solano era humano, era gentil, respeitava a todo mundo. E,
enquanto trabalhava, semeava a mensagem que o transformara: Cristo, o Senhor, o
Salvador, o Rei dos reis. Solano nem sempre podia estar no domingo na sua
igreja, mas, se não estava no domingo, estava na quarta-feira. Ele sempre amara
o Dia do Senhor. Como era obrigado a trabalhar em alguns domingos, fazia do dia
de sua folga o dia dedicado a Deus. Evangelizava, distribuia folhetos, cantava
na igreja e dava conselhos à mocidade.
Muitos dos colegas de
Solano tornaram-se crentes no Senhor Jesus. Ele comprava bíblias e folhetos e
presenteava aos colegas, fora do horário de trabalho. Visitava alguns nas
enfermidades, ajudava-os nas necessidades. Mais de quinze colegas tornaram-se
crentes.
Solano aposentou-se. Seus
quatro filhos o homenagearam quando completou oitenta anos. Todos casaram-se e
se tornaram pais de família, amorosos e honrados. A esposa ficou doente, mas
contou com os cuidados amorosos do esposo Solano com ela.
Faz pouco tempo o Senhor o
chamou. Ele partiu para o Céu. No seu sepultamento estava quase toda a companhia
de ônibus. Também os passageiros que por anos utilizaram-se dos ônibus que ele
conduzia. Igualmente muitos motoristas que aprenderam a ter educação no trânsito
com ele. Além destes estava a igreja onde congregava, os amigos dos filhos, a
família, enfim, centenas de pessoas. E no seu epitáfio cravou-se em concreto a
seguinte frase: AQUI AGUARDA A RESSURREIÇÃO O IRMÃO SOLANO, HOMEM QUE VIVEU A FÉ
COMO NINGUÉM.
Que outros Solanos possam
surgir no coração deste Brasil! Que a fé cristã seja vivida e encarnada com
tamanha beleza como o foi no peito deste homem!
Wagner Antonio de
Araújo
(ficção
cristã)
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