PESADO FOSTE
NA BALANÇA
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Um grande banquete. O filho
de Nabucodonosor regozijava-se com os seus convivas. Bebia, comia, ria, dançava,
desfrutava de todo o poder e luxo que o seu pai Nabucodonosor lhe deixara como
herança. Mas era um rei medíocre.
Então orgulhou-se de quem
era e mandou buscar nos depósitos do palácio os utensílios de adoração do Deus
de Israel, armazenados pelo pai há anos, quando invadira o templo em Jerusalém.
Tomou-os e celebrou aos seus deuses, bem como sorveu vinho e bebidas misturadas,
junto com suas mulheres e convidados.
Imediatamente uma mão
surgiu na parede, vinda de outra dimensão. Escreveu na parede palavras
inintelegíveis. O rei percebera que forças maiores do que as dele estavam
presentes e que boa coisa não era. Buscou alguém que as interpretasse. Não
encontrou, ainda que prometendo cargos e presentes. Sua esposa lembrou-o de um
velho funcionário público da alta administração, que também era profeta, Daniel.
Mandou chamá-lo.
Perguntou o que era aquilo
e disse que se a resposta fosse satisfatória, fá-lo-ia o terceiro no império e
dignatário de inúmeros presentes. Daniel, homem velho e muito experiente, manda
ele fazer o que quiser com os presentes, que não tinha interesse em nada
daquilo. Mas que daria a interpretação daquela escrita.
MENE -
MENE -
TEQUEL -
UFARZIM. Esta é a
interpretação daquilo: mene: Contou Deus o teu reino, e o acabou. Tequel: Pesado
foste na balança, e foste achado em falta. Peres: Dividido foi o teu reino, e
dado aos medos e aos persas. (Dn 5:26-28).
Naquela mesma noite o rei
foi capturado e morto. Acabou-se a arrogância deste homem que não soube
administrar as coisas que recebera.
Isto serve de exemplo para
muitos de nós. Quando necessitados clamamos a graça de Deus. Pedimos uma esposa.
Pedimos um carro. Pedimos uma oportunidade de emprego. Pedimos a solução de um
problema. Suplicamos por uma cura. Deus, em Sua infinita misericórdia, acolhe o
nosso clamor e nos abençoa. A bênção é maravilhosa! Recebemos os recursos, o
emprego, a saúde, a solução dos problemas, enfim, recebemos as bênçãos do
Senhor.
Então, de barrigas cheias e
bem nutridos, esquecemo-nos de quem nos abençoou e dos compromissos que
assumimos com o Senhor. Agora não precisamos mais dEle. Antes O buscávamos por
interesse, por necessidade. Aceitávamos a oração de todos e íamos à Casa de
Oração até em dias em que não havia culto. Considerávamos importante ler as
Escrituras Sagradas, fazer as nossas ofertas e entregar os nossos dízimos e
manter de forma correta a nossa vida particular.
Mas agora, quando não
precisamos mais de nada, esquecemo-nos de quem nos salvou, de quem nos curou, de
quem nos resgatou e acolheu as nossas inúmeras súplicas. Vamos às festas! Sim,
aos festejos distantes de Deus. Festas por si só não são ruins, mas nós
festejamos os motivos errados e de forma mundana, descompromissada com os
valores de Deus. Se compramos o sítio tão sonhado, deixamo-lo arrancar o Dia do
Senhor da nossa agenda, porque agora temos que cuidar da fazenda. Se foi um
emprego, atulhamos o domingo de atividades profissionais, sem pejo em arrancar
de Deus as preciosas horas de adoração. Se fomos curados, nem sequer nos
lembramos de consagrar o próprio corpo ao serviço divino, buscando ao Senhor em
Sua casa e servindo ao próximo.
Nós tomamos as coisas
santas e as secularizamos, transformando a fé numa mera discussão de opiniões.
Abandonamos a igreja e passamos a considerar um grupo de internet como
suficiente para um compromisso pessoal com o evangelho. Deixamos a Casa de Deus,
o exame da bíblia, o serviço comunitário, o investimento nos dons e talentos e
usamos tudo o que recebemos no mundo, de onde fomos
resgatados.
É tão típico do ser humano!
O grande jogador de futebol da atualidade foi um garoto de igreja e hoje não tem
tempo para o evangelho e nem dá testemunho do que aprendeu. Mas dá ofertas
polpudas e cala a boca dos seus pastores. Compra com dinheiro e usa os
utensílios do templo numa carreira mundana. Aquele cantor de rock, de quem dizem
que não morreu, aprendeu a cantar na igreja. Não só ele, mas a outra que se
suicidou aos 37 anos, o cantor cego que virou ícone da música negra, o outro que
inventou o funk americano etc. Tomaram os utensílios do templo e foram beber com
as devassas. E muitos pastores, que entraram nos seminários humildes, com o
desejo de um preparo melhor para servir a Deus nos cultos e na evangelização,
tornaram-se políticos e politiqueiros da fé, favorecendo a si próprios e à
família, envolvendo-se com o pecado, com os desmandos, desvios e fraudes. Que
vergonha! São uma metamorfose ambulante, no dizer do poeta
mundano.
Ah, você que me lê! Cuidado
com a mão de Deus na parede! Pois um dia destes, sem avisar, o Senhor poderá
escrever em letras garrafais: PESADO FOSTE NA BALANÇA E ACHADO EM FALTA. Quando
Deus desistir de tocá-lo, conduzindo-o ao arrependimento, não haverá nada que
possa ser feito. Não adiantará chorar por ter perdido o emprego, nem reclamar
pela doença grave que regressou ou o acometeu, ou pelo patrimônio que esfarelou
como areia (não que essas coisas apenas signifiquem penalidades, mas que,
associadas com o abandono da fé, são!) Naquele dia você poderá chorar, lamentar,
clamar, mas já será tarde demais.
Volte-se para Deus.
Regresse ao primeiro amor do evangelho. Seja um simples cristão praticante e
abandone toda essa jactante teologia que faz de você um polemista de desculpas.
Volte-se para o Deus a quem um dia você serviu. E não perca o patrimônio
espiritual que um dia recebeu das mãos do Pai. Senão, aguarde que a mão virá e
você terá que ler sozinho o que estiver escrito, pois Daniel não lhe socorrerá
com a interpretação.
Tenha Deus misericórdia e
desperte os que ainda dormem no pecado.
Wagner Antonio de
Araújo
22/05/2017
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