UMA CONVERSA
INTERESSANTE
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Um colega pastor, muito
querido, convidou-me para tomar café. Transcrevo aqui a nossa conversa
informal.
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- Que bom que o irmão
aceitou o meu convite.
- O prazer é meu,
pastor.
- Eu queria saber o porquê
do irmão usar terno e gravata na igreja. Isto está tão fora de moda, tão
antiquado!
- Porque eu estou de
serviço, colega.
- Ah, sim. Mas eu também
estou e não estou de terno ou gravata.
- Eu não disse que o irmão
não está. Eu disse que EU estou. À propósito, o que vamos beber? Café com pães
de queijo?
- Acho que é uma boa
pedida.
- Então peça, por
favor.
- Ei,
rapaz!
- Por que chamou aquele
rapaz? Chame este aqui ao lado, ou aquela mulher ali...
- Pastor Wagner, está
brincando? Olhe o jaleco do menino. Ele trabalha aqui!
- Ah, então o irmão
identificou quem aqui trabalha, não é mesmo? De fato fica mais fácil. Então
solicite o nosso café.
Feito o pedido, a conversa
continuou:
- Então, Pr. Wagner, não é
o terno que faz o pastor, assim como não é o hábito que faz o
monge!
- Sim, mas O
VESTEM!
Meu amigo
riu-se.
- Sim, colega, estamos à
serviço de Deus. Assim como eu espero achar um médico de jaleco no hospital, um
bombeiro de farda no serviço e uma camareira com o devido uniforme, a igreja de
Deus espera ver em seu pastor alguém que enalteça o trabalho que realiza, que se
identifique como um executivo à serviço. Foi por o rapaz estar com fardamento de
serviço que o irmão facilmente o identificou e pediu o nosso
café.
- Mas, Pastor Wagner, isso
é besteira! Não é a roupa que faz isso! Nós não temos batinas ou coisas
similares! Podemos servir a Deus de qualquer maneira, com qualquer vestimenta!
Deus não olha para a aparência!
- Colega, não está em xeque
servir ou não a Deus. Também não está em questão a veste e não o coração. Está
em xeque a comissão que recebemos e a identidade que imprimimos no trabalho do
Senhor. Igrejas têm ministros e estes estão de plantão; devem ter a distinção, a
cortesia e o cuidado de assim se apresentarem. O irmão já viu um juiz em serviço
do tribunal com bermudas e chinelões?
-
Nunca!
- O irmão já viu um general
de guerra em treinamento ou em combate com roupas de dormir, exceto num ataque
inusitado?
-
Não!
- Pois bem. Assim como
esperamos da sociedade uma valorização dos serviços, das profissões, e uma
encarnação da vocação através da identidade de serviço, assim uma igreja que é
pastoreada por alguém consciente há de ter um ministro que se identifique como
ministro, que se valorize como ministro em serviço.
- Mas não podemos fazer
isso com roupas comuns? Não podemos usar camisetas, chinelos, tenis e
calções?
- A pergunta não é se
podemos, mas se DEVEMOS. Há alguns dias vi um pastor de sandálias havaianas,
bermuda e camiseta sem mangas, no púlpito. Que mensagem um obreiro assim passa?
De seriedade naquilo que faz? De crença real de que aquilo é um culto a
Deus?
- Mas a igreja dele está
cheia e a sua vazia!
- Colega, é assim que o
irmão julga o serviço do Senhor? Somos animadores de auditório? Somos
mercadejadores da Palavra? Ainda confio no que Deus fazia no passado:
Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar (At 2:47).
Não somos nós que convertemos pessoas, mas o Espírito Santo. Não é baixando
o padrão que encherei a igreja com salvos.
- Podemos cultuar a Deus em
qualquer lugar e em qualquer veste!
- Não há dúvidas. Mas
experimente analisar os critérios para o serviço de Deus no velho testamento.
Entravam os sacerdotes e oficiais do templo de qualquer jeito para cultuar?
Jamais! Deus fizera-lhes, inclusive, recomendação das
vestes!
- Mas isso foi no velho
testamento! O sacerdócio não foi continuado!
- Não tenha dúvidas. Mas o
Senhor é o mesmo e o princípio da separação e santidade mantém-se. Assim está
escrito: Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na
doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, (Tt 2:7).
Também lemos: Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o
exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.
(1Tm 4:12). Para completar, Que os homens
nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.
(1Co 4:1).
- Eu não
concordo!
- Não há problemas, colega.
Mantenha-se como está e eu me manterei como estou. O irmão não me verá num
casamento, num velório, num culto dominical ou numa visita oficial com vestes
informais, exceto em emergências, pois creio estar em serviço, creio representar
um ministério em ação, com seriedade e com a função de executivo do Senhor. Se o
irmão sente-se bem como está e não tem problemas de consciência, ou se os meus
argumentos não lhe convencem, fique à vontade.
- Então estamos certos
assim, Pastor Wagner? Ambos estamos certos, não é?
- Ambos estarem certos é
outra questão que não está resolvida, colega.
- Ah, Pastor Wagner, o
irmão não tem jeito mesmo! (risos).
- Vamos tomar o nosso café,
que já está a esfriar!
-
Viva!
....
Wagner Antonio de
Araújo
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