MEU
CANTO
OU
MINHA
PRÉDICA
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Quando o que sou não
se parece nem com o que eu canto ou com o que eu prego a mensagem perde quase todo
o seu valor. Não perde por completo se for bíblica, pois Deus é capaz de usar
até um ser inanimado na transmissão de Sua mensagem. Mas perde a referência,
pois não sou o que canto e nem o que prego.
Assim expressou-se o
Apóstolo Paulo:
Não dando
nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado;
(2Co 6:3)
Cantores "gospel"
derretem-se em videoclips bem produzidos, com orquestras perfeitas e paisagens
nababescas; cantam de forma celestial; transmitem mensagens fulgurantes. Mas
quando tomamos contato com a vida que levam, as canções derretem-se como sorvete
ao sol, ou como cera junto ao fogo, ou como areia junto à onda que a
derruba.
Pregadores famosos,
defensores do evangelho, chamados de bíblicos e coroados de frases de efeitos,
esfacelam-se diante dos nossos ouvidos e olhos, quando os vemos em sua
intimidade em em reações diante de oposições, ou em seus púlpitos rotineiros,
sem o glamour de suas altas produções.
Creio que ao cantar assumo
a identidade da música que canto e torno-me o seu intérprete. Se a interpretação
for vívida e vivida, a mensagem terá a consequência de credenciar-se diante da
realidade. Se não passar de exibição e de arte, seu fim será o esquecimento ou
uma mera beleza estética.
Creio que ao pregar assumo
a identidade da pregação que faço. Se vivê-la em meu quotidiano darei corpo à
mensagem: ela é real e encarnada. Se não vivê-la será mera discussão teológica e
emanação de conhecimento intelectual; nada mais do que
isso.
Esse divórcio do O QUE FAÇO
e O QUE VIVO tem gerado a banalização da fé. Outrora quem pregava vivia a sua
mensagem. Quem cantava vivia o seu canto. E isso até às últimas consequências.
Hoje, pelo contrário, tudo é despido de realidade. O canto e a mensagem
tornaram-se fantasia de algum baile, que terminou na máquina de lavar ou no
tanque da lavanderia. Tudo não tem passado de hipocrisia e
negócio.
Esse é o legado desta
geração. Políticos que não têm vergonha ou ética. Juízes que não são justos.
Professores que não seguem os seus ensinos. Pastores que precisam de pastoreio
básico. Cantores que não têm relação com suas cantorias. Um mundo plástico, um
mundo de imitação. Há alguns dias eu fui a uma igreja com lindas flores, todas
certinhas, todas com flores a desabrocharem com elegância e simetria. Mas tanta
perfeição gerou-me uma dúvida. Perguntei se eram plantas reais, ao que alguém
disse: "Não, são plantas plásticas".
Mundo plástico este nosso,
fadado ao desgaste da estética. Não tem aroma natural, nada cheiram (e às vezes
fedem...). Não tem relação com a realidade. A vida não é toda perfeita e
ajustada. Uma boa planta não dá somente flores perfeitas. Mas o seu perfume é
real. Assim nós precisamos de gente real, que seja a encarnação de sua própria
prédica ou de seu próprio canto. Não serão pessoas perfeitas, mas demonstrarão
pelo seu comportamento, a luta constante para viverem o que cantam e o que
pregam.
Cantor de músicas de Deus:
viva o que você canta! Viva com Deus, ande com Deus, obedeça a Deus, seja fiel
na igreja de Deus e, então, cante as suas canções como quem vive, não como quem
simula! É preferível um canto desafinado e rouco, mas real, que uma voz
afinadíssima e eloquente, mas falsa. Chega de falsetes na
vida!
Pregador de Deus: viva o
que prega! Viva com Deus, ande com Deus, obedeça a Deus, seja fiel na igreja de
Deus e, então, pregue as suas mensagens como quem vive, não como quem finge! É
preferível uma pregação em português sofrível e com voz feia, mas real e
honesta, do que um eloquente orador internacional, cheio de carisma, mas falso.
Chega de sofistas no púlpito!
Porque o
nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no
Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por
amor de vós. (1Ts 1:5)
Wagner Antonio de
Araújo
28/10/2017
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