terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

memórias literárias - 768 - O QUE SE ESPERA DE UM BOM PASTOR

O QUE
SE ESPERA DE
UM BOM PASTOR
 
A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniqüidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade converteu a muitos. (Ml 2:6)
 
INTRODUÇÃO
 
768
 
O texto de Malaquias, acima citado, diz respeito ao que Deus esperava dos levitas de Israel, quiçá dos sacerdotes consagrados ao serviço do Senhor. Escrevia num tempo onde Israel retornava para a sua terra e onde o templo estava em ruínas, precisando de soerguimento. O povo estivera fora do país, contaminando-se com as culturas pagãs de Babilônia, Pérsia e tantas outras. Era necessário que os sacerdotes atentassem para o papel inigualável que tinham para exercer, para a responsabilidade divina com a qual foram agraciados.
 
O sacerdócio levítico e a consagração da tribo de Levi são compromissos da velha aliança entre Deus e Israel. Esta aliança extinguiu-se. Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar (Hb 8:13). E, de fato, em Cristo, esta consagração étnica acabou, bem como a necessidade de sumos sacerdotes. Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 6:20).
 
Hoje, na nova aliança pelo sangue de Jesus não há mais a muralha separatista entre os povos hebreus e gentios. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, (Ef 2:14). Em Cristo fomos agregados à mesma videira, sorvendo da mesma raiz, frutificando para o mesmo Deus. Nele fomos também declarados reis e sacerdotes: E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém. (Ap 1:6). Reis, por sermos filhos adotivos do Rei dos reis, irmãos do Príncipe da Paz, Jesus Cristo. Sacerdotes porque, assim como aqueles ofereciam sacrifícios a Deus, nós também oferecemos sacrifícios, mas de ação de graças e de consagração. Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1Pe 2:5) À frente do povo do Senhor não estão levitas, sacerdotes ou apóstolos, mas servos chamados para serví-Lo no ministério pastoral, separados para uma obra muito especial e eterna. Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. (1Tm 3:1)
 
Sendo Deus eterno e imutável, moralmente constante e jamais contraditório, afirmamos que o que Ele esperava por parte dos antigos levitas e sacerdotes, espera também dos ministros do evangelho nos dias de hoje. Vejamos:
 
I - PROCLAMADOR DA LEI DA VERDADE ("a lei da verdade esteve na sua boca")
 
Espera-se do ministro do evangelho que tenha uma voz verdadeira, fundamentada na Palavra de Deus. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. (Jo 17:17). Um autêntico pastor, fiel ao Senhor que o vocacionou, possui na mente e no coração a Palavra de Deus. É com ela que ele faz valer a vontade do Senhor e opera a realização de suas funções. Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze (Tt 2:15). Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2:15) Num mundo perverso como o nosso, onde tantos pastores ensinam coisas pagãs, transformando os seus púlpitos num festival de heresias, num balcão de negócios, em palestras de auto-ajuda destinadas a inchar o ego pecaminoso dos corações, o autêntico ministro do evangelho tem em sua boca a Lei da Verdade, a imutável Palavra de Deus! Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; (2Tm 3:16)
 
II - LÁBIOS SEM INIQUIDADE ("a iniquidade não se achou nos seus lábios")
 
A boca do pastor deve ser um poço de águas puras, límpidas, um jardim regado e perfumado pelas mais dóceis expressões e mensagens. Um pastor deve primar pela elegância em suas expressões, sejam elas públicas ou privadas. Que tristeza, nos dias atuais, tomarmos conhecimento das falas de certos ministros, quando estão em sua vida privada. Ou então, pior ainda, daqueles que já não possuem vocabulário digno nem sequer no púlpito do Senhor! O Apóstolo Paulo recomenda que os ministros do evangelho não usem "nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. "(Ef 5:4). Torpeza é um falar infame, indigno, obceno, repulsivo. Parvoice é idiotice, bobagem, besteira. Chocarrice é gracejo, brincar com coisas sérias, como piadas de mal gosto ou usar personagens bíblicos em anedotas. Antigamente tínhamos no Brasil professores, políticos, apresentadores públicos, que primavam pelas palavras escolhidas a dedo. Hoje, infelizmente, nem professores, nem políticos e, para a nossa tristeza, nem pastores têm mais um senso de respeito para com quem os ouve! Mas a Bíblia não mudou e a ordem divina aos pastores continua a mesma: Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tt 2:8). Como é belo ouvir um pastor que sabe falar, que edifica com as palavras, que tem elegância e postura!
 

III - PÉS QUE CAMINHAM COM DEUS ("andou comigo em paz e em retidão")
 
O verdadeiro ministro do evangelho é alguém que vive o que prega, não apenas proclama um ideal inalcançável. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou. (1Jo 2:6). Se ele prega a confiança no Senhor, não se desespera na hora da crise. Se ele ensina a orar, é alguém cujos joelhos estão calejados também. Se insta com o povo para não guardar mágoas, não mantém no coração a ira e o ódio pelos que lhe foram injustos. Na verdade o ministro do evangelho deve ser reto, cumpridor de seus deveres, honrado em sua ética. Nos negócios deve evitar a dívida e, quando contraí-la, ser um ótimo pagador. Não deve o pastor ser iracundo ou briguento, nem tampouco vingativo ou rancoroso. Não deve transformar o seu púlpito em palanque político ou palco para shows. Pelo contrário, sua vida deve ser a cópia fiel de suas palavras. Ao olhá-lo, as pessoas poderão dizer: "A vida deste homem me faz crer na existência de Deus!". Isso também deve refletir-se no uso que o pastor faz das mídias sociais: não semeia contendas, não se torna escravo de discussões e nem consome pornografia. Se um celular pastoral for roubado e alguém o encontrar, não causará vergonha para o evangelho. Assim como prega, deve viver, se pregar, de fato, a verdade bíblica.
 
IV - GANHADOR DE ALMAS ("da iniquidade converteu a muitos")
 
Não se deve esquecer que um ministro do evangelho é, antes de tudo, um ganhador de almas. O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio. (Pv 11:30). O seu primeiro chamado é para pregar o evangelho. Em sua lide ele semeia a Palavra, ele ensina como andar com Deus, ele aponta o pecado e ele conduz o pecador à conversão. Sou grato ao Senhor por ter feito atravessar em meu caminho o Pastor Timofei Diacov. Ele tinha apenas mais dois meses para pastorear a igreja em que estava. Em tese deveria estar a embrulhar os seus pertences e a cuidar de suas coisas. Contudo, eis que sai com um maço de folhetos pela rua a distribui-los. Era tarde de terça-feira e o vai-e-vém dos carros não dava trégua. Mas ele estava ali a semear. Entregou-me um folheto, gerando em mim o interesse. Três dias depois, em sua igreja, eu recebi dele o apelo evangelístico e entreguei-me ao Senhor, cuja morte vicária deu-me a salvação, justificando-me para sempre. E se o Pr. Timofei não tivesse feito isso? É uma conjectura sem resposta, pois a verdade é que ele o fez! E assim um ministro do evangelho deve semear, deve buscar o perdido, conduzindo-o ao Reino de Deus. Não meramente ganhar adeptos, associados por carnês de contribuição ou parceiros de projetos. O ministro do evangelho leva o pecador a abandonar a iniquidade e à conversão à Cristo.
 
CONCLUSÃO
 
Precisamos de bons ministros do evangelho. Não precisamos de bons vendedores de automóveis nos púlpitos; nem de animadores de auditório, nem de conferencistas de auto-ajuda. Nós precisamos de homens comprometidos com Jesus Cristo, que abracem a Sua vida e aceitem o Seu mandamento: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mt 28:19)
 
Esperamos que os ministros do evangelho tenham em suas bocas a Lei da Verdade, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Queremos pastores que saibam manejar as Escrituras e que saibam expô-las, pregá-las, aplicá-las. Queremos pastores que conheçam a Bíblia.
 
Também desejamos pastores que saibam dizer a verdade com graça e com beleza, que saibam transmitir o seu ensino com inteligência e com muita sabedoria. Não queremos ministros cuja fala envergonhe o auditório e nem que renegue o seu ensino. Ministros devem ter bocas abençoadas pela qualidade dos seus ditos!
 
Queremos pastores que andem com Deus, que provem com suas vidas o valor de seus próprios ensinos; homens comprometidos com um viver puro, santo, justo e devotado ao Senhor em todas as suas aplicações. Queremos pastores que dêem gosto de serem flagrados em suas vidas privadas, que cultivam a santidade em tudo o que fazem.
 
Por fim, desejamos pastores que ganhem almas para o Reino de Deus. Homens que tenham amor e paixão pelas vidas que se perdem, que façam o possível para levar-lhes não apenas amor e esperança, meros pensamentos humanistas, mas a revelação especial de Deus, a Bíblia Sagrada, apontando aos pecadores o caminho para a salvação. Que tais pastores ganhem vidas para o Céu, não apenas membros locais. Que povoem os céus com muitos pecadores transformados pelo Senhor.
 
Se é um pastor, que tais palavras lhe sirvam de estímulo à fé e ao compromisso com Deus.
 
Se não é, que ore pelo pastor que cuida de sua igreja, para que ele tenha estas qualificações bíblicas.
 
Que Deus nos abençoe. Amém.
 
 
17/02/2018
 
Wagner Antonio de Araújo
membro da Igreja Batista Cidade IV Centenário, São Paulo, Brasil
textos: http://prwagnerantoniodearaujo.blogspot.com/  
pregações:
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