O
QUE
SE ESPERA
DE
UM BOM
PASTOR
A lei
da verdade esteve na sua boca, e a iniqüidade não se achou nos seus lábios;
andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade converteu a muitos. (Ml
2:6)
INTRODUÇÃO
768
O texto de
Malaquias, acima citado, diz respeito ao que Deus esperava dos levitas de
Israel, quiçá dos sacerdotes consagrados ao serviço do Senhor. Escrevia num
tempo onde Israel retornava para a sua terra e onde o templo estava em ruínas,
precisando de soerguimento. O povo estivera fora do país, contaminando-se com as
culturas pagãs de Babilônia, Pérsia e tantas outras. Era necessário que os
sacerdotes atentassem para o papel inigualável que tinham para exercer, para a
responsabilidade divina com a qual foram agraciados.
O sacerdócio
levítico e a consagração da tribo de Levi são compromissos da velha aliança
entre Deus e Israel. Esta aliança extinguiu-se. Dizendo
Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se
envelhece, perto está de acabar (Hb 8:13). E, de fato, em Cristo,
esta consagração étnica acabou, bem como a necessidade de sumos sacerdotes.
Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito
eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 6:20).
Hoje, na nova aliança pelo
sangue de Jesus não há mais a muralha separatista entre os povos hebreus e
gentios. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os
povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, (Ef
2:14). Em Cristo fomos agregados à mesma videira, sorvendo da mesma
raiz, frutificando para o mesmo Deus. Nele fomos também declarados reis e
sacerdotes: E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu
Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém. (Ap 1:6). Reis,
por sermos filhos adotivos do Rei dos reis, irmãos do Príncipe da Paz, Jesus
Cristo. Sacerdotes porque, assim como aqueles ofereciam sacrifícios a Deus, nós
também oferecemos sacrifícios, mas de ação de graças e de consagração. Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual
e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
Jesus Cristo. (1Pe 2:5) À frente do povo do
Senhor não estão levitas, sacerdotes ou apóstolos, mas servos chamados para
serví-Lo no ministério pastoral, separados para uma obra muito especial e
eterna. Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja
o episcopado, excelente obra deseja. (1Tm 3:1)
Sendo Deus eterno e
imutável, moralmente constante e jamais contraditório, afirmamos que o que Ele
esperava por parte dos antigos levitas e sacerdotes, espera também dos ministros
do evangelho nos dias de hoje. Vejamos:
I -
PROCLAMADOR DA LEI DA VERDADE ("a lei da verdade esteve na sua
boca")
Espera-se do ministro do
evangelho que tenha uma voz verdadeira, fundamentada na Palavra de Deus.
Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
(Jo 17:17). Um autêntico pastor, fiel ao Senhor que o vocacionou,
possui na mente e no coração a Palavra de Deus. É com ela que ele faz valer a
vontade do Senhor e opera a realização de suas funções. Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade.
Ninguém te despreze (Tt 2:15). Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
(2Tm 2:15) Num mundo perverso como o nosso, onde
tantos pastores ensinam coisas pagãs, transformando os seus púlpitos num
festival de heresias, num balcão de negócios, em palestras de auto-ajuda
destinadas a inchar o ego pecaminoso dos corações, o autêntico ministro do
evangelho tem em sua boca a Lei da Verdade, a imutável Palavra de Deus!
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e
proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em
justiça; (2Tm 3:16)
II -
LÁBIOS SEM INIQUIDADE ("a iniquidade não se achou nos seus
lábios")
A boca do
pastor deve ser um poço de águas puras, límpidas, um jardim regado e perfumado
pelas mais dóceis expressões e mensagens. Um pastor deve primar pela elegância
em suas expressões, sejam elas públicas ou privadas. Que tristeza, nos dias
atuais, tomarmos conhecimento das falas de certos ministros, quando estão em sua
vida privada. Ou então, pior ainda, daqueles que já não possuem vocabulário
digno nem sequer no púlpito do Senhor! O Apóstolo Paulo recomenda que os
ministros do evangelho não usem "nem torpezas, nem
parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. "(Ef
5:4). Torpeza é um falar infame, indigno, obceno, repulsivo.
Parvoice é idiotice, bobagem, besteira. Chocarrice é gracejo, brincar com coisas
sérias, como piadas de mal gosto ou usar personagens bíblicos em anedotas.
Antigamente tínhamos no Brasil professores, políticos, apresentadores públicos,
que primavam pelas palavras escolhidas a dedo. Hoje, infelizmente, nem
professores, nem políticos e, para a nossa tristeza, nem pastores têm mais um
senso de respeito para com quem os ouve! Mas a Bíblia não mudou e a ordem divina
aos pastores continua a mesma: Linguagem sã e
irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que
dizer de nós. (Tt 2:8). Como é belo ouvir um
pastor que sabe falar, que edifica com as palavras, que tem elegância e
postura!
III -
PÉS QUE CAMINHAM COM DEUS ("andou comigo em paz e em
retidão")
O verdadeiro ministro do
evangelho é alguém que vive o que prega, não apenas proclama um ideal
inalcançável. Aquele que diz que está nele, também deve
andar como ele andou. (1Jo 2:6). Se ele prega a confiança no Senhor,
não se desespera na hora da crise. Se ele ensina a orar, é alguém cujos joelhos
estão calejados também. Se insta com o povo para não guardar mágoas, não mantém
no coração a ira e o ódio pelos que lhe foram injustos. Na verdade o ministro do
evangelho deve ser reto, cumpridor de seus deveres, honrado em sua ética. Nos
negócios deve evitar a dívida e, quando contraí-la, ser um ótimo pagador. Não
deve o pastor ser iracundo ou briguento, nem tampouco vingativo ou rancoroso.
Não deve transformar o seu púlpito em palanque político ou palco para shows.
Pelo contrário, sua vida deve ser a cópia fiel de suas palavras. Ao olhá-lo, as
pessoas poderão dizer: "A vida deste homem me faz crer na existência de Deus!".
Isso também deve refletir-se no uso que o pastor faz das mídias sociais: não
semeia contendas, não se torna escravo de discussões e nem consome pornografia.
Se um celular pastoral for roubado e alguém o encontrar, não causará vergonha
para o evangelho. Assim como prega, deve viver, se pregar, de fato, a verdade
bíblica.
IV
- GANHADOR DE ALMAS ("da iniquidade converteu a
muitos")
Não se deve esquecer que um ministro do evangelho é,
antes de tudo, um ganhador de almas. O fruto do justo é
árvore de vida, e o que ganha almas é sábio. (Pv 11:30). O seu
primeiro chamado é para pregar o evangelho. Em sua lide ele semeia a Palavra,
ele ensina como andar com Deus, ele aponta o pecado e ele conduz o pecador à
conversão. Sou grato ao Senhor por ter feito atravessar em meu caminho o Pastor
Timofei Diacov. Ele tinha apenas mais dois meses para pastorear a igreja em que
estava. Em tese deveria estar a embrulhar os seus pertences e a cuidar de suas
coisas. Contudo, eis que sai com um maço de folhetos pela rua a distribui-los.
Era tarde de terça-feira e o vai-e-vém dos carros não dava trégua. Mas ele
estava ali a semear. Entregou-me um folheto, gerando em mim o interesse. Três
dias depois, em sua igreja, eu recebi dele o apelo evangelístico e entreguei-me
ao Senhor, cuja morte vicária deu-me a salvação, justificando-me para sempre. E
se o Pr. Timofei não tivesse feito isso? É uma conjectura sem resposta, pois a
verdade é que ele o fez! E assim um ministro do evangelho deve semear, deve
buscar o perdido, conduzindo-o ao Reino de Deus. Não meramente ganhar adeptos,
associados por carnês de contribuição ou parceiros de projetos. O ministro do
evangelho leva o pecador a abandonar a iniquidade e à conversão à
Cristo.
CONCLUSÃO
Precisamos de bons
ministros do evangelho. Não precisamos de bons vendedores de automóveis nos
púlpitos; nem de animadores de auditório, nem de conferencistas de auto-ajuda.
Nós precisamos de homens comprometidos com Jesus Cristo, que abracem a Sua vida
e aceitem o Seu mandamento: Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; (Mt 28:19)
Esperamos que os ministros do evangelho tenham em
suas bocas a Lei da Verdade, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Queremos
pastores que saibam manejar as Escrituras e que saibam expô-las, pregá-las,
aplicá-las. Queremos pastores que conheçam a Bíblia.
Também desejamos pastores que saibam dizer a verdade
com graça e com beleza, que saibam transmitir o seu ensino com inteligência e
com muita sabedoria. Não queremos ministros cuja fala envergonhe o auditório e
nem que renegue o seu ensino. Ministros devem ter bocas abençoadas pela
qualidade dos seus ditos!
Queremos pastores que andem com Deus, que provem com
suas vidas o valor de seus próprios ensinos; homens comprometidos com um viver
puro, santo, justo e devotado ao Senhor em todas as suas aplicações. Queremos
pastores que dêem gosto de serem flagrados em suas vidas privadas, que cultivam
a santidade em tudo o que fazem.
Por fim, desejamos pastores que ganhem almas para o
Reino de Deus. Homens que tenham amor e paixão pelas vidas que se perdem, que
façam o possível para levar-lhes não apenas amor e esperança, meros pensamentos
humanistas, mas a revelação especial de Deus, a Bíblia Sagrada, apontando aos
pecadores o caminho para a salvação. Que tais pastores ganhem vidas para o Céu,
não apenas membros locais. Que povoem os céus com muitos pecadores transformados
pelo Senhor.
Se é um pastor, que tais palavras lhe sirvam de
estímulo à fé e ao compromisso com Deus.
Se não é, que ore pelo pastor que cuida de sua
igreja, para que ele tenha estas qualificações bíblicas.
Que Deus nos abençoe. Amém.
17/02/2018
Wagner Antonio de
Araújo
membro da Igreja Batista Cidade IV
Centenário, São Paulo, Brasil
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