NUNCA
ACONTECERÁ
769
Era sábado à
noite. Um lindo culto de louvor, promovido pela união de mocidade se realizara.
Os jovens usaram os seus membros para fazerem todas as partes. Maria foi a
organista, Sílvia, pianista. Fizeram prelúdio, interlúdio e poslúdio. Os meninos
montaram um quarteto, as meninas um trio. Houve jogral, declamação de poesia e
quatro solos. Alguns cânticos também foram entoados pela congregação. Foi lindo
vê-los nos violões, contrabaixo, guitarra, bateria, teclado, tudo muito bem
dosado e com hinos tão edificantes e evangelísticos. O José, rapaz com pinta de
pastor, foi o mensageiro; até de gravata estava! Ele pregou muito bem. O pastor
aproveitou o encerramento para fazer um apelo evangelístico, pois eles trouxeram
jovens colegas do ginásio e do colegial ao culto. Cinco decisões. Ganharam
bíblicas e preencheram as fichas de decisão. No encerramento a alegria da tarefa
concluída. Na cantina realizaram uma sociabilidade muito animada. Tinha cachorro
quente, suco, torta salgada, pipoca e salada de frutas, tudo em cortesia.
Fizeram uma roda de brincadeiras e divertiram-se até às tantas. Fizeram a dança
das cadeiras, sempre sobrando um, cantaram e fizeram as rodas das sociais
conhecidas e entreteram-se bastante. Ao final organizaram-se em equipes de
limpeza. Deixaram tudo limpo, em ordem, pois na manhã seguinte teria o culto
matutino e a escola bíblica dominical.
Suzana chegou
em casa feliz da vida. Tomou o seu banho, fez o estudo da lição da classe da
EBD, pediu bênção aos pais e foi dormir. Dormiu o sono dos vitoriosos, pois ela
havia organizado o belo culto que prestaram a Deus.
O relógio
marcava duas da manhã e Suzana subitamente acorda a casa
inteira.
"Socorro! Meu
Deus, socorro! Isso não pode ser verdade!"
Os pais
levantaram-se correndo, indo até o quarto. O cachorro, lá no quintal, latia
efusivamente. Júnior, o irmão, sem entender o que acontecia, olhava a irmã com
os olhos esbugalhados, desesperada. "A Su ficou doida?"
"O que foi,
meu bem?", pergunta-lhe a mãe! "Menina, o que há?", indaga o pai,
aflito.
"Ah, mamãe,
estou tão triste e desesperada!" E então chorava copiosamente. O pai,
preocupado, senta-se na cama e diz: "Filha, calma! Conte-nos. O que
houve?"
Suzana então
narra algo bizarro e surpreendente:
"Eu me
deitei, após agradecer a Deus por tudo o que acontecera. Então peguei no sono e
adormeci. Comecei a sonhar. Eu estava em nossa igreja, mas não era a mesma
coisa, algo estava errado..." E então teve outra crise de choro. Seus pais a
acolheram, abraçaram e pediram para que continuasse a
narrativa.
"Quando
entrei vi os rapazes todos tatuados, com brincos na orelha e quase todo mundo
com ferrinhos na boca e no nariz. Havia uma banquinha à entrada onde eram feitas
tatuagens. As meninas estavam vestidas com roupas sensuais e os rapazes com
calças coladas mostrando seus contornos, camisas apertadas e mostrando o peito.
Meu Deus, que horrível!"
Os pais
pediram para que continuasse.
"Todo mundo
conversava no culto, ninguém tinha bíblia ou hinário e a reunião começou sem
oração. Eles fizeram um baile no culto, mamãe! Meia dúzia deles ficaram à frente
dançando e todo mundo o fazia uns com os outros, no templo. O pastor dançou com
as meninas, agarradinho! Do meu lado tinham casais se beijando e, pasmem: dois
menins também!"
"Filha, que
imaginação ridícula", disse o pai em tom de reprovação.
"Então,
papai, veio o pior. O pastor, que mais parecia os meninos da porta da escola,
tomou a palavra e começou a andar de um lado para o outro, falando pra juventude
aproveitar a vida, fazer tudo o que quisesse, que Deus não se importava. Disse
que nada era pecado, que não existia inferno, que o ideal da vida era a
falicidade e que se estivessem tristes bastava tomarem remédios controlados ou
fumar maconha. Eu fiquei desesperada!"
Os pais
mordiam os lábios, pensando nas loucuras que a Suzana
narrava.
"Quando o
culto terminou o pessoal se agarrou ali mesmo e saíram em turmas para as casas
de show. O pastor dissera que só teria culto à noite no domingo, pois o pessoal
tinha que aproveitar a madrugada e curtir a vida!"
"Filha,
quanta loucura!", disse a mãe.
"Eu vi,
mamãe, duas senhoras e três rapazes, no canto, que conversavam e diziam não
acreditarem no que viam, que Jesus estava para voltar e que era uma tal
apostasia irreversível, não sei do que diziam. O pastor os viu e disse: 'seus
quadrados, vocês já eram! Atualizem-se ou desapareçam!' E eu, quando vi tudo
isso me desesperei. Foi então que gritei e devo tê-los acordado. Me perdoem!
Estou tão envergonhada..."
"Filha, isso
acontece! Não se preocupe. Tudo isso não passou de um grande pesadelo. Volte a
dormir", disse a mãe.
"Isso é o que
dá social até dez da noite na igreja! Deitar-se de barriga cheia dá nisso. Bah,
chega. Vá à cozinha, tome um copo de leite morno e volte a deitar, que amanhã
teremos escola bíblica dominical.", disse o pai, com ares de
decisão.
"Mamãe, o que
foi isso que eu sonhei?"
"Pura
bobagem, minha filha. Nada disso jamais acontecerá. Estamos em 1980 e o
evangelho há de crescer e de transformar o nosso Brasil. As nossas igrejas estão
firmes na Palavra e os nossos pastores jamais deixarão esse mundanismo penetrar
na igreja. Vá. Faça o que o seu pai mandou e deite-se. Vamos salvar o resto da
madrugada."
Suzana
obedeceu. Deitou-se e pensou: "Mamãe está certa. Estamos em 1980. Isso nunca
acontecerá. Nunca. Nunc...zzzz"
1980.
....
2019.
Será?
.....
Wagner Antonio de
Araújo
membro da Igreja Batista Cidade IV
Centenário, São Paulo, Brasil
Canal
youtube: https://www.youtube.com/channel/UC-F2GbCqaASOfIlriUdP50A
textos: http://prwagnerantoniodearaujo.blogspot.com/
pregações: https://pregacoesprwagneraa.blogspot.com/
e-mail: bnovas@gmail.com ; prwagneraa@gmail.com
fone vivo/whatsapp: 011-996998633 - exterior: +5511-996998633
pregações: https://pregacoesprwagneraa.blogspot.com/
e-mail: bnovas@gmail.com ; prwagneraa@gmail.com
fone vivo/whatsapp: 011-996998633 - exterior: +5511-996998633
Nenhum comentário:
Postar um comentário