AMIZADES
QUE
PERDURAM
Esta reflexão
é pastoral. Diz respeito aos que exercem ou exerceram o ministério pastoral. Foi
uma frase que um pastor, meu verdadeiro amigo me enviou, depois que eu lamentei
ter sabido do falecimento de um colega, Pr. Paulo Lopes Barbosa, através de uma
ex-ovelha e não através de alguma comunicação de algum
colega.
Eu, que sou
pastor desde 1987, ordenado oficialmente em 1991, já experimentei todo tipo de
configuração ministerial. Fui pastor de ponto de pregação, de congregação, de
igreja pequena, média, grande. Fui presidente de associação, secretário
executivo, tesoureiro, secretário de mesa, membro de comissões e juntas,
conselheiro, componente de concílios. Hoje estou a enfrentar a pandemia junto de
minha família, sem um púlpito ou uma igreja para pastorear, aguardando no Senhor
(e tão somente nEle) para o regresso, se assim for do Teu
agrado.
Quando
estamos à frente de um ministério, pastorado, administração eclesiástica somos
populares, recebemos ligações de toda parte, somos chamados para eventos,
informados sobre falecimentos, convidados para participar disto ou daquilo.
Basta deixarmos a função e o nosso telefone silencia, a nossa caixa de mensagens
se esvazia, o nosso nome desaparece dos eventos e não somos mais lembrados de
nada, exceto para as tradicionais cobranças de anuidades de entidades ou de
periódicos. Ah, disto as organizações jamais se esquecem!
Quantos
pastores, meus amigos, após uma vida toda dedicada ao trabalho pastoral,
sentem-se só e abandonados, classificados como peças de museu ou seres de
terceira categoria na vida eclesiástica. Alguns não são convidados sequer para
fazer orações silenciosas... Quantos atravessam situações difíceis, crises e
enfermidades e não são lembrados nem para a solidariedade da oração pública!
Quando alguém em ascensão ou no exercício do ministério adoece, morre, sofre ou
recebe prêmios há uma enxurrada de notícias, de mensagens, de elogios, de
palavras das massas. Quando outro, sem ministério, aposentado ou em trânsito
passa pelas mesmas coisas é geralmente ignorado, exceto pelos amigos reais, mais
próximos.
Essa situação
é real. Digam-me os pastores aposentados, idosos, sem ministério, apenas membros
de igreja: onde estão os que antes pululavam em seus whatsapps com palavras de
atenção e de carinho? Onde estão as lembranças de outrora? Não estão. Quando
muito são lembrados em uma data ou necessidade, como, por exemplo,
recadastramento de endereço, de rol de membros ou de cobrança de
anuidades.
Graças a Deus
por duas coisas.
1. Deus não
Se esquece de Seus servos, de Seus escolhidos, de Seus comissionados. Ele é a
companhia sempre presente, o socorro no dia da solidão. Ele é presente a cada
instante, mesmo quando todos os outros foram embora. E Ele não depende de
políticas ou de indicações: quando Ele age, chama, convoca e designa, faz valer
a Sua vontade. Com poucos ou com muitos. Ele é soberano.
Aleluia!
2. Há amigos
que permanecem. São poucos, é verdade. São contados nos dedos das mãos, mesmo
com contatos aos milhares. Eles não nos tratam pelo poder eclesiástico que
temos, ou pelo poder político que exercemos no pouco ou no muito público a quem
assistimos. Eles são atemporais e não estão interessados no que podemos fazer
por eles. Eles nos amam por amor, não por interesse. E, para eles o nosso valor
não é computado pelo poder, pela fama, pelo alcance de nossas mídias. Eles amam
com o amor do Senhor.
Sou solidário
com os pastores sem ministério, com os pastores idosos e com os pastores que
foram esquecidos. Sou solidário com cada um deles. E desejo-lhes paz e graça,
consolo e esperança. Eu também, a cada dia, sou fortalecido no Senhor e na força
de Seu poder. E sei em quem tenho crido!
Um abraço.
Wagner
Antonio de Araújo, pastor pela graça de Deus, no aguardo da convocação de Deus,
quer para pastorear, quer para continuar à disposição do que Ele
desejar.
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