sábado, 21 de novembro de 2020

memórias literárias - 935 - NOVA RAÇA

 NOVA

RAÇA
 
Para Deus havia uma única linhagem: a espécie humana. Esta corrompeu-se, vindo a sucumbir com o Dilúvio. Dentre as famílias humanas Deus escolheu a de Noé. Este homem, cabeça desta casa, era íntegro e temente a Deus, mesmo a viver no meio de um geração degenerada e corrupta.
 
No mundo pós-diluviano Deus selecionou um homem, da linhagem de Sem, filho de Noé, para dele fazer uma grande nação, além de torná-lo pai de grande multidão. O seu nome era Abrão, mudado posteriormente para Abraão. A sua descendência tornou-se escolhida dentre todas as do planeta, passando a ser a única nação de Deus. São os hebreus, posteriormente denominados judeus (ou israelitas). Todos os demais, incluindo eu e você somos "os gentios", "as gentes", "as nações". Deus optou por esta nação e considerou-nos fora do pacto, não partícipes de Sua graça e aliança primitiva. Mas fez uma promessa. Um dia outro profeta, semelhante a Moisés, viria para tornar-se "o ungido", "o messias", "o Cristo", e este seria "a luz dos gentios, a esperança das nações". Através deste judeu o mundo poderia ser incluido como povo de Deus também. Ele seria o servo do Senhor, sofredor, o Cordeiro de Deus e faria um sacrifício único e perfeito para incluir toda a humanidade num novo pacto com o Altíssimo. Seria trocada a aliança nas tábuas de pedra (os dez mandamentos) e inserida no coração de cada alcançado (a conversão divina).
 
Veio Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo. Um judeu legítimo e verdadeiro. Cumpriu todas as profecias sobre ser, de fato, o tão esperado redentor. Seus apóstolos receberam a missão de pregar as suas boas-novas. Fizeram-no primeiro aos já judeus, fiéis e piedosos. Um grupo de samaritanos, porém, creu nEle também e Deus sinalizou que seriam aceitos na fé mediante o Espírito Santo que também lhes alcançou. Tempos depois Deus trouxe os gentios à Sua família, fazendo de Cornélio, um prosélito gentio, bem como de toda a sua família, os primeiros "gentios" convertidos. Na igreja de Antioquia foram os fiéis chamados cristãos pela primeira vez. E ali foi o centro missionário do grande Apóstolo Paulo, o apóstolo dos gentios. Para concluir, os últimos seguidores de João o Batista também foram inseridos entre este povo único de Deus.
 
Do Apóstolo Paulo são as reveleações mais preciosas para nós, gentios. Em Cristo não haveria mais o racismo judaico. Em Cristo as barreiras raciais cairiam, formando de ambos os povos (judeus e gentios) um povo novo, remido, salvo, transformado, que teriam como pai adotivo o próprio Pai de Jesus Cristo, o Deus Eterno; teriam como irmão mais velho o próprio Senhor Jesus. Seriam filhos da Jerusalém celestial e deveriam tratar a todos como irmãos, pois formavam a família de Deus. Gentios e judeus seriam agora remidos de Cristo, o Israel de Deus. Isto não significava a rejeição da linhagem escolhida, para quem Deus ainda tem um plano; mas derrubar para sempre esse racismo materialista que jamais pode fazer de alguém um autêntico conhecedor do Senhor. Pelo Messias somos agora família de Deus, todos nós.
 
Assim devem ser as igrejas de Cristo: convertidos de todas as raças, linhagens, continentes, países, cores, línguas, tribos e nações, irmanados unicamente pela fé no Senhor Jesus Cristo, considerando uns aos outros em amor e em serviço, sem jactância, orgulho ou superioridade. Se há alguém que poderia considerar-se superior entre os cristãos seriam os judeus, pois foram os primeiros escolhidos (primeiro dos judeus, diz a Escritura). Mas em Jesus os primeiros seriam os últimos, querendo dizer que somos todos iguais na família de Deus. O maior judeu de todos os tempos, Jesus Cristo, foi quem tomou a bacia e a toalha e, em completa humilhação (fez-se um serviçal dos mais humildes) lavou os pés dos apóstolos, ensinando-lhes (e a nós) que o maior sempre é menor, serviçal, buscando o bem.
 
Com isto celebramos a unidade. Unidade em Cristo, não de raça. Não há espaço para refazermos as barreiras raciais entre judeus e gentios e nem para manter ou criar barreiras entre gentios de cores ou etnias diferentes. Não deve haver uma igreja branca e uma preta. Não deve haver uma igreja aborígene e outra asiática. Não deve haver igreja racial ou segmentada. Há IGREJAS, compostas de miseráveis pecadores de todas as raças, povos, línguas e nações, que foram convertidos e transformados em novas criaturas e como tais devem viver sempre, considerando-se uns aos outros em amor,  tratando os inimigos com o amor de Cristo. Não há espaço para disputas, protestos, partidarismos ou violências retóricas no mundo cristão. Seríamos conhecidos em Cristo como os que amam e que são capazes de amar até ao inimigo.
 
Não esqueçamos as nossas raízes. Não deixemos as plantas parasitas do presente século macularem a árvore de nossa verdadeira vocação. Não enfeitemos a fé com as bandeiras do presente século. A flâmula de Deus é esta: "AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI".
 
Wagner Antonio de Araújo

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