FURGÃO
SEM
MARCAS
941
A igreja
cantava o segundo hino da noite. Havia um bom auditório. Então ele chegou,
pedindo licença e buscando um lugar junto dos presentes. Era o FURGÃO.
FURGÃO era o
apelido desse homem. Um membro de uma gangue de motoqueiros. Ele era muito
prestativo e tinha grande estatura. Seu porte físico lembrava um gigante. Tinha
coque no cabelo. Seu pescoço, braço e peitos eram repletos de tatuagens. Também
andava com piercings dourados e prateados, na orelha, nariz e outros lugares.
Na verdade
ele foi atraído pela boa música. Como o semáforo fechou e demorou a abrir, o som
de um hino foi audível da esquina e ele achou aquilo fora de série. Resolveu
voltar, estacionar e entrar. Ele nunca tinha entrado numa igreja evangélica.
Certa vez ganhara um Novo Testamento dos Gideões Internacionais, mas esquecera-o
na casa da mãe quando se casara.
O pastor
pregou a Palavra de Deus. Apresentou a Cristo, loucura para os gregos e
escândalo para os gentios, mas para os salvos o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê, primeiro do judeu, mas também dos gentios.
FURGÃO ouviu
com atenção. O pastor era muito claro nas explicações. Era necessário crer em
Jesus Cristo como o Filho de Deus, crer em Sua morte para expiação dos pecados e
crer também em Sua ressurreição dos mortos. Quem fizesse isso teria o perdão de
todos os pecados e a vida eterna. FURGÃO foi tocado pelo Espírito Santo, que o
convenceu do pecado, da justiça e do juízo. No momento da oração ele decidiu
entregar a sua vida a Jesus.
Estava feita
a mudança: FURGÃO tornara-se cristão! Que alegria! Procurou o pastor após o
culto, contando-lhe da decisão que tomara. O pastor ficou muito feliz. Orou com
ele e apresentou-lhe dois ou três irmãos na fé, com quem poderia estudar a
Bíblia.
Em três meses
FURGÃO estava quase pronto para ser batizado. Fizera a classe de catecúmenos e
era discipulado. Mas algo o incomodava muito. Então foi falar com o
pastor.
- Pastor,
preciso tirar umas dúvidas antes do batismo. O senhor pode me
ajudar?
- Claro,
FURGÃO. Diga!
- A primeira
é sobre este texto: Pelos mortos não dareis golpes na
vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR. (Lv
19:28). Pastor, eu estou cheio de piercings e tenho muitas
tatuagens. Eu não me sinto bem com isso, pois penso ser pecado andar com estas
coisas. O que o senhor me diz?
- FURGÃO,
você pesquisou bem. De fato agora o seu corpo é templo do Espírito Santo e deve
ser limpo e puro. Piercings são símbolos de escravidão e domínio pagão; são, no
mínimo, vaidades das quais o cristão deve se livrar. Quanto às tatuagens, foram
feitas antes de sua conversão. Agora você é um novo ser. Elas poderiam ser um
tropeço ou um testemunho. Um tropeço se ainda as considerasse importantes e
fizesse novas. Um testemunho se dissesse que foram da sua velha vida, mas que
hoje você não as recomendaria a ninguém.
- Eu
compreendo, pastor. E como posso me decidir?
- Ore. Busque
a Deus em oração. Os piercings você fará bem em retirar. As tatuagens ficarão
por sua conta. Me procure na semana que vem para conversarmos
mais.
FURGÃO,
então, orou com muita dedicação. E concluiu que há recursos que podem tirar
grande parte dessa decoração macabra e vaidosa que fizera na pele. Não ficaria
perfeito, mas uma boa parcela desapareceria. As sessões de raio laser não seriam
baratas, mas ele investira tanto no pecado, agora era hora de investir na
eliminação de seus rastros. Porém alguém o procurou. Era um cristão de outra
igreja, todo tatuado. Ele disse:
- Cara, você
não precisa tirar nada! Deus não vê as aparências, Deus vê o coração! Além disso
há tatuagens cristãs, como leões, ursos, cruzes, pombas e o nome de pastores e
apóstolos das igrejas! Você pode adaptá-las! Pare de ser bobo! Crente não pode
ser tacanha! Crente não é quadrado!
FURGÃO ouviu,
ponderou, mas não se deixou levar. Para ele era muito sério mudar de vida e
também de aparência. Para ele não fazia sentido ser cristão travestido de
secularismo vaidoso e inútil. Se ele se submetesse ao batismo seria, de fato,
símbolo de uma mudança radical, não de um enxerto ou remendo novo no pano velho.
E foi isso
que fez. Tratou de tirar toda a ferragem que carregava e de submeter-se às dores
das sessões de destatuagem. Resolveu também arrumar o cabelo com mais
formalidade.
Na semana
seguinte foi encontrar-se com o pastor. Este, ao vê-lo, tomou um susto.
- FURGÃO? Que
mudança incrível! O que você fez? Nem parece o mesmo
homem!
Ele ficara
irreconhecível. As tatuagens do pescoço estavam ausentes, apenas restara um
vermelhão que, segundo os médicos, desapareceria com o tempo. Ainda faltavam os
braços e o peito, mas ele já havia agendado. E não havia mais tatuagens ou
alargamentos. Tudo diferente.
- Pastor, eu
concluí que não deveria ostentar aquilo que me conduzia ao Inferno. Eu não me
orgulharia de ter essas marcas de uma vida sem Deus. Eu sou um novo FURGÃO, um
FURGÃO SEM MARCAS. Agora quero ter uma marca só, a de Jesus Cristo, e não na
pele, mas no fundo do meu coração. Não quero tatuar versículos, leões, cruzes ou
nomes no meu corpo. Não fui feito de papel. Deus já me deu pele adequada e
disse: "isto é muito bom". Por que alterar isso? Estou feliz com o que Deus me
deu. Que a beleza venha de dentro de mim, com Cristo morando bem aqui, no meu
coração. Estou certo?
- Certíssimo,
meu irmão! Estou encantado!
Ambos oraram
e louvaram a Deus. E, ao final do mês, num festivo culto da noite, com a igreja
cheia, foi celebrado o batismo do FURGÃO. A gangue de motoqueiros estava
presente. Alguns dali, durante o apelo evangelístico que o pastor fez enquanto
estava no tanque batismal, manifestaram-se por uma nova vida em Jesus
também.
Era o FURGÃO,
levando uma nova carga: VIDAS PARA O CÉU!
Wagner
Antonio de Araújo.
obs: se você,
que é cristão, tem piercings ou tatuagens, atente para o exemplo do FURGÃO. Que
Deus nos abençoe. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário