O QUE
CANTAMOS
508
Encontro-me a cada dia mais
perplexo com o que se canta e quem são os nossos cantadores
cristãos.
A cantora evangélica famosa
foi flagrada usando maconha. Seus áudios estão expostos. O acusador, namorado
dela (e ela é divorciada de um cantor evangélico que judaizou-se) confessa que
estava num cinema usando droga também. O que é isso?
A filha de um famoso cantor
nordestino, muito popular no meio pentecostal, denuncia que seu pai, flagrado
com garotas de programa e bêbado, faz isso há anos, tem quatro filhos espalhados
com mulheres outras e que não deu e não dá qualquer recurso para a sua prole.
Vive no luxo em frente à praia, anda em carros milionários e não tem cuidados
com a família. Ele será candidato a deputado. O que é
isso?
Um cantor negro spiritual
do Brasil, muito popular naquele tempo em que corais imitavam a música gospel do
Brasil, gravou atualmente um clipe com caveira e convidou um cantor secular para
participar de sua música. Acusado, ele gravou um vídeo, defendendo-se. A
conclusão a que chegou é que ele está fundamentado na Bíblia e que a caveira é a
sua marca. O que é isso?
Um pastor neopentecostal
nordestino acusou a outro, pastor e cantor, de ser pedófilo, estuprador, ladrão
de ofertas e mentiroso. O outro, tentando defender-se, confessou grande parte
disso e disse que está na fase atlética da vida, tendo deixado por um tempo o
pastorado. O que é isso?
Um cantor antigo, muito
respeitado há décadas, ofereceu um vídeo ao seu suposto filho americano. Depois
filmou outra coisa, dizendo que esse homem o estava roubando e que não era filho
de verdade. O acusado, então, posta quase uma dezena de vídeos, com documentos e
fotos, mostrando que o cantor antigo mentia e que sua moral era muito duvidosa.
Em suma: uma vida diferente daquilo que tanto cantou. O que é
isso?
Isso é sinal dos tempos.
Isso é o que se tornou a música gospel do país. Abandonamos os hinários, a
música tradicional, o canto coral, a música erudita, e nos afundamos na lama do
secularismo, transformando a música de louvor e adoração em sucesso, em lucro,
em dinheiro, em fama, em dinheiro, em carreira artística. Trocamos o louvor
comunitário de adoração a Deus, usando o NÓS para nos dirigir a DEUS, pelo
louvor ao próprio homem, usando o EU e nos dirigindo A NÓS MESMOS. Antes
dizíamos: "Nós te adoramos, ó Cristo". Hoje dizemos: 'EU SOU A MENINA DOS OLHOS
DE DEUS".
A música evangélica
contemporânea, com raras exceções (e está difícil encontrá-las!) é um retrato
musicado da apostasia evangélica generalizada. Há alguns dias estive numa igreja
onde não se cantou um único hino que não expressasse o EU como sujeito e o EU
como objetivo. Nós cantamos para nos entreter ou para massagear o nosso ego. Não
cantamos mais para dar a Deus a glória, a honra, o louvor e o devido crédito por
todas as coisas. A nossa música é mesclada de existencialismo, de relativismo,
de ufanismo e de cinismo.
Na igreja onde sirvo ao
Senhor, Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, costumamos cantar hinos de louvor
ao Senhor. Usamos o Cantor Cristão, velho hinário dos batistas brasileiros, que
possui farta e qualificada coleção de hinos sacros. Às vezes faço solos; às
vezes trios; às vezes posto o cântico congregacional. E, não raras vezes, recebo
retornos dos amigos que dizem: "meu Deus, que saudades desse tipo de música!";
"Que falta faz o canto de hinos no culto!"; "Lembrei-me de minha infância!"; "Em
minha igreja eles nem sabem que existiu cantor cristão". A perplexidade das
pessoas com tais hinos não tem significado para a pequenina igreja que
pastoreio, porque os bons hinos teocêntricos têm sido os únicos que oferecemos a
Deus, não apenas deste hinário. E a responsabilidade da hinódia de cada igreja
está nas mãos dos pastores. São eles que devem dar o seu crivo e a recomendação
do que sua igreja deve cantar. Infelizmente pastores hoje cantam o que o povo
gosta, o que agrada a mocidade, o que atrai público, o que é popular, não o que
edifica, o que está na Bíblia, o que acrescenta, o que é correto.
A rádio que mantenho no ar
(RNW, Rádio Naftalina Web) toca hinos e sempre recebo palavras de elogios,
dizendo que é a coisa mais rara de se escutar. Infelizmente o é. Mas ali ainda
encontramos os grandes solistas, duetos, trios, quartetos, corais, madrigais,
músicas instrumentais, cânticos eruditos, música de louvor rural
etc.
O mundo gospel está podre.
Mas podemos alterar isto. Podemos deixar de consumir músicas dessa gente que
mencionei acima. Podemos parar de usar música de lucro, música de carreira, e
usar a música de louvor e adoração com fundamentação bíblica e sem o uso de EU,
EU, EU. No verdadeiro louvor, Deus ocupa o lugar do meu EU e o EU enaltece ao
Criador, não a si mesmo. E a melodia, ritmo e estilo não devem turbar a
qualidade do que se confessa cantando, nem transformar a música de adoração em
popularice mundanista. Se no templo de Israel até o incenso era de receita
própria, não devendo ser usado outro, por que invadir o culto divino com fogo
estranho na exaltação do Senhor? Não cantamos louvores para dançar, para pular,
para nos entreter, para socializar. Cantamos para enaltecer ao Senhor, para
confessar a Sua grandiosidade e para divulgar a Sua mensagem a quem canta ou
ouve.
Que voltemos aos nossos
hinários. Cantor Cristão, Salmos e Hinos, Harpa Cristã, Melodia de Vitórias,
Melodias do Maranata e tantos outros. E ainda outros que possam ser criados,
desde que sem o tempero deste século.
Wagner Antonio de
Araújo
15/08/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário