QUEM
FALA
DEMAIS...
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Na atual crise internacional
enfrentada pelo mundo contemporâneo, temos dois falastrões sem precedentes na
história recente da civilização.
O primeiro é Trump, presidente dos
Estados Unidos. Alguém eleito como esperança de conservadores, que se dizia
adepto do cristianismo protestante, age intempestivamente, sem respeitar
protocolos e usando o sistema de twitter para reverberar tudo aquilo que sente,
geralmente fala demais, por canais errados e causa polêmica, perplexidade e
sonido incerto. Ele diz, depois volta atrás, volta a dizer e posteriormente
renega tudo. O resultado é um só: caos.
O segundo é Kim Jong-un, o ditador
da Coréia do Norte. Um homem sem escrúpulos, que não teme nada e nem ninguém,
emitindo opiniões ácidas sobre tudo e ameaçando a sobrevivência de todo o
planeta com os seus jogos de guerra. Filho de ditador, criado entre a elite
britânica, conhece os dois mundos e jamais deixou de ser adolescente. Ele fala
através de seus porta-vozes e simula muitas coisas, contradizendo-se quase
sempre. Mata sem piedade e só se preocupa com a sua própria ditadura. O
resultado: o caos.
Isto é apenas um exemplo do que o
mundo se tornou com a internet e com a mediocridade. Desde que as redes sociais surgiram o mundo tornou-se, por
um lado, mais democrático na transmissão de opiniões e informações, mas, por
outro lado um desastre na proliferação do que não presta. Pessoas gastam o
tempo criando canais de vídeos, twitter, facebook e outras mídias, falando sobre
tudo, quase sempre sem base, sem conhecimento, sem gramática, sem segurança, sem
qualidade, sem verdade.
Quando inventaram o whatsapp
ofereceram a oportunidade de aproximar as pessoas com um chat 24 horas, sem a
necessidade de novos e-mails ou novos telefonemas. Seria como se todos
estivessem conectados sempre. Mas, como sói acontecer, o sistema tornou-se
exibição de egos e um poço de bobagens, de mediocridade, de falta do que fazer.
Há tantas gravuras, tantas frases, tantos vídeos enviados e reenviados, tantas
correntes, tantas frases ridículas de auto-ajuda, que chega a dar asco e vontade
de desligar-se de todos os aplicativos de comunicação. Eu confesso que, se não
fosse a comunicação necessária e a emissão de coisas ministeriais, seria a
melhor decisão.
No meio evangélico a situação é
terrível. Pastores perderam a compostura, postam de tudo e de qualquer jeito,
sem indumentária, sem linguagem qualificada, sem nenhuma preparação, sem
qualquer base. Dias atrás colocaram um missionário em risco de vida, tendo em
vista que aquele havia compartilhado um áudio particular falando de um problema
e pedindo oração em particular. O áudio caiu nas mãos de uma seita evangélica
mineira e toneladas de réplicas foram enviadas. O missionário confidenciou-me
que a mensagem causou-lhe muito maior transtorno e perigo do que a própria
questão que enfrentava. E assim caminhamos. Tudo se transforma em evento. Há
alguém sofrendo? Criam uma campanha daquele sofrimento. Alguém resolve orar pelo
país? Criam uma campanha, um site e inscrições para orar. Vai jejuar? Poderá
cadastrar-se no jejum de 40 dias, de uma semana, de Daniel, de carnes gordas ou
de doces e guloseimas. Morreu alguém? Vamos transformar o velório numa
realização vultosa e celebrar!
O mundo anda de boca aberta
demais. As pessoas falam sem pensar, falam besteiras, falam sem saber, falam sem
conhecimento de causa. Os textos são grosseiros, são feitos às pressas, sem
compromisso com valores, com doutrina, com formato, com estilo, são verdadeiros
rascunhos mal escritos. E nesta condição estão pastores, professores, políticos,
empresários, jornalistas, músicos, comunicadores, atores, teólogos, enfim, o
mundo todo.
Numa época bélica como a nossa,
quando os países aguardam alguém xingar mais alto para apertar o botão da bomba
de hidrogênio, que falta nos faz uma liderança qualificada entre as nações!
Estadistas, célebres oradores, estrategistas comedidos e prudentes, sábios e
intelectuais renomados, gente com preparação, conhecimento, raciocínio e
dignidade! O que temos hoje são moleques, são malucos, são irresponsáveis
ricaços e ladrões, gente sem preparo e sem moral, sem decência, sem respeito
para com o povo e com os leitores, a buscar a fama máxima, o sucesso a qualquer
preço. E, quando abrem a boca, destilam todo o seu vácuo de bom
senso.
Onde tudo isso vai parar?
Abandonaram as enciclopédias nos sebos e museus, sorvendo todo o
sub-conhecimento de sites nada confiáveis. Abortaram o ensino sedimentado ao
longo dos séculos e inventaram metodologias esdrúxulas, uma mixagem de nada com
coisa alguma. E chamam isso de conhecimento! Leiam textos de gente chamada de
bacharel, mestre, doutor, pós-doutor e contemplem a insensatez de uma geração
que não sabe de nada, não gera nada, não edifica nada! São estes ladrilhos de
gesso, grudados com goma de mascar, que pavimentarão as nações dos próximos
anos. E gente tão vazia e sem noção será facilmente dominada pelo anticristo,
que prepara a passos largos o palco de sua exibição fatal.
É bom nos lembrarmos do que a
Bíblia diz quanto a boca aberta:
O homem mau, o homem iníquo
tem a boca pervertida. (Pv 6:12)
A boca do
justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos perversos. (Pv
10:11)
Pela
bênção dos homens de bem a cidade se exalta, mas pela boca dos perversos é
derrubada. (Pv 11:11)
O que
guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que abre muito os seus lábios se
destrói. (Pv 13:3)
A língua
dos sábios adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos derrama a estultícia. (Pv
15:2)
O coração
do justo medita no que há de responder, mas a boca dos ímpios jorra coisas más.
(Pv 15:28)
A boca do
tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios um laço para a sua alma. (Pv
18:7)
O que
guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias. (Pv
21:23)
Nas
palavras da boca do sábio há favor, porém os lábios do tolo o devoram. (Ec
10:12)
Ainda sou do tempo em palavras
benditas eram remédio para a alma. Continuarei a viver nessa
alternativa.
Wagner Antonio de
Araújo
04/09/2017
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