quarta-feira, 15 de novembro de 2017

memórias literárias - 554 - É TÃO DIFÍCIL ENTENDER ...


É TÃO
DIFÍCIL
ENTENDER...

 
554
 
Certa feita Pedro sentiu-se ocupado com a vida de um companheiro, João. Na sua última prosa com o Senhor, quando este lhe manda cuidar do rebanho dEle, faz uma indagação: "E o que há de ser deste?" Jesus Cristo lhe responde: "Se eu quiser que ele fique vivo até quando eu regressar, o que te importa?" Esta conversa deu-se em João 21.
 
Enquanto a tarde chega eu também estou como Pedro. Pensando, pensando...
 
Penso nos amigos e nos irmãos (ou supostos irmãos) que abandonaram o Caminho, ou inverteram os valores com o correr dos anos.
 
Trabalhei com um rapaz crente, muito carismático e cheio de vida. Hoje ele está fora da igreja, com cerveja na mão, num grupo de amigos. A questão nem é a abstinência em si; é o desejo de ser fotografado no antagonismo comportamental. Por que?
 
Tive um técnico de som que também era crente. Jovem, muito inteligente. Abandonou a igreja e hoje mantém em sua rede social a figura de Calvino (talvez por faltar-lhe personalidade própria). Nos textos palavrões e e agressões aos batistas e evangélicos, pratos onde ele comeu as primeiras refeições. Ele se diz salvo. Por que?
 
Uma linda jovem, talentosa, conheci-a na adolescência. Hoje é mulher casada e avó. Trocou a simplicidade evangélica por um neojudaismo que mais complica do que explica. A sua agenda é a do Velho Testamento e a sua comunhão é com um país, não com a igreja. Por que?
 
Conheci o filho de um querido colega. Um menino lindo, simpático, inteligente. Hoje é um hippie e defensor do ateismo nutricional, fazendo do ventre a regra do viver. Não há um simples sinal da fé que aprendeu com o seu pai. Por que?
 
Lembro-me de um colega de faculdade teológica. Forte, vivaz, muito participativo, defensor da doutrina. Hoje é apóstolo, tornou-se internacional, propaga a heresia de Benny Hinn e serve ao sistema dos nobres apóstatas. Não há um único sinal daquele jovem rapaz carismático dos dias de faculdade. Por que?
 
Ao escanear uma antiga revista teológica da década de cinquenta, deparei-me com um lindo testemunho de um filho de missionário batista. Inteligente, erudito, muito dado a idiomas. Sessenta anos depois ele já partiu, mas tornou-se o ícone da equivalência dinâmica nas traduções bíblicas, essa febre de mudar o que o texto disse com aquilo que eu acho que o povo deva entender. Como ele deixou a ortodoxia inicial e tornou-se pródigo no liberalismo? Por que?
 
Lembro-me de Jesus a falar para os Seus: Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (Jo 16:33)
 
Ver tanta mudança e alteração de paradigmas, tanta instabilidade daquilo que se cria e partilhava e as novas posturas adotadas por tanta gente que conheci me deixa triste, pensativo, divagatório, nostálgico. Eu, que não cheguei ainda à velhice propriamente dita, já sinto a ausência dos meus amigos (que não morreram, mas é como se o tivessem). Imaginem aqueles que ficaram velhos e já não têm quase nada em comum com o mundo de hoje!
 
Isso causa melancolia. Mas em Jesus tenho paz. Aquela paz duradoura que não se consegue com a razão esclarecida, ou com a emoção dominada, mas com a ação poderosa do Espírito Santo a confortar o coração. Neste mundo teremos grandes decepções; cabe-nos, contudo, a responsabilidade de não sermos decepção para ninguém por incoerência de nossa vida ou desmazelo de nossa fé. Se escandalizarmos pela continuidade de nossa fé firmada na Bíblia, amém. Mas nos tornarmos irreconhecíveis pelas bugigangas que vestimos ao longo do caminho, ah, que Deus nos livre disso!
 
Graças a Deus eu cri no Senhor Jesus Cristo em 23 de fevereiro de 1980 e assumi a minha fé cristã e a confissão batista. Fi-lo na intenção de viver o resto dos meus dias na confiança absoluta no que Cristo fez por mim na cruz do Calvário. A minha Bíblia era suficiente e continua sendo. E, até que o Senhor volte ou que Ele me leve, seguirei por este caminho, não me desviando nem para a direita e nem para a esquerda; nem me tornando vegano, neojudaizante, neoapostólico, liberal, mundanizante ou simplesmente ateu.
 
Soa como música para a minha alma a ordem de Deus para Daniel: Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias (Dn 12:13)
 
Seguir-Te-ei, Senhor.
 
Wagner Antonio de Araújo

15/11/2017

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