FOTOS
ANTIGAS
no banner 3 fotos:
papai e mamãe a passear quando
namoravam;
eu, meu pai e avós
paternos;
eu e meu irmão com a prima
Dirce.
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No tempo de meus pais as
fotos eram raras. Quase ninguém possuia máquinas fotográficas. As poucas fotos
que tiraram foram feitas em estúdio, celebrando raríssimos momentos. Algumas em
visitas a cidades onde haviam os "lambe-lambe", fotógrafos rudimentares que
ganhavam a vida na frente das igrejas ou de parques públicos. Tiravam a foto e
depois de horas a entregavam revelada. Outras celebravam uma formatura, um
casamento e, quiçá, registravam um velório...
No meu tempo de criança
fotografar tornou-se algo mais comum. Papai comprou uma câmera japonesa e tenho
duas dezenas de fotos do tempo em que meu irmão e eu éramos crianças. Quando
comecei a trabalhar adquiri uma "instamatic 11" da Kodak, uma câmera muito ruim,
mas que era barata. E guardo com carinho as fotos de meu tempo de jovem. O tempo
passou, novas câmeras surgiram, até que o "smartphone" foi inventado e a
fotografia banalizou-se.
Hoje as fotos raramente vão
para o papel. As que tenho em casa são velhas; as atuais estão no computador.
São toneladas, milhares delas. Quando preciso fazer algum apanhado tenho
dificuldade para escolher, tal a fartura e a multiplicidade de motivos. E,
infelizmente, o adágio se firma: "barriga cheia, goiaba tem bicho": são tantas
as fotos, que nem atraem e nem marcam. Viraram coisas triviais e comuns. Elas
não carregam um esforço, uma celebração; elas não trazem consigo a força de um
momento e a celebração de um instante, com raras exceções. As fotos antigas
tinham que ser estudadas, tiradas com parcimônia, pois os filmes só davam 12, 24
ou 36 oportunidades. A revelação era cara. Hoje, em um minuto, podemos
fotografar centenas de vezes. São tantas que nem damos valor à maioria
delas.
Lembro-me de uma vez estar
sem o celular. Havia uma paisagem tão bela, tão deslumbrante e eu não podia
registrá-la. Um conhecido meu estava ali e eu, sem graça, pedi-lhe um favor.
"Posso fazer uma foto disto?" Ele disse que sim. Eu, com desconforto, procurei
um ângulo bom e fotografei. Não tirei uma dezena; tirei uma fotografia, para não
aborrecer o conhecido. Pedi que me enviasse por whatsapp. Estou aguardando até
hoje...
A Bíblia nos ensina a
sermos gratos, não meramente conscientes. A mera consciência nos faz agir assim:
"Um novo dia? É normal! Há um a cada 24 horas!". Achamos normal porque temos
saúde, temos meia idade, temos uma falsa aparência de fartura de tempo. Veja,
contudo, a vida de alguém em estado terminal de enfermidade, ou que esteja no
fim de sua longa vida: cada dia é celebrado como uma dádiva sem tamanho, algo
mais do que especial, há uma felicidade intensa (lembremo-nos dos dias em que
alguém querido sobrevivia numa UTI de hospital...). O indivíduo sabe que não
possui tempo abundante; sabe que o corpo não suportará a integridade da
consciência; então celebra um dia de cada vez, tornando-o especial, maravilhoso,
um desafio alcançado!
Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos
nele. (Sl 118:24). Se alguém cuja morte fosse acontecer dentro de
pouco tempo, atentasse para a riqueza deste último dia, não o veria como algo
banal, mas como a sua última página, o seu último capítulo, e procuraria
aproveitá-lo de forma boa, útil e duradoura!
O
pão nosso de cada dia nos dá hoje; (Mt 6:11). Jesus nos ensinou a
orar pelo pão de hoje, pois é o pão que comeremos agora; o pão de amanhã
dependerá de estarmos aqui ou não. Assim, cada pão é precioso e deve ser
sobejamente agradecido. E, havendo dito isto, tomando o
pão, deu graças a Deus na presença de todos; e, partindo-o, começou a comer. (At
27:35). Aí está o Apóstolo Paulo a fazer uma refeição, sendo grato
por pão tão precioso em hora tão difícil!
Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo
as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. (1Pe
4:2). O Apóstolo Pedro diz que devemos focar a nossa atenção nas
coisas que glorificam a Deus e não nas que satisfazem a carne. Diz ele que isto
é prioridade, pois NÃO SABEMOS O TEMPO QUE NOS RESTA. Só sabemos que este é o
tempo que nos foi dado. Não é um fundo de recursos que não se esgota; é uma
ampulheta cuja areia cai continuamente e que só o Senhor sabe quando se
esgotará.
Mesmo possuindo milhares de
fotos armazenadas em computador, apenas algumas têm marcado a minha vida. Elas
são especiais. Posso perder toda a mídia guardada, mas estas fotos eu as copiei
e imprimirei, pois foram especiais. Que as nossas vidas também, no temor do
Senhor, vivam cada dia não como a fartura de fotos banais, mas como a
preciosidade das fotos antigas, celebradas e guardadas com
carinho!
Uma boa foto antiga HOJE,
para você!
Wagner Antonio de
Araújo
09/04/2018
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