FALSOS
PREGADORES
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Os pregadores da
prosperidade dominam a mídia aberta do Brasil. Eu, que atualmente mantenho
apenas canais pelos quais não precise pagar (a TV a cabo tornou-se duplamente
tarifada, pois, além de pagarmos por sua assinatura somos obrigados a assistir
uma gama imensa de propagandas em intervalos), contemplo, com sofreguidão, quase
a metade das poucas emissoras sitiadas pelos pilantras da fé. Uma das
denominações neopentecostais tem oito canais simultâneos, que transmitem
mentiras diferentes para cada tipo de gente ou região. O catolicismo toma outros
cinco, com programações pra lá de divergentes de suas doutrinas, vendendo grande
parte dos horários para empresas de marketing. Os demais são divididos pelos
mentirosos de igrejas menores, seitas em ascenção no panteão das mentiras.
Coloco-me no lugar de um incrédulo a sintonizar alguma coisa para ver. Ao
deparar-se com tanta bobagem, deve irar-se até as alturas! Não há mais filme,
não há mais música, não há mais documentário, só há gente a gritar em línguas
estranhas, a entuxar água benta na goela dos telespectadores e a enviar carnês
que curarão doenças e trarão dinheiro. Se eu, como cristão, fico indignado com
grande ímpeto, quanto mais um não cristão!
Estes líderes estão o tempo
todo mentindo e, quanto mais o fazem, mais gente cai em sua lorota repetitiva
tão comum. Eles prometem a prosperidade para quem direcionar às suas contas os
seus dízimos e ofertas, mas vivem às raias da pobreza, mantendo uma faixa no
rodapé a dizer: "não deixem este programa sair do ar, façam um depósito com
urgência". Ué, se a divindade que propagam é tão rica e distribuidora de lucros
aos que financiam o seu sonho de domínio universal, por que vive sempre
desesperada, implorando por ofertas que não permitam que saia do ar? Será que os
incautos que financiam essa mentira não percebem que tudo não passa de um blefe?
O deus que promete prosperidade vive com uma equipe mendicante a arrecadar
moedinhas para continuar sendo deus?
Este tipo de fé nunca
esteve tão distante do ensino bíblico e do Deus da Bíblia. A mistura das duas
alianças divinas com a humanidade (a velha com Israel, que falava em terra
prometida AQUI e a nova, que fala sobre um céu ALÉM aos que cressem em Jesus)
ajuda aos mentirosos na propagação do blefe. Por falta de conhecimento bíblico e
de frequentar uma boa igreja com bons ensinamentos bíblicos tais fiéis não
percebem que o agente de arrecadação propagado nunca foi credenciado pelo
Céu. Eles não são pedágio para a felicidade!
O evangelho não é isso. O
evangelho não é prosperidade. O evangelho não é a cura dos enfermos. O evangelho
não é o poder político. Assisti, estarrecido, por uma rede estranha chamada REDE
BRASIL, o DONO (é isto mesmo, o cidadão herdou uma denominação gigantesca do pai
e COMPROU de outro pilantra um grupo menor!) de uma igreja pentecostal que finge
ser um entrevistador, mas que não passa de cabo político de gente
endinheirada. Ele trouxe nada menos do que o ex-prefeito de São Paulo, para
lambê-lo publicamente, passando ao seu império religioso a mensagem de que devem
votar nele. Sem qualquer demérito ou mérito ao entrevistado, considero maldita a
mistura do santo e do profano, do Estado com a Religião! Prova-se, uma vez mais,
de que estes "teólogos da corte" (expressão cunhada pelo Padre Paulo Ricardo na
igreja católica) esparramam-se por todas as vertentes das religiões. Não,
francamente nunca foi isso que Cristo ensinou. Por isso recebo toneladas de
e-mails e whatsapps a dizer: "que saudades da velha igrejinha de minha
infância". Elas estão desaparecendo...
Dízimos e ofertas foram
estabelecidos no Novo Testamento como meios de sustento das congregações locais
e dos ministérios da pregação da Palavra de Deus nas igrejas estabelecidas em
cada região. Servem como sustento aos que pregam o evangelho e mantém
ordeiramente a ação social, mas não servem como sustentáculo aos que querem
dominar o mundo pela força da imposição da mentira ou que desejam ficar ricos
pela religião. Os falsos pregadores não podem continuar a desviar das igrejas e
congregações locais aquilo que não lhes pertence! "Tragam o seu dízimo para nós!
Dêem 30% neste mês para este programa! Perca a sua casa própria conosco!" Tirar
a oferta e o dízimo da igreja local e enviar para estes criminosos chama-se
PECADO. Quantas igrejas locais, que servem à comunidade com os seus salões de
culto, com as celebrações semanais, com a escola dominical, com a música, com o
ensino, vêem pouco a pouco os seus poucos dízimos serem canalizados para quem
nada faz ali por eles, sob a desculpa de que estão a fazer missões! Missões não
se fazem jogando o dinheiro aos pés de pilantras travestidos de apóstolos! Vejo
igrejas de bairro fechadas, sem gente e sem manutenção; os recursos foram
desviados dali (falsamente) EM NOME DE DEUS na conta de
SATANÁS!
Mas os tempos são ruins e é
a vez da mentira, infelizmente. Quem é de Deus discerne bem todas as coisas e
não cai na mentira destes vendilhões do templo. Deus não mudou os seus métodos,
ainda que a tecnologia tenha expandido as comunicações. Missões se faz com quem
vai pessoalmente ao mundo pregar o evangelho e avança em toda a parte
proclamando o pecado da humanidade e o plano da salvação em Cristo. Faz-se
também por quem dobra os joelhos e ora intensamente pelas pernas dos que
caminham pelos valados a proclamar a Cristo. Por fim, faz-se com quem dedica
ofertas a trabalhos e a missões que realmente proclamam isso, não através dos
que semeiam a mentira perniciosa de falsas curas e de pretensas prosperidades
temporárias e canalizam os recursos do povo de Deus para os seus impérios
milionários.
Eu poderia forrar o artigo
de textos bíblicos, mas basta a indignação desta hora. Os que conhecem a Bíblia
entenderão o que eu escrevi. E Deus sabe que os autênticos servos dEle não ouvem
a voz do estranho. E os pregadores que dominam os canais de TV aberta não são
pregadores de Deus. São pregadores de si mesmos e da ganância dos seus
seguidores, que trocam o seu dinheiro por esperanças
furadas.
E tenho
dito.
Wagner Antonio de
Araújo
17/04/2018
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