terça-feira, 17 de abril de 2018

memórias literárias - 651 - FALSOS PREGADORES

FALSOS
PREGADORES
 

 
651
 
Os pregadores da prosperidade dominam a mídia aberta do Brasil. Eu, que atualmente mantenho apenas canais pelos quais não precise pagar (a TV a cabo tornou-se duplamente tarifada, pois, além de pagarmos por sua assinatura somos obrigados a assistir uma gama imensa de propagandas em intervalos), contemplo, com sofreguidão, quase a metade das poucas emissoras sitiadas pelos pilantras da fé. Uma das denominações neopentecostais tem oito canais simultâneos, que transmitem mentiras diferentes para cada tipo de gente ou região. O catolicismo toma outros cinco, com programações pra lá de divergentes de suas doutrinas, vendendo grande parte dos horários para empresas de marketing. Os demais são divididos pelos mentirosos de igrejas menores, seitas em ascenção no panteão das mentiras. Coloco-me no lugar de um incrédulo a sintonizar alguma coisa para ver. Ao deparar-se com tanta bobagem, deve irar-se até as alturas! Não há mais filme, não há mais música, não há mais documentário, só há gente a gritar em línguas estranhas, a entuxar água benta na goela dos telespectadores e a enviar carnês que curarão doenças e trarão dinheiro. Se eu, como cristão, fico indignado com grande ímpeto, quanto mais um não cristão!
 
Estes líderes estão o tempo todo mentindo e, quanto mais o fazem, mais gente cai em sua lorota repetitiva tão comum. Eles prometem a prosperidade para quem direcionar às suas contas os seus dízimos e ofertas, mas vivem às raias da pobreza, mantendo uma faixa no rodapé a dizer: "não deixem este programa sair do ar, façam um depósito com urgência". Ué, se a divindade que propagam é tão rica e distribuidora de lucros aos que financiam o seu sonho de domínio universal, por que vive sempre desesperada, implorando por ofertas que não permitam que saia do ar? Será que os incautos que financiam essa mentira não percebem que tudo não passa de um blefe? O deus que promete prosperidade vive com uma equipe mendicante a arrecadar moedinhas para continuar sendo deus?
 
Este tipo de fé nunca esteve tão distante do ensino bíblico e do Deus da Bíblia. A mistura das duas alianças divinas com a humanidade (a velha com Israel, que falava em terra prometida AQUI e a nova, que fala sobre um céu ALÉM aos que cressem em Jesus) ajuda aos mentirosos na propagação do blefe. Por falta de conhecimento bíblico e de frequentar uma boa igreja com bons ensinamentos bíblicos tais fiéis não percebem que o agente de arrecadação propagado nunca foi credenciado pelo Céu. Eles não são pedágio para a felicidade!
 
O evangelho não é isso. O evangelho não é prosperidade. O evangelho não é a cura dos enfermos. O evangelho não é o poder político. Assisti, estarrecido, por uma rede estranha chamada REDE BRASIL, o DONO (é isto mesmo, o cidadão herdou uma denominação gigantesca do pai e COMPROU de outro pilantra um grupo menor!) de uma igreja pentecostal que finge ser um entrevistador, mas que não passa de cabo político de gente endinheirada. Ele trouxe nada menos do que o ex-prefeito de São Paulo, para lambê-lo publicamente, passando ao seu império religioso a mensagem de que devem votar nele. Sem qualquer demérito ou mérito ao entrevistado, considero maldita a mistura do santo e do profano, do Estado com a Religião! Prova-se, uma vez mais, de  que estes "teólogos da corte" (expressão cunhada pelo Padre Paulo Ricardo na igreja católica) esparramam-se por todas as vertentes das religiões. Não, francamente nunca foi isso que Cristo ensinou. Por isso recebo toneladas de e-mails e whatsapps a dizer: "que saudades da velha igrejinha de minha infância". Elas estão desaparecendo...
 
Dízimos e ofertas foram estabelecidos no Novo Testamento como meios de sustento das congregações locais e dos ministérios da pregação da Palavra de Deus nas igrejas estabelecidas em cada região. Servem como sustento aos que pregam o evangelho e mantém ordeiramente a ação social, mas não servem como sustentáculo aos que querem dominar o mundo pela força da imposição da mentira ou que desejam ficar ricos pela religião. Os falsos pregadores não podem continuar a desviar das igrejas e congregações locais aquilo que não lhes pertence! "Tragam o seu dízimo para nós! Dêem 30% neste mês para este programa! Perca a sua casa própria conosco!" Tirar a oferta e o dízimo da igreja local e enviar para estes criminosos chama-se PECADO. Quantas igrejas locais, que servem à comunidade com os seus salões de culto, com as celebrações semanais, com a escola dominical, com a música, com o ensino, vêem pouco a pouco os seus poucos dízimos serem canalizados para quem nada faz ali por eles, sob a desculpa de que estão a fazer missões! Missões não se fazem jogando o dinheiro aos pés de pilantras travestidos de apóstolos! Vejo igrejas de bairro fechadas, sem gente e sem manutenção; os recursos foram desviados dali (falsamente) EM NOME DE DEUS na conta de SATANÁS!
 
Mas os tempos são ruins e é a vez da mentira, infelizmente. Quem é de Deus discerne bem todas as coisas e não cai na mentira destes vendilhões do templo. Deus não mudou os seus métodos, ainda que a tecnologia tenha expandido as comunicações. Missões se faz com quem vai pessoalmente ao mundo pregar o evangelho e avança em toda a parte proclamando o pecado da humanidade e o plano da salvação em Cristo. Faz-se também por quem dobra os joelhos e ora intensamente pelas pernas dos que caminham pelos valados a proclamar a Cristo. Por fim, faz-se com quem dedica ofertas a trabalhos e a missões que realmente proclamam isso, não através dos que semeiam a mentira perniciosa de falsas curas e de pretensas prosperidades temporárias e canalizam os recursos do povo de Deus para os seus impérios milionários.
 
Eu poderia forrar o artigo de textos bíblicos, mas basta a indignação desta hora. Os que conhecem a Bíblia entenderão o que eu escrevi. E Deus sabe que os autênticos servos dEle não ouvem a voz do estranho. E os pregadores que dominam os canais de TV aberta não são pregadores de Deus. São pregadores de si mesmos e da ganância dos seus seguidores, que trocam o seu dinheiro por esperanças furadas.
 
E tenho dito.
 
Wagner Antonio de Araújo

17/04/2018

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