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AMOR
TERCERIZADO
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Essa é uma espécie de amor
muito comum nos dias atuais, quando as pessoas não querem mais contatos
pessoais, senão os sociais, públicos ou indiretos. Trata-se de algo que se chama
amor, mas que não o é de fato.
Amor tercerizado é quando
alguém manda que outro dê lembranças e abraços ao bem amado, sendo que poderia
fazê-lo por si próprio. É claro que há circunstâncias impeditivas e que exigem
um intermediário (viagens, missões, falta de meios de comunicação etc). Mas
geralmente quem costuma valer-se de outro para dar esses amorosos recadinhos só
o faz por questão de etiqueta social ou de costume. O coração está longe de
expressar algum amor autêntico. Ele não quer esforço ou investir qualquer tempo
num contato.
Amor tercerizado é quando
pagamos algo ao outro para diminuir a falta de assistência que deveríamos dar ao
relacionamento. Há pais que pagam presentes caríssimos e suprem os filhos com
dinheiro, viagens e surpresas extravagantes, só para não terem o aborrecimento
de tê-los por perto a impedirem os seus compromissos pessoais. Os filhos crescem
cheios de objetos e de oportunidades, mas sem afeto ou presença paternal. O
resultado não poderia ser outro: seres infelizes, fadados à solidão e prontos a
reproduzirem o mesmo com os seus descendentes.
Também é amor tercerizado
quando um dos cônjuges crê já ter feito tudo pelo outro ao suprir a casa de
víveres e conforto. Ele pensa que, por pagar as contas e dar "tudo do bom e do
melhor" já deu tudo, quando, na verdade, não deu nada; não deu DE SI E A SI.
Bens materiais não compram o amor verdadeiro. Nada substitui o afeto direto e
claro no coração de quem ama; amor comprado não vale! Mais vale um prato de
verduras ao lado de quem se ama do que um banquete caríssmo na ausência da
pessoa amada.
Infelizmente vivemos o
ápice da tercerização do amor. Multidões criam grupos de redes sociais e
aplicativos de comunicação, enviando parabéns para um milhão de contatos, com
mensagens plásticas e áudios gravados de telemensagens trabalhadas. Nem sequer
se deram ao trabalho de anotar as datas, porque as máquinas fazem tudo
automaticamente. E pensam que estão amando ardentemente! A realidade é muito
outra: se dependesse deles não se lembrariam de quase nenhum aniversário. Além
disto todo o sistema é ilusório: se o aplicativo acaber não sobrarão amigos, ou
talvez ficarão bem poucos...
Geralmente quem detém cargo
ou função pública desfruta de muitos amigos e contatos que dizem respeitar e
considerar muito tais pessoas. Quase sempre são procurados para para participar
de festas, visitas, passeios, são consultados e elogiados publicamente. Mas se
por questões diversas deixam tais funções e cargos vêem a agenda minguar
drásticamente. Acabam-se os convites, não há mais festas, os seus nomes não são
mais lembrados. No ministério pastoral isto também é fato: enquanto numa grande
igreja, o telefone toca o tempo todo na casa do pastor ou em seu celular. As
pessoas bajulam e celebram. Se deixar o local ou assumir um outro, toda aquela
demonstração de afeto termina, o telefone silencia, as amizades se esfriam (com
exceções, é claro). A maioria das pessoas está mais interessada no DETENTOR DO
MINISTÉRIO do que em quem o ocupa; este é descartável (graças a Deus há
exceções!).
Há cristãos que querem dar
amor tercerizado para Deus. Pagam votos, promessas, encomendam rezas, velas e
celebrações, com o intuito de agradarem á divindade, como se esta fosse tão
ingênua e crédula. Esquecem-se de que Deus é "um fogo consumidor" e de que
"horrenda coisa" é cair em Suas mãos. Para Deus vale mais um silêncio de joelhos
numa alma grata do que um discurso primoroso na voz de um hipócrita. Quem
terceriza a própria fé não tem fé, assim como quem terceriza o amor não tem
amor.
Jesus expressou-se com
clareza sobre o que significaria amá-Lo. "Se alguém vier
a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs,
e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. (Lc
14:26) (o texto pode ser vertido para "se alguém vier a mim e não me
amar mais que... não pode ser meu discípulo"). Para Jesus é tudo ou nada. Ou
Cristo ou qualquer outra coisa. Ou o buscamos pessoalmente ou não adiantará
tercerizar o amor para Deus.
Como anda o seu amor? Tem
expressado atenção e carinho a quem diz amar ou tenta justificar-se, reparando a
falta de atenção com objetos, elogios ou outras futilidades? Pois saiba que o
verdadeiro amor é pessoal, é espontâneo, tem que vir de dentro. O verdadeiro
amor não depende de dinheiro, de bens, de ser o que não se é ou de mostrar o que
não é verdade. O verdadeiro amor é simples, é direto, é autêntico. Uma linha
escrita num pedaço de papel de pão, mas com amor, enviada pessoalmente, vale
muito mais do que um carro zero quilômetro à porta, mas entregue por terceiros.
Não continue assim. Mude! Ame. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos
amardes uns aos outros. (Jo 13:35); E algum de vós lhes disser: Ide em paz,
aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o
corpo, que proveito virá daí? (Tg 2:16); E, respondendo Jesus, disse: Não foram
dez os que curei? E onde estão os nove? (Lc
17:17).
Wagner Antonio de
Araújo,
sem medo de dizer o que considera ser importante.
03/07/2018
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