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ESTAVAM
LÁ
...
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Moro em Vila
Pompéia (São Paulo, capital, Brasil) há 47 anos. Atravesso a Rua Dr. Miranda de
Azevedo dezenas de vezes no mês. Mas hoje eu vi algo surpreendente: as árvores
floridas! Elas floriram juntas, flores de cor lilás, uma alameda européia em
plena América! Como eu não vira antes? Atravesso com os pensamentos distantes e
nem percebera a beleza que se estabelecia ali, bem à minha frente! A mente tão
cheia de tudo e eu a perder tão maravilhoso espetáculo!
Acho que não
sou o único a olhar para o lado errado enquanto caminha pela estrada da vida.
Muitos prestam atenção naquilo que selecionam na mente, nas expectativas
interiores; são incapazes de olhar ao redor e ver outras coisas, tão belas e
preciosas, talvez mais do que aquelas que procuram!
Agar, a mãe
de Ismael, o filho de Abrão, desesperava-se ao ver o filho desfalecer de sede.
Expulsa de casa com os poucos pertences, amargava a cena de um filho moribundo.
Ela chorava. De repente um anjo de Deus aparece e lhe diz que o Senhor ouvira o
choro do menino e que atendera às suas súplicas. Assim diz o texto: E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi
encher o odre de água, e deu de beber ao menino. (Gn 21:19). O texto não diz que Deus abriu o poço naquela hora. Diz que abriu
os olhos de Agar para contemplar o poço tão próximo. Com aquela água Agar salvou
o filho e salvou-se.
Abrão teve o nome trocado
para Abraão, num dos mais épicos e emocionantes momentos da história bíblica.
Isaque, seu filho adolescente, fora com ele para o sacrifício solicitado por
Deus. Era Isaque a oferenda. O pai amarrou o menino e ergueu o cutelo para
matá-lo. Ele iria fazer isso não por ódio ou por bizarrice, mas em obediência à
ordem de Jeová. Naquele instante Deus, que não é sanguinário, bradou do céu,
dizendo que já bastava a prontidão em obedecer, que não queria esse sacrifício,
que a fé demonstrada fora suficiente. Em seguida lemos:
Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele,
travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e
ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. (Gn 22:13). O carneiro estava lá provavelmente desde que chegaram no monte.
Mas não o viram. Deus abriu os seus olhos para enxergá-lo. E com este sacrifício
ele selou a maior das atitudes humanas: a fé, tornando-se o "pai da
fé".
O servo de Eliseu acordou
desesperado. Um exército rodeara a casa onde viviam, um exército de inimigos. Ao
contar ao profeta, este orou ao Pai assim: SENHOR,
peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do
moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em
redor de Eliseu. (2Rs 6:17) O exército de anjos
estava com Eliseu o tempo todo, mas o moço só os enxergou quando Deus lhe abrira
os olhos.
Somos assim. Às vezes
procuramos a felicidade em lugar tão distante, quando ela está bem perto de nós!
Buscamos uma Maria inatingível, quando uma Joana de carne e ossos seria a
resposta mais preciosa e perfeita para a nossa felicidade! Queremos tanto aquele
emprego, quando a oportunidade ao lado seria a mais ideal. Achamos que a solução
é uma, mas pode ser outra. Os nossos olhos contemplam muita coisa: a rua, as
casas, as pessoas. Só não olham para o espetáculo natural de uma alameda
florida, que, à ordem divina, resolveram florir juntas, colorindo a rua de
beleza e de ternura! "Você não viu quanta beleza?" "Viu o que?" "As árvores a
florir!" "Nem percebi". E a vida segue, de alameda em alameda, e só nos
recordamos de asfalto e trânsito, da pressa e dos problemas; nunca das belezas
do caminho. Precisamos pedir a Deus para que abra os nossos olhos. Como diz o
velho hino:
"ABRE-ME
OS OLHOS PARA VER
ALGO DE
BOM QUE TENS PRA MIM
PÔE-ME
NAS MÃOS AQUELE PODER
QUE ME
DESATE E SOLTE, ENFIM!
QUERO
SILENTE, SIM, FICAR,
'TÉ MEU
SENHOR A MIM FALAR.
ABRE-ME
OS OLHOS, DÁ-ME LUZ,
MEU BOM
JESUS!"
(desconheço o autor, gravado por diversos cantores e
quartetos).
Para
terminar:
1) Peça a Deus para lhe
abrir os olhos. Olhe a mulher na frente do fogão, como serve com amor e zelo e
dê graças! Olhe para quem lava e passa as suas roupas, limpa a sua casa, cuida
de seu jardim e dê graças! Olhe para a mãe de seus filhos, para o pai de suas
crianças, para os pais que lhe criaram, e dê graças! Olhe para o seu pastor que
semanalmentle provê o pão dos céus para a sua alma e dê graças! Olhe para o
guarda noturno que apita durante a noite em seu quarteirão, para quem varre a
sua calçada, para quem dirige o ônibus que lhe conduz e dê graças! Olhe para as
árvores e para a vida. Cada qual faz algo especial, independente de seus olhos.
Olhar para elas é uma decisão sua.
2) Faça a sua parte. A
árvore, quietinha, segue o seu caminho sem pensar na política, na idade, na
poluição, na tempestade ou se alguém a contemplará. Ela vive e fica florida na
época certa. Ela cumpre o seu papel. Assim também temos uma missão, uma tarefa,
um propósito. Que não esperemos público ou auditório; que não contemos com
admiradores. Que tenhamos convicção do que temos que fazer, e que venhamos a
fazer da melhor forma. Deus sempre vê e poderá dizer: "viu Deus que era bom". E
às vezes alguém como eu, de repente, descobrirá aquilo de bom que está a fazer e
dará graças também. Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso
Pai, que está nos céus. (Mt 5:16)
Floresçamos e admiremos as
árvores floridas!
Wagner Antonio de
Araújo
13/07/2017
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