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COMUNHÃO
FORÇADA
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O amor e a amizade não
podem ser forçados. Eles devem ser como pistas de mão dupla: enquanto um vai o
outro vem. Amor e relacionamento que só parte de um dos interessados não conta.
Aliás, nem agrada.
Frutas amadurecidas à força
perdem o sabor. Quando muito elas fazem lembrar a fruta do pé; mas nem de longe
se compara àquela que frutificou por conta, espontaneamente. Assim é o amor e a
amizade quando forçados: são uma encenação, que até pode lembrar o que poderia
ser benfazejo numa comunhão plena. Mas não têm nem a beleza e nem a verdade
necessárias.
Quando uma igreja depende
de músicas e encenações públicas para provocar a comunhão entre as pessoas, já
perdeu a chance da graça do amor. Como é desconfortável um culto onde o
dirigente manda abraçar, beijar, falar coisas, como se isso fizesse brotar algum
relacionamento efetivo! "Saia do seu lugar pulando, dançando e abrace o seu
irmão! Vire para o seu irmão e diga: eu te amo" Lá fora, há pouco, eles nem se
olharam, não trocaram uma palavra, vivem o tempo todo sem qualquer contato.
Agora vestem-se de sorrisos, de palavras doces e abraços vazios, que não
fecundarão nenhum fruto posterior. Quando o culto terminar um estará no ponto de
ônibus, enquanto o outro seguirá com o carro vazio, terminando a viagem ao lado
da casa daquele que deixou para trás.
A verdadeira comunhão brota
como desabrocha a rosa numa roseira sadia. Não é preciso mandá-la florir. Não é
necessário uma encenação, uma ordem para que desabroche. Ela irá florir
naturalmente, no tempo certo. E sua flor terá aroma, terá beleza, terá viço,
terá tudo o que uma autêntica rosa nos concede quando abre. Assim é a comunhão
quando verdadeira: independe de beijações públicas, de musiquinhas jactantes
("eu te amo, você me ama, eu te abençoo, não vivo sem você etc). A comunhão se
expressa nos bastidores, nos horários sem culto, quando a vida segue e a
verdadeira expressão de comunhão se manifesta. Comunhão existe quando o outro
não é mera figuração na construção de nossa vida.
Comunhão exige amor e
cumplicidade. Um telefonema
inesperado. Um cartão ou um presentinho inusitado. Uma visita graciosa. Uma
ajuda em tempos de necessidade. Um quilo de arroz quando a mesa está
deficitária. Tomar conta dos filhos quando a esposa vai ao médico. Ajudar na
faxina quando estiver acamada. Estar presente quando atravessar por sofrimentos.
Trazer uma pizza para desfrutar com a família. Repartir alegrias e partilhar
tristezas. Perceber a ausência e fazer o outro sentir-se importante. Há tanta
coisa que demonstra ser a comunhão muito mais do que com palavras e
musiquinhas!
Neste tempo de evangelho
plástico, de quadrinhos perfeitos com frases de clichês, o que mais se espera é
ter alguém de carne e osso que queira relacionar-se conosco. Aliás, alguém com
quem venhamos a nos relacionar de verdade. Amor não tercerizado (avise a Maria
que eu lhe mandei lembranças - por que não disse isso pessoalmente ou em algum
aplicativo de mídia?). Infelizmente hoje muitas igrejas vivem de massas imensas,
cheias de celebração do vazio, fingindo ser o que jamais foram: uma família em
Cristo!
Antes de encenar o amor,
busque vivê-lo. Antes de publicá-lo, encha-o de conteúdo, para que não se torne
uma prédica sem prática. Então, ao abrir a boca e cantar o amor, não será mera
letra vazia, mero circo para alegrar a platéia. Será expressão poética de uma
verdade vivida.
Para terminar: a comunhão
começa comigo; o que posso fazer para ser alguém que não viva o amor com
hipocrisia? O que posso fazer para amar sem fingir?
Se alguém diz:
Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão,
ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? (1Jo
4:20)
Meus filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. (1Jo
3:18)
Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (Jo
13:35)
Wagner Antonio de
Araújo
01/07/2018
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