EX-MINISTRO
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Ontem ocupava
os noticiários das mídias nacionais e internacionais. A sua opinião e as suas
decisões eram fundamentais para o país. Ouviam-no, avaliavam o que dizia,
seguiam as suas diretrizes, criticavam-no, elogiavam-no; enfim, estava no centro
das atenções. De repente foi substituído. E hoje ele é página virada para os
jornais e noticiários. Na semana seguinte haverá quem pergunte quem foi essa
pessoa. Este mundo é muito injusto. Hoje nós somos os habitantes de nossos
lares. Amanhã seremos retratos em cima da estante. E depois nem
isso...
Mas o fato é
que nós nos focamos de tal forma no hoje e no terreno, que nos esquecemos do
eterno e celestial. Lançamos todas as nossas fichas no atual e no assunto do dia
e nos esquecemos do eterno e do atemporal. Quem se lembra do ministro da saúde
de seis anos atrás? E do deputado com maior número de votos em 1920? Ninguém.
Quanta gente sofre infarto, derrame cerebral, convulsão emocional e problemas
sérios por causa de preocupações e imaginações momentâneas, esquecendo-se de que
tudo passa, tudo sempre passará?
Pensai
nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; (Cl
3:2)
E nos
ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em
Cristo Jesus; (Ef 2:6)
Ao ler, em
minha biblioteca, textos cristãos escritos durante a gripe espanhola no início
do século 20, ou artigos evangélicos preparados durante as duas grandes guerras
ou mesmo sermões durante a intervenção militar da década de sessenta, percebo
que os que se mantinham com os olhares em Cristo, que pensavam no Céu, que
valorizavam o eterno e não focavam o coração no temporal conseguiam traduzir a
vontade de Deus e gerar esperança e viver com o coração além da
crise.
Mais uma vez
evoco a lembrança de Sebastião Emerich, o meu mestre da Palavra de Deus na
Igreja Batista em Sumarezinho, São Paulo, Brasil, quando eu tinha apenas 14
anos. Em uma de minhas últimas visitas àquele nonagenário servo de Deus, há
alguns anos atrás, vi em seu rosto o brilho de um anjo. Ele tinha costume de ler
seis ou oito vezes a Bíblia em um ano. Perguntei-lhe:
- Irmão, o
senhor ainda lê seis ou oito vezes a Bíblia durante um
ano?
Ele
respondeu-me:
- Não,
Wagner. Tenho lido uma vez.
Eu então
observei:
- Uma vez ao
ano, irmão Sebastião?
E ele, com um
sorriso, respondeu-me:
- Não, uma
vez ao mês...
Quantos de
nós gastamos horas diante dos celulares, dos noticiários, acompanhando até o
espirro dos ministros que passam, as opiniões que mudam, os debates que não
cessam, as crises que não dão trégua, as ameaças que se renovam, a desesperança
que voa para longe, e não olhamos para o Alto, para Cristo, para as páginas da
revelação divina do Senhor! Sebastião passou pela segunda guerra, pela
intervenção militar e por todas as crises econômicas contemporâneas. Mas ele
estava tão distante daqui, tão longe de tudo isso, que o seu rosto brilhava o
brilho dos anjos!
Quem olha
para Cristo vive acima das circunstâncias e já se encontra em glória
interior.
Oh, Senhor,
que eu também seja assim.
Espero que o
meu leitor também busque o mesmo.
Wagner
Antonio de Araújo
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