TERRA ARRASADA
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Terra arrasada. Escombros do que antes
era um mundo. Hoje contamos os mortos. Também contamos os que vão morrer, pois
acumulam-se à porta das terapias intensivas dos hospitais.
Maria Isabele nasceu nesse tempo. Minha
filha desconhece o que são passeios, visitas familiares, parentes ou amigos. O
seu mundo é a nossa casa, os nossos braços. Nada mais.
Meus outros dois filhos, Rute e Josué
ainda desfrutaram de uma vida social normal para os tempos de outrora: casa dos
avós, primos, passeios, praia e campo. Eles tiveram vida eclesiástica:
participaram de cultos, escolas dominicais, natais e visitas. Mas já faz tanto
tempo que suas memórias infantis confundem com a
imaginação.
Abro o noticiário e leio sobre
desgraças. Mortes, falta de vacinas, bravatas, roubo do dinheiro público, gente
a quebrar regras sanitárias, fome, desespero, pobreza,
desesperança.
No meu telemóvel (celular) recebo a
notícia de dois bebês que se foram. Também de um pastor que conheci adolescente.
Outro, cantor e grande amigo, sucumbiu no hospital. E dezenas de outros
padecendo silentes, entubados, em quarentena, em luto por outras
perdas.
Eu não creio que tenha sido diferente a
sensação que as pessoas tiveram durante as 2 Grandes Guerras, a pandemia de 1918
ou as guerras regionais e inúmeras dos últimos cem anos. Há uma dor de terra
arrasada. Não são mísseis que destroem construções; são pequenas desgraças que
derrubam vidas humanas, aos milhões...
O coração arrasado olha para os lados e
diz: ainda há esperança? Seremos os próximos? Quando isso irá
terminar?
Não há respostas. Só há angústias. Só há
dor. No mundo teríamos aflições e, quanto mais próxima a volta do Senhor, mais
dores o mundo sentiria. Nós somos o mundo de hoje!
Parafraseando o grande missionário
Hudson Taylor, quando tomava conhecimento do massacre de centenas de seus
missionários na China, quando da Revolução dos Boxers, eu também digo: talvez
não consiga orar, talvez não consiga cantar, mas eu posso confiar em
Deus.
Eu confio em Deus, aconteça o que
acontecer. Ele sabe até onde permitir e não deixará a nossa alma
vacilar.
Tem misericórdia de nós,
Senhor!
Wagner Antonio de Araújo-
23/03/2021.
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